Características sensoriais da carne de bovinos de corte confinados alimentados com torta de girassol
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RESUMO -
O objetivo foi avaliar o efeito da inclusão da torta de girassol nas características sensoriais da carne de bovinos de corte. As análises sensoriais da carne foram realizadas com 75 provadores não treinados, utilizando-se método afetivo em escala hedônica estruturada de nove pontos, onde foram avaliados os atributos: sabor, maciez, aceitação global e preferência. As notas variaram de 1 a 9, desgostei muitíssimo à gostei muitíssimo, respectivamente. Os dados obtidos foram submetidos a análise de regressão, sendo considerado como diferença significativa quando P<0,05. Não houve efeito da inclusão da torta de girassol sobre o sabor, maciez e aceitação global da carne dos novilhos. Houve menor preferência dos consumidores pela carne dos animais alimentados com a torta. A inclusão da torta de girassol em até 27 % da MS a dieta não influenciou nas características sensoriais da carne de novilhos. Apesar de ter havido menor preferência dos consumidores pela carne.
Sensory characteristics of meat from beef cattle fed with sunflower cake
ABSTRACT - The objective was to evaluate the effect of the inclusion of sunflower cake on the sensorial characteristics of beef cattle. Sensory analysis of the meat was performed with 75 untrained tasters using a structured hedonic scale of nine points and the attributes were evaluated: flavor, tenderness, overall acceptance and preference. The grades ranged from 1 to 9, that 1 was I didn't like it very much and 9 was I liked very much. The data were submitted to regression analysis, was considered that had a significant difference when P <0.05. There was no effect of the inclusion of sunflower cake on the taste, tenderness and overall acceptance of steers meat. There was less consumer preference for meat from animals fed on sunflower cake. The inclusion of sunflower cake above 27% of DM diet did not influence the sensorial characteristics of steers' meat. Although there was less consumer preference for meat.Introdução
A utilização de coprodutos agroindustriais na alimentação de ruminantes apresenta-se como alternativa para baratear os custos de produção, possibilitando dessa forma aumentar a rentabilidade financeira da atividade pecuária. Entre os coprodutos agroindustriais que apresentam potencial para serem utilizados na alimentação animal, dentre os quais podemos citar os oriundos da produção de biocombustíveis ganharam destaque nos últimos anos. É importante avaliar sua eficiência em ser convertido em ganho de peso, que atendam a demanda do mercado, principalmente em relação qualidade de carne. Com base no exposto, o objetivo do presente trabalho foi avaliar a inclusão da torta de girassol sobre os atributos sensoriais da carne de bovinos de corte confinados.Revisão Bibliográfica
Dentre os coprodutos agroindustriais com potencial para utilização na alimentação animal, os oriundos da produção de biocombustíveis ganharam destaque nos últimos anos. Pois, o Brasil é um dos maiores produtores de biocombustíveis chegando a 2,96 bilhões de litros em 2012. A adição do biodiesel ao óleo diesel de petróleo tem aumentado gradativamente devido ao Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB), que em 2008 estabeleceu a adição obrigatória de 2% de biodiesel no diesel fóssil, sendo que atualmente é adicionado 7%, e em 2019 a adição será de 10% (ANP, 2016). Entre os coprodutos gerados pela indústria de biocombustíveis, a torta de girassol é resultante da extração do óleo (TEIXEIRA, 1998), tendo potencial para ser utilizada como suplemento proteico em dieta de ruminantes, pois apresenta boa aceitabilidade e possuir um teor proteico entre 28 e 45%. Quando se opta pela utilização de coproduto na alimentação de ruminantes é importante avaliar sua eficiência em ser convertido em ganho de peso, que atendam a demanda do mercado, principalmente em relação qualidade de carne. Sendo assim, é importante avaliar as características sensoriais da carne de animais alimentados com coprodutos agroindustriais, para saber a aceitação do mercado consumidor quanto ao produto gerado.Materiais e Métodos
O experimento foi realizado na Fazenda Experimental de São Gonçalo dos Campos, pertencente à Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia da UFBA. Utilizou-se 32 novilhos zebuínos, não castrados, identificados com brincos plásticos, vacinados contra clostridioses e vermifugados com Ivermectina (Ranger LA 3,5% ®). Os animais foram alojados em baias individuais de 2 x 4 m, com piso de concreto, parcialmente cobertas e providas de comedouros e bebedouros. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado com oito repetições e quatro tratamentos constituídos de 0, 9, 18 e 27% de inclusão de torta de girassol na matéria seca total das dietas. Os ingredientes utilizados foram: milho moído, farelo de soja, feno de Tifton 85 picado e a torta de girassol, em quatro níveis de inclusão. A relação volumoso:concentrado utilizada foi de 40:60, respectivamente, sendo a ração fornecida duas vezes ao dia, de modo a garantir 10% de sobra. As dietas foram formuladas para serem isoenergéticas e isonitogenadas e calculadas de acordo com as exigências preconizadas pelo NRC (1996) para animais em terminação com ganhos de peso estimados em 1,2 kg/dia (Tabela 1).Tabela 1. Avaliação da composição químico-bromatológica dos ingredientes utilizados nas dietas experimentais.
Níveis de inclusão da Torta de Girassol (%MS) | ||||
0 | 9 | 18 | 27 | |
Ingredientes (%) | ||||
Feno de Tifton 85 | 40,0 | 40,0 | 40,0 | 40,0 |
Milho Moído | 46,0 | 40,8 | 35,7 | 30,5 |
Farelo de Soja | 11,5 | 7,67 | 3,83 | 0,00 |
Torta de Girassol | 0,00 | 9,00 | 18,0 | 27,0 |
Ureia + Sulfato de amônia1 | 1,00 | 1,00 | 1,00 | 1,00 |
Mistura mineral2 | 1,50 | 1,50 | 1,50 | 1,50 |
Composição Químico-Bromatológica (g/kg) | ||||
Matéria Seca | 882 | 882 | 882 | 881 |
Matéria Mineral | 37,2 | 39,5 | 41,7 | 44,0 |
Proteína Bruta | 161 | 159 | 157 | 156 |
Extrato Etéreo | 31,1 | 42,4 | 53,6 | 64,9 |
Fibra em Detergente Neutro cp3 | 351 | 370 | 389 | 408 |
Fibra em Detergente Ácido | 178 | 195 | 212 | 229 |
NIDIN4 (g/kg PB) | 297 | 300 | 303 | 306 |
NIDA5 (g/kg PB) | 15,1 | 17,3 | 19,6 | 21,8 |
Carboidratos Não Fibrosos | 423 | 392 | 361 | 331 |
Hemicelulose | 174 | 176 | 178 | 180 |
Celulose | 153 | 164 | 175 | 186 |
Lignina | 24,8 | 30,7 | 36,6 | 42,5 |