Caracterização do consumo da carne suína no município de Paragominas, Pará

Albert Araújo Silva1, Alaire Franco Tavares2, David Deivson de Sousa Castro3, Jamilly Gomes Damasceno4, Marcelo Chaves Morais5, Rafael Aquino de Oliveira6, Vitor de Oliveira Araújo7, Cesar Augusto Pospissil Garbossa8
1 - Universidade Federal Rural da Amazônia - Campus Paragominas
2 - Universidade Federal Rural da Amazônia - Campus Paragominas
3 - Universidade Federal Rural da Amazônia - Campus Paragominas
4 - Universidade Federal Rural da Amazônia - Campus Paragominas
5 - Universidade Federal Rural da Amazônia - Campus Paragominas
6 - Universidade Federal Rural da Amazônia - Campus Paragominas
7 - Universidade Federal Rural da Amazônia - Campus Paragominas
8 - Universidade Federal Rural da Amazônia - Campus Paragominas

RESUMO -

O objetivo através do trabalho foi caracterizar o consumo de carne suína no município de Paragominas-Pará. Para a realização do presente estudo, adotou-se o método survey, com perguntas abertas e fechadas com a finalidade de obter informação sobre o consumo da carne suína no município. Foram entrevistados, aleatoriamente, 250 indivíduos, que responderam às perguntas relevantes ao tema proposto durante os meses de janeiro e fevereiro de 2017. Constatou-se que 84,74% dos entrevistados afirmam consumir carne suína e apenas 15,26% não consome, por motivos de gosto, religião, saúde e questões sanitárias. A carne suína ocupa a ultima posição (0,40%) na preferência de consumo de carne da população, tendo como primeira opção o consumo da carne bovina (61,60%), seguido da carne de frango (35,20%) e peixe (2,80%). A população tem boa aceitação pelo produto porém ainda possui baixo consumo, tendo potencial de crescimento no consumo de carne suína e seus derivados no município.

Palavras-chave: suíno, cortes cárneos, demanda, preferencias, local de compra

Characterization of pork consumption in the municipality of Paragominas, Pará

ABSTRACT - The objective of the study was to characterize pork consumption in the municipality of Paragominas-Pará. For the realization of the present study, the survey method was adopted, with open and closed questions to obtain information about pork consumption in the municipality. Two hundred and fifty individuals were interviewed during the months of January and February of 2017. It was found that 84.74% of the respondents stated that they consume pork and only 15.26% do not consume, for the reasons of taste, religion, health, and sanitary issues. Pork takes the last position (0.40%) in the meat consumption preference of the population, being beef consumption (61.60%) the greatest, followed by poultry (35.20%), and fish (2.80%). The population has good acceptance for the product but still has low consumption, having potential growth in the consumption of pork and its derivatives in the municipality.
Keywords: swine, meat cuts, consumer, preference, place of purchase.


Introdução

A suinocultura ganha destaque na produção animal, devido as fêmeas possuírem alta prolificidade, rápido ciclo produtivo e necessitar de técnicas simples de manejo, aliado a uma carne de alta qualidade e valor biológico, requisitos exigidos para atender à crescente demanda da população mundial por produtos de origem animal. Apesar de a carne suína ser a proteína de origem animal de maior consumo no mundo, o consumo médio de carne suína no Brasil ainda é baixo, cerca de 15 kg/hab., quando comparado com outros países, como a Dinamarca (73 kg) e Espanha (67 kg), sendo a terceira opção de consumo pela população, as primeiras colocações são para a carne de bovinos e de frangos, respectivamente. A carne suína no país é consumida principalmente na forma de derivados, os principais são: linguiça, bacon, salsicha e mortadela, respectivamente. Estudos que caracterizam o comportamento do consumidor servem de subsídio para empresas do ramo para a tomada de decisões estratégicas na oferta do produto. Trata-se de identificar as necessidades intrínsecas de um mercado consumidor e traduzir essas informações em atributos que melhorem a qualidade de produtos e serviços destinados a esse mercado (RAIMUNDO; BATALHA, 2015). Estudos sobre o consumo de carne suína na região norte ainda são incipientes, neste sentido, o objetivo através deste estudo foi caracterizar o consumo de carne suína no município de Paragominas, mesorregião do Sudeste paraense.

Revisão Bibliográfica

O Brasil se destaca no cenário internacional, dentre os dez maiores produtores de carne suína, com projeções de crescimento. Em uma análise histórica o país saltou de uma participação mundial de 1,82% em 1995, para 3,1% no ano de 2012 (ABCS, 2014). Detentor de um dos maiores rebanhos de suínos do mundo, o Brasil encontra-se em quarto lugar no cenário mundial, sendo a China, União Europeia e os Estados Unidos a possuírem os três maiores rebanho (ANUALPEC, 2010). A suinocultura brasileira provoca efeitos multiplicadores de renda e empregos, tornando-se de fundamental importância no contexto socioeconômico, pois afeta positivamente toda a cadeia de insumos e comercialização do agronegócio (SANTOS et al., 2012). A carne suína ocupa com destaque o primeiro lugar na preferência da população, dando-lhe o título de “a carne mais consumida no mundo”. Nos últimos 40 anos, o consumo de carne suína por parte da população mundial tem crescido na proporção de 1,52% ao ano. Em 1970 o consumo era de 9,2Kg por habitante, e hoje chega aos 15,5 Kg (ABCS, 2014). No Brasil, projeções apontam para um amento significativo no consumo de carne suína, que passará de 2,7 milhões de toneladas em 2010 para 3,2 milhões de toneladas em 2020, correspondendo a um aumento anual de 1,8 % (SOUZA et al., 2011). No Brasil a carne suína é a terceira mais consumida, após da carne de frango e da bovina respectivamente (DILL et al., 2009). Por ser a carne menos consumida em nível nacional, quando comparada às carnes bovina e de frango, ela é justamente aquela que possui maior potencial de crescimento de mercado (RAIUMUNDO; BATALHA, 2015). Apesar disso o consumo de carne suína não é um hábito consolidado no Brasil. Após duas décadas de contínuo crescimento, o nível consumido do produto apresentou oscilações negativas desde o último ano do século passado. Porém, no ano de 2005 houve certa recuperação do patamar antigo e, desde então, o consumo vem evoluindo (CARVALHO, 2007). Aspectos culturais desempenham um importante papel no consumo alimentar, eles influenciam os tipos de produtos disponíveis em determinados mercados e suas respectivas características, bem como as próprias preferências sensoriais dos consumidores (RAIUMUNDO; BATALHA, 2015).

Materiais e Métodos

O estudo foi realizado no município de Paragominas, Sudeste do estado do Pará. Para a realização do presente estudo, adotou-se o método de coleta de dados survey, com perguntas abertas e fechadas com a finalidade de obter informação sobre o consumo da carne suína no município. O questionário foi composto por blocos com perguntas estruturadas com a finalidade de levantar informações do perfil socioeconômico dos consumidores, preferências de consumo de carne de suíno. O questionário foi dividido em níveis hierárquicos: o primeiro bloco referiu-se às variáveis socioeconômicas dos respondentes; o segundo bloco referiu-se a demanda por carne suína. A definição do número de entrevistados (n=250) se baseou em um erro amostral máximo de 5% para a população de 108.547 mil habitantes (IBGE, 2016). Os entrevistados foram escolhidos aleatoriamente, dentre os frequentadores em açougues, feiras-livres, mercados e boutique de carne, os quais responderam às perguntas relevantes ao tema proposto. As entrevistas foram realizadas durante os meses de janeiro e fevereiro de 2017, realizadas por uma equipe de sete pessoas treinadas para a aplicação dos questionários. Os dados foram tabulados utilizando o programa Microsoft Excel® e posteriormente foram feitas as análises estatísticas descritivas e inferenciais.

Resultados e Discussão

O perfil socioeconômico dos entrevistados (n=250) foram 55,82% são mulheres e 44,18% são homens, a idade média da população estudada de 33 anos. Quanto à renda, os 38% da população possui rendimento mensal equivalente a um salário mínimo, 33% possuíam renda de dois salários mínimos, 11% possui rendimento inferior a um salario mínimo, 14% possui rendimento mensal de três salários mínimos e 4% rendimento superior a cinco salários mínimos. A carne suína é bem aceita no município, onde 84,74% afirmam consumir carne suína e apenas 15,26% não consome, o motivo do não consumo por parte dos entrevistados destaca-se o fato de não gostar da carne suína (31,58%), doutrinas religiosas (21,05%), questões higiênicas e sanitárias (21,05%), por não ser saudável (13,16%), sabor (2,63%) e questão de doenças (2,63%). A carne suína ocupa a ultima posição (0,40%) na preferência de consumo de carne da população de Paragominas (Figura 1), tendo como primeira opção o consumo da carne bovina (61,60%), seguido da carne de frango (35,20%) e peixe (2,80%). Resultados semelhantes foram encontrados por Santos et al., (2012) estudando a preferência de consumo da população de Rio Largo- AL, observou a carne suína como a quarta opção de consumo da população estudada, sendo a carne bovina com 42,66% de preferência, seguida das carnes de frango (40,83%), peixe (8,71%) e a carne suína com 7,80%. A preferência quanto ao local de compra da carne suína, os entrevistados afirmam adquirir o produto em açougue (64,93%) como primeira opção, tendo como segunda opção os supermercados (19,91%), feira- livre (10,43%), direto com o criador (4,27%) e boutique de carne (0,47%), os dados são semelhantes aos de Santos et al., (2011), onde estudando a população do município de Aquidauana-MS identificou que a maioria dos consumidores da carne suína in natura a adquire em supermercados (48,0%),seguido por açougues (20,3%) e mercados (19,5%), a minoria dos consumidores de Aquidauana compra carne suína direto das fazendas (7,3%) em casas de carnes (4,9%). A população está preocupada com a questão de ordem de preferência dos cortes cárneos. A Figura 2 mostra a ordem pernil (42,45%), a costela (24,06%), bisteca (23,11%), torresmo (8,02%), barriga (1,89%) e paleta (0,47%), os resultados apresentados aqui diferencia-se das preferências de consumo da população de  Campina Grande – PB, onde a bisteca suína  foi o corte cárneo de maior preferência (52,35%), seguido da costela (27,52%) e o pernil (6,71%), respectivamente (BEZERRA et al., 2007). Quanto a frequência de consumo da população 38,86% da população estudada afirma ser ocasional o consumo de carne suína, 19,91% afirmam consumir mensalmente, o consumo semestral é de 11,37%, semanal é de 10,43%, quinzenal é de 10,43%, anualmente é de 7,11% e somente 1,89% consomem diariamente. O preço médio pago pelo quilo da carne suína no município é de R$ 16,00 reais, e a média de quilos comprados é de 1,21 por semana.

Conclusões

A população tem boa aceitação pelo produto, porém ainda possui baixo consumo, sendo necessário investir em divulgação dos benefícios deste produtos e campanhas de maior visibilidade no município de Paragominas, uma vez que a carne suína ocupa a quarta colocação na preferencia do consumidor do município, e por isso possui potencial de crescimento na forma in natura ou de seus derivados.

Gráficos e Tabelas




Referências

ABCS- ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS CRIADORES DE SUÍNOS. Produção de suínos: teoria e prática. Coordenação editorial Associação Brasileira de Criadores de Suínos; Coordenação Técnica da Integra II Soluções em Produção Animal. - Brasília, 908p. DF, 2014. ANUALPEC – Anuário da Pecuária Brasileira 2010. São Paulo: FNP Consultoria e Comércio. p. 257-271. 2010. BEZERRA, J. M. M.; CAVALCANTE NETO, A.; SILVA, L. P. G.; LUI, J. F.; RODRIGUES, A. E.; MARTINS, T. D. D. Caracterização do consumidor e do mercado da carne suína na microrregião de Campina Grande, Estado da Paraíba. Ciência Animal Brasileira, v.8, n.3, p.485-493. 2007. CARVALHO, T. B. Estudo da elasticidade-renda da demanda de carne bovina, suína e de frango no Brasil. Dissertação (Mestrado em Economia Aplicada). Universidade de São Paulo. Piracicaba – SP. 2007. DILL, M. D. et al. Cadeia produtiva da carne suína. In: CONGRESSO SOBRE SOCIEDADE BRASILEIRA DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E SOCIOLOGIA RURAL, 48, 2009, Campo Grande. Anais... Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, p.1-18, 2010. Disponível em: <http://www.sober.org.br/palestra/15/312.pdf> Acesso em: 29 Nov. 2016. IBGE. Paragominas, censo demográfico 2016: resultados da amostra. Disponível em: <http://cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?codmun=150550> Acessado em 29 de março de 2017. RAIMUNDO, L.M.B.; BATALHA, M. O. Mercado de carne suína na cidade de São Paulo: segmentos e estratégias. Gestão & Produção, São Carlos, v. 22, n. 2, p. 391-403, 2015. SANTOS, E. L; SANTOS, E. P; PONTES, E. C; SOUZA, A. P. L; TEMOTEO, M. C; CAVALCANTI, M. C. A. Mercado consumidor de carne suína e seus derivados em Rio Largo-AL. Acta Veterinaria Brasilica, v.6, n.3, p.230-238, 2012. SANTOS, Elton Lima; SANTOS, Erica Pereira dos; PONTES, Edvânia da Conceição; SOUZA, Ana Paula Lira de; TEMOTEO, Mariana Correia; CAVALCANTI, Maria Caroline de Almeida. Mercado consumidor de carne suína e seus derivados em Rio Largo-AL. Acta Veterinaria Brasilica, v.6, n.3, p.230-238, 2012. SANTOS, T.. M.. B.; CAPPI, N..; SIMÕES, A.. R. .P..; SANTOS, V.. A.. .C.; PAIANO, D.; GARCIA,E.  R...M. Diagnóstico do perfil do consumidor de carne suína no município de Aquidauana-MS. Revista Brasileira Saúde Produção Animal Salvador, v.12, n.1, p.1-13 jan/mar, 2011. SOUZA, G.S.; SOUZA, M.O.; MARQUES, D.V. GAZZOLA, R.; MARRA, R. Previsões para o mercado de carnes. Revista de Economia e Sociologia Rural. v.49, n.2, p. 473-492. 2011.