Caracterização dos equinos estabulados no município de Pelotas RS – Raça e pelagem

Paula Moreira da Silva1, Renan da Silva Lopes2, Viviane Garcia Dias da Conceição3, Isabel Lenz Fonseca4, Ricardo Zambarda Vaz5
1 - Universidade Federal de Pelotas
2 - Universidade Federal de Pelotas
3 - Universidade Federal de Pelotas
4 - Universidade Federal de Pelotas
5 - Universidade Federal de Pelotas

RESUMO -

Objetivou-se neste estudo avaliar a preferência por raça e pelagem de equinos nos criatórios de Pelotas- RS. Foram visitados 36 estabelecimentos que hospedam equinos, totalizando 621 animais. A raça Crioula foi a mais frequente, representando 75,20% do total. Os animais Sem Raça Definida perfizeram 17,87%, tendo estes menor valor agregado, podendo ser um dos motivos para aquisição. As pelagens auxiliam no momento da aquisição dos animais, sendo de acordo com a preferência do proprietário. A pelagem colorada com 118 animais apresentou maior frequência. Sua manifestação foi maior nas raças Crioula, Quarto de Milha e Puro Sangue Inglês sendo 81, 27 e 9 animais, respectivamente. A categoria “Outras” como a pelagens que não tiveram muita frequência sendo elas: bragada (12), douradilha (1), moura (8) e oveira (6). A escolha da raça do equino varia conforme o seu valor agregado, bem como a sua finalidade. Para tanto, o critério estipulado é meramente cultural e pessoal do proprietário.

Palavras-chave: cavalos, estabelecimento equestre, fenótipo, finalidade.

Characterization of horses stabled in the Pelotas city – Breed and coat

ABSTRACT - The aim of this study were to assess the preference by breed and equine coat in flocks of Pelotas-RS. Have been visited 36 establishments hosting equines, totalling 621 animals. The Crioula breed was the most frequent, representing 75.20% of the total. Animals Without Breed Set 17.87% yielded these lowest added value, and can be one of the reasons for the acquisition. Colours help at the time of purchase of the animals, and according to the owner's preference. The coat colorada with 118 animals presented more frequently. Their demonstration was greater in Crioula breeds, quarter mile and Thoroughbreds being 81, 27 and 9 animals, respectively. The category "Other" as the hides that have not had very often being they: bragada (12), douradilha (1), moura (8) and oveira (6). The choice of equine breed varies by your added value, as well as your purpose. For both, the stipulated criteria is cultural and personal purposes only.
Keywords: equestrian establishment, horses, phenotype, purpose.


Introdução

O negócio do cavalo mobiliza mais de dezesseis bilhões e três milhões de pessoas, gerando cerca de 607.329 empregos diretos no Brasil (MAPA, 2016). Devido ao seu alto valor comercial, os equinos têm a necessidade de serem identificados quanto à sua descendência, tanto para fins de registro quanto para sua aquisição (COELHO & OLIVEIRA, 2008). Os equinos por apresentarem características fenotípicas semelhantes, foram agrupados em raças como forma de identificação, sendo algumas destas submetidas a longos períodos de seleção natural em determinados ambientes (MISERANI et al., 2002). Com o interesse do homem na criação de equinos de mesma raça, surgiram os livros de registros genealógicos que comprovam a procedência dos animais (GIANLUPPI et al., 2009). Para serem registrados, os animais são identificados quanto à pelagem, esta que compreende o revestimento externo do animal, sendo o conjunto formado por pele, pêlos, crina e cauda (BRIQUET, 1959). Na rotina dos trabalhos do registro genealógico, verifica-se que criadores e técnicos encontram dificuldades na elaboração das resenhas e por isso existem outras características que são assinaladas, como manchas e redemoinhos, identificando o animal (REZENDE & COSTA, 2001). Neste estudo objetivou-se caracterizar o perfil e a preferência dos proprietários de equinos no município de Pelotas, quanto às raças e as pelagens de seus animais, tendo como resultado o tipo dos equinos estabulados nos estabelecimentos equestres da região.

Revisão Bibliográfica

Os equídeos são mamíferos ungulados onde se inclui animais importantes para o homem, como o cavalo, o pônei, o asno ou burro, e selvagens como as zebras (COSTA et al., 2004). Atualmente os cavalos em sua maioria se dividem em raças, estas que são selecionadas pela mão do homem para suprir necessidades específicas. Contudo, ainda se discute sobre o que é raça de cavalo, no mundo equestre (CINTRA, 2012). Independente da denominação, o termo raça é amplamente aceito e divulgado para uma caracterização de aspectos morfológicos e/ou funcionais de animais com utilidades semelhantes, que transmitam essas características a seus descendentes, com origem conhecida e que sejam controlados pelos respectivos serviços de registro genealógico de cada entidade (CINTRA, 2012). As raças de eqüinos nacionais tiveram origem a partir das necessidades próprias das regiões do país, ou pela preferência de grupos de criadores (COSTA et al., 2004). No Brasil predominam as raças por ordem, Mangalarga Marchador, Nordestino, Quarto de Milha e Crioula (MAPA, 2016), estando elas localizadas em função e costumes das regiões. Além de raças, outra forma de identificar os equinos é através de suas pelagens. Estas possuem grande variação de cores, e nenhuma pode ser considerada específica ou atribuída a uma única raça. Ainda podem ocorrer mutações produzindo variações de cores (THIRUVENKADAN et al., 2008). A pelagem do cavalo isola o corpo de temperaturas extremas a da ação das forças da natureza, sendo resistente a água e varia em textura, dependendo dos genes e do habitat (RIBEIRO, 1988). As raças que evoluíram nas regiões frias, por exemplo, frequentemente tem pelagem impermeável com uma leve cobertura subcutânea como isolamento adicional (PONS, 2016). As marcas faciais também são uma importante forma de identificação e as mais comuns são: frente aberta, malacara, estrela e estrela corrida (LERNER, 1998). Segundo Pons (2016) na raça Crioula as pelagens são polêmicas e confusas. Existem várias denominações, não só em outros países como dentro do próprio Brasil. Em geral, as pelagens são classificadas como básicas e compostas. As básicas são: branca, baia, gateada, cebruna, alazã, colorada, douradilha, zaina, preta, tordilha, moura, rosilha, oveira, tobiana. As compostas são as subdivisões das básicas sendo algumas das mais observadas: picaça, baia cabos negos, zaina negra, rosilha oveira, entre outras (PONS, 2016).

Materiais e Métodos

O trabalho foi realizado a partir de dados coletados nas Hospedarias e Centros de Treinamentos de equinos no município de Pelotas. O período de visitação e avaliação foi de 15 de agosto a 29 de outubro de 2016. As informações de cada estabelecimento foram coletadas através de um questionário padrão e abrangente. Foram visitados 36 estabelecimentos que hospedam equinos no Município de Pelotas – RS, totalizando 621 equinos para diversas finalidades. Após, realizou-se uma análise estatística descritiva dos dados para identificação do perfil dos estabelecimentos e animais estudados, no qual os dados foram planilhados em tabelas do software Microsoft Excel® 2007, avaliando-se as características que se repetiam e as diferenças obtidas nos resultados de cada propriedade do município. As pelagens foram organizadas seguindo critérios da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos (ABCCC) e serviram de base para todas as raças de animais avaliados, inclusive os sem raça definida. Sendo as informações de cada animal fornecidas pelos proprietários dos estabelecimentos, que utilizavam do registro do animal e de critérios pessoais para identificação das pelagens.

Resultados e Discussão

Animais da raça Crioula foram os mais frequentes (Figura 1), representando 75.20% (467) do total, fator decorrente da cultura regional e pela Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos (ABCCC) estar sediada no município de Pelotas. A associação tem como intuito identificar os animais da raça, manter os registros e organizar o livro de registro da raça, além de promover eventos com os criadores para premiar os melhores animais (MATTOS et al., 2010).  Outra justificativa para a escolha, é que o Estado, atualmente possui 85% dos cavalos crioulos do país, dos 535.299 equinos do estado, 322.000 são da raça crioula, sendo o equivalente a 60% do rebanho estadual (MAPA, 2016). Outros animais que tiveram número expressivo foram os Sem Raça Definida - SRD sendo 17.87% (111), estes que normalmente possuem menor valor agregado, podendo ser um dos motivos para os proprietários adquirirem. Portanto, a escolha da raça do equino estabulado varia conforme o valor do animal, bem como a finalidade de seu uso. Para tanto, o critério estipulado é meramente cultural e pessoal do proprietário (MATTOS et al., 2010) Por outro lado, a valorização do tipo de pelagem entre os criadores também influencia na escolha de exemplares equinos (MAIA et al., 2013). A pelagem colorada (Figura 2) foi a que apresentou maior frequência entre os animais, com 19% (118). Sua manifestação foi maior nas raças Crioula, Puro Sangue Inglês e Quarto de Milha, sendo 81, 9, 27 animais, respectivamente. Também obtiveram destaque as pelagens gateada, rosilha e preta, perfazendo 95 (15.3%), 67 (10,63%) e 66 (10,79%) animais, respectivamente. A categoria “Outras” perfez 4,35% dos equinos, esta relacionada a pelagens que não tiveram muita frequência sendo elas: bragada (12), moura (8), oveira (6) e douradilha (1). Embora os tipos de pelagem não possuam grande influência no desempenho dos cavalos, existe grande interesse não somente dos proprietários, mas também de treinadores, uma vez que, dependendo do tipo, a pelagem pode influenciar no valor dos animais (GONÇALVES et al, 2008).

Conclusões

Através dos resultados deste estudo de caso, foi possível observar os estabelecimentos equestres do município de Pelotas bem como as características especificas dos equinos hospedados nestes locais. Foi possível verificar as preferências dos proprietários em relação às raças e pelagens dos eqüinos, sendo que a raça Crioula e a pelagem colorada tem maior preferência na região. Portanto, a valorização da raça e do tipo de pelagem que estiver na moda entre os criadores e proprietários, é quem vai definir a maior ou menor predominância do tipo de cavalos estabulados na região.

Gráficos e Tabelas




Referências

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