Caracterização dos estabelecimentos equestres do município de Pelotas-RS

Paula Moreira da Silva1, Renan da Silva Lopes2, Viviane Garcia Dias da Conceição3, Rômulo Tavares da Costa4, Ricardo Zambarda Vaz5, Isabel Lenz Fonsecarda Vaz6
1 - Universidade Federal de Pelotas
2 - Universidade Federal de Pelotas
3 - Universidade Federal de Pelotas
4 - Universidade Federal de Pelotas
5 - Universidade Federal de Pelotas
6 - Universidade Federal de Pelotas

RESUMO -

Objetivou-se caracterizar os estabelecimentos equestres no município de Pelotas – RS quanto à capacidade das propriedades, finalidade dos animais estabulados e o número de profissionais envolvidos. A base de dados foi retirada de um questionário padrão. Foram avaliados 36 estabelecimentos, totalizando 749 baias. Das baias, 621 (82,91%) estavam ocupadas. A maioria trabalha com animais destinados ao lazer, totalizando 54,43%. A raça Crioula teve destaque representando 22,71% de animais destinados às provas de funcionalidade e morfológica. Animais em fase de doma perfizeram 13,37%. As demais funções como: reprodução, laço, polo, salto e venda somaram 9,5%. Verificou-se um total de 93 profissionais envolvidos nos estabelecimentos, perfazendo em média 2,58 funcionários/estabelecimento. Dos profissionais, 44,09% são proprietários dos estabelecimentos, 31,18% funcionários efetivos, 13,98% médicos veterinários e 10,75% ferreiros. Para cada 6,68 equinos confinados no município, foi gerado um emprego.

Palavras-chave: capacidade, cavalo, estábulo, finalidade, profissional

Characterization of the equestrian establishments in Pelotas city – RS

ABSTRACT - The aim was to characterize the equestrian establishments in Pelotas city – RS about the capacity of the properties, goal of the confined animals and the number of professionals involved. The database was taken from a standard questionnaire. Where assessed 36 establishments, totalizing 749 stalls. Of the stalls, 621 (82.91%) remain occupied. Most of them were animals intended to recreation, totaling 54.43%. Crioula breed had prominence representing 22.71% of animals intended to functional and morphological tests. Animals in stage of dressage made 13.37%. Another funcitions such as: reproduction, long loop, polo, jump and sale animals, totalized 9.5%. It was verified 93 professionals involved on the stablishments, making a middle of 2.58 servants/establishment. About the professionals, 44.09% are the properties owners, 31.18% efective servants, 13.98% veterinary doctors and 10.75% farriers. For each 6.68% confined horses in the city one job was generated.
Keywords: capacity, goal, horse, professional, stall


Introdução

O Brasil ocupa a terceira posição no ranking mundial de criação equina, tendo como finalidades a criação para esporte, lazer, equoterapia, serviço e, em menor proporção, produção de carne (IBGE, 2013). O setor de equinocultura vem crescendo no país, satisfazendo as necessidades de muitas pessoas, e o cavalo tem se tornado o companheiro inseparável para muitos (CINTRA, 2011). A mão de obra nos centros equestres é composta de diversos profissionais como: ferreiros, zootecnistas, médicos veterinários, treinadores e outras pessoas envolvidos desde a criação até o destino final dos animais. Desta forma, a base do Complexo do Agronegócio do Cavalo é responsável pela geração de milhares de empregos diretos e indiretos no país (LIMA et al., 2006). No município de Pelotas no estado do Rio Grande do Sul (RS), a equinocultura é um negócio que envolve diversos profissionais, existindo assim ambientes que trazem o convívio e a vivência com estes animais. A aproximação com o cavalo muitas vezes funciona como escape da vida urbana para diversas pessoas. No entanto, se faz necessário que sejam próximos das cidades, para facilidade do acesso. Assim, as hospedarias se tornam um negócio promissor na região. Ultimamente são observados o crescimento e a importância da equinocultura brasileira, tanto em valores, quanto em número de profissionais envolvidos com este fim. Este estudo objetivou caracterizar quanto a capacidade instalada, modalidade animal e mão-de-obra demandada para este setor os estabelecimentos equestres.

Revisão Bibliográfica

A equinocultura, como um agronegócio, é confirmada pelos números expressivos de 16 bilhões de reais movimentados por ano, envolvendo vários segmentos e, é responsável assim pela geração de 3,6 milhões de empregos diretos e indiretos (IBGE, 2013). Esses números expressivos tanto de dinheiro gerado quanto percentual de empregos estão relacionados ao uso dos equinos para esporte, lazer e reprodução, além de serem utilizados no trabalho e atividades agropecuárias (CINTRA, 2011). A prática de esportes ganhou evidência no Brasil no início do século XIX, com a inclusão da equitação entre as disciplinas da Academia Real Militar, no Rio de Janeiro e as provas de corrida (LIMA et al., 2006). Após, foram desenvolvidas outras modalidades, como a difusão de rodeios e vaquejadas entre outros, fatos estes que são proporcionados pela aproximação dos animais aos humanos. Atualmente, o homem faz grandes esforços para usufruir do contato com o cavalo (ROBINSON, 1999). E para evitar o deslocamento por longas distâncias até as áreas rurais, o homem tem trazido o cavalo para perto dele nas áreas urbanas. Nestas áreas, não há espaço suficiente para alojar cavalos soltos em piquetes (LEME et al., 2014), havendo a necessidade da criação de estabelecimento equestres. Nesses centros, os cavalos são mantidos estabulados, recebendo os diversos tratamentos e treinamentos para proporcionar o contato com o humano (CINTRA, 2011). Várias razões existem para estabular um cavalo, tais como: controle de pastagens; reduzir lesões, doenças dermatológicas, respiratórias e parasitárias; controle de qualidade de alimento e água e de seu consumo; garantir segurança ao animal e proteção contra intempéries (MCGREEVY, 2004). Por outro lado, este confinamento pode vir a causar distúrbios metabólicos e comportamentais quando não bem executado (DITTRICH et al., 2010). O local de confinamento deve proporcionar conforto e segurança, ser espaçoso o suficiente para permitir ao cavalo descansar de forma agradável (CINTRA, 2011).

Materiais e Métodos

Foi realizado o levantamento de dados através de um questionário padrão em centros equestres que hospedam equinos no município de Pelotas/RS. O trabalho foi realizado durante o período de agosto a outubro de 2016. Foram avaliados 36 estabelecimentos comerciais totalizando 749 baias.  No questionário padrão foram coletadas informações referentes às características específicas da propriedade e dos animais, bem como a atuação de profissionais ligados a área. As perguntas foram previamente estruturadas e abrangeram os seguintes temas: capacidade animal, finalidade do animal, número de proprietários, número de funcionários, médico(s) veterinário(s) e ferreiro(s) responsável(is). Foram computados os dados de 621 cavalos e éguas, os quais originaram as estatísticas referentes aos animais, como raça, aptidão, finalidade da criação. Foi realizada uma análise estatística descritiva dos dados para identificação do perfil dos estabelecimentos e animais estudados, determinando as frequências de ocorrência dos mesmos. Os dados foram tabulados em planilhas do software Microsoft Excel® 2007, avaliando-se as características que se repetiam e as diferenças obtidas nos resultados das propriedades do município.

Resultados e Discussão

A disponibilidade de baias por estabelecimentos depende de diversos fatores, entre eles o espaço, demanda, fator econômico, mão de obra e público. Das 749 baias distribuídas nos 36 estabelecimentos, 82,91% estavam ocupadas por cavalos, não estando os estabelecimentos com sua lotação máxima. Isso demonstra existir uma ociosidade no setor em função provavelmente do crescimento do setor, aumento das hotelarias, ou ainda pelo custo da manutenção dos animais. Dos equinos estabulados (Figura 1) a maioria era destinada ao lazer, perfazendo 54,41% do total avaliado. Nos últimos anos, ocorreu um crescimento da criação equina próxima aos centros urbanos visando, aproximar os admiradores da atividade com o convívio junto aos animais (LEME et al., 2014). Este fator deve ser o preponderante para os resultados, visto ser a equinocultura vista no Estado do RS como uma força de trabalho. Para as competições da raça crioula como: Freio de Ouro, Freio do Proprietário, Provas Jovens e Morfológicas. Somaram 22,71% do total de equinos estabulados. Constataram-se em fase de doma 13,37% dos animais, que após cumprirem essa etapa podem ser destinados a outros propósitos. Os equinos estabulados para fins de reprodução, laço, polo, salto e venda perfizeram 9,51% dos animais. Foram verificados 93 profissionais envolvidos no manejo com os animais nas propriedades (Figura 2). Destes, a maior parte são proprietários dos estabelecimentos, perfazendo 44,09%. Estes que muitas vezes absorvem também as atividades diárias da propriedade. Por outro lado, em alguns locais faz-se necessário o auxilio de funcionários. A mão de obra contratada representa 31,18% do total de empregado na atividade. Nesta mão de obra constatou-se a presença de médicos veterinários (13,98%), e os ferreiros (10,75%), responsáveis pela saúde e bem-estar dos equinos e pelos serviços de casqueamento e ferrageamento, respectivamente. Estas classes são profissionais que muitas vezes realizam atividades em mais de um estabelecimento da região. Sendo que seus serviços em muitos casos são periódicos e possibilitam abranger mais de uma propriedade. Ao dividirmos o total de animais alocados pelo total de profissionais envolvidos nos estabelecimentos, obtemos um coeficiente de 6,68 equinos confinados nos estabelecimentos de Pelotas/RS para cada profissional envolvido. Desta forma, quando comparada com as demais atividades também geradoras de emprego como a bovinocultura de corte, a mesma, é uma opção viável para aumentar o emprego na região. Dados demonstram que para cuidar de 500 bovinos é necessário em média de dois homens. Portanto, a equinocultura possui importância econômica significativa, pois a população com o ritmo de vida cada vez mais acelerado, sente a necessidade de lazer e esportes a serem realizados com os equinos, tornando os centros equestres uma opção com excelentes resultados e grande percentual da população investindo no ramo.

Conclusões

É notória a capacidade e o funcionamento dos estabelecimentos equestres da cidade de Pelotas, bem como a geração de emprego proporcionada pela atividade. A equinocultura vem se expandindo pela valorização dos cavalos perante a sociedade, principalmente relacionada às atividades equestres direcionadas ao lazer.

Gráficos e Tabelas




Referências

CINTRA, A. G. O CAVALO: Características, Manejo e Alimentação. 1 ed. Roca, São Paulo, 2011, p.384. DITTRICH, J. R.; MELO, H. A.; AFONSO, A. M. C. F.; DITTRICH, R. L. Comportamento ingestivo de equinos e a relação com o aproveitamento das forragens e bem-estar dos animais. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 39, p. 130-137, 2010. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Produção da pecuária municipal. Rio de Janeiro: IBGE, 2013. v. 41, p.1-108. LEME, D. P.; PARSEKIAN, A. B. H.; KANAAN, V.; HÖTZEL, M. J. Management, health, and abnormal behaviors of horses: A survey in small equestrian centers in Brazil. Journal of Veterinary Behavior, v. 9, p. 114-118, 2014. LIMA, R.A.S., SHIROTA, R., BARROS, G.S.C., Estudo do complexo do agronegócio cavalo no Brasil. CEPEA–ESALQ/USP, Piracicaba, 250 p. 2006. MCGREEVY, P. Equine Behavior: A guide for Veterinarians and Equine Scientists. London: Elsevier Science, 2004, 369p. ROBINSON, I. H. The human-horse relationship: how much do we know? Equine Veterinary Journal, v. 31, p. 42–45, 1999.