Caracterização químico-bromatológica da Nopalea Cochenillifera Salm em diferentes estádios fenológicos

Diana Valadares Pessoa1, Albericio Pereira de Andrade2, André Luiz Rodrigues Magalhães3, Marciano Tenório Marinho4, Djalma Cordeiro dos Santos5, Gabriela Duarte Silva6, Steyce Neves Barbosa7, Ana Lúcia Teodoro8
1 - Programa de Pós-graduação em Ciência Animal e Pastagens, Universidade Federal Rural de Pernambuco/Unidade Acadêmica de Garanhuns-PPGCAP/UFRPE/UAG
2 - Programa de Pós-graduação em Ciência Animal e Pastagens, Universidade Federal Rural de Pernambuco/Unidade Acadêmica de Garanhuns-PPGCAP/UFRPE/UAG
3 - Programa de Pós-graduação em Ciência Animal e Pastagens, Universidade Federal Rural de Pernambuco/Unidade Acadêmica de Garanhuns-PPGCAP/UFRPE/UAG
4 - Universidade Federal Rural de Pernambuco/Unidade Acadêmica de Garanhuns – UFRPE/UAG
5 - Instituto Agronômico de Pernambuco- Arcoverde-PE
6 - Programa de Pós-graduação em Ciência Animal e Pastagens, Universidade Federal Rural de Pernambuco/Unidade Acadêmica de Garanhuns-PPGCAP/UFRPE/UAG
7 - Programa de Pós-graduação em Ciência Animal e Pastagens, Universidade Federal Rural de Pernambuco/Unidade Acadêmica de Garanhuns-PPGCAP/UFRPE/UAG
8 - Programa de Pós-graduação em Ciência Animal e Pastagens, Universidade Federal Rural de Pernambuco/Unidade Acadêmica de Garanhuns-PPGCAP/UFRPE/UAG

RESUMO -

Objetivou-se caracterizar a composição químico-bromatológica da palma miúda (Nopalea Cochenillifera Salm) em diferentes estádios fenológicos (maduro, intermediário e jovem). As amostras foram coletadas na Estação Experimental do Instituto Agronômico de Pernambuco-IPA, localizado no município de Arcoverde-PE. Coletou-se cladódios de quatro plantas diferentes em três estádios fenológicos (maduro, intermediário e jovem) para a determinação bromatológica. Houve diferença significativa (P<0,05) para a fibra em detergente neutro (FDN) e carboidratos não fibrosos (CNF) em todos os estádios fenológicos, porém para a fibra em detergente ácido (FDA) e a celulose (CEL) foram significativo (P<0,05) apenas para o estádio maduro. A palma miúda apresentou maior teor de fibra e matéria orgânica no estádio maduro, importante no processo fermentativo. O estádio jovem possui alto teor de carboidratos não estruturais, sendo boa fonte de energia para os ruminantes.

Palavras-chave: composição, cladódios, nutrientes, palma forrageira

Chemical-bromatological characterization of Nopalea Cochenillifera Salm in growth phases different

ABSTRACT - The objective it was to characterize the chemical and bromatological composition of the Nopalea Cochenillifera Salm. in growth phases different. The samples were collected at the Experimental Station of the Instituto Agronômico de Pernambuco-IPA, located in the municipality of Arcoverde-PE. Cladodes of four different plants were collected at three growth phases different (mature, intermediate and young) for bromatological determination. There was a significant difference (P<0.05) for neutral detergent fiber (NDF) and non-fibrous carbohydrates (NFC) at all growth phases different, but for acid detergent fiber (ADF) and cellulose (CEL) were significant (P<0.05) only for the mature phases. The Nopalea Cochenillifera Salm. had higher content of fiber and organic matter in the mature phases, important in the fermentation process. The young phases has a high content of non-structural carbohydrates and is a good source of energy for ruminants.
Keywords: cactus pear, cladodes, composition, nutrient


Introdução

A escassez de alimentos, em determinados épocas do ano, é um fator limitante para que diversas atividades sejam desenvolvidas, em especial na região do Semiárido brasileiro. Assim, a busca por alimentos com bom valor nutricional e de fácil aquisição, tem sido constante nessas regiões que tem como atividade mais difundida a pecuária. A palma forrageira tem sido vista como uma excelente saída para os produtores que buscam baixar os custos de produção e garantir a qualidade nutricional dos animais. Além disso, a palma forrageira é excelente fonte de água e nutrientes para os animais, principalmente energia, pois esta é rica em carboidratos, em especial carboidratos não fibrosos.

Revisão Bibliográfica

A palma forrageira se destaca na contribuição do desenvolvimento socioeconômico das regiões Semiáridas, isso acontece devido à sua adaptação às adversidades climáticas dessas regiões, como chuvas irregulares (SILVA & SANTOS, 2006). Apresenta alta produção por unidade de área e sua composição química varia de acordo com idade, espécie, tratos culturais, condições físicas e químicas do solo. No geral é uma excelente fonte energética para os ruminantes, é rica em carboidratos não fibrosos e nutrientes digestíveis totais. Além disso, possui elevado teor de minerais e de água, o que contribui para um menor consumo de água de bebida pelos animais (MOURA, 2012). Assim, objetivou-se determinar a caracterização químico-bromatológica da palma miúda (Nopalea Cochenillifera Salm) em diferentes estádios fenológicos (maduro, intermediário e jovem).

Materiais e Métodos

As amostras foram coletadas na Estação Experimental do Instituto Agronômico de Pernambuco-IPA, localizado no município de Arcoverde-PE. Coletou-se os cladódios de quatro plantas diferentes em três estágios fenológicos (maduro, intermediário e jovem) da palma miúda (Nopalea Cochenillifera Salm). Após a coleta, as amostras foram pré-secas em estufa de ventilação forçada a temperatura de 55ºC por 72 horas. As análises foram realizadas no Laboratório de Nutrição Animal da Unidade Acadêmica de Garanhuns – UAG/UFRPE. Os teores de matéria seca (MS) foram determinados através da secagem da amostra em estufa a 105°C até o peso constante (AOAC, 1990/ 930.15). A matéria mineral (MM) e Matéria Orgânica (MO) foram através da incineração das amostras a 600°C por 4 horas (AOAC, 1990/ 942.05). O teor de nitrogênio foi determinado pelo método de Kjeldahl (AOAC, 1990/ 954.01), sendo a proteína bruta (PB) obtida pela multiplicado do fator 6,25. A determinação do extrato etéreo (EE) foi através da extração com éter etílico, durante um período de cinco horas em extrator Sohxlet (AOAC, 1990/(920.39). As determinações de fibra detergente neutro (FDN) e fibra detergente ácido (FDA), foram de acordo com VAN SOEST et al. (1991), com adaptação de SANGER et al. (2008). A lignina foi determinada de acordo com VAN SOEST et al. (1991), através da solubilização da celulose, obtendo assim a lignina digerida em ácido (LDA). A determinação da hemicelulose (HEM), foi através da equação: HEM = FDN – FDA e da celulose (CEL) pela equação: CEL = FDA – LDA. Os carboidratos totais (CHOT), estimados de SNIFFEN et al.  (1992). Os carboidratos não fibrosos (CNF), que correspondem as frações A+B1, foram obtidos através diferença entre os CHOT e a FDN. O experimento foi conduzido em delineamento inteiramente casualizado e os dados foram submetidos à análise de variância pelo procedimento PROC GLM e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey considerando α = 0,05 utilizando-se o programa estatístico SAS®.  

Resultados e Discussão

Independente da classificação dos estágios fenológicos da palma miúda, não foram observadas diferenças significativas (P>0,05), para os teores de MS, PB, EE (Tabela 1). No geral a palma forrageira apresenta baixa concentração dessas variáveis, necessitando assim, de outras fontes de alimentos que possam complementar a dieta de ruminantes e suprir a necessidades desses nutrientes. Em relação a   matéria mineral (MM), o maior (P<0,05) valor obtido foi para o estádio jovem apresentando valor de 107,6 g/kg MS e menor valor o estádio maduro 90,5 g/kg MS, possivelmente devido menor maturidade dos cladódios, que possuem mais nutrientes, em relação ao maduro, visto que a maturidade resulta em aumento da quantidade de fibra, diminuindo o valor nutricional do cladódio. Para a proteína (PB), não se observou diferença significativa, já com relação a fibra detergente neutro (FDN), houve diferença significativa (P<0,05), para todos os estádios fenológicos, com média de 340,1; 240,3 e 185,7 g/kg MS, respectivamente, para os estádios maduro, intermediário e jovem. Embora tendo diferença significativa entre os estádios vegetativos, a palma forrageira é classificada como planta que apresenta baixa concentração de FDN, sendo necessário ser fornecida aos animais junto à fontes de fibras de alta efetividade, como no silagens e fenos. Para a fibra detergente ácido (FDA) e lignina digerida em ácido (LDA) houve diferença (P<0,05) para o estádio maduro em relação ao estádio intermediário e jovem, com valor médio de 232,1 e 18,0 g/kg MS para os cladódios maduros, respectivamente, para FDA e LDA. Em um trabalho desenvolvido por Batista et al. (2009), os valores de FDA e LDA para a palma miúda foram de 148,0 e 13,0 g/kg MS, respectivamente, valores diferentes dos que encontrados neste trabalho, provavelmente pelo fato de que na pesquisa conduzida por Batista et al. (2009) não houve separação por estádios fenológicos como nesta. O teor de celulose foi maior (P<0,05), para o estádio maduro, porém entre os estádios intermediários e jovem não houve diferença significativa (P>0,05). Em relação a hemicelulose o estádio maduro foi o que apresentou (P<0,05) maior valor com média de 108,0 g/kg MS, seguido pelo estádio intermediário com 97,1g/kg MS e menor valor o estádio jovem (62,7 g/kg MS). Para os teores de CNF, houve diferença (P<0,05) entre todos os estádios fenológicos, sendo que o maior valor foi para o estádio jovem. No entanto, não houve diferença (P>0,05) para CHO, porém o maior valor foi para o estádio maduro com média de 850,6 g/kg MS.

Conclusões

Houve uma maior predominância de fibras e matéria orgânica no estádio maduro, enquanto que no estádio jovem contém maior concentração de carboidratos não fibrosos e matéria mineral.

Gráficos e Tabelas




Referências

ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTS – AOAC. Official Methods of Analysis. 15th Ed. AOAC, Arglington, USA, 1990. 745 p. BATISTA, A. M. V. RIBEIRO NETO, A. C., LUCENA, R.B., SANTOS, D.C., DUBEUX JUNIOR, J.B., MUSTAFA, A.F.et al . Chemical composition and ruminal degradability of spineless cactus grown in Northeastern Brazil. Rangeland Ecology & Management, v. 62, n. 3, p. 297-301, 2009. MOURA, J.G. Valor nutritivo e características anatômicas de variedades de palma forrageira (Nopalea sp. e Opuntia sp.) com diferentes níveis de resistência à cochonilha do carmim (dactylopius opuntiae cockerell). 2012, 97p. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) - Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife, 2012. SENGER, C. C. D., KOZLOSKI, G.V., BONNECARRERE SANCHEZ, L.M., MESQUITA, F.R., ALVES, T.P., CASTAGNINO, D.S. Evaluation of autoclave procedures for fibrefiber analysis in forage and concentrate feedstuffs. Animal Feed Science and Technology, v. 146, n. 1-2, p. 169–174, 2008. SILVA, C.C.F., SANTOS, L.C. Palma forrageira (Opuntia fícus-índica Mill) como alternativa na alimentação de ruminantes (Forage Palm (Opuntia Fícus-Indica Mill) alternative in ruminant feeding). Revista Eletrônica de Veterinária REDEVET, v.VIII, n.5, p. 2006. SNIFFEN, C. J., O`CONNOR, J.D., VAM SOEST, P.J. RUSSEL, J.B. A net carbohydrate and protein system for evaluating cattle diets: carbohydrate and protein availability. Journal of Animal Science, v. 70, n. 12, p. 3562-3577, 1992. VAN SOEST, P. J.; ROBERTSON, J. B.; LEWIS, B. A. Methods for dietary fiber, neutral detergent fiber, and non starch polysaccharides in relation to animal nutrition. Journal of Dairy Science, v. 74, n. 10, p. 3583-3597, 1991.