CINÉTICA DE FERMENTAÇÃO RUMINAL DE DIETAS COM DIFERENTES NÍVEIS DE INCLUSÃO DE FENO DE SABIÁ
Bruna Martins Mota1, Wilson Gonçalves de Faria Júnior2, Lévison da Costa Cipriano3, Edson Alencar Conceição de Sousa4, Juliana Cristina Nogueira Colodo5, Wilma Gonçalves de Faria6, Edna Conceição de Sousa7, Deila Cristina Vieira da Silva8
1 - Universidade Federal de Roraima (UFRR)
2 - Universidade Federal de Roraima (UFRR)
3 - Universidade Federal de Roraima (UFRR)
4 - Universidade Federal de Roraima (UFRR)
5 - Universidade Federal de Roraima (UFRR)
6 - Instituto Federal de Roraima (IFRR), Campus Amajari
7 - Escola Agrotécnica da UFRR (EAGRO)
8 - Escola Agrotécnica da UFRR (EAGRO)
2 - Universidade Federal de Roraima (UFRR)
3 - Universidade Federal de Roraima (UFRR)
4 - Universidade Federal de Roraima (UFRR)
5 - Universidade Federal de Roraima (UFRR)
6 - Instituto Federal de Roraima (IFRR), Campus Amajari
7 - Escola Agrotécnica da UFRR (EAGRO)
8 - Escola Agrotécnica da UFRR (EAGRO)
RESUMO -
Objetivou-se avaliar degradabilidade aparente, cinética de fermentação e nível ótimo de inclusão (0, 25, 50, 75 e 100%) de feno de Sabiá em dietas à base de silagem de milho, no Núcleo de Recursos Naturais do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Roraima, por meio da técnica in vitro semiautomática de produção de gases. O delineamento foi inteiramente ao acaso com parcelas subdivididas e o modelo utilizado descreveu o potencial máximo de produção de gases (A), o tempo de colonização (TC) e a taxa de produção de gases (u). O parâmetro A comportou-se de forma linear decrescente, variando de 89,12 a 37,72 mL, assim como degradabilidade aparente (434 – 113 g/kg MS), e a efetiva, nas taxas de passagem 0,02/h (410 – 108 g/kg MS), 0,05/h (376 – 100 g/kg MS) e 0,08/h (344 – 94 g/kg MS). Porém, TC e u, com médias 2:07h e 0,04326 mL/h/g/amostra, respectivamente, não foram significativos. Assim, pode-se incluir até 50% do feno de sabiá na dieta para animais de mantença.
Palavras-chave: Sabiá, silagem, degradabilidade, gases, nutrição
RUMINAL KINETICS FERMENTATION OF DIETS WITH DIFFERENT LEVELS OF INCLUSION OF SABIÁ HAY
ABSTRACT - The aim was to evaluate the apparent degradability, fermentation kinetics and optimal inclusion level (0, 25, 50, 75 and 100%) of Sabiá hay in diets based on corn silage at the Nucleus of Natural Resources of the Agrarian Sciences Center of the Federal University of Roraima, by means of the semiautomated in vitro gas production technique. The design was completely randomized with subdivided plots and the France et al model described the maximum gas production potential (A), the colonization time (CT) and the gas production rate (u).The parameter A was linearly decreasing, varying from 89.12 to 37.72 mL, as well as the apparent degradability (434 - 113 g/kg DM), and the effective, in the passage rates 0.02/h (410-108 g/kg DM), 0.05/h (376-100 g/kg DM) and 0.08/h (344-94 g/kg DM). However, CT and u, with an average of 2:07h and 0.04326 mL/h/g/sample, respectively, were not significant. Therefore, up to 50% of sabiá hay can be included in diet for maintenance animals.Keywords: Sabiá, silage, degradability, gases, nutrition
Introdução
Constantemente busca-se o uso de novas alternativas para a alimentação de ruminantes, a fim de reduzir custos na produção animal. O sabiá (Mimosa caesalpiniaefolia Benth) é uma espécie endêmica em alguns estados da região nordeste, mas tem sido introduzida em outras áreas do país. Além de seu uso para produção de madeira, suas folhas e vagens são utilizadas na alimentação de animais de pastejo. As folhas contém aproximadamente 17% de proteína. Contudo, também possuem outros compostos químicos que podem influenciar na fermentação ruminal. Desse modo, o objetivo deste estudo foi determinar o nível ótimo de inclusão de feno de Sabiá em dietas à base de silagem de milho, e avaliar a degradabilidade aparente e a cinética de fermentação.Revisão Bibliográfica
As silagens de milho são muito utilizados na alimentação de ruminantes, assim como os aditivos, que visam melhor produtividade animal. Faria et al (2008), ao avaliar a utilização de aditivos sobre a cinética de fermentação da silagem de milho, obtiveram menor produção cumulativa de gases (221 mL) ao adicionar monesina à silagem de milho. Já a maior produção de gases (246ml/g MS) e o menor tempo de colonização (1,49h) foram obtidas no tratamento propilenoglicol + silagem de milho comparado ao tratamento com somente silagem de milho (245ml/g MS e 1,58h, respectivamente). Além disso, a silagem garante o valor nutritivo da forrageira, à qual pode ser adicionada resíduos agroindustriais. Neiva Jr et al (2010), avaliando a inclusão de tortas de nabo forrageiro, pinhão manso e tremoço na silagem de capim-elefante, demonstrou valores para o tempo de colonização de 0,04h para de nabo forrageiro, 2,13h para pinhão manso e 0,20h para tremoço, todos a 11% de inclusão. Enquanto que a degradabilidade in vitro da matéria seca em 96 horas obteve valores médios de 47,38, 32,85 e 56,53 g/kg MS, respectivamente, nos mesmos níveis de inclusão.Materiais e Métodos
O estudo desenvolveu-se no Núcleo de Recursos Naturais (NUREN), do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Roraima (UFRR). Avaliou-se a inclusão de feno de sabiá na silagem de milho nos níveis 0, 25, 50, 75 e 100% (tratamentos). A silagem e o feno foram moídos a 1mm. Foram preparados 205 sacos, dentre F57® ANKOM e de TNT, com os tratamentos, amostras de silagem e feno puro e em branco. Em seguida, foram colocados em frascos de 50 mL, posteriormente injetados com CO² e meio de cultura e, então, vedados com rolhas de borracha. O líquido ruminal foi coletado de um bovino mestiço, canulado no rúmen, mantido com silagem de milho à vontade e 2 kg de concentrado por dia. A cinética de fermentação foi analisada pela técnica in vitro semiautomática de produção de gases (MAURÍCIO et al, 1999). Cada frasco foi injetado com 8 mL do inóculo, agitado manualmente e colocado em estufa a 39ºC (tempo zero). As leituras da pressão gerada pelos gases da fermentação ruminal foram tomadas nos seguintes tempos após inoculação: 3, 6, 9, 12, 15, 18, 21, 24, 30, 36, 42, 48, 60, 72, e 96 h. Por fim, os saquinhos foram lavados e colocados em estufa a 105 ºC para obtenção do teor de matéria seca. O delineamento foi inteiramente ao acaso (DIC) em esquema de parcelas subdivididas, em que a parcela é o tratamento (em arranjo fatorial 3 x 5) e as subparcelas, os tempos de fermentação. Comparou-se as médias pelo teste SNK a 5% e utilizou-se o coeficiente de correlação de Pearson. Ainda, o modelo de France et al (1993) não linear foi utilizado para análise do potencial máximo de produção de gases (A), tempo de colonização (TC) e taxa de produção de gases (u) no programa SAS. Já para as taxas de passagem de degradabilidade efetiva (DE) de 0,02, 0,05 e 0,08/h, utilizou-se o PROC NIL SAS.Resultados e Discussão
O potencial máximo de produção de gases (A) comportou-se de forma linear decrescente, com variação de 89,12 a 37,72 mL, à medida que aumenta a inclusão do feno de sabiá. Contudo Pôssas et al (2015) obteve valores superiores no híbrido de milho BRS 1031, no estádio farináceo-duro (259,32 mL/g de massa seca - MS). Guimarães Jr et al (2008) também obtiveram valores superiores aos encontrados nesse estudo, ao avaliar silagens de três genótipos de milheto (média de 148,67 ml/g de MS). Entretanto, o tempo de colonização (TC) e a taxa de produção de gases (u) não foram significativos, com média de 2:07 h para TC e de 0,04326 mL/h/g/amostra para u. Esses valores foram superiores aos encontrados por Pôssas et al (2015) que, ao avaliar o híbrido BRS 1031, demonstraram média de 42,6h para os três estádios de maturação (pastoso, farináceo e farináceo-duro). Já a média para o parâmetro u foi de 0,03736 mL/g de MS/h, portanto, inferior à obtida nesse estudo. Por fim, a degradabilidade aparente (DMS) teve comportamento linear decrescente, que variou de 434 para 113 g/kg MS. A degradabilidade efetiva (DE) também apresentou este comportamento, com os seguintes resultados, respectivamente, nas taxas de passagem 0,02/h, 0,05/h e 0,08/h: 410 a 108 g/kg MS, 376 a 100 g/kg MS, e 344 a 94 g/kg MS. Pôssas et al (2015) no híbrido de milho comercial BRS 1031 revelaram dados médios de 70,56 g/kg MS na taxa 0,02/h e de 67,16 g/kg MS na taxa de 0,05/h, inferiores aos obtidos nesse estudo. Guimarães Jr et al (2008), no genótipo BRS-1501 de milheto, também obteve resultados inferiores nas taxas de 0,02/h (35,03 g/kg MS), 0,05/h (21,60 g/kg MS) e 0,08/h (14,67 g/kg MS). A inclusão do feno de sabiá reduz o potencial de produção de gases mas aumenta a degradabilidade efetiva, se comparada com silagens de milho e de milheto. Porém, não possui correlação com o tempo de colonização e a taxa de produção de gases.Conclusões
A inclusão de feno de sabiá piora a cinética de fermentação da silagem de milho. Com base nas degradabilidades efetivas, pode-se substituir a silagem pelo sabiá em concentrações de até 50% para animais de baixa exigência nutricional.Gráficos e Tabelas
