Cinética do passo e trote de cavalos treinados com rédea Pessoa

Danielle Albino da Silva1, Kátia de Oliveira2
1 - FCAT- UNESP- Campus de Dracena
2 - FCAT- UNESP- Campus de Dracena

RESUMO -

As rédeas auxiliares têm sido empregadas às rotinas de exercícios, por trabalharem no engajamento e na musculatura dorsal dos equinos, sendo assim a rédea Pessoa pode incentivar o maior uso dos membros pélvicos por permitir uma posição de cabeça/pescoço baixa. O movimento ginástico responsável por produzir impulsão, resulta da soma de duas ações biomecânicas, do engajamento provocado pelo deslocamento cranial do membro pélvico e da força de propulsão ocorrida durante apoio do membro pélvico no solo (cinética). O objetivo deste estudo foi avaliar o emprego da rédea Pessoa, em comparação a rédea simples, por meio da análise cinética do passo e do trote. Observou-se um incremento na força dorso-ventral e de propulsão no passo e no trote de cavalos treinados com a rédea Pessoa melhorando a impulsão do andamento ao passo e aumentando a força de propulsão do trote.

Palavras-chave: equinos, propulsão, rédea auxiliar

Kinetics of walk and trot of trained horses with Pessoa's rein

ABSTRACT - Auxiliary reins have been employed in exercise routines, since they work on the engagement and dorsal musculature of the horses, so the rein may encourage greater use of the pelvic limbs by allowing a low head / neck position. The gymnastic movement responsible for producing impulsion results from the sum of two biomechanical actions, the engagement caused by the cranial displacement of the pelvic limb and the propulsive force during pelvic limb support in the (kinetic) soil. The objective of this study was to evaluate the use of the Pessoa rein, in comparison to the simple rein, through the kinetic analysis of the step and the trot. There was an increase in dorso-ventral force and propulsion in the step and trot of trained horses with the Person rein, improving the momentum of the step and increasing the propulsion force of the trot.
Keywords: equines, propulsion, auxiliary rein


Introdução

As rédeas auxiliares têm sido empregadas às rotinas de exercícios, por trabalharem no engajamento e na musculatura dorsal dos equinos, além de abreviarem o tempo necessário de treino, (BAYLEY, 2010). De acordo com COTTRIALL et al. (2009), a rédea Pessoa pode incentivar o maior uso dos membros pélvicos por permitir aos equinos posição de cabeça/pescoço baixa, ou seja, mantendo a cabeça no mesmo nível ou abaixo da cernelha, e com maior ângulo de cabeça/pescoço. O movimento ginástico responsável por produzir impulsão, resulta da soma de duas ações biomecânicas, do engajamento provocado pelo deslocamento cranial do membro pélvico (cinemática) e da força de propulsão ocorrida durante apoio do membro pélvico no solo (cinética). Assim, a principal condição biomecânica que se procura produzir nos equinos de esporte, obtida pelo treino, é o engajamento dos membros pélvicos, que melhora a impulsão de deslocamento, sendo esta característica desejada pela Federação Equestre Internacional – FEI (HIGGINS, 2009). Portanto, o estudo da cinética de cavalos em deslocamento, auxilia no monitoramento da qualidade dos programas de exercícios, que estão disponíveis para melhorar a performance esportiva. O objetivo deste estudo foi avaliar o emprego da rédea Pessoa em comparação a rédea simples, por meio da análise cinética do passo e do trote.

Revisão Bibliográfica

A rédea Pessoa foi elaborada para o trabalho à guia de cavalos com algum nível de equitação, aplicando-se a animais com boa musculatura, bem como àqueles apresentando problemas no dorso, sendo utilizada com a finalidade de auxiliar na construção e manutenção da musculatura equina. A mesma constituiu-se de cordões laterais, mosquetões e um dispositivo de borracha, que serve como “tensionador”, colocado acima do tarso, na altura da patela do animal. O tensionador encoraja o cavalo a trazer seus membros pélvicos para baixo de seu corpo e os cordões laterais abaixam a cabeça/pescoço, resultando respectivamente, no engajamento dos membros pélvicos e desenvolvimento da musculatura dorsal (BAYLEY, 2010).              Na avaliação biomecânica do cavalo de esporte interessa a ocorrência de maior grau de engajamento do membro pélvico, gerando melhor impulsão (HARRIS & CLEGG, 2006), dentre eles os músculos traseiros que atuam empurrando o membro em sentido caudal, ou seja, na propulsão e dando força e empurraram o cavalo para frente (Bromiley, 2010). Pode-se notar que animais com problemas biomecânico apresentaram o dorso fraco e dolorido entre outros distúrbios físicos, que interferem negativamente nas condições de bem estar dos mesmos (Schroder, 2010).

Materiais e Métodos

Foram utilizados 12 cavalos com idade de cinco anos, pesando em média de 400 kg, sem sinais de claudicação ou de lesões músculo-esqueléticas e condicionados ao trabalho à guia em redondel. O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado, resultando em seis repetições por tratamento. Foram utilizados dois tratamentos, em que no primeiro grupo, os cavalos foram treinados a guia sem o uso da rédea Pessoa e para o segundo tratamento realizou-se o treino mediante uso da rédea Pessoa. Os animais foram exercitados duas vezes por semana por período de três meses, em trabalho de chão à guia, no redondel, sem ou com o uso da rédea Pessoa. O exercício foi composto por 20 minutos de trote, dividido nos sentidos horário e anti-horário, e dez minutos a galope, realizado também nos dois sentidos, totalizando trinta minutos por sessão de treino. A análise cinética foi realizada no início do experimento e após três meses de treino, mediante uso do equipamento Equimetrix, fixado ao peitoral dos animais (Barreyet al., 2002). As variáveis monitoradas foram as forças dorso-ventral (FDV), de propulsão (FP), médio-lateral (FML) e total (FT) nos andamentos passo e o trote. Durante as avaliações, os cavalos foram guiados pelo cabresto ao passo e depois no trote, em linha reta, em pista plana de areia, por 25 segundos no mínimo. Assim, cada cavalo foi avaliado três vezes/andamento. O valor da diferença, entre as avaliações final e inicial, das variáveis cinéticas foram submetidas à análise de variância do programa computacional SAS (2000). Para as variáveis obtidas antes e depois no mesmo cavalo foram comparadas por meio do teste “t” pareado. O coeficiente de variação foi usado para expressar a quantidade de variabilidade nas variáveis e a probabilidade de P<0,05, na comparação dos dados.

Resultados e Discussão

Após os treinos e a analise dos dados das variáveis  não foi verificada nenhuma melhora significativa, nos parâmetros cinéticos avaliados ao passo, nos cavalos treinados, durante os três meses, sem o uso da rédea Pessoa (Tabela 1). Diferentemente, após a analise dos dados com o uso da rédea observou-se um incremento na força dorso-ventral e de propulsão (P<0,05) no passo de cavalos treinados com a rédea Pessoa. Isto demonstra que este treinamento melhora a região do cavalo, bem como torna o passo mais impulsionado durante o deslocamento. Observou-se incremento nas forças dorso-ventral, propulsão e total (P<0,05) no trote de cavalos treinados com a rédea Pessoa (Tabela 2). Isto demonstra que este treinamento melhora a reunião do cavalo, tornando o trote mais impulsionado durante o deslocamento. O valor da força total ao trote, na avaliação final, aos cavalos treinados sem e com rédea Pessoa, obtiveram média de 21,12 e 27,04, respectivamente. Tal resultado, ao grupo treinado com rédea Pessoa, foi similar ao valor encontrado com equinos da modalidade equestre de adestramento (Barrey et al., 2002).

Conclusões

O treinamento com a rédea Pessoa modifica a cinética de deslocamento dos andamentos passo e trote em equinos. O trote de cavalos submetidos ao treinamento com rédea Pessoa apresentou maior propulsão, bem como melhora nas forças dorso-ventral e total

Gráficos e Tabelas




Referências

BARREY, E. et al. Equine Veterinary Journal, Suppl., v.34, p.319-324, 2002. BAYLEY, L. Groundwork training for your horse. 3. ed. Cinccinati: David & Charles Book, 2010. 151p. BROMILEY, M. Equine injury, therapy and rehabilitation. 3. ed. Oxford: Blackwell Publishing Ltd, 2010. 218p. COTTRIAL,S.The_effects_of_training_AIDS_on_the_longissimus_dorsi_in_the_equine_back. Disponivel https://www.researchgate.net/publication/231999944_The_effects_of_training_AIDS_on_the_longissimus_dorsi_in_the_equine_back em  acessado em 30 de março de 2017 HARRIS, M.C.; CLEGG, L. Horse riding. 1. ed. London: Dorling Kindersley, 2006. 344p.. HIGGINS, G. How your horse moves. 1. ed. Cincinnati: David & Charles Book.  153p, 2009. SCHRODER, D. Estética demais, equitação de menos. Revista Horse, março, p.42-44,   2010. STATISTICAL  ANALYSIS  SYSTEM - SAS. SAS user´s: guide statistics. Cary: 2000. 211p.