COMPARAÇÃO DE DOIS MÉTODOS DE CONTROLE DE NEMATÓDEOS GASTRINTESTINAIS EM OVINOS DE CORTE EM SANTO ANTÔNIO DO LEVERGER-MT

COMPARISON OF TWO METHODS FOR THE CONTROL OF GASTROINTESTINAL NEMATODES IN SHEEP IN SANTO ANTÔNIO DO LEVERGER-MT

ABSTRACT - This work aimed at evaluating the egg count per gram of faeces (EPG) and the Famacha method as parameters to determine the degree of helminth infection in sheep. The study was carried out in the sheep production of the Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso (IFMT) Campus São Vicente, from September to October 2016. Fifteen ewes and two adult, crossbred lambs were used. During the collection, the animals were inspected and the Famacha method was performed. Faecal samples were collected directly from the animals' recto and then sent to the campus multidisciplinary laboratory for analysis. All the animals presented the Famacha in grade 2 and the OPG varying from 0 to 1700. The Famacha method allows to analyze the degree of infection by Haemonchus contortus, however, there are other nematodes of sheep that do not cause anemia, being necessary to associate another technique like The OPG to ensure proper parasitic control.

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Introdução

Os helmintos representam o maior e mais grave problema sanitário dos pequenos ruminantes, chegando a inviabilizar economicamente a criação (Vieira, 2008; Abrão et al., 2010). Quando as infecções são maciças, podem causar grande mortalidade e, nesse caso, as perdas econômicas são devastadoras para o sistema produtivo (Vieira, 2005). O uso excessivo e indiscriminado dos anti-helmínticos tem causado falhas no controle das verminoses, desenvolvendo resistência anti-helmíntica (Vieira, 2008; Abrão et al., 2010). A dificuldade no controle dos parasitas está associada à falta de informação em relação à administração dos antiparasitários (Viana, 2008). O diagnóstico da verminose pode ser obtido através da contagem de ovos por grama de fezes (OPG), que também pode ser associada ao método Famacha, que, através da coloração da conjuntiva, quantifica o grau de anemia dos animais (Van Wyk e Bath, 2002). A partir desses dois métodos, o produtor poderá vermifugar apenas os animais que realmente necessitarem de tratamento, reduzindo os gastos e evitando a resistência. A técnica de OPG exige conhecimento técnico e equipamentos como um microscópio, sendo muitas vezes inviável para pequenos produtores, já o método Famacha é simples e fácil de realizar, porém, é necessário que se comprove sua real eficácia no diagnóstico do grau de verminose dos animais. Assim, este trabalho visou comparar o OPG e o método Famacha para constatar o grau de infestação de helmintos em ovinos e averiguar a sua eficácia.

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Revisão Bibliográfica

O interesse pela criação de pequenos ruminantes vem aumentando, entretanto, as endoparasitoses gastrintestinais se constituem o principal entrave, especialmente nas regiões tropicais, onde os prejuízos econômicos são mais acentuados (Vieira, 2005). Os caprinos e ovinos são parasitados por inúmeros nematódeos gastrintestinais, o Haemconchus contortus, Trichostrongylus colubriformis, Strongyloides papillosus e Oesophagostomum colubianum os mais prevalentes e patogênicos, sendo considerados os nematódeos de maior importância econômica nesta categoria (Costa & Vieira, 1984). Brito et al. (2009) demonstraram a prevalência de 30,21% para Haemonchus e 14,12% para Oesophagostomum em ovinos. O método Famacha é a técnica mais conhecida de tratamento seletivo, uma vez que são vermifugados apenas os animais que apresentam anemia clínica (Molento et al., 2004). No momento da avaliação, se define a coloração da conjuntiva frente a um cartão ilustrativo com cinco categorias, variando de 1 (coloração vermelho brilhante) até 5 (coloração pálida, quase branco) (Van Wyk e Bath, 2002). Baseado nesta comparação são tratados somente os animais que apresentam coloração de mucosas compatíveis com os graus 4 e 5 e, em alguns casos, com o grau 3. Este procedimento mantém a eficácia anti-helmíntica por um período maior (Vieira 2008). Em adição, o método, proporciona uma economia média de 58,4% nos custos com a aquisição de anti-helmínticos (Bath et al., 2001). Em estudos realizados para validar tal método, observou-se a diminuição no número de tratamentos realizados durante o ano na propriedade, permitindo selecionar indivíduos resistentes e resilientes aos helmintos (Kaplan et al., 2004; Molento et al., 2004).

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Materiais e Métodos

O estudo foi realizado no setor de ovinocultura do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso (IFMT) Campus São Vicente, no período de setembro a outubro de 2016. Os animais foram selecionados de forma aleatória. Foram utilizadas 15 ovelhas (F1-F15) e 2 (M1 e M2) carneiros sem raça definida, com a vida reprodutiva já iniciada e de peso semelhante. Os animais foram mantidos em piquetes cobertos com Brachiaria decumbens e Massai (Panicum maximum cv. Massai) e suspenso, com tijolos vazados em todas as laterais, para permitir a entrada e saída do ar, piso ripado com espaçamento entre ripas de aproximadamente 2 cm, sendo liberados no período da manhã. A ração era fornecida no aprisco, sendo composta de 53% de farelo de milho, 25% de casca de soja, 3% de girassol, farelo solvente, 15% de glicerina bruta e 4% núcleo guabi ovinos 40. Durante a coleta, os animais foram inspecionados e avaliados quanto ao escore de coloração da mucosa (método Famacha). As amostras de fezes foram coletadas no período da tarde, direto da ampola retal dos animais e logo em seguida encaminhadas refrigeradas ao laboratório para análise. A contagem de ovos por grama de fezes (OPG) foi feita no Laboratório Multidisciplinar do IFMT, Campus São Vicente. Utilizou-se a técnica de Mc Master modificada (Gordon e Whitlock, 1939).

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Resultados e Discussão

Os resultados do Famacha e do OPG dos animais estão descritos na tabela 1.   Tabela 1: Resultado do método Famacha e da contagem de ovos por grama de fezes (OPG) de ovinos de corte em Santo Antônio do Leverger-MT.

Animal	OPG	Famacha
F1	300	2
F2	1400	2
F3	1200	2
F4	900	2
F5	100	2
F6	400	2
F7	300	2
F8	300	2
F9	1700	2
F10	0	2
F11	100	2
F12	0	2
F13	0	2
F14	200	2
F15	0	2
M1	800	2
M2	200	2

  Os animais avaliados neste experimento apresentaram OPG variando de 0 a 1700, e no método Famacha todos estavam no grau 2, não indicando tratamento anti-helmíntico. O método Famacha permite analisar o grau de infecção por Haemonchus contortus, um nematódeo hematófago, porém, existem outros nematódeos parasitas de ovinos que não causam anemia (Vieira, 2005). Reis (2004), que avaliou a eficácia do método Famacha em ovinos e caprinos, obteve no início do experimento maior prevalência de Hemonchus spp. enquanto que após um período de um ano, o Trichostrongylus spp. foi o parasito mais frequente, que não é controlado pelo Método Famacha Os exames parasitológicos de OPG e Famacha podem ser mais precisos, quando as duas técnicas são utilizadas em conjunto, ou aliadas a outras técnicas de exames que complementam o resultado das nematodioses gastrintestinais. Endo et al. (2014) avaliaram a prevalência dos helmintos das espécies Haemonchus contortus e Oesophagostomum columbianum em pequenos ruminantes através de análise macroscópica durante a necropsia e as lesões presentes nos animais portadores de O. columbianum foram caracterizadas por nódulos endurecidos na parede do intestino. O método Famacha deve ser utilizado como auxiliar no emprego do tratamento seletivo, em situações em que há alta prevalência de H. contortus, podendo ser associado a um outro método como a técnica de OPG, visto que os animais podem estar parasitados por vermes não hematófagos, mas que também causam prejuízo aos animais.  

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Conclusões

Conclui-se que o método Famacha é ferramenta útil no controle das endoparasitoses em ovinos, desde que utilizado integrado a outros métodos de diagnóstico parasitário, como o OPG. Dessa forma, pode-se estabelecer um controle adequado para cada situação.

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Gráficos e Tabelas

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Referências

Abrão, D. C.; Abrão, S.; Viana, C. H. C. e Do Valle, C. R. 2010. Utilização do método Famacha no diagnóstico clínico individual de haemoncose em ovinos no Sudoeste do Estado de Minas Gerais. Rev. Bras. Parasitol. Vet., 19(1): 68-70.   Bath, G. F.; Hansen, J. W.; Krecec, R. C.; Van Wyk, J. A. e Vatta, A. F. 2001. Sustainable approaches for managing haemonchosis in sheep and goats. Final report of FAO Technical Cooperation Project in South Africa No. TCP/SAF/8821(A).   Brito, D. R. B.; Santos, A. C. G.; Teixeira, W. C. e Guerra, R. S. N. C. 2009. Parasitos gastrointestinais em caprinos e ovinos da microrregião do alto Mearim e Grajaú, no estado do Maranhão, Brasil. Ciência Animal Brasileira, 10(3): 967-974.   Endo, V. T. ; Oliveira, T. C.; Cabral, A. P. M.; Sakamoto, C. A. M.; Ferraro, G. C.; Pereira, V.; Lopes, W. D. Z. e Mazzucatto, B. C. 2014. Prevalência dos helmintos Haemonchus contortus e Oesophagostomum columbianum em pequenos ruminantes atendidos no setor de Anatomia Patológica – UEM. Rev. Ciên. Vet. Saúde Públ., 1(2): 112-118.   Gordon, H. M. e Whitlock, H. V. 1939. A new technique for counting nematode eggs in sheep faeces. Journal of Council of Science and Industry Research in Australia, 12(1): 50-52.   Molento, M. B.; Tasca, C.; Gallo, A.; Ferreira, M.; Bononi, R. e Stecca, E. 2004. Método Famacha como parâmetro clínico individual de infecção por Haemonchus contortus em pequenos ruminantes. Ciência Rural, 34:1139-1145.   Reis, I. F. 2004. Controle de nematóides gastrintestinais em pequenos ruminantes: método estratégico versus Famacha©. Dissertação (M.Sc.) Universidade Estadual do Ceará, Fortaleza.   Van Wyk, J. A. e Bath, G.F. 2002. The FAMACHA. system for managing haemonchosis in sheep and goats by clinically indentifying individual animals for treatment. Veterinary Research, 33: 509-529.   Viana, J. G. A. 2008. Panorama Geral da Ovinocultura no Mundo e no Brasil. Revista Ovinos, 4(12).   Vieira, L. S. 2005. Endoparasitoses gastrintestinais em caprinos e ovinos. Comunicado Técnico Sobral: Embrapa Caprinos, 32 p.   Vieira, L. S. 2008. Métodos alternativos de controle de nematóides gastrintestinais em caprinos e ovinos. Revta Ciênc. Tecnol. Agropec., 2:28-31.