COMPARAÇÃO DE FONTES DIETÉTICAS DE SELÊNIO SOBRE O DESEMPENHO E RENDIMENTO DE CARCAÇA DE FRANGOS DE CORTE

Luís Filipe Villas-Bôas de Freitas1, Vanessa Avelar Silva2, Robert Talles Costa Castro3, Andressa Carla de Carvalho4, Alisson Hélio Sampaio Clemente5, Bernardo Rocha Franco Nogueira6, Barbara Lopes de Oliveira7, Fabiana Figueiredo Maciel8
1 - Universidade Federal de Lavras
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RESUMO -

Foram utilizados 1200 pintos machos Cobb 500, distribuídos inteiramente ao acaso em 4 tratamentos (T) com 10 repetições cada, totalizando 40 unidades experimentais com 30 aves cada. Os T foram compostos de três fontes de Se (selenito de Sódio-45,7%; Se levedura-2000ppm e Se levedura-3000ppm) e a combinação do selenito de sódio com o Se levedura (3000 ppm). As dietas foram à base de milho e farelo de soja, formuladas seguindo-se um plano alimentar de 1-21 e 22-42 dias, utilizando-se a recomendação 0,3 ppm de Se para frangos de corte (Rostagno et al., 2011). Foram medidas as variáveis de desempenho (D) 1-21 e 1-42 dias, rendimento de carcaça (RC) e de cortes (RCO) aos 42 dias. Os resultados foram analisados utilizando-se o pacote estatístico SAS (2001). Não foram observadas diferenças estatísticas para as variáveis de D, RC e RCO, podendo-se concluir que a utilização de fontes orgânicas de Se não compromete o D do animal em nenhuma das fases e também não altera os índices de RCA e RCO.

Palavras-chave: mineral, selenito de sódio, selênio levedura, suplementação

COMPARISON OF DIETARY SOURCES OF SELENIUM ON THE PERFORMANCE AND CARCASS YIELD OF BROILERS

ABSTRACT - A total of 1200 Cobb 500 male chicks were randomly distributed in 4 treatments (T) with 10 replicates each, totaling 40 experimental units with 30 birds each. The T were composed of three sources of Se (selenite-45.7%; Se yeast-2000ppm and Se yeast-3000ppm) and the combination of sodium selenite with Se yeast (3000 ppm). The diets were based on maize and soybean meal, formulated a food plan of 1-21 and 22-42 days, using the recommendation of 0.3 ppm Se for broiler chickens (Rostagno et al. 2011). Performance (P) 1-21 and 1-42 days, carcass yield (CY) and cuts (C) were measured at 42 days. The results were analyzed using the statistical package SAS (2001). No statistical differences were observed for the P, CY and C variables, and it can be concluded that the use of organic sources of Se does not compromise the P of the animal in any of the phases and also does not alter the CY and C indexes.
Keywords: mineral ,selenium yeast, sodium selenite, supplementation


Introdução

O selênio (Se) é um micronimeral essencial a todas as formas de vida. Sua ação se dá por meio de sistemas enzimáticos antioxidantes como glutationa peroxidase, tioredoxinaredutase e outras selenoproteínas (HAWKES e ALKAN, 2010). O Se pode ser encontrado na natureza nas formas inorgânica e orgânica, sendo que as formas orgânicas de Se se dão por meio da substituição do enxofre em aminoácidos sulfurados (metionina e cisteína) e isso só é possível pela semelhança química do selênio com o enxofre. Os níveis de Se nas plantas, tecidos dos animais e nos seres humanos de determinada região estão diretamente relacionados com os níveis do micromineral nos solos, de maneira geral, a distribuição deste nos solos pelo mundo ocorre de forma heterogênea, influenciando na variação da concentração nos alimentos e na ingestão pelos humanos e animais (BERTECHINI et al., 2015). Como resultado desta heterogeneidade, as rações de frangos de corte devem ser suplementadas com selênio para garantir a ingestão adequada do mineral por estes animais, sendo esta suplementação feita na maioria das vezes com fontes inorgânicas de Se, como o selenito de sódio (Na2SeO3), porém a partir do ano 2000 a Food and Drug Administration permitiu a utilização de selênio levedura como fonte orgânica do mineral, possibilitando vários estudos sobre a utilização da mesma (SILVA, 2014) e outras fontes orgânicas de Se.  Estudos recentes comprovam que as fontes orgânicas de Se proporcionam melhores resultados de características físico-químicas da carne (OLIVEIRA et al., 2014; SILVA, 2014; PÈRIC et al., 2009), sendo uma alternativa interessante para indústria. Desta forma, o objetivo deste trabalho foi verificar a influência das fontes dietéticas de Se sobre as características de desempenho de frangos de corte e rendimento de carcaça.

Revisão Bibliográfica

Selênio Foi descoberto em 1817 em uma fábrica de ácido sulfúrico por um químico chamado Jöns Jacob Berzelius e foi identificado como um novo elemento químico. Recebeu o nome de Selene (lua), derivado do grego, devido a sua semelhança com o mineral telúrio que significa Terra (Mellor, 1955). Além de sua semelhança com o telúrio, o selênio apresenta características análogas ao enxofre (S), o que possibilita a substituição do S pelo Se em aminoácidos como a cisteína e metionina, formando assim selenocisteína e selenometionina, respectivamente.  Um dos mecanimos para que o Se promova seus efeitos tóxicos nos animais é devido ao efeito compensatório em componentes sulfurosos, ou devido à formação de complexos S-Se. (Bertechini, 2012). Sua importância biológica só foi reconhecida quando identificaram a enzima glutationa peroxidase (GSH-Px) como um potente antioxidante protegendo o organismo de danos causados pela oxidação dos radicais livres (ROTRUCK et al., 1973), assim a partir deste ponto iniciaram as pesquisas do elemento selênio e seus benefícios para saúde humana e dos animais. Glutationa Peroxidase A glutationa peroxidases (GSH-Px) pode apresentar quatro formas, sendo: a glutationa peroxidase celular, a glutationa peroxidase gastrointestinal, a glutationa peroxidase plasmática e a glutationa peroxidase hidroperóxido fosfolipídica que são responsáveis pelo combate aos radicais livres e ao combate ao estresse oxidativo, sendo assim reconhecida como essencial para destruição do hidroperóxido de ácido graxo, que se não reduzido a hidróxido pode vir a formar radicais livres que são extremamente prejudiciais às membranas celulares. (Oliveira et al., 2014). Selênio na qualidade de carne de frangos A utilização de antioxidantes como selênio e vitamina E na nutrição animal vêm se cada vez mais sendo estudada no sentido de melhoria da qualidade de carne destes animais, uma vez que tem como função melhorar a estabilidade oxidativa e aumentar a vida útil das carnes. (Oliveira, 2014). O que ocorre é que a oxidação altera a capacidade da membrana de reter água e fluídos intracelulares, e a formação de ácido lático no período post-mortem, reduz o pH, diminuindo a retenção de água da carne o que está correlacionada com a diminuição do tempo de vida de prateleira dessas carnes, assim têm se a importância da utilização de antioxidantes.

Materiais e Métodos

O experimento foi conduzido no Setor de Avicultura do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Lavras, Minas Gerais. Foram utilizados 1200 pintos de um dia machos Cobb 500, distribuídos inteiramente ao acaso em quatro tratamentos com 10 repetições cada, totalizando 40 unidades experimentais com 30 aves cada. Os tratamentos experimentais foram: controle com uso de Selenito de Sódio (45,7% de Se) com inclusão de 0,3ppm; Selênio Levedura 3000 ppm com inclusão de 0,3 ppm; Selênio Levedura 2000 ppm com inclusão de 0,3ppm; e Selênio Levedura 3000ppm + Selenito de sódio 45,7% incluindo 0,15ppm de cada. As rações utilizadas foram à base de milho e farelo de soja seguindo um programa nutricional com rações para as fases de 1-21 e 22-42 dias, sendo as rações foram formuladas de acordo com as recomendações nutricionais preconizadas por Bertechini (2012). Em todos os tratamentos foi atendida a exigência de selênio para frangos de corte de 0,300 ppm, preconizado pelo Rostagno et al. (2011). Foram avaliadas as medidas de desempenho (ganho de peso, consumo de ração, conversão alimentar e mortalidade) nas fases de 1 a 21, 22-42 e 1 a 42 dias, a partir da pesagem das aves por parcela e das rações (fornecida e sobra). A conversão alimentar foi calculada dividindo o consumo de ração pelo ganho de peso no período avaliado. Aos 42 dias, duas aves por parcela foram submetidas a jejum por 8 horas e abatidas por deslocamento cervical, sangradas, escaldadas, depenadas e evisceradas. Após a pesagem das carcaças, os peitos, as asas, as pernas das aves (coxa e sobrecoxa) e a gordura abdominal foram separados e pesados para determinação do rendimento de carcaça e de cortes. Para determinação do rendimento de carcaça, considerou-se a carcaça eviscerada, sem pés, cabeça e pescoço em relação ao peso vivo de abate. Os cortes de peito, pernas (coxa/sobrecoxa) e asas, bem como a gordura abdominal dos animais tiveram seus rendimentos determinados em relação ao peso da carcaça.

Resultados e Discussão

Não houve diferenças significativas (p>0,05) para as variáveis de desempenho ganho de peso, consumo de ração e conversão alimentar de frangos de corte recebendo diferentes fontes de selênio, de acordo com a Tabela1. O mesmo resultado foi encontrado por Oliveira et al., (2014) para as características de desempenho em seu trabalho avaliando efeito de diferentes níveis e fonte de selênio. Silva et al (2014) também não observou diferença para desempenho em seus tratamentos quando avaliado formas de suplementação de selênio para frangos de corte fornecendo 0,3ppm de selênio por tratamento. Também não foram observadas diferenças significativas (p>0,05) entre os tratamentos para as variáveis rendimento de carcaça e rendimento de cortes (Tabela 2).  O mesmo resultado foi encontrado por Medeiros et al,. (2012) que não observou diferença para redimento de carcaça e cortes alimentando frangos com diferentes níveis de selênio orgânico, porém eles verificaram um efeito linear de inclusão de selênio orgânico com a diminuição de gordura abdominal nestes animais. Oliveira et al,. (2014) obteve resultados diferentes para rendimento de peito onde foi encontrado diferença significativa, quando suplementado o selênio em diferentes níveis, onde a fonte de 0,60 ppm obteve maior rendimento que ao nível de 0,15 ppm. Já para as características de carcaça e coxa/sobrecoxa não houve interação significativa.

Conclusões

O desempenho e o rendimento de carcaça e de cortes dos frangos não foram influenciados pelas fontes de selênio estudadas na presente pesquisa.

Gráficos e Tabelas




Referências

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