Comportamento ingestivo de bovinos mantidos em pastagem de aruana consorciado com amendoim forrageiro e adubado com nitrogênio
Ronaldo Rubens Biesek1, Wagner Paris2, Luis Fernando Glasenapp de Menezes3, Roberta Farenzena4, Eduardo Felipe Coleraus de Oliveira Lazzarotto5, João De Assis Farias Filho6, Saimon de Souza7, Oscar Tuz Matos8
1 - Universidade Tecnológica Federal do Paraná
2 - Universidade Tecnológica Federal do Paraná
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8 - Universidade Tecnológica Federal do Paraná
RESUMO -
O uso de leguminosas em consórcio pode possibilitar a diminuição no uso de fertilizantes nitrogenadas e aumentar o valor nutritivo da pastagem. O trabalho teve como objetivo avaliar atividades comportamentais animais mantidos em pastagem, de capim aruana (Panicum maximum cv. Aruana) e papua (Brachiaria plantaginea) consorciado com amendoim forrageiro (Arachis pintoi) ou adubado com nitrogênio. Foram utilizadas duas doses de nitrogênio 100 kg ha-1 e 200 kg ha-1, divididas em quatro aplicações, o período experimental foi de 112 dias. A pastagem foi manejada utilizando-se de 42 animais inteiros de 15 meses, com peso vivo médio inicial de 330 kg, destes 27 foram “testers” e 15 reguladores. O delineamento foi inteiramente casualizado com três tratamentos e três repetições. As doses de nitrogênio e a consorciação com amendoim forrageiro não apresentaram efeito (P>0,05) sobre o comportamento ingestivos de animais.
Palavras-chave: aruana, amendoim forrageiro, valor nutritivo da pastagem.
Ingestive behavior of cattle kept in aruana pasture intercropped with forage peanut and fertilized with nitrogen
ABSTRACT - The use of legumes in a consortium can make possible the decrease in the use of nitrogen fertilizers and increase the nutritive value of the pasture. The objective of this work was to evaluate the behavioral behavior of animals kept in pasture, Arauana grass (Panicum maximum cv. Aruana) and papua (Brachiaria plantaginea) intercropped with forage peanuts (Arachis pintoi) or nitrogen fertilizer. Two nitrogen doses 100 kg ha-1 and 200 kg ha-1 were used, divided into four applications, the experimental period was 112 days. The pasture was managed using 42 whole animals of 15 months, with initial average live weight of 330 kg, of these 27 were testers and 15 regulators. The design was completely randomized with three treatments and three replicates. Nitrogen doses and intercropping with forage peanut had no effect (P> 0.05) on invective behavior of animals.
Keywords: Aruana , Forage Peanut, nutritional value of pasture
Introdução
No sistema de produção de ruminantes, as pastagens constituem a principal fonte de alimento para os bovinos, sendo a forma mais prática e de menor custo ao alcance de todos os pecuaristas, Carvalho e Pires, (2008).
A maior dificuldade encontrada pelos produtores e como suprir a necessidade de nitrogênio das pastagens. Há duas formas práticas de se aumentar o suprimento de nitrogênio no solo visando melhorar a produtividade das gramíneas, uma seria a aplicação de fertilizantes nitrogenados e a outra, a incorporação do N fixado simbioticamente pelas leguminosas, Euclides et al., (1998).
Desse modo fica evidente que a utilização de leguminosas em consórcio com gramíneas forrageiras tropicais pode ser um dos principais meios de se conseguir alta produtividade com baixo custo (Paulino et al., 2010).
A estrutura da planta é um fator determinante para as repostas do comportamento animal. O sistema de produção de bovinos tem como objetivo suprir as necessidades nutricionais dos animais, assim tem uma necessidade muito grande de conhecer cada vez o comportamento ingestivo, para que se possa fazer um bom manejo nutricional.
Com a hipótese de a consorciação de aruana com amendoim forrageiro modificar o comportamento ingestivo e padrões de deslocamento pela presença da leguminosa no sistema, foram avaliadas as variáveis comportamentais que interferem na ingestão de matéria seca dos animais.
Revisão Bibliográfica
Para entendimento das relações planta-animal, é imprescindível conhecer profundamente como plantas e animais se relacionam no processo de pastejo, atualmente, a mudança do enfoque produtivista para a investigação dos processos envolvidos no ato do animal buscar seu alimento, via pastejo, assim como as consequências do pastoreio sobre o ambiente, tem assumido maior importância (Mezzalira et al., 2011). O sistema de produção de bovinos tem como objetivo suprir as necessidades nutricionais dos animais, assim tem uma necessidade muito grande de conhecer cada vez o comportamento ingestivo, para que se possa fazer um bom manejo nutricional.
O comportamento ingestivo de um animal em pastejo pode ser descrito por variáveis que compõem o processo de pastejo, sendo assim, o consumo total de forragem de um determinado animal em pastejo é o resultado do acúmulo de forragem consumida em cada ação de pastejo, do bocado, e da frequência com que os realiza ao longo do tempo em que passa se alimentando (Carvalho et al., 2001).
E muito importante que se tenha um bom entendimento dos hábitos e horários de pastejo de bovinos, sendo que o rebanho brasileiro possui sua base alimentar exclusivamente de pastagens, onde as mesmas apresentam grande variação durante os períodos do ano sofrendo alterações na sua qualidade e na sua produção. A estrutura da planta é um fator determinante para as respostas do comportamento animal, sendo que sua disponibilidade e seu valor nutritivo podem alterar de forma significativa o comportamento alimentar dos bovinos (Barbero et al., 2012).
Materiais e Métodos
O experimento foi realizado entre dezembro de 2014 e março de 2015, totalizando 112 dias de avaliação. A área experimental utilizada pertence a Universidade Tecnológica Federal do Paraná – Câmpus Dois Vizinhos, localizada no terceiro planalto paranaense, Sudoeste do Paraná. O clima característico da região é o subtropical úmido mesotérmico (Cfa) (Alvares et al, 2013).
A área experimental foi de 6,3 ha, dividida em 9 piquetes, a pastagem de aruana foi submetida aos tratamentos 100 e 200 kg de nitrogênio ha
-1 ou consorciada com amendoim forrageiro implantando em faixas em uma percentagem de 30% da área, onde o mesmo teve participação próxima de 20% na produção total.
A pastagem foi manejada utilizando-se 42 animais inteiros de 15 meses de idade, do grupamento genético 1/4 marchigiana; 1/4 aberdeen angus; 2/4 nelore, com peso vivo médio inicial de 330 kg. Foi utilizado o sistema de pastejo com lotação contínua, e oferta de forragem preconizada de 9,0 kg de MS 100kgPV
-1.
Foram realizadas oito avaliações comportamentais diretas de 3 animais por piquete com duração de 24 horas, sendo duas avaliações por período experimental. As avaliações de tempo de pastejo, número de mastigações e ruminação, número de bocados e estações alimentares.
As atividades registradas foram expressas em tempo total por dia (min dia-1). Foram registradas durante a manhã e à tarde, três vezes em cada período, com cronômetro digital, o tempo necessário para os animais realizarem 20 bocados (Hodgson, 1982), o tempo e número de passos necessários para os animais consumirem alimento em dez estações alimentares (Laca e Demment, 1992), e o número de mastigações merícicas por bolo alimentar e tempo de ruminação por bolo ruminal (Johnson e Combs, 1991).
O delineamento experimental foi inteiramente casualizado e as variáveis foram submetidas à análise de variância, apresentando diferenças significativas (P<0,05) foi realizado o teste “t” pelo PROC MIXED através do programa estatístico SAS (2004).
Resultados e Discussão
O comportamento ingestivo semelhantes para maioria das variáveis (Tabela 1), é justificado pelos resultados obtidos com a pastagem, pois como não foram verificadas diferenças nas massas e ofertas de forragem e nos valores nutritivos. A temperatura é uma medida que influência o comportamento ingestivo dos animais, entretanto durante o experimento, as mesmas se mantiveram constantes e não atingiram picos elevados.
O consumo de matéria seca por animais em pastejo está relacionado diretamente com a disponibilidade, estrutura e qualidade da forragem Sousa et al., (2007). Restrições na quantidade de forragem disponível levam à diminuição na ingestão de matéria seca, principalmente devido à redução do tamanho dos bocados (Minson, 1990). Zanine et al., (2006) afirmam que a as taxas de bocados estejam diretamente relacionadas com a seleção que o animal faz da pastagem, onde uma menor frequência de bocados revela um comportamento mais seletivo do animal.
Moura et al., (2009) observou menor taxa de bocados para o capim Coast-cross, utilizando vacas leiteiras, refletindo o comportamento mais seletivo, e tiveram aumento no tempo de pastejo, provavelmente foi ocasionado pelo aumento no tempo de pastejo como forma de compensar o comportamento seletivo dos animais, fica evidente que os animais adequaram o seu tempo de pastejo como forma de ingerir quantidade de forragem satisfatória.
O número de mastigações por minuto foi superior para o tratamento com consorciação (Tabela 1), devido as duas forrageiras (aruana, amendoim) apresentarem composição física e química diferentes, isso acaba influenciando para que ocorra maior frequência de mastigação, onde 200 kg N ha
-1 teve maior percentual de laminas foliares de aruana, sendo assim os animais ingeriram mais laminas que apresentam menor parede celular, assim precisam dar menos mastigação para ingerirem o bolo alimentar.
Conclusões
O comportamento ingestivo não apresentou influencia na maioria das suas variáveis, somente o número de mastigação por minuto foi superior para a consorciação.
Gráficos e Tabelas
Referências
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