Comportamento ingestivo de ovinos consumindo ração extrusada com diferentes relações volumoso: concentrado

Gabriella Pereira de Souza1, Adriana Lima Silva2, Maria Julia Pereira Araújo3, Nayana Cosenza Drummond4, Paulo Arthur Cardoso Ruela5, Simone Pedro da Silva6, Thauane Ariel Vladares7, Gilberto de Lima Macedo Junior8
1 - Discente de Zootecnia, FAMEV/UFU, Uberlândia MG Brasil
2 - Discente de Zootecnia, FAMEV/UFU, Uberlândia MG Brasil
3 - Discente de Zootecnia, FAMEV/UFU, Uberlândia MG Brasil
4 - Discente de Mestrado, FAMEV/UFU, Uberlândia MG, Brasil.
5 - Discente de Zootecnia, FAMEV/UFU, Uberlândia MG Brasil
6 - Docente do curso de Medicina Veterinária, FAMEV/UFU, Uberlândia MG, Brasil.
7 - Discente de Zootecnia, FAMEV/UFU, Uberlândia MG Brasil
8 - Docente do curso de Zootecnia, FAMEV/UFU, Uberlândia MG Brasil

RESUMO -

Objetivou-se com essa pesquisa avaliar o comportamento ingestivo de ovinos consumindo ração com diferentes relações de volumoso e concentrado (V:C) extrusado. Foram utilizados 20 animais cruzados, sendo 8 machos e 12 fêmeas, distribuídos ao acaso em arranjo fatorial com duas classes sexuais e quatro relações de V:C 70%:30%; 60%:40%; 50%:50%; 40%:60%. Para avaliação do comportamento ingestivo, os animais foram observados durante 24 horas, no início e no final do período experimental, verificando se estavam em ócio, ruminação e alimentação. Houve efeito de interação entre tratamentos e períodos para o ócio. Observou-se interação para tratamento e período na ingestão. Verificou-se interação na ruminação devido ao maior consumo inicial. Houve diferença significativa para tratamento e período na mastigação e interação entre sexo e período para mastigação. Ovinos de classes sexuais distintas alimentados com ração extrusada em diferentes relações V:C alteram seu comportamento ingestivo.

Palavras-chave: ovinocultura, nutrição, manejo alimentar

Feeding behavior of sheep consuming extruded ration with different forage:concentrate

ABSTRACT - The target of this research was to evaluate the ingestive behavior of sheep consuming feed with different ratios of concentrated and voluminous (C:V) extruded. Twenty crossbred animals were used, 8 males and 12 females, randomly distributed in a factorial arrangement with two sex classes and four percentages of C:V 70:30; 60:40; 50:50; 40:60. To evaluate the ingestive behavior, the animals were observed during 24 hours, at the beginning and at the end of the experimental period, checking if they were in leisure, rumination and feeding. There was an interaction effect between treatments and idleness periods. Interaction was observed for treatment and period ingestion. There was interaction in rumination due to the higher initial consumption. There was significant difference for treatment and period in chewing and interaction between sex and period for chewing. Sheep of different sex classes, fed with extruded ration in different C:V ratios alter their ingestive behavior.
Keywords: sheep farming, feed management, nutrition


Introdução

A maioria dos animais podem ajustar o consumo alimentar conforme as   necessidades nutricionais de energia, fibras, proteínas e minerais. A análise do comportamento ingestivo é uma ferramenta que auxilia no manejo alimentar. Pode variar em função da estrutura do alimento, obtido pelo conhecimento de variáveis como tempo de ócio, ruminação, alimentação e mastigação (somatório de alimentação e ruminação). Animais confinados que tem a disposição do alimento geralmente apresenta maiores valores de alimentação e menores valores de ócio em relação aos animais criados em sistemas de pastejo.

Revisão Bibliográfica

O processo de extrusão consiste em aplicar umidade, alta pressão e temperatura elevada nos alimentos, o que ocasiona expansão da mistura de ingredientes (LOVELL, 1989). Tais modificações podem promover maior aproveitamento dos nutrientes pelos animais devido ao aumento na exposição dos nutrientes contidos no interior das células e facilitar a apreensão da ração, além de inativar fatores antinutricionais e impedir que os animais selecionem os ingredientes. Através da observação do comportamento ingestivo dos ovinos é possível identificar possíveis alterações no hábito alimentar desses animais e com isso propor modificações no manejo alimentar que proporcione melhoras nos índices produtivos. (FERREIRA et al., 2014).

Materiais e Métodos

O experimento foi realizado na Universidade Federal de Uberlândia, no período de julho a setembro de 2015, tendo 15 dias para adaptação e 90 dias para as coletas. Foram utilizados 20 animais cruzados ½ Dorper e ½ Santa Inês, sendo oito machos e doze fêmeas, com idade de quatro meses e peso corporal médio de 34 kg. Todos os animais foram pesados, vermifugados e alocados em quatro baias de piso ripado, receb­­endo água e sal mineral à vontade. Cada baia recebeu três fêmeas e dois machos. Os animais foram designados aos tratamentos de forma totalmente aleatória. Os tratamentos consistiram em diferentes relações volumoso:concentrado da ração extrusada Lac24® concentrado e Foragge® volumoso , conforme a tabela 1. A mesma era composta por dois tipos de pellets, sendo um do concentrado (Lac 24®) e outro do volumoso (Foragge®). A ração veio misturada pelo fabricante em único produto e no mesmo saco continha os dois pellets.  A ração foi fornecida duas vezes ao dia aos animais (8:00h e 16:00h). Para avaliação do comportamento ingestivo, os animais foram observados por pessoas treinadas, localizadas de maneira em que não provocasse estresse aos animais. Tais observações foram realizadas a cada 5 minutos, durante 24 horas, no início e no final do período experimental. Os animais foram identificados se estavam em ócio, ruminação ou alimentação. A observação noturna dos animais foi realizada com o auxílio de iluminação artificial de lâmpadas frias. Os cálculos das atividades foram feitos em minutos por dia, considerando que, nos cinco minutos subsequentes a cada observação, o animal permaneceu na mesma atividade. Já o tempo total de mastigação foi determinado somando-se os tempos de alimentação e ruminação. O delineamento utilizado foi inteiramente ao acaso em arranjo fatorial (sexo x níveis) com parcelas subdivididas. As variáveis foram comparadas por equação de regressão a 5% de probabilidade. As médias referentes a sexo foram comparadas pelo teste SNK a 5% de probabilidade.

Resultados e Discussão

Não foram observados efeitos dos tratamentos para o ócio. Houve interação entre sexo e período para ócio (Tabela 2) no qual demonstra que o tempo em ócio foi menor no início do experimento, pois foi observado maior tempo de ingestão, ruminação e mastigação total no início. VAN SOEST (1994) afirma que a ociosidade proporciona melhor aproveitamento energético do alimento. Esse comportamento ocorreu pelo fato dos animais fazerem consumo compensatório no início do experimento, mesmo passando por quinze dias de adaptação. Na interação entre tratamento e período para ingestão pode-se observar que esta demonstra que no início do experimento os animais passaram mais tempo realizando ingestão. A média geral representada em horas mostra que os animais passaram pouco tempo realizando atividade de ingestão ao longo do dia, aproximadamente 3 horas valor abaixo do recomendado para ruminantes que é de aproximadamente 8:00 horas (VAN SOEST, 1994). Possivelmente, os animais tenham atingido o ponto de saciedade em menor tempo em razão da velocidade de ingestão da ração extrusada, por ser fácil de ser consumida. Carvalho e Moraes (2005) trabalhando com ovinos na presença de grande disponibilidade de alimento observaram que os mesmos realizam várias refeições de curta duração, caracterizadas por altas taxas de ingestão, resultando em enchimento rápido do rúmen. A ingestão e o tempo são indicadores de qualidade do alimento, pois esse tempo irá variar de acordo com o tamanho de partículas que o animal vai consumir. Assim, infere-se que a ração extrusada no experimento era de boa qualidade e de fácil consumo pelos animais. Observou-se diferença estatística na interação entre tratamento e período para ruminação apontando que houve maior tempo de atividade de ruminação no início, associado ao maior tempo de ingestão inicial. A média geral em horas foi de 3,18 de ruminação o que é baixo. A atividade de ruminação em animais adultos ocupa em torno de 8 horas por dia com variações entre 4 e 9 horas em pastejo (FRASER, 1980; VAN SOEST, 1994).  A extrusão proporcionou tamanho de partícula de 2mm que reduz a ruminação pois eleva a taxa de passagem do alimento no trato gastrointestinal, diminuindo a ruminação. A mastigação total teve interação para tratamento e período onde os animais mastigaram mais no início do período, devido consumirem mais no início que no final em função do período e também sofreu influência pelo tamanho de partícula. Tanto machos quanto fêmeas mastigaram mais no início que no final. É possível que em função dos animais terem começado o experimento logo após o período da desmama, pode ter determinado o aumento do tempo em alimentação com o objetivo de atender sua demanda por nutrientes (CHERUBIM et al. 2015).

Conclusões

Ovinos de classes sexuais distintas alimentados com ração extrusada em diferentes relações volumoso:concentrado alteram seu comportamento ingestivo na fase inicial.

Gráficos e Tabelas




Referências

CARVALHO, P. C. F.; MORAES, A. Comportamento ingestivo de Ruminantes: bases para o manejo sustentável do pasto. In: ULYSSES CECATO; CLÓVES CABREIRA JOBIM. (Org.). Manejo Sustentável em Pastagem. Maringá-PR. Anais... Maringá-PR: Universidade Estadual de Maringá, v. 1, p. 1-20, 2005.   CHERUBIM, J.V.; CROZARA, A. S.; MACEDO JUNIOR, G. L.; SCHULTZ, E.B.; QUEIROZ, L. R.; ARAÚJO, M. J. P.; SILVA, S. P.; SOUSA, L. F. Comportamento ingestivo em ovinos de classes sexuais distintas consumindo diferentes níveis de proteína protegida da soja. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ZOOTECNIA, 25, 2015, Fortaleza. Anais... 2015   FERREIRA, V.B.; MORENO, F.L.; DALMASO, A.C.; MOUSQUER, J.C.; SILVA FILHO, A. S.; HOFFMANN, A.; SIMIONI, A.T.; CASTRO, W. J. R. Comportamento ingestivo de ovinos em pastos de diferentes estruturas. PUBVET, Londrina, v. 8, n. 10, p. 1136-1282, Maio 2014.   FRASER, A.F. Comportamiento de los animales de la granja. Zaragoza: Acribia, 1980. 291 p.   LOVELL, R.T. Nutrition and feeding of fish. New York:Van Nostrand-Reinhold, 1989.   VAN SOEST, P.J. Nutritional ecology of the ruminant. Cornel:Ithaca, 1994. 476p.