Composição bromatológica de pastagens de espécies de inverno sobressemeadas em capim Aruana com uso de leguminosas e adubação nitrogenada

Bromatological composition of pastures of winter species overgrown in Aruana grass with legume use and nitrogen fertilization

ABSTRACT - The objective of this work was to evaluate the bromatological composition of pastures of over-weight winter species in Panicum Maximum cv. Aruana, with use of legumes and nitrogen fertilization. Three treatments were tested: 200 kg of nitrogen ha-1 (N); Feed peanut + 100 kg of N ha-1 (AF + N); Ervilhaca + 100 kg of N ha-1 (ER + N), containing three replicates, in a randomized block experimental design. The dry matter (DM), mineral matter (MM), crude protein (CP), neutral detergent fiber (NDF), acid detergent fiber (ADF), In vitro dry matter digestibility (IVDMD) and total digestible nutrients (TDN). Greater values (P <0.05) of the dry matter percentage were observed in pastures intercropped with legumes in relation to pastures where only nitrogen fertilization was used (Table 1).

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Introdução

As pastagens no início de seu desenvolvimento ofertam uma boa qualidade de nutrientes e baixo acúmulo de forragem. À medida que seguem seu desenvolvimento estrutural, perdem qualidade pela redução de sua digestibilidade mesmo apresentando aumento de produção de forragem. Dessa forma, o manejo racional da pastagem deve visar a manutenção de uma situação intermediária, otimizando sua qualidade e produtividade (BLASER, 1982). Algumas variações na produção de forragem das gramíneas tropicais na região sul do Brasil são observadas durante a estação fria, onde as gramíneas tropicais cessam seu crescimento. Técnicas podem ser adotadas para evitar a inconstância na oferta de forragem e na qualidade nutritiva para a produção animal. A integração lavoura-pecuária, uso de leguminosas, produção de silagem, feno e suplementação são exemplos que podem ser citados para evitar essa escassez nutricional (DIFANTE  et al., 2006) Para evitar ou diminuir o vazio forrageiro, estão sendo empregados usos de novas tecnologias, o consórcio de pastagem perene com gramíneas hibernais como a aveia, azevém e leguminosas aproveitando melhor a área durante todo o ano, ofertando durante o inverno uma pastagem de alto valor nutritivo (OLIVO et al., 2010). Deste modo, o objetivo deste trabalho foi avaliar a composição bromatológica de pastagens de inverno sobressemeadas em Panicum Maximum cv. Aruana, com uso de leguminosas e adubação nitrogenada.

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Revisão Bibliográfica

O nitrogênio é o mineral mais limitante ao desempenho produtivo de gramíneas e encontra-se em baixas concentrações no solo, em maior parte indisponível. Devido à elevada exigência desse mineral pelas plantas, de modo geral, a adubação nitrogenada é um recurso para aumentar a produção de MS e aumentar a produção animal por meio do aumento na taxa de lotação da pastagem (SKONIESKI et al., 2011). O uso de leguminosas em consórcio com gramíneas pode reduzir os gastos diretos com fertilizantes, aumentar a qualidade e a diversificação da dieta consumida pelos animais, melhorar a disponibilidade de forragem pelo aporte de nitrogênio ao sistema por meio de sua reciclagem e transferência para a gramínea consorciada e aumentar também o período de utilização das pastagens (BARCELLOS et al., 2008). No Paraná, as gramíneas anuais de inverno produzem, em condições de corte, entre 3 e 6 toneladas de MS ha^-1 ano^-1. Em situações de adubação adequada e época de semeadura, as produções se aproximam de 10 toneladas de MS ha^-1 ano^-1 (MORAES; LUSTOSA, 1999). Para melhor desempenho animal e consequente retorno econômico, faz-se necessário um manejo eficiente e racional da forragem, baseado na avaliação dos parâmetros qualitativos e quantitativos. O conhecimento da dinâmica dessas pastagens ajuda a definir estratégias de manejo, proporcionando uma melhor utilização das espécies cultivadas (ROCHA et al., 2007).

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Materiais e Métodos

O experimento foi realizado em área pertencente à Universidade Tecnológica Federal do Paraná - Câmpus Dois Vizinhos, no período de junho a outubro de 2015. Foram utilizados nove piquetes de 0,76 ha formados exclusivamente com capim Aruana (Panicum maximum) nos mesmos, três piquetes foram formados com capim Aruana e amendoim forrageiro (Arachis pintoi cv. Amarilo) distribuído em faixas de três metros de largura e perfazendo 30% da área de cada piquete. Em abril de 2015 foram sobressemeados, em toda área,  a aveia preta (Avena strigosa cv. IAPAR 61) e azevém comum (Lolium multiflorum L.) cv. Fepagro, utilizando 60 e 30 kg de sementes por hectare, respectivamente. Além da aveia e do azevém, em três piquetes foi também sobressemeada ervilhaca (Vicia sativa L. cv. Ametista), utilizando 30 kg de sementes por hectare. Foram testados três tratamentos: 200 kg de nitrogênio ha^-1(N); ‘Efeito residual da leguminosa tropical– Amendoim forrageiro + 100 kg de N ha^-1 (AF + N); Ervilhaca + 100 kg de N ha^-1(ER + N), contendo três repetições, em um delineamento experimental de blocos ao acaso. Para as análises bromatológicas, as amostras foram obtidas pela técnica de simulação de pastejo (EUCLIDES et al., 1992). O material amostrado foi parcialmente seco em estufa de ventilação forçada, com temperatura de 55°C por 72 horas. Após a secagem, as amostras foram processadas em moinho tipo “Willey” em peneira com crivo de 1 mm e encaminhadas para determinação do valor nutritivo.Foram determinados os teores de matéria seca, material mineral, proteína bruta (AOAC, 1995), fibra em detergente neutro e fibra em detergente ácido (VAN SOEST et al., 1991), digestibilidade in vitro da matéria seca (VAN SOEST, 1970) e os nutrientes digestíveis totais (KUNKLEE; BATES, 1998). Os dados foram submetidos à análise de variância (P<0,05) e, quando significativa, as médias foram comparadas pelo teste de Tukey, utilizando o programa estatístico SAS^® (2004).

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Resultados e Discussão

Foram observados valores maiores (P<0,05) da porcentagem de matéria seca em pastagens consorciadas com leguminosas em relação a pastagens onde foi utilizada apenas a adubação nitrogenada (Tabela 1). Observa-se que, quando analisados isoladamente, o amendoim forrageiro e a ervilhaca apresentam teores de MS aproximados e até inferiores aos teores de MS das pastagens avaliadas, o que indica que não foram as características destas espécies que promoveram incremento nos teores de MS onde foram utilizadas. Por outro lado, é possível que o uso do nitrogênio oferecido de forma artificial, isoladamente e em maior quantidade, possa ter proporcionado maior quantidade de N prontamente disponível às plantas, uma vez que a uréia é uma fonte de N que não necessita de decomposição + mineralização para ser disponibilizada, assim como necessitam as leguminosas (MARTHA JUNIOR et al. 2004). Sendo assim, em pastagens consorciadas e adubadas com apenas 100 kg N ha^-1 pode ter ocorrido maior porcentagem de material morto, uma vez que a senescência de folhas é um sintoma típico de deficiência de N (MARENCO; LOPES, 2009), logo, resultando em maiores porcentagens de MS nestas pastagens. Os teores de MM, PB, FDN, FDA, DIVMS e NDT das pastagens não apresentaram diferenças significativas (P>0,05). Analisando os teores de PB, podia-se esperar valores maiores nas pastagens consorciadas, visto que uma das funções de leguminosas é aumentar os teores de PB (SILVA, 2008), entretanto, pastagens de aveia e azevém geralmente apresentam elevado valor nutritivo (CARVALHO et al., 2005) e, quando adubadas com N, estas podem apresentar valores de proteína ainda maiores. No geral, os resultados encontrados foram maiores que os observados por Skonieski et al, (2011) avaliando pastagens consorciadas de aveia, azevém e trevo-branco, que obtiveram valores de PB em média de 24,75 %. Os valores de FDN, apesar de similares para todas as pastagens, mostraram-se adequados de forma a favorecer o consumo voluntário de forragem, uma vez que é este um importante parâmetro que, além de definir a qualidade da forragem, pode limitar a capacidade ingestiva por parte dos animais quando se encontra na faixa entre 55 e 60% ou superior a estes valores (VAN SOEST, 1970). De acordo com Nussio et al. (2002), forragens de elevada digestibilidade e adequados teores de FDN proporcionam elevado potencial de consumo de MS e, consequentemente, melhor produção de leite e carne Com relação aos teores de NDT, observa-se que os percentuais de todos os tratamentos mostram-se semelhantes aos valores médios encontrados por Flemming et al. (2004), de 61% de NDT em pastagens de inverno consorciadas com leguminosas.

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Conclusões

O uso de nitrogênio associado ou não ao consórcio com leguminosas em pastagens de aveia e azevém sobressemeadas em capim Aruana não influenciou de forma significativa na composição bromatológica das pastagens avaliadas, porém, a maior dose de nitrogênio aplicada isoladamente em pastagem sem a presença de leguminosas proporcionou menores teores de MS.

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Gráficos e Tabelas

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Referências

ASSOCIATION OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTS. Official methods of analysis. 16.ed. Washington: AOAC, 1995. BARCELLOS, A.O et al. Sustentabilidade da produção animal baseada em pastagens consorciadas e no emprego de leguminosas exclusivas, na forma de banco de proteína, nos trópicos brasileiros. Revista Brasileira de Zootecnia, v.37, p.51-67, 2008 BLASER, R. Forage animal management systems. Blacksburg: Virginia Agricultural Experiment Stationand Polytechnic Institute, p.7, 1982. CARVALHO, P.C. F. et al. O estado da arte em integração lavoura-pecuária. In: Produção animal: mitos, pesquisa e adoção de tecnologia. p.7-44, 2005. DIFANTE, G.S et al. Produção de novilhos de corte com suplementação em pastagem de azevém submetida a doses de nitrogênio. Revista Brasileira de Zootecnia, v.35, n.3, p.1107-1113, 2006. EUCLIDES, V.P.B et al. Avaliação de diferentes métodos de amostragens sob pastejo. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 21, n.4, p.691-702, 1992. FLEMMING, J.S et al. Composição da forragem e os parâmetros de gordura do creme de leite e da manteiga. Archives of Veterinary Science, v.9, n.2, p.31-34, 2004. KUNKLE, W.E.; BATES, D.B. Evaluating feed purchasing options: energy, protein, and mineral supplements. In: University of Florida, 1998. p.59-70. MARTHA JUNIOR, G. B. et al. Manejo da adubação nitrogenada em pastagem. In: SIMPÓSIO SOBRE MANEJO DA PASTAGEM, 21. Anais... Piracicaba: FEALQ, 2004. p. 155-215. MARENCO, R.A.; LOPES, N.F. Fisiologia vegetal. 3.ed. Editora UFV, 2009. 486p MORAES, A. LUSTOSA, S.B.C. Forragem de inverno como alternativa na alimentação animal em períodos críticos. In: SIMPÓSIO SOBRE NUTRIÇÃO DE BOVINOS, 7. Anais... Piracicaba: FEALQ, p.147-166. 1999. NUSSIO, G. L et al. Volumosos suplementares: estratégias de decisão e utilização. In: FORRAGICULTURA E PASTAGENS: TEMAS EM EVIDÊNCIA, 2002, Lavras. Anais... Lavras: UFLA, 2002. p.193-232. OLIVO, J.C et al. Contribuição dos componentes e composição química de pastagens em sistemas forrageiros constituídos por diferentes leguminosas. Ciência Rural, v.40, n.12.2010 ROCHA, M.G et al. Avaliação de espécies forrageiras de inverno na Depressão Central do Rio Grande do Sul. Revista Brasileira de Zootecnia, v.36, n.6, p.1990-1999, 2007. SILVA, S.C. Desafios e perspectivas para a pesquisa e uso de leguminosas em pastagens tropicais: uma reflexão. In: II Encontro técnico sobre leguminosas forrageiras. Nova Odessa/SP: Instituto de Zootecnia, 2008. SKONIESKI, R. F et al. Composição botânica e estrutural e valor nutricional de pastagens de azevém consorciadas. Revista Brasileira de Zootecnia. v.40, n.3, p.550-556, 2011. VAN SOEST, P.J et al. Methods for dietaryfiber, neutral detergentfiber, and no starch poly saccharides in relationto animal nutrition. Journal of Dairy Science, v. 74, n. 1, p. 3583-3597, 1991. VAN SOEST, P.J. Forage fiber analysis (Apparatus, reagents, procedures and some applications). Washington, DC: USDA, 1970.