Composição bromatológica e degradabilidade in situ dos resíduos agroindustriais da goiaba

Jefferson Penna dos Santos1, Olga Cedro de Menezes2, Adriana Regina Bagaldo3, Bráulio Rocha Correia4, Fabiane de Lima Silva5, Laaina de Andrade Souza6, Isabele Simões Alves7, Paloma de Souza Machado8
1 - Universidade Estadual de Santa Cruz - UESC
2 - Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
3 - Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
4 - Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
5 - Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
6 - Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
7 - Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
8 - Universidade Federal do Recôncavo da Bahia

RESUMO -

Objetivou-se avaliar o potencial nutritivo de resíduos da goiaba provenientes da indústria processadora de polpa de frutas. Foram utilizados dois diferentes resíduos, disponibilizados pela FRUTAB, localizada no município de Ipiaú-BA. Os dados de degradabilidade foram submetidos a análise estatística descritiva. Os resíduos apresentaram valores de fibra em detergente neutro, lignina semelhantes, contudo a diferença entre os carboidratos não fibrosos foi determinante para classificar a goiaba 1º estagio como menor potencial de degradação. Com as análises a goiaba 2º estágio apresentou potencial nutritivo.

Palavras-chave: frutas, ruminantes, sucos

Bromatological composition and in situ degradability of guava agroindustrial residues

ABSTRACT - The objective was to evaluate the nutritive potential of guava residues from the fruit pulp processing industry. Two different residues were used, available from FRUTAB, located in the city of Ipiaú-BA. The degradability data were submitted to descriptive statistical analysis. The residues presented neutral detergent fiber values, similar lignin, however, the difference between the non - fibrous carbohydrates was determinant to classify guava 1 st stage as lower potential for degradation. With the analysis the guava 2 nd stage presented nutritional potential.
Keywords: fruits, ruminants, juices


Introdução

De acordo com a FAO (2016) o Nordeste responde por 27% da produção nacional de frutas, deste percentual a goiaba está entres as frutas com destaque. A produção de goiaba em escala industrial no país teve início na década de 70, quando grandes áreas tecnificadas foram implantadas, com produção direcionada para os mercados nacional e internacional, na forma in natura, industrializada (doces e sucos) e desidratada (CHOUDHURY et al.,2001). Os resíduos resultantes do processamento da goiaba podem contaminar o ambiente e ocasionar a proliferação de vetores transmissores de doenças. Uma alternativa para solucionar esses problemas é a utilização dos mesmos na alimentação de ruminantes. Contudo, existem poucos estudos sobre o potencial de utilização desses resíduos, isso ocorre devido aos diferentes tipos de processamentos e qualidade dos frutos. O uso destes resíduos pode proporcionar uma redução nos custos e minimizar os prejuízos causados pela escassez de alimentos no período da seca. Realizou-se esse estudo com o intuito de avaliar o potencial nutritivo dos resíduos da goiaba oriundos da indústria processadora de polpa de frutas.

Revisão Bibliográfica

A goiaba (Psidium guiavvva L.) é uma fruta nativa da América tropical e atualmente pode ser encontrada em todas as regiões do Brasil. Pertence à família Myrtaceae, apresenta 70 gêneros e aproximadamente 2.800 espécies. O seu nome provêm do tupi “Cayhab”, o que significa “o que tem sementes aglomeradas”. A goiaba, é consumida in natura e com aplicações comerciais como a goiabada, geléia, pasta, fruta em calda, purê, alimentos para crianças, base para bebidas, refrescos, sucos, xaropes, vinhos e outros. A fruta é excepcionalmente rica em vitamina C, supera o conteúdo dos sucos cítricos (Kobori e Jorge, 2005).

Materiais e Métodos

O estudo foi realizado no Laboratório de Análises Bromatológicas, da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. As amostras utilizadas foram disponibilizadas pela empresa FRUTAB – Frutas da Bahia LTDA, situada em Ipiaú-BA. Foram analisados dois resíduos da goiaba, que foram descongelados a temperatura ambiente, pesados e levados para pré secagem em estufa de ventilação forçada a 55ºC por 72 horas para que a umidade fosse retirada e moídas a 1,5 mm em moinho de facas tipo Willey. As amostras foram preparadas para as análises de teor de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), extrato etéreo (EE), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA) e lignina (LIG), conforme técnicas descritas por Detmman et al (2012). O conteúdo de carboidratos totais (CT) e carboidratos não fibrosos (CNF) foram calculados segundo a equação proposta por Sniffen et al. (1992). Para a realização da degradabilidade in situ utilizou bovinos fistulados no rúmen e incubou as amostras em saquinhos de Tecido não Tecido, com medidas de 5cm X 5cm, segue a relação de 20mg de matéria seca/cm² e incubados nos tempos 0, 3, 6, 12, 18, 24, 48, 72, 96, 120, 144, 160, 192, 216, 240 e 312, conforme as recomendações de Valente (2010). Para interpretação dos perfis de degradação da MS e fibra, utilizou-se o modelo exponencial proposto por Orskov e McDonald (1979): DP = a + b (1 - e-ct), em que “DP” é a degradabilidade ruminal potencial, “a” é a fração solúvel, “b” é a fração insolúvel ou potencialmente degradável, “c” é a taxa de degradação da fração “b” e “t” é o tempo de incubação em horas, sendo a + b ≤ 100. A degradabilidade efetiva (DE) da MS e FDN no rúmen, foi calculada segundo o modelo matemático proposto por Orskov & McDonald (1979): DE = a + (b x c / c + k), em que “k” é a taxa estimada de passagem das partículas no rúmen, definida por 2,5 e 8%/h. Os resultados obtidos foram interpretados estatisticamente por meio de analise descritiva a 5% de significância.

Resultados e Discussão

A goiaba 1º estagio apresentou valor de MS maior que a 2º estágio (Tabela 1), isso devido ao processamento desses resíduos, onde o 1º estágio apresentava maior quantidade de sementes. O 1º estágio apresentou valor de PB acima do mínimo recomendado por Van Soest (1994) de 7% de PB na MS, contudo o valor de EE está acima do limite recomendado por McGuffey & Schingoethe (1980), de até 8%. A FDN, FDA e LIG da goiaba 1º estágio, foi maior que o do 2º estágio, o que explica os parâmetros (Tabela 2) e as taxas de degradabilidade (Tabela 2). Segundo Van Soest (1994), os CNF são responsáveis pelo desenvolvimento dos microrganismos ruminais, o que melhora a degradabilidade, o valor de CNF (Tabela 1) da goiaba 2º estágio apresentou maior do que o 1º estágio. Observa-se que os valores da fração solúvel (a) da MS e FDN da goiaba 1º estágio foi menor que a 2º estágio (Tabela 2), devido ao valor de FDN e LIG, os quais também influenciaram na fração insolúvel potencialmente degradável (b) da MS e FDN. A taxa de degradação (c) da goiaba 1º estágio apresentou-se maior que o outro resíduo. As degradabilidades potencias da MS e da FDN (Tabela 2) aumentaram de acordo com o refinamento de cada resíduo, isso pode ter ocorrido devido a quantidade de material solúvel. Em relação a degradabilidade efetiva houve um decréscimo nos resíduos, contudo o decréscimo da goiaba 1º estágio foi maior que o 2º estágio.

Conclusões

O resíduo goiaba 2º estágio apresentou potencial nutritivo para utilização em alimentação de ruminantes, destacou-se o valor de carboidratos não fibrosos e degradabilidade potencial.

Gráficos e Tabelas




Referências

CHOUDHRY, M.M.; COSTA, T. S. da; ARAÚJO, J.L.P. Goiaba: Pós-colheita. In:Agronegócio da Goiaba.p. 9-15. EMBRAPA Informação Tecnológica. 45p. il.; (Frutas do Brasil, 19). 2001. DETMANN, E.; SOUZA, M.A.; VALADARES FILHO, S.C. et al. Métodos de para Análise de Alimentos. Visconde do Rio Branco: Universidade Federal de Viçosa, 2012 IBGE, Disponivel em http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/pam/2013/ : Acessado em novembro de 2016 KOBORI, C. N.; JORGE, N. CARACTERIZAÇÃO DOS ÓLEOS DE KOBORI, C. N. & JORGE, N. ALGUMAS SEMENTES DE FRUTAS COMO APROVEITAMENTO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS. Ciênc. agrotec., Lavras, v.29, n.5, p. 1008-1014, set./out., 2005 McGUFFEY, R.K.; SCHINGOETHE, D.J. Feeding value of high oil variety of sunflowers as silage to lactating dairy cows. Journal of Dairy Science, v.63, n.7, p.1109-1113, 1980. ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A AGRICULTURA E ALIMENTAÇÃO. FAO. FAOSTAT. Divisão de estatística. Disponível em: http://faostat3.fao.org/download/Q/ QC/E. Acesso em: dezembro de 2016 ORSKOV, E. R.; MCDONALD, I. The estimation of protein degradability in the rumen from incubation measurements weighted according to rate of passage. Journal Agricultural Science, Cambridge, v.92, n.1, p. 499-508, 1979. SNIFFEN, C.J., O’CONNOR, J.D., VAN SOEST, P.J et al. A net carbohydrate and protein system for evaluating cattle diets. II. Carbohydrate and protein availability. Journal of Animal Science, v.70, p. 3562-3577, 1992. VALENTE, Tiago Neves Pereira, D.Sc., Universidade Federal de Viçosa, março de 2010. Utilização de tecidos na avaliação de compostos fibrosos e na degradação ruminal in situ de alimentos para ruminantes. VAN SOEST, P. J. Nutritional ecology of the ruminant. 2. ed. Ithaca: Comstock, 1994





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