COMPOSIÇÃO QUIMICA DO BURITI, AÇAI E PATAUA COLHIDOS EM BOA VISTA, RORAIMA

EDSON ALENCAR CONCEIÇÃO DE SOUSA1, WILSON GONÇALVES DE FARIA JÚNIOR2, LÉVISON DA COSTA CIPRIANO3, BRUNA MARTINS MOTA4, WILMA GONÇALVES DE FARIA5, EDNA CONCEIÇÃO DE SOUSA6, VIVIANE ANTUNES PIMENTEL7, JULIANA CRISTINA NOGUEIRA COLODO8
1 - Centro de Ciências Agrárias - Universidade Federal de Roraima
2 - Centro de Ciências Agrárias - Universidade Federal de Roraima
3 - Centro de Ciências Agrárias - Universidade Federal de Roraima
4 - Centro de Ciências Agrárias - Universidade Federal de Roraima
5 - Instituto Federal de Roraima - Campus Amajari
6 - Centro de Ciências Agrárias - Universidade Federal de Roraima
7 - Escola Agrotécnica da Universidade Federal de Roraima
8 - Centro de Ciências Agrárias - Universidade Federal de Roraima

RESUMO -

Foi avaliada a composição química do buriti, açaí e patauá colhidos em Boa Vista, RR. O estudo foi conduzido no laboratório do Núcleo de Recursos Naturais, situado no campus cauamé da Universidade Federal de Roraima. Foram colhidas 3 amostras por fruto de buriti (Mauritia flexuosa), açaí (Euterpe oleracea) e patauá (Oenocarpus bataua) em diferentes regiões do estado. Utilizou-se um delineamento inteiramente causalizado em arranjo fatorial 3 x 3 (frutos vs partes), com 3 repetições por tratamento. Para a polpa do buriti foi encontrado valores de 19,2 g/kg de proteína bruta (PB), 20,9 g/kg de matéria mineral e 580,3 g/kg de fibra de detergente neutro. Já para o fruto inteiro do açaí destacam- se os valores de PB e matéria mineral, com os valores de 137,2 g/kg e 35g/kg respectivamente. Portanto, para as condições de realização deste estudo, recomenda-se o uso do fruto açaí como fonte de PB na alimentação de animais, por apresentar bons valores de PB em sua polpa e o fruto inteiro.

Palavras-chave: Euterpe oleracea, proteína bruta, alimentação alternativa, composição nutricional.

CHEMICAL COMPOSITION OF BURITI, AÇAI AND PATAUA HARVESTED IN BOA VISTA, RORAIMA

ABSTRACT - Was evaluated the chemical composition of buriti, açaí and patauá harvested in Boa Vista, RR. The study was conducted in the laboratory of the Nucleus of Natural Resources, located on the campus of the Federal University of Roraima. Three samples were collected from buriti fruit (Mauritia flexuosa), açaí (Euterpe oleracea) and patauá (Oenocarpus bataua) in different regions of the state. A completely causal design was used in a 3 x 3 factorial arrangement (fruits vs. parts), with 3 replicates per treatment. For buriti pulp, values ​​of 19.2 g / kg of crude protein (PB), 20.9 g / kg of mineral matter and 580.3 g / kg of neutral detergent fiber were found. For the whole fruit of the açaí, the values ​​of PB and mineral matter stand out, with values ​​of 137.2 g / kg and 35 g / kg, respectively. Therefore, for the conditions of this study, it is recommended to use the açaí fruit as a source of CP in animal feed, as it presents good PB values ​​in its pulp and the whole fruit.
Keywords: Euterpe oleracea, crude protein, alternative feeding, nutritional composition.


Introdução

A região norte possui diversos biomas, com uma grande e variada gama de espécies frutíferas. Dentre elas podemos citar os frutos buriti (Mauritia flexuosa), açaí (Euterpe oleracea Mart.) e o patauá (Oenocarpus bataua), que possuem uma boa capacidade de adaptação no estado de Roraima. O uso de frutos e co-produtos na alimentação de animais, teve um aumento considerável nos últimos anos e ainda assim, pouco se tem dados publicados na literatura de experimentos com essa linha de pesquisa. O consumo humano do açaí em forma de vinho é alto, porém a prática da fabricação desse vinho gera resíduos, que não possuem um aproveitamento correto, sendo jogados no lixo. Saber a composição química e nutricional dos frutos e seus co-produtos, uma vez que esses frutos possuem uma adaptação natural no estado de Roraima, é de grande importância para que o uso dos mesmos na alimentação dos animais, tenha o maior aproveitamento possível e um bom retorno econômico. Portanto, o objetivo desse estudo foi avaliar a composição química do buriti (Mauritia flexuosa), açaí (Euterpe oleracea Mart) e o patauá (Oenocarpus bataua) colhidos em Boa Vista, Roraima.

Revisão Bibliográfica

Alves et al. (2013) avaliando a composição química de ingredientes de dietas para ruminantes no Meio-Norte do Brasil, no Laboratório de Nutrição Animal (LANA) do Departamento de Zootecnia (DZO) do Centro de Ciências Agrárias (CCA) da Universidade Federal do Piauí (UFPI), encontrou para o resíduo de buriti um valor de 3,41 % de proteína bruta e 83,59 % de FDN - Fibra em detergente neutro.

Já Darnet et al. (2011) avaliaram a composição centesimal, em ácidos graxos e tocoferóis das polpas amazônicas de buriti (Mauritia flexuosa) e de patauá (Oenocarpus bataua), sendo a frutas coletadas na região metropolitana de Belém, no estado do Pará. Encontraram para o fruto patauá (Oenocarpus bataua) uma média 19 g.100g-¹ de gordura total e um valor de 4,9 g.100g-¹ de proteínas totais.

Embrapa (2009) da Amazônia Oriental, situado no município de Belém, do estado do Pará, avaliando a Caracterização Físico Química e Funcional da Polpa Extraída de Frutos da Cultivar de Açaizeiro BRS Pará, descreveu valores de 19,69 g.100g-¹ para proteínas e 0,19 g.100g-¹ de cinzas.



Materiais e Métodos

O estudo foi conduzido no laboratório do Núcleo de Recursos Naturais – NUREN no Centro de Agrárias da Universidade Federal de Roraima, Boa Vista – RR. Foram colhidas 3 amostras por fruto de buriti (Mauritia flexuosa), açaí (Euterpe oleracea) e patauá (Oenocarpus bataua) em diferentes regiões do estado. O frutos foram fracionados em 3 partes (fruto inteiro, polpa e resíduo) e logo após desidratados e congelados a vácuo através de um liofilizador.

Para as analises de composição química de proteína bruta utilizou-se o método de MICRO-KJELDAHL, para matéria mineral usou-se um forno elétrico do tipo mufla na temperatura entre 525°C e 550°C. Já para fibra detergente neutro e fibra detergente ácido determinou-se através do analisador de fibra ANKOM200 (ANKOM Tecnology Corp.).

Utilizou-se o delineamento inteiramente causalizado em arranjo fatorial 3 x 3 (frutos vs partes), com 3 repetições por tratamento.



Resultados e Discussão

A composição química dos frutos e seus co-produtos encontra-se apresentada na Tabela 1.

A composição química do resíduo de buriti assemelha-se aos valores encontrados por Alves et al.(2013) em um mesmo estudo, com os seguintes valores: 34,1 g/Kg PB, 40,6 g/Kg MM, 835,9 g/Kg FDN e 581,8 g/Kg FDA.

Em FDN, para todos os frutos estudados, o resíduo e fruto inteiro apresentaram maiores valores e semelhança estatística entre si, com médias de 813,7 g/Kg e 799,4 g/Kg para resíduo e fruto inteiro, respectivamente. Já para FDA, o que se destacou com maior valor foi o resíduo de patauá com 518,9 g/Kg. Esses valores elevados, podem indicam maior disponibilidade de fibras para degradação e aproveitamento pela microbiota ruminal.

Para proteína bruta, comparando as médias entre os frutos, notou-se que o açaí (76,6 g/Kg) se destacou com maior valor, seguido do buriti (33,2 g/Kg) e com menor resultado o patauá (17,5 g/Kg). Já comparando as médias polpa, resíduo e fruto inteiro, encontrou-se o maior valor para fruto inteiro (68,1 g/kg), seguido de polpa (38,8 g/Kg) e com menor valor, resíduo (20,4 g/Kg). Em um estudo de composição nutricional, Darnet et al. (2011) encontrou valores superiores para proteína bruta da polpa de buriti e patauá, sendo esses 37 g/Kg e 49 g/Kg, respectivamente.

Para as diferentes partes dentro do fruto do patauá em matéria mineral, o resíduo (12,7 g/Kg) e fruto inteiro (14,5 g/Kg) foram os de maiores valores e semelhantes entre si (p<0,05), sendo o de menor valor polpa (9,8 g/Kg). O buriti todas as partes dentro do fruto apresentaram diferença estatística entres os valores de matéria mineral, sendo 35,0 g/Kg, 8,6 g/Kg e 20,9 g/Kg para resíduo, fruto inteiro e polpa, respectivamente. O mesmo aconteceu para o açaí, com valor maior para o fruto inteiro (35 g/Kg).



Conclusões

Os teores de proteínas foram mais elevados para a polpa e fruto inteiro de açaí, sendo esses os mais recomendados para uma alimentação alternativa como fonte de proteína bruta para os animais.

O resíduo e o fruto inteiro das três frutas estudadas (açaí, patauá e buriti), por terem apresentado maiores níveis de FDN e FDA, deve-se fornecer aos animais em quantidades menores, pois podem comprometer e reduzir o desempenho do animal. Já que altos valores de FDN e FDA indicam menores disponibilidades de fibra degradável para os microrganismos do rúmen.



Gráficos e Tabelas




Referências

ALVES, A. A. et al. Composição química de ingredientes de dietas para ruminantes no Meio-Norte do Brasil . VII Congresso Nacional de Produção Animal-CNPA. Fortaleza-CE, 2013. 3 p.

DANET, S. H. et al. Composição centesimal, em ácidos graxos e tocoferóis das polpas amazônicas de buriti (Mauritia flexuosa) e de patauá (Oenocarpus bataua) . Ciência Tecnologia Alimentos. Campinas, 31(2): 488-491, abr.-jun. 2011 .

EMBRAPA AMAZÔNIA ORIENTAL. Caracterização físico-química e funcional da polpa extraída de frutos da cultivar de açaizeiro BRS Pará. Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento 70 / Kelly de Oliveira Cohen [et al.]. -- Belém- PA, 2009.