COMPOSIÇÃO QUÍMICA DOS COMPONENTES MORFOLÓGICOS DO CAPIM-MASSAI NA ÉPOCA SECA EM RESPOSTA AO MANEJO DO PERÍODO DAS ÁGUAS

Antônio Leandro Chaves Gurgel1, Gelson do Santos Difante2, João Virgínio Emerenciano Neto3, Leonardo Santana Fernandes4, Emmanuel Lievio de Lima Veras5, Joelma da Silva Souza6, Joederson Dantas7
1 - Universidade Federal do Rio Grande do Norte
2 - Universidade Federal do Rio Grande do Norte
3 - Universidade Federal do Vale do São Francisco
4 - Universidade Federal do Maranhão
5 - Universidade Federal do Rio Grande do Norte
6 - Universidade Federal de Minas Gerais
7 - Universidade Federal do Rio Grande do Norte

RESUMO -

Resumo: Objetivou-se avaliar a composição química dos componentes morfológicos do capim-massai durante a época seca em resposta ao manejo imposto nas águas. Os pastos foram manejados sob lotação intermitente no período das águas com uma combinação de duas metas de IL no pré-pastejo e duas alturas de pós-pastejo (%/cm): 90/15, 95/15, 90/25 e 95/25, e na época seca foram manejados sob lotação contínua. Não houve efeito dos manejos na composição química das lâminas foliares. Nos pastos manejados nas águas com altura de pós-pastejo de 25 cm, independentemente da meta de entrada, foram encontrados os menores teores de PB, e maiores valores para FDN, FDA e LDA no colmo. Os pastos manejados com altura de pós pastejo de 25 cm na época das águas apresentaram maiores teores de FDA. Os manejos adotados na época das águas modicaram a composição química do colmo e material morto, porém não interferiu na composição química das lâminas foliares na seca.

Palavras-chave: Forragem, Panicum maximum, pastejo, proteína bruta.

CHEMICAL COMPOSITION OF MORPHOLOGICAL COMPONENTS OF CAPIM-MASSAI IN THE DRY TIME IN RESPONSE TO THE MANAGEMENT OF THE WATER PERIOD

ABSTRACT - The objective of this study was to evaluate the chemical composition of the morphological components of the Masai grass during the dry season in response to the water management. The pastures were managed under intermittent stocking in the water period with a combination of two pre-grazing IL targets and two post-grazing heights (% / cm): 90/15, 95/15, 90/25 and 95 / 25, and in the dry season they were managed under continuous stocking, There was no effect of the maneuvers on the chemical composition of the leaf blades. In the pastures managed in waters with post-grazing height of 25 cm, regardless of the entry goal, the lowest CP levels were found, and the highest values for NDF. The pastures managed with post-grazing height of 25 cm in the water season showed higher levels of ADF. The management adopted during the water period modified the chemical composition of the stalk and dead material, but did not interfere in the chemical composition of the leaf in the dry season.
Keywords: crude protein, forage, grazing, Panicum maximum.


Introdução

O capim-massai é uma planta forrageira indicada para uso sob pastejo, pois tem altas massas de lâminas foliares e relação folha:colmo (Emerenciano Neto et al.;2013), porém as características do pasto variam durante o ano, devido ao seu desenvolvimento fenológico e o efeito direto de fatores abióticos que limitam o desenvolvimento da planta. Em geral, no início do período das águas o percentual de lâminas foliares vivas é alto, comparativamente ao teor de colmo e de tecidos mortos. Já no período seco, ocorrem modificações na estrutura do pasto que impossibilitam o animal de colher lâminas foliares de forma análoga ao que ocorria no início do período chuvoso. Essas variações na composição morfológica da forragem ingerida, certamente, determinarão modificações na sua composição química. De fato, o menor consumo de lâmina foliar viva durante o período seco poderá conferir à dieta do animal menor degradabilidade e maior tempo de retenção no rúmen, o que reduz o consumo e desempenho em longo prazo (Poppi et al., 1987). Neste contexto, o desempenho animal em pasto não é uniforme durante todo o ano, portanto, o manejo no período de maior produção deve proporcionar uma maior oferta de forragem e com melhor qualidade para o período seco, com o objetivo de diminuir os efeitos da escassez hídrica. Com base no exposto, objetivou-se avaliar a composição química dos componentes morfológicos de capim-massai durante a época seca em resposta ao manejo imposto nas águas.

Revisão Bibliográfica

A qualidade de uma forragem está relacionada não só com sua composição química, mas também com a forma que este alimento está disponível aos animais (Machado et al., 2008) e sua digestibilidade. Estes aspectos estão relacionados com a cultivar, fatores ambientais e idade fisiológica dos tecidos. Com o avançar do crescimento da planta forrageira e a elevação da altura do dossel ocorre aumento das estruturas de sustentação e espessamento da parede celular com grande quantidade de lignina, o que provoca decréscimo em proporção dos compostos não fibrosos que são mais facilmente digeridos e aproveitados pelo animal (Valente et al., 2010). Com o envelhecimento da massa de forragem há uma redução no teor de proteína bruta, aumento na fibra em detergente neutro (FDN) e na fibra em detergente ácido (FDA) comprometendo o desempenho animal (Costa et al., 2007). Em pastos manejados com menores alturas, o maior valor nutritivo pode ser explicado pela maior rebrotação das plantas, resultando em folhas e colmos novos. Por outro lado, nos pastos mais altos, as folhas e os colmos rejeitados pelos animais envelhecem, resultando em decréscimo no conteúdo celular e acréscimo na parede celular (Paula et al., 2012). Quando não há limitação na quantidade de forragem ofertada o valor nutritivo pode limitar o consumo de forragem pelo animal (Euclides et al., 2009). Emerenciano Neto, et al., 2014 encontraram médias de 4,5%, 81,0%,7,2% na folha e 9,7%,74,4% e 7,2% e no colmo do capim-massai, para PB, FDN e LDA respectivamente.

Materiais e Métodos

O experimento foi realizado na área do Grupo de Estudos em Forragicultura (GEFOR), da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, campus Macaíba-RN. O período experimental foi de 10/10/2015 a 30/01/2016. A precipitação durante o período experimental foi de 176 mm, 72% desta ocorreram no mês de janeiro. A área experimental de 0,96 ha, dividida em quatro módulos iguais de 0,24ha, subdivididos em seis piquetes de 0,04 ha. Os pastos de Panicum maximum cv. Massai foram manejados sob lotação intermitente no período das águas com uma combinação de duas metas de interceptação de luz (IL) no pré-pastejo e duas alturas de pós-pastejo (%/cm): 90/15, 95/15, 90/25 e 95/25, e na época seca foram manejados sob lotação contínua. Como agentes de desfolhação foram utilizados 16 ovinos, machos castrados, sem padrão racial definido (SPRD), distribuídos quatro animais por tratamento. Na avaliação dos componentes morfológicos da forragem foram retiradas duas subamostras representativas das amostras colhidas para a determinação da massa de forragem. Essas subamostras foram separadas manualmente nas frações lâmina foliar, colmo (colmo + bainha) e material morto, em seguida secas em estufa de ventilação forçada a 55ºC por 72 horas. As amostras de folha, colmo e material morto foram moídas em moinho do tipo Willey com peneira de 20 mesh. Foram avaliados os teores de proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), lignina em detergente ácido (LDA) e matéria mineral. Os teores de matéria mineral, PB, foram estimados pelas metodologias descritas por (AOAC, 1990). Para a determinação de FDN, FDA e LDA foi empregada à metodologia descrita por Van Soest (1991). O delineamento experimental foi inteiramente ao acaso, os tratamentos foram arranjados em parcelas subdivididas, com os manejos alocados na parcela e os meses nas subparcelas. Os dados foram submetidos à ANOVA e as médias e/ou interações comparadas pelos testes de Tukey adotando-se nível de 5%.

Resultados e Discussão

Não houve efeito (P>0,05) dos manejos adotados no período das águas para os teores de PB, FDN, FDA, LDA e MM na lâmina foliar, com médias de 5,5; 61,5; 30,0; 4,8 e 7,0% da MS, respectivamente. Semelhanças na composição química das lâminas foliares eram esperadas uma vez que os teores de nutrientes na folha são inerentes à planta, sendo pouco afetada pelo manejo. Porém os valores de PB estão abaixo de 7%, nível considerado crítico por Milford e Minson (1965), abaixo do qual ocorreria restrição ao consumo voluntário, por reduzir a atividade de microrganismos no rúmen e, assim a taxa de digestão da parte fibrosa aumentando o tempo de retenção do alimento. Para garantir um desempenho satisfatório no período torna-se necessário o uso da suplementação proteica, visto que folha é o componente morfológico de maior preferência pelos animais e que possuem maiores teores de proteína bruta e menores frações estruturais (FDN, FDA e LDA), quando comparado com os demais componentes morfológicos. No colmo dos pastos manejados nas águas com altura de pós-pastejo de 25 cm foram observados os menores teores de PB, e maiores valores para FDN, FDA e LDA (P<0,05), independentemente da meta de entrada. Esses resultados podem estar relacionados as maiores alturas do pasto, com o crescimento da planta forrageira e a elevação da altura do dossel ocorre aumento das estruturas de sustentação e espessamento da parede celular com grande quantidade de lignina, o que provoca decréscimo em proporção dos compostos não fibrosos que são mais facilmente digeridos e aproveitados pelo animal. Os pastos manejados com altura de pós pastejo de 25 cm na época das águas apresentaram maiores teores de FDA (P<0,05) no material morto, provavelmente porque nos pastos mais altos as folhas e os colmos rejeitados pelos animais envelhecem e ocorre decréscimo no conteúdo celular e acréscimo na parede celular (Paula et al., 2012).

Conclusões

Os manejos adotados na época das águas modicaram a composição química do colmo e material morto relacionados as maiores alturas do pasto, porém não interferiu na composição química das lâminas foliares na seca.

Gráficos e Tabelas




Referências

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