COMPOSTOS NITROGENADOS DO PASTO DE UROCHLOA BRIZANTHA CV MARANDU EM DIFERENTES ÉPOCAS DO ANO

NITROGEN COMPOUNDS IN UROCHLOA BRIZANTHA CV MARANDU PASTURE AT DIFFERENT SEASON OF YEAR

ABSTRACT - The objective of this study was to evaluate the nitrogen compounds and the NDT: PB ratio of Marandu grass (Urochloa brizantha cv. Marandu) during periods of drought, dry transition / water, water and water / drought. The experiment was conducted in the years 2013/14, (August / July) in the municipality of Sinop-MT, in the Cerrado / Amazon transition region. The experimental area consisted of five pickets formed with Marandu grass. The samples were collected every 20 days in June / August 2013, September / November 2013, December 2013 / February 2014 and March / May 2014. After laboratory analysis it was found that only in the periods with presence (Dry transition-waters, water and dry-water transition), pasture presents average levels of crude protein. The NDT: PB ratio was higher in the dry period than the other periods. Regardless of the time of year, the CP levels of the Marandu grass are relative and not absolute, since the presence of precipitation influences this parameter.

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Introdução

As pastagens representam a principal fonte de nutrientes para a alimentação dos rebanhos brasileiros, sendo a maioria formada por gramíneas. O Brasil caracteriza-se como um dos países com maior potencial de produção pecuária em regime de pastejo, devido à grande diversidade de condições climáticas e vasta extensão territorial (Serafim & Galbiatti, 2012) que em sua maioria são altamente mecanizáveis e produtivas se manejadas da maneira correta. Neste sentido, um dos principais problemas enfrentados pelos pecuaristas é a sazonalidade de produção das forragens. Neste contexto, durante o período das águas, devido à alta disponibilidade de forragens e o bom valor nutricional das mesmas, observa-se desempenho satisfatório dos animais, porém, na época seca devido a falta de precipitação as forrageiras sofrem processos fisiológicos e químicos que afetam a sua qualidade nutricional causando assim uma redução no ganho de peso dos animais criados exclusivamente a pasto. Neste contexto de sazonalidade as forragens passam por um período de transição entre seca-águas e águas-secas, os quais são encontrados poucos trabalhos caracterizando a composição bromatológica do capim Marandu, deste modo, objetivou-se com o presente trabalho avaliar os compostos nitrogenados (PB, PIDN, PIDA) juntamente com a relação de NDT:PB  do pasto de Urochloa brizantha cv.Marandu, nas diferentes épocas do ano sendo estas; seca, transição seca-águas, águas e transição águas-secas.  

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Revisão Bibliográfica

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Materiais e Métodos

O experimento foi conduzido nos anos de 2013/14, (agosto a julho) no município de Sinop-MT, na região de transição Cerrado/Amazônia. A área experimental constituiu-se de cinco piquetes formados com capim Marandu (Urochloa brizantha cv. Marandu) formado em solo da classe Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico argiloso (Embrapa, 2013). A coleta das amostras de pasto foi realizada durante os períodos de Seca (junho a agosto de 2013), Transição Seca/Águas (setembro a novembro de 2013), Águas (dezembro de 2013 a fevereiro de 2014) e Transição Águas/Seca (março a maio de 2014). A cada 20 dias, foram efetuadas 10 coletas de amostras do pasto por piquete através de dois métodos. No primeiro método, amostras foram coletadas para quantificação da massa de matéria seca (MS) e de MS potencialmente digestível (MSpd). Determinou-se a massa de forragem por meio do método quadrado (50x50) cm com 10 medições por piquete), com cortes da forragem a 10 cm do solo. No segundo método, a amostragem do pasto para análises qualitativas foi realizada via simulação manual de pastejo através da colheita de uma amostra de forragem por piquete, em áreas representativas da condição média do pasto. Após as coletas, as amostras do pasto foram pré-secas em estufa de ventilação forçada (60ºC) por 72 horas e moídas em moinho de facas com peneira com malha de 1,0 mm. As amostras foram analisadas quanto às concentrações de Matéria seca (MS) e proteína bruta (PB) de acordo com Horwitz & Latimer Junior (2005). As estimativas de PIDN e PIDA foram obtidas segundo técnicas descritas por Licitra et al. (1996). O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, composto por quatro tratamentos (estações do ano: seca, transição seca/águas, águas e transição águas/seca), com cinco repetições, sendo que cada repetição constou de um piquete. Os resultados foram submetidos à análise de variância, e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.  

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Resultados e Discussão

Verificou-se que somente nos períodos com preciptação (transição seca-águas, águas e transição águas-seca) as pastagens apresentaram níveis médios de proteína bruta (PB) acima do mínimo exigido 7% relatado por Minson (1990), para que se tenha uma fermentação ruminal que garanta a mantença energética do animal. Observou-se diferença significativa entre os tratamentos com relação ao teor de PB, apresentando o menor valor (P<0,05) no período da seca, e maior valor (P<0,05) no período das águas e com teores intermediários nos períodos de transição. Durante os períodos de águas e transições obteve-se variação de 31,59 a 39,89% de PIDN, que foram inferiores ao valor (P<0,05) observado no período da seca. Percebe-se que no período da seca, além do baixo teor de PB, constata-se que parte desta se torna indisponível (PIDA) para o animal. A proteína insolúvel em detergente ácido (PIDA) ou a fração C da proteína apresentou diferença (P<0,05) para o período da seca, em relação ao período das águas e períodos de transição seca-águas e águas-secas. Nos períodos de transição observa-se que o PIDN e PIDA não diferiram um do outro, (P<0,05) diferindo apenas do período de seca e de águas (P>0,05) respectivamente. De fato, no presente estudo o pasto no período da seca apresentou menor teor de PB e maior participação desta proteína na forma de PIDA. Independente da época do ano pode-se inferir que os valores de PB de pastos tropicais são relativos e não absolutos, visto que parte desta esta associada às frações FDN (PIDN) e FDA (PIDA). Neste sentido, uma deficiência global de compostos nitrogenados é verificada na forragem, o que compromete o consumo e a digestão da forragem (Detmann et al., 2014) e consequentemente não permite a utilização da energia latente presente no pasto. Aliando-se informações dos teores de NDT e de PB (relação NDT:PB) do pasto, pode-se ter informações sobre o equilíbrio da dieta dos animais. A relação NDT:PB foi maior (P<0,50) no período da seca que os pasto dos períodos de transição seca/águas, águas  e transição águas/seca  que não diferiram (P>0,05) entre si. Os valores médios foram de 11,55; 6,73; 6,70 e 6,88, respectivamente, para as épocas de seca, transição seca/águas, águas e transição águas/seca. Neste sentido, enquanto dieta completa, o pasto apresenta-se desequilibrado, necessitando da adoção de programas de suplementação para a otimização do uso dos recursos nutricionais do pasto e da produção animal.   Tabela 1. Teor de proteína bruta, proteína insolúvel em detergente neutro (PIDN), proteína insolúvel em detergente ácido (PIDA) e Nutrientes digestíveis totais (NDT) do pasto de Urochloa brizantha cv Marandu em diferentes épocas do ano.

Item	Época do ano1				CV
	Seca	Seca-águas	Águas	Águas-secas	(%)
Proteína bruta	5,14c	8,99b	9,59ª	8,77b	4,26
PIDN	45,26a	38,79b	31,59c	39,89b	9,94
PIDA	13,81a	7,23b	5,53c	7,64b	8,96
NDT	59,38c	60,53b	64,30ª	60,32b	6,58

¹Médias seguidas por letras iguais não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade    

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Conclusões

O teor de proteína bruta do pasto de capim Marandu no período da seca apresenta valores abaixo do mínimo para adequada degradação de compostos fibrosos. Independente da época do ano, os teores de PB do capim Marandu são relativos e não absolutos, visto que parte está associada à fração lentamente degradável e parcialmente indisponível aos microrganismos/animal.  

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Referências

DETMANN, E.; VALENTE, E. E. L.; BATISTA, E. D.; HUHTANEN, P. An evaluation of the performance and efficiency of nitrogen utilization in cattle fed tropical grass pastures with supplementation. Livestock Science, p. 141-153, 2014. HORWITZ, W.; LATIMER JUNIOR, G.W. (Ed.). Official methods of analysis of the association analytical chemists. 18th ed. Maryland: AOAC International, 2005. MINSON, D.J Forage in ruminant nutrition. San Diego, California:Academic Press, Inc.,1990. LICITRA, G.; HERNANDEZ, T.M.; VAN SOEST, P.J. Standardization of procedures for nitrogen fractionation of ruminant feeds.Anim. Feed Sci. Techn., v.57, p.347-358, 1996. KAISER, W.M., HUBER, S.C. Post-translational regulation of nitrate reductase: mechanism, physiological relevance and environmental triggers. Journal of Experimental Botany, v. 52, n. 363, Plants under Stress Special Issue, p. 1981- 1989, 2001. SERAFIM, R. S.; GALBIATTI, J. A. Efecto de laaplicación de la agua residual porcina enel pasto Brachiaria brizantha cv. Marandu. Revista Colombiana de Ciência Animal, Sincelejo, v. 4, n. 1, p. 185-203, 2012.