Conceitos na nutrição do cavalo atleta

Roberta Ariboni Brandi1, Graziani Ferrer Correa2
1 - Departamento de Zootecnia, Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos, Universidade de São Paulo, Pirassununga-SP, Brasil
2 - Departamento de Zootecnia, Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos, Universidade de São Paulo, Pirassununga-SP, Brasil

RESUMO -

Com o objetivo de elucidar a fisiologia digestiva e do exercício de equinos e sugerir manejos nutricionais para as diversas modalidades atléticas, realizou-se breve revisão de literatura sobre particularidades do trato digestivo, adaptações fisiológicas, uso de energia e desempenho atlético, substratos energéticos provenientes da dieta e suas respectivas peculiaridades de uso e a classificação das modalidades atléticas, quanto à velocidade, duração, intensidade e metabolismo predominante. O sucesso da nutrição do cavalo atleta basea-se no fornecimento do adequado substrato energético para cada tipo de modalidade. A correta relação entre o treinamento e a nutrição é um dos fatores importantes no desenvolvimento de um campeão. Sempre que possível e disponível, aplicar o conhecimento gerado pelos pesquisadores, nas atividades práticas e cotidianas, solicitando-lhes pesquisas em suas áreas de interesse, visando sempre máximo desempenho, bem estar e saúde do cavalo.

Palavras-chave: equino, metabolismo, desempenho, fisiologia, exercício.

Concepts in the athletic horse nutrition

ABSTRACT - The aim of this study was to explain the equine digestive and exercise physiology and to propose some nutritional management for the different athletic modalities. It was performed a brief literature review regarding particularities of digestibility tract, the physiological adaptations, the energy use and athletic performance, the energetic substrates from the diet and its use peculiarities and athletic modality classification based on speed, duration and predominant metabolism. The success of the athletic horse nutrition depends on the correct energy source supply for each one of the modalities. The correct relationship between training and nutrition is one of the most important factors to develop a winner. Whenever possible and available, applying the experience developed by the researchers on the practice and daily activities, requesting researches in areas of interest to achieve the maximum performance, horse welfare and health.
Keywords: equine, metabolism, performance, physiology, exercise


Revisão Bibliográfica

Introdução   Os cavalos são utilizados nas mais variadas modalidades atléticas, sendo o principal objetivo a vitória. A nutrição dos cavalos atletas caminha em conjunto com a habilidade natural do animal e o adequado condicionamento físico, proporcionando a este animal condições de expressar seu máximo potencial atlético (Geor, 2007). A nutrição será responsável por proporcionar ao animal condições ótimas para competir. Não aumentará a habilidade intrínseca do animal. Porém uma nutrição pobre ou inapropriada pode impor limites no desempenho atlético do cavalo (Harris, 2009). Os equinos são extraordinários atletas, produtos evolucionários de herbívoros pastejadores cuja sobrevivência dependia diretamente de sua velocidade e resistência para escapar de predadores e buscar alimento (Waller & Lindinger, 2010). Segundo Ellis & Hill (2005) os equinos são classificados como animais monogástricos, pastejadores de vegetais com grande capacidade de seleção do alimento (lábio móvel). Após domesticação, o homem se empenhou em modificar e ganhar habilidades atléticas nos equinos através dos cruzamentos e seleção de raças. Hoje, cavalos de várias raças estão envolvidos em vasta gama de atividades atléticas, que se estendem desde provas de conformação, corridas, enduro, concurso de marcha, volteio, salto, adestramento, concurso completo de equitação, pólo, rédeas, apartação, tambor, baliza, laço, paleteada, atrelagem, entre outras. Segundo a FAOSTAT (2014), o rebanho mundial equino é composto por aproximadamente 59 milhões de cabeças, sendo que o Brasil aloja cerca de 1% desta população. Em estudo relacionado ao complexo agronegócio cavalo, destacou-se a importância econômica e social da “indústria do cavalo” a qual apresentou movimentação econômica anual de R$7,3 bilhões (Lima et al., 2006). Com o mercado aquecido, existe crescente busca por desempenho atlético e assim a nutrição ganha destaque. Para corretamente nutrir e alimentar um equino atleta, faz-se necessário conhecer sua fisiologia digestiva e do exercício bem como o tipo de modalidade a que será submetido. Tem sido cada vez mais evidente a necessidade da implementação de práticas alternativas na nutrição do cavalo atleta, considerando-se os efeitos adversos provenientes de dietas baseadas em alto amido. Nexte contexto, destacam-se as super-fibras como uma solução que traz benefícios à saúde e bem-estar dos equinos atletas sem prejudicar seu desempenho (Richardson & Murray, 2016). O objetivo do presente trabalho foi elucidar a fisiologia digestiva e do exercício de equinos e sugerir manejos nutricionais para as diversas modalidades atléticas.   Particularidades do trato digestório do cavalo   Os equinos requerem adequados manejos alimentares particularmente devido às peculiaridades do trato digestório e devido às dificuldades quanto ao manejo alimentar, ao protocolo de treinamento e ao alojamento dos animais. Na boca do cavalo, ocorre a trituração do alimento pelos movimentos mastigatórios, influenciados pela qualidade do alimento, que determinarão o tempo de permanência e a quantidade de saliva secretada (10 a 12 litros/dia). As secreções de bicarbonato e cloreto de sódio são proporcionais à taxa de secreção de saliva e aumentam durante a ingestão do alimento. A ação tamponante da saliva parece atuar sobre a região aglandular do estômago, onde ocorre a fermentação bacteriana com formação de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) e lactato. Outra particularidade da saliva do cavalo é a baixa atividade de α-amilase, sendo sua ação considerada irrelevantesobre a digestão de carboidratos da dieta (Radicke et al., 1991). O estômago do cavalo é um órgão pequeno, com volume relativo correspondente a 10% do trato gastrointestinal (TGI) (Frape, 2008). Apresenta região aglandular que corresponde a quase metade do total da superfície, onde ocorrerá ação principalmente das bactérias do gênero Lactobacillus (Yuki et al., 2000), as quais agem sobre os nutrientes e promovem a digestão de algumas frações da matéria seca, como amido e frutanas (de Fombelle et al., 2003). A fermentação com geração de AGCC foi identificada e considerada limitada por Hoffman et al. (2003). O pH gástrico pode apresentar grande variação sendo aceitos valores entre 1,5 a 7,0. O efeito dos AGCC sobre o metabolismo energético do equino ainda precisa ser melhor investigado. No intestino delgado ocorre a digestão enzimática da maior parte dos nutrientes, com destaque aos lipídios, carboidratos e, ao final da digestão, as proteínas.  Frape (2008) cita que o volume relativo desta porção do TGI é de 30%. Observou-se baixa atividade da amilase sendo que a α-amilase pancreática apresentou atividade de 10 a 50 U/g (Meyer et al., 1993), correspondendo a cerca de 5 a 6% da concentração da α-amilase pancreática suína (Frape, 2008). A concentração das α-glicosidases (sacarases) é comparável a de outros mamíferos domésticos, e apresenta-se cinco vezes mais concentrada que a glicoamilase. A atividade da maltase é maior do que a apresentada em outras espécies (Dyer et al., 2002). Os mesmo autores descrevem que a absorção da D-glicose e D-galactose são ativas na membrana da borda em escova.No intestino grosso ocorre a ação dos microrganismos com destaque para bactérias e protozoários, bastante semelhante aos observados no rúmen. Este compartimento corresponde a 60% do TGI (Frape, 2008) e tem grande importância no metabolismo energético dos animais, pela produção de AGCC e também como reservatório hidroeletrolítico (Duren, 2000).   Adaptações fisiológicas dos cavalos atletas   A capacidade atlética é atribuída a um conjunto de modificações que podem ser evolutivas, como o aumento do tamanho dos pulmões, ou relacionados ao treinamento, como o volume sanguíneo e a máxima capacidade aeróbica (VO2max) (Geor, 2007). A maior adaptação atlética é atribuída à capacidade aeróbica, ao aumento das reservas de glicogênio, ao aumento de volume de mitocôndrias no músculo, ao aumento da capacidade de transporte de oxigênio pelo reservatório esplênico de células, à eficiente termorregulação e à alteração biomecânica do movimento (Hinchcliff & Geor, 2004). O metabolismo da glicose e do glicogênio são tópicos amplamente estudados. Acredita-se que a presença do substrato energético (glicogênio e lipídios) próximo à mitocôndria no interior das fibras musculares seja uma adaptação importante. Inicialmente, discutia-se apenas sobre o glicogênio, hoje o lipídio ganha espaço nesta discussão. Considera-se um dos fatores da fadiga a queda da glicemia do animal durante o exercício, situação que deverá ser controlada através do uso das reservas hepáticas bem como o uso do propionato via gliconeogênica, e o efeito poupador do glicogênio. O efeito poupador do glicogênio inicialmente foi descrito com a adição de óleo à dieta dos cavalos, por modificar as rotas metabólicas de preferência na geração de energia. Hiney & Potter (1996) sugerem que a taxa da glicólise pode ser diminuída após adaptação à dieta com óleo, atribuída ao aumento da produção de citrato pela oxidação de ácidos graxos. O uso de “super-fibras” (fibras de fácil fermentação) também favorece o efeito poupador do glicogênio por estas atuarem na inibição da glicólise pelo acumulo de citrato. Segundo Pratt et al. (2005), o acetato pode ser ativado pela enzima acetil CoA sintetase, presente no citossol e na mitocôndria de células do coração, fígado, rins e musculatura esquelética, e ser utilizado no ciclo de Krebs ou direcionado a síntese de gordura. A oxidação do lipídio em detrimento ao carboidrato nos exercícios aeróbicos submáximos favoreceu o desempenho e a recuperação dos animais após o exercício, como descrito por Harkins (1992) que observou uma melhora dos tempos em cavalos de corrida, enquanto Eaton (1995) notou que os animais demoravam mais para entrar em fadiga. Outro fator importante é a capacidade de recuperação ao exercício. Dentre os fatores, destacam-se a capacidade de reciclagem de lactato e a ressíntese de glicogênio muscular. A capacidade de reciclagem do lactato é umas das principais preocupações no metabolismo anaeróbico. A maior quantidade possível de lactato produzido poderá ser utilizada pelo músculo para a geração de energia (Brandi et al., 2010), ou removida do mesmo e direcionada ao fígado, como substrato gliconeogênico. A capacidade de recuperação ao exercício, através das recuperações das frequências cardíacas e respiratórias, pode atuar diretamente neste fator, beneficiando-o. O glicogênio e sua depleção muscular após exercício é um fator limitante para cavalos submetidos à exercício intenso e uma dieta composta de baixo nível de amido mostrou maior esgotamento do substrato no músculo (Mesquita et al., 2014). A ressíntese de glicogênio é discutida em todas as espécies com perfil atlético.  Técnicas de reposição de glicogênio muscular humano foram aplicadas a equinos, porém sem sucesso. A capacidade de reposição de glicogênio do equino é lenta, ocorrendo de 48 a 72 horas após o exercício (Lacombe et al., 2004), e com baixa efetividade de fornecimento de carboidratos hidrolisáveis para esta reposição. Tal fato é atribuído a limitada capacidade de digestão do amido (Dyer et al., 2002), já previamente discutida. Em recentes estudos, observou-se efetiva ação do acetato sobre a ressíntese de glicogênio (Waller & Lindinger, 2010). Waller et al. (2009), fornecendo acetato a equinos, sugeriram que o acetato pode ser oxidado na mitocôndria do músculo esquelético em detrimento da glicose sanguínea a qual seria direcionada para ressíntese de glicogênio.   Energia e o desempenho atlético   Entre os nutrientes que são importantes no desempenho atlético dos animais, a energia é o fator dietético de maior efeito sobre o exercício (Pagan, 2006). Ela é proveniente da conversão da energia química dos alimentos em energia mecânica para a atividade muscular. Como o cavalo não se alimenta continuamente durante o exercício, a energia dos alimentos deverá permanecer armazenada no organismo para futuro uso. As principais formas de reservas são: glicogênio hepático e muscular, triglicerídeos musculares e do tecido adiposo (Tabela 1). Vários fatores determinam o recrutamento das fontes energéticas, dentre eles destacam-se a velocidade e duração do exercício, capacidade atlética, relação entre as fibras musculares e tipo de alimentação (Pagan, 2006). A capacidade de exercício está diretamente relacionada à capacidade de geração e utilização de energia via ATP. Uma das formas de energia mais prontamente disponíveis é a creatina fosfato. Segundo Baldissera (1997), a fosfocreatina restabelece o ATP quando a atividade física é intensa e de curta duração, cerca de 10 segundos, e por ser um processo sem gasto de oxigênio e sem produção de ácido lático é denominada potência anaeróbica alática. Como esta reserva é restrita, outras formas de geração de energia são necessárias com destaque para a fosforilação oxidativa, a qual é responsável por oxidar lipídios, carboidratos e proteínas e gerar ATP, sendo esta uma forma estritamente aeróbica de geração de energia. De forma complementar e suplementar, o organismo pode gerar energia via glicólise anaeróbica, sendo o produto final desta reação ATP e ácido lático. A eficiência de geração de energia via fosforilação oxidativa é inúmeras vezes maior do que a glicólise anaeróbica, mesmo esta sendo indispensável para a manutenção do exercício. Fibras musculares   Diferentes formas de miosina podem ser encontradas em diferentes tipos de fibras musculares e esta diferença afeta a velocidade de contração do músculo. Cada tipo de fibra apresenta um metabolismo energético diferenciado (Tabela 2). Em exercício de baixa intensidade (caminhadas), as fibras tipo I são inicialmente recrutadas e o animal utiliza predominantemente lipídios como substrato energético, com metabolismo aeróbico. À medida que a intensidade dos exercícios aumenta, as demais fibras são recrutadas, na seguinte sequência, fibras IIA e fibras IIB, sendo que as fibras do tipo IIA são também aeróbicas e podem gerar energia via glicogênio ou lipídios. O glicogênio ou glicose podem ser metabolizados aerobicamente duas vezes mais rápido do que o lipídio. Quando a velocidade do exercício aumenta, pouca energia é gerada pela via aeróbica, sendo a glicólise anaeróbica, a via mais rápida e eficiente de geração de energia e responsável pela manutenção do exercício nestas altas velocidades (Pagan, 2006).   Exigências e o recrutamento das reservas energéticas   O National Research Council (NRC, 2007) apresentou a exigência de energia para mantença considerando-se o temperamento, atividade voluntária, instalação e taxa metabólica, sendo sugerida 30,3 kcal ED/kg PV (energia digestível por quilograma de peso vivo) para suprir a exigência mínima desta fase. Para as demandas médias e elevadas, sugeriu-se aumento respectivamente de 10 e 20% da menor demanda. É importante levar em consideração a exigência de mantença considerando estas características para que o suprimento de energia não seja sub ou supra estimado. Classificou-se o exercício em leve, moderado, intenso e muito intenso, sendo que a exigência de energia aumenta respectivamente em 20, 40, 60 e 90% da exigência de energia de mantença.   Substratos energéticos provenientes da dieta   A energia da dieta, expressa em megacalorias (Mcal) de energia digestível, basicamente pode ser provida por quatro fontes dietéticas: amido, lipídios, proteínas e fibras.   Os carboidratos   Hoje em dia, tem-se grande preocupação no estudo do fracionamento do carboidrato da dieta de equinos. Hoffman et al. (2001) classificaram as frações dos carboidratos como sendo: (1) carboidratos hidrolisáveis (CHO-H), os quais podem ser digeridos no intestino delgado (hexoses, dissacarídeos, alguns oligossacarídeos e amido não resistente); (2) carboidratos rapidamente fermentáveis (CHO-FR), os quais são rapidamente disponibilizados para a fermentação dos microrganismos (pectinas, frutanas, e alguns oligossacarídeos não digeridos no ID, além do amido resistente e a hemicelulose solúvel em detergente neutro); e (3) carboidratos lentamente fermentáveis (CHO-FL), incluindo celulose, hemicelulose, ligno-celulose, as quais no intestino grosso produzem principalmente acetato. Tal classificação foi inovadora e de sua importância por respeitar a fisiologia dos equinos.   O amido (carboidrato hidrolisável)   O amido é composto por grande número de moléculas de glicose e compõem cerca de 50 a 70% da matéria seca dos grãos de cereais. Como já discutido anteriormente neste trabalho, a sua capacidade de digestão e absorção é reduzida (Dyer et al., 2002), exigindo adequações no manejo alimentar destes animais seja pela menor inclusão desta fonte na dieta ou por adequações no arraçoamento. Sugere-se que a quantidade de amido por refeição não exceda 0.1% do PV/refeição (Vervuert et al., 2009b). Maior aporte de amido não digerido para o intestino grosso pode levar os animais a quadros de acidose lática, cólica e laminite (Medina et al., 2002). A digestibilidade do amido pode ser influenciada por vários fatores: nível de ingestão de concentrado, morfologia e processamento do amido, taxa de passagem e individualidade animal (Kienzle et al., 1994).  Métayer et al. (2004), estudando o efeito do tamanho da refeição e da concentração de amido sobre a taxa de esvaziamento gástrico, observaram que maiores quantidades de concentrado passam mais rapidamente pelo estômago do que menores quantidades. Já para duas refeições com o mesmo tamanho, mas níveis de amido diferentes, as refeições com menor concentração de amido apresentam menor taxa de passagem. Julliand et al. (2006), estudando o efeito do processamento do alimento sobre a digestibilidade do amido, observaram que o processamento mecânico é menos eficaz do que os processamentos térmico e termomecânico.. A digestibilidade e a estrutura do amido têm forte influência sobre a curva glicêmica. Vários estudos foram realizados estudando a curva glicêmica de dietas com diferentes fontes e concentrações de amido (Vervuert et al., 2009). A insulina é um potente inibidor da lipólise e oxidação de ácidos graxos e também promove maior recrutamento da glicose pelo músculo (Harris, 2009). Hoje, são buscadas dietas com menores índices glicêmicos e consequentemente insulinêmicos, o que permite maior mobilização das reservas (lipídios e carboidratos) durante o exercício. A sobrecarga de amido para ressíntese de glicogênio também já foi revisada (Lacombe et al., 2004). As alternativas nutricionais encontradas são o acréscimo de lipídios à dieta (os quais promovem alteração na dinâmica da glicose durante o exercício, diminuindo a secreção de insulina e favorecendo a mobilização e utilização de ácidos graxos para geração de energia (Treiber et al., 2006)) ou o acréscimo de fibras (as quais diminuem a taxa de ingestão, propiciam consumo mais lento e diluem os nutrientes do concentrado). O maior aporte de fibras pode aumentar a produção de AGCC, principalmente o acetato e redirecionar o metabolismo enfatizando o metabolismo lipídico (Pratt et al., 2005).   As fibras (carboidratos rápida e lentamente fermentáveis)   As fibras são uma fonte de energia que têm grande importância na nutrição de equinos atletas. Estão envolvidas na saúde do trato digestório por manter aporte constante de sangue para este compartimento, além de ser um reservatório hidroeletrolítico (um quilo de fibra pode reter de 1 a 5 kg de água (Van Soest, 1994)) essencial para os cavalos de resistência (Duren, 2000), atuando também sobre a acidose e o bem estar animal (Dittrich et al., 2010).  Cavalos atletas frequentemente recebem altas quantidades de concentrado para atender às altas exigências energéticas, tendo a porção volumosa da dieta reduzida (Richardson & Murray, 2016). Rice et al. (2001), estudando o efeito da restrição de consumo de feno (três dias) sobre o peso vivo e a resposta metabólica ao exercício de alta intensidade em cavalos Puro Sangue Inglês, observaram redução no peso vivo dos animais e aumento do oxigênio acumulado. Com isso, houve aumento da geração de energia pela via aeróbica. Atenção tem se voltado para a quantidade de fibra a ser fornecida na dieta de equinos. Algumas modalidades equestres descrevem a necessidade de “cavalos leves”, sendo a corrida umas delas. Quantidades citadas como seguras (Gibbs, 2005; NRC, 2007) são de 1,5 a 2% do peso vivo do animal, podendo chegar até 3,2%. A menor quantidade recomendada é de 0,75% do peso vivo (Gibbs, 2005) apresentando a ressalva de que esta quantidade ou inferiores podem levar a problemas digestivos. Fontes altenativas de fibras tem sido availadas para equinos como farelo de glúten de milho (Correa et al., 2016) e gérmen de milho desengordurado (Giunco et al., 2016). As super-fibras são cada vez mais utilizadas na formulação de dietas, com destaque para a polpa de beterraba (Palmgren Karlsson et al., 2002; Gurbuz & Coskun, 2011), o farelo de arroz (Zeyner, 2006), a polpa cítrica (Brandi et al., 2014; Moreira et al., 2015; Menezes et al., 2014) e a casca de soja (Kabe et al., 2016). A proposta destes ingredientes é aportar quantidade  de energia semelhante aos grãos ricos em amido, mas com a diferença de que são muito mais seguros para a espécie (Duren, 2000). Maiores estudos são necessários para verificação dos efeitos da inclusão destes ingredientes ricos em fibra na dieta de animais atletas , como na relação entre os AGCC gerados e o metabolismo energético (Richardson & Murray, 2016). A fermentação da pectina presente nestes ingredientes poderia gerar aumento relativo da concentração de propionato, em detrimento ao acetato, o que influenciaria na taxa de ressíntese de glicogênio.   Os lipídios   Inúmeros estudos vem sendo realizados com o uso de óleo na alimentação de equinos. Resultados controversos são encontrados, uma vez que diversos protocolos experimentais são aplicados. Variações na fonte de óleo, relação volumoso:concentrado, tipo de exercício (máximo ou sub-máximo), protocolo de treinamento dos animais, tempo de adaptação do animal ao óleo, entre outros, influenciam diretamente os resultados (Brandi et al., 2009). Os lipídios constituem alternativa de fornecimento energético (2,25 vezes mais energético que o amido) para estes animais, sendo que as fontes mais comuns de fornecimento são os óleos de milho e de soja. É uma forma menos versátil, pois poderá ser oxidado aerobicamente ou permanecer armazenado no tecido adiposo, além de necessitar tempo de adaptação metabólica de 6 a 11 semanas (Custalow et al., 1993). Apresenta como vantagens a redução do fornecimento de matéria seca com mesma concentração energética das dietas (Kronfeld, 1996), o efeito poupador de glicogênio e o aumento do desempenho em exercício de velocidade por aumentar a capacidade aeróbica do animal. Algumas adaptações metabólicas foram descritas como dose dependentes e levam a facilitações no uso do lipídio no metabolismo ao mesmo tempo em que inibem o metabolismo dos carboidratos (Pagan et al., 2002). Diferentes quantidades de lipídios vêm sendo adicionadas à dieta, sendo mais aceita a inclusão de 10 a 12% da dieta total do animal (Pagan, 2006). Uma maior atenção tem sido dedicada ao  fornecimento de lipídios da série Ômega, com destaque ao ω3 e ω6, que são considerados ácidos graxos essenciais. A demanda e relação ideal entre as séries ainda não é consensual para as dietas de equinos (NRC, 2007). Para o esporte, deve-se atentar para a inclusão de ω3 na dieta dos animais, pois este está envolvido na diminuição da resposta inflamatória e na coagulação sanguínea (Dunnett, 2005). Outro ponto importante é o uso de lipídios de cadeia média na dieta de cavalos atletas, uma vez que este substrato é carreado pelo sangue e pode ser uma fonte interessante de energia para o músculo. Uma relação entre o metabolismo de fibras e lipídios deve ser ressaltada. A produção contínua de AGCC pela fermentação da fibra é uma forma muito importante de contribuição no metabolismo lipídico, uma vez que a disponibilidade de AGCC no sangue está diretamente relacionada com a quantidade oxidada pela musculatura. Há relatos de que boa parte dos AGCC (acetato e butirato) produzidos no intestino grosso do cavalo passa ilesa pelo fígado e contribui para o metabolismo energético do cavalo (Lieb, 1971).   As proteínas   A proteína da dieta será direcionada para o metabolismo energético quando estiver em concentrações excedentes às exigidas. Proteína em excesso deve ser evitada para equinos atletas, pois aumenta a demanda de água e a concentração de uréia sanguínea. Esse processo pode levar ao aumento na excreção de ureia no intestino e com isso causar distúrbios como a enterotoxemia (Pagan, 2006). Graham-Thiers (2007) cita que o exercício causa demanda adicional de proteína para desenvolvimento e reparo muscular, além de repor a proteína (laterina) perdida no suor. São desconhecidos os relatos de déficit proteico em animais recebendo dietas balanceadas para o tipo e intensidade do exercício ao qual estão sendo submetidos.   Manejo alimentar das diversas modalidades atléticas   Em geral, uma diferente gama de manejos alimentares e nutricionais é sugerida para o cavalo atleta a fim de satisfazer sua exigência nutricional enquanto mantém a saúde e o bem estar. Porém, diferentes estratégias alimentares podem ser aplicadas para tipos específicos de prova, respeitando as características da modalidade e o metabolismo predominante. É necessário atentar-se também para o manejo pré e pós-competição e também no dia da prova. Ralston (1997), visando sugerir o manejo alimentar no dia da competição, dividiu o exercício em três grandes grupos, sendo exercício de máximo desempenho e curto prazo, exercício de sub-máximo desempenho e longo prazo e o exercício de desempenho que envolvem esforços sub-máximos com duração moderada seguidos por máximo esforço. Dento do primeiro grupo, estão os animais de provas que envolvem esforço anaeróbico máximo por menos de três minutos, nas quais destacam-se as modalidade de corridas rasas de Puro Sangue Inglês e Quarto de Milha. Já para o segundo grupo, as provas envolvem longos períodos, tempo maior que uma hora, e metabolismo aeróbico predominante, sendo as modalidades de destaque o enduro e as cavalgadas. O terceiro grupo é composto pelos animais de prova de atrelagem. Hoje em dia podemos subdividir as categorias citadas. Como sugerido pelo NRC (2007), a capacidade de oxigenação do animal durante a modalidade atlética pode ser um bom direcionamento e com base nesta característica será sugerido o manejo para as modalidades atléticas. Sugere-se então classificar o exercício como: 1 – animais velocistas, prova de curta duração, alta intensidade e metabolismo anaeróbico predominante; 2 – animais velocistas, provas de média duração, moderada a alta intensidade, metabolismo intermediário entre anaeróbico e aeróbico, 3 – animais  de resistência, provas de longa duração, metabolismo aeróbico predominante e 4 – animais  de tração. Considerando todas as classificações de exercício supra-citadas, algumas considerações pertinentes a todas elas devem ser feitas. É conhecida a importância do aquecimento e desaquecimento dos animais. Segundo Lawrence et al. (1997), o aquecimento promove o aumento da temperatura dos músculos, sugerindo a facilitação do metabolismo e a contração muscular, o aumento do débito cardíaco, a dilatação dos leitos capilares próximos à musculatura, o aumento do fluxo sanguíneo, e com isso facilitando a oxigenação e a remoção de catabólitos. Lewis (1995) relata que existe uma contribuição ao metabolismo aeróbico, favorecendo a geração de energia pela via aeróbica e reduzindo o risco de injúrias. O aquecimento favorece o metabolismo lipídico, pois é neste período que as reservas começam a ser mobilizadas e se tornam disponíveis para os animais no momento da prova, sendo mais uma fonte de energia disponível, poupando a utilização de glicose e glicogênio. O desaquecimento é essencial para que o animal restabeleça seu metabolismo basal, principalmente ligado a fatores como a frequência cardíaca, a frequência respiratória e a temperatura retal. Estes fatores são indicativos da atividade metabólica do animal. É necessário que o animal seja desaquecido a contento, de acordo com sua atividade. Neste período, o animal metabolizará alguns produtos como o lactato. Desta forma, sugere-se que, após todos os tipos de atividade, os animais sejam mantidos em andamentos que propiciem o restabelecimento das frequências cardíacas e respiratórias. Quando o animal apresentar este restabelecimento, pequeno aumento de intensidade do exercício deve ocorrer, favorecendo a oxigenação do organismo, beneficiando a recuperação.  Quanto ao local de estabulagem do animal após a prova, sugere-se que não sejam feitas alterações. Caso o animal seja adaptado à permanência em piquetes, o movimento voluntário proporcionado ao animal pode favorecer a recuperação. Animais nervosos ou de grande movimento voluntário podem ser mantidos em espaços menores. Caso a animal apresente qualquer alteração clínica, um médico veterinário deve ser consultado. O transporte dos animais até a prova poderá influenciar o desempenho. Stull et al. (2000), estudando a resposta fisiológica de equinos submetidos a 24 horas de transporte, observaram que o transporte  por tempo prolongado promove perda de peso, desidratação, alteração no metabolismo muscular e imunológico e estresse, parâmetros que podem influenciar diretamente no metabolismo energético do animal e desempenho na competição. Sugere-se então que o animal seja transportado nas horas mais frescas do dia e que tenha um período de descanso e adaptação ao ambiente da prova. Esta adaptação visa minimizar o estresse e permitir a hidratação dos animais principalmente, pois é sabido que pouco poderá ser feito na reposição do glicogênio gasto durante o transporte. Não é objetivo deste trabalho, tratar das exigências e reposições hidroeletrolíticas, porém breve consideração é feita. Para todas as modalidades, os animais devem ter água de boa qualidade sempre à disposição. A reposição de sais minerais poderá ser feita através da disponibilidade de sal, próprio para equinos, à vontade, através dos ingredientes da dieta e através de suplementos próprios (situação bastante controversa na literatura). Durante o enduro, os animais podem perder de 3 a 7% do PV, podendo chegar a 10% do PV (Harris, 2009).   1 – Animais velocistas, prova de curta duração, alta intensidade e metabolismo anaeróbico predominante Nesta classificação destacam-se os animais que permanecem em exercício por menos de um minuto, com elevada frequência cardíaca, destacando-se as modalidades western tais como tambor, baliza, laço, corridas curtas (400 e 1000 metros), entre outras. Durante este tipo de prova, os principais substratos energéticos serão a glicose e o glicogênio. Assim, precauções devem ser tomadas para que o animal apresente a maior quantidade possível de glicogênio armazenado no dia da prova. As fibras musculares do tipo IIB são de suma importância para esta classificação. Isto pode ser conseguido através do fornecimento de concentrado comercial e volumoso, com maior contribuição de gramíneas para os animais. O fornecimento de gramíneas, via feno, pastagem ou capim, favorece a manutenção do peristaltismo, saúde do intestino grosso, além da produção de maiores quantidades relativas de acetato, substrato que poderá favorecer o restabelecimento das reservas de glicogênio e o metabolismo energético. O concentrado comercial fornece a energia para execução da atividade e não deve conter níveis excessivos de amido. Caso necessário maior aporte de concentrado, o mesmo deve ser fracionado em maior número de arraçoamentos. A composição e quantidade de concentrado fornecido determinam o tempo pós alimentação que o animal pode ser exercitado. Assim, dietas com quantidades maiores de concentrado, maiores quantidade de amido processado e ingredientes que promovem maiores aumentos glicêmicos devem ser fornecidas com maior tempo pré-exercício. O fornecimento de refeições menores, e com ingredientes que proporcionam curvas glicêmicas mais baixas, pode ser uma alternativa viável a este tipo de exercício, podendo assim o animal ser exercitado cerca de cinco horas após a refeição. Outra forma de minimizar o efeito da curva glicêmica seria a inclusão de óleo nadieta. O uso de óleo na dieta destes animais é bastante discutido e controverso. O uso de quantidades moderadas de óleo (4% de óleo na dieta total) pode beneficiar o metabolismo energético, ao mesmo tempo em que diminui a curva glicêmica da dieta, além de adaptar o metabolismo do animal ao metabolismo lipídico. Para máxima eficiência do uso de óleo, o animal deve passar por protocolo semanal de treinamento aeróbico, e ser devidamente aquecido antes do exercício. As fontes de óleo normalmente empregadas (soja e milho) podem ser utilizadas, porém atenção especial poderia ser dada aos óleos que tem em sua composição moléculas médias, como é o caso dos óleos de dendê, palma e coco. Quanto ao fornecimento de volumoso este é um ponto bastante discutível para os cavalos de corrida. Sabe-se que existe a preocupação com a manutenção de “cavalos leves”, assim quantidade menor de volumoso deve ser fornecida, porém não deve ser inferior a 0,75% do peso vivo do animal (Gibbs, 2005). O uso de super-fibras para este grupo pode ser discutido, principalmente quanto ao seu nível de inclusão e efeito sobre a produção de propionato.   2 – Animais velocistas, prova de média duração, moderada a alta intensidade, metabolismo intermediário entre anaeróbico e aeróbico             Nesta classificação, o tempo de exercício deve estar compreendido entre 1 e 5 minutos, com frequência cardíaca moderada ao longo do exercício Destacam-se cavalos de prova de salto, adestramento, concurso completo de equitação (fase de adestramento e salto), pleasure, rédeas, entre outras. Para este tipo de prova, tanto os lipídios como os carboidratos podem ser utilizados ao longo da prova. As fibras musculares de preferência são as do tipo IIA, pelo seu metabolismo intermediário e possibilidade de uso dos dois substratos energéticos. Não se tem indicação de restrição de fibras na dieta. Porém, considerando que o peso do animal influenciará na demanda energética, quantidade regulares de fibra devem ser mantidas. Sugere-se que seja estabelecida uma relação de volumoso e concentrado baseada na demanda energética, assim, mesmo que o animal necessite de maior quantidade de energia o aporte de volumoso e concentrado será proporcional. O uso de super-fibras pode ser uma alternativa viável para manter elevada a quantidade de fibra da dieta, porém por apresentarem concentrações nutricionais maiores, qualidade superior, poderá apresentar maior velocidade de passagem pelo trato gastrointestinal.  As super-fibras também, em conjunto com o volumoso da dieta, fornecem substratos para produção de AGCC, fonte interessante de energia para esta modalidade, uma vez que parte do período em exercício é realizada em aerobiose, e com isso a possibilidade de oxidação destas moléculas é maior. Este processo pode contribuir para poupar o glicogênio muscular e para a ressíntese deste no repouso. Acredita-se que possa ser fornecido entre 1,0 a 1,5% do peso vivo em volumoso. O uso de óleo nestas modalidades é bem aceito, podendo ser incluída em até 6-8% da dieta total, porém maiores estudos não necessários em cada uma das modalidades. É possível a utilização de fontes diversas de óleo, tanto de cadeias longas como de cadeias médias. Nesta classificação é necessário fazer uma ressalva quanto ao pólo equestre, modalidade com 7 minutos de duração. Caso seja um torneio de baixa, a prova poderá ser aqui classificada. Em torneios de alta e aberto, a velocidade dos animais é muito alta e com isso o metabolismo predominante é o anaeróbico. Como particularidade, os animais apresentam alta sudorese, demandando reposição hídrica. O uso de fibras também poderá ser limitado em 0,75% do PV. Por ser um exercício de alta demanda energética, a dieta deve ser fracionada em vários arraçoamentos ao longo do dia (idealmente três). Pode-se considerar todas as demais sugestões para a classificação 1, inclusive quanto ao uso de óleo na dieta.   3 – Animais de resistência, prova de longa duração, metabolismo aeróbico predominante Nesta classificação temos os animais com maior permanência em exercício, podendo chegar a horas de exercício, onde o animal apresenta frequências cardíacas médias baixas. São destaques de modalidades o enduro equestre, as cavalgadas e a prova de marcha, entre outras. Nesta classificação, será necessário dividir a modalidade enduro em regularidade (12 a 14 km/h) e velocidade livre (podendo chegar a 22,5 km/h) (sendo esta modalidade discutida em separado). Com relação ao enduro e cavalgadas, são as modalidades equestres que permitem alimentação durante a prova, fator que pode ser o diferencial para o desempenho do animal. São as modalidades que não apresentam restrição quanto ao fornecimento de volumoso (ingrediente mais importante da dieta), pelo contrário, sendo ideal fornecer a maior quantidade possível, a fim de formar um reservatório hidroeletrolítico no intestino grosso do animal, manter a saúde do trato gastrointestinal e fornecer energia via AGCC, uma vez que a predominância é do exercício aeróbico. A quantidade de feno pode variar de 2 a 2,5% do peso vivo em base de matéria seca. Não são exigidas grandes quantidades de carboidrato solúvel para esta modalidade. Crandell (2010) cita que a glicose pode ser gerada a partir do propionato. Ingredientes doces (mel, melaço) e frutas podem ser utilizados a fim de fornecer frutose e sacarose para o animal, fonte de digestão e absorção mais rápida que o amido da dieta. Harris (2009) sugere o fornecimento de uma mistura composta por feno de alfafa (sem ultrapassar 30% do volumoso), cereais, farelo de trigo, farelo de arroz e melaço. O uso de super-fibras é recomendado, não havendo citação na literatura para limite de inclusão na dieta. Sugere-se que para animais de enduro de regularidade, a combinação entre fibras de gramíneas, leguminosas, super-fibras, suplemento vitamínico mineral e algumas frutas, pode ser uma alternativa para alimentá-los e nutri-los em provas de distância média (menor que 80 km). Atenção deve ser dada à quantidade de proteína da dieta, pois como é uma atividade que causa alta taxa de sudação, excessivas quantidades de proteína podem favorecer a desidratação do animal, diminuir seu desempenho ou promover intoxicação ao animal. É ideal que a proteína não seja superior a 10 a 12 % da dieta total. A utilização de óleo é recomendada, podendo ser incluídas elevadas quantidades, que variam de 10 a 12% da dieta total. Faz-se necessária adaptaçãoa este substrato energético pelo período de 5 a 8 semanas antes do enduro. O animal deve ter livre acesso à água e sal mineral. Para os animais de enduro de velocidade livre, a glicose e glicogênio são substratos importantes. É ideal que o concentrado faça parte da dieta, a fim de fornecer prontamente glicose. Quanto ao manejo durante o treinamento ou prova, (Harris, 2009) sugere o fornecimento de concentrado para restabelecimento rápido da glicemia, mas cita que esta alternativa pode colocar o animal em risco de cólica e desidratação. Outra restrição seria quanto ao fornecimento de feno à vontade. Esta estratégia deixaria o animal pesado, podendo diminuir assim o desempenho, porém recomenda-se que pelo menos 1% do PV desta fonte seja fornecido (Harris, 2009). O uso de super-fibras poderia ser uma alternativa, desde que combinada com ingredientes que fornecem glicose, como é o caso do mel, frutas e grãos.   4 – Animais de tração A tração animal vem perdendo importância desde o advento de maquinários agrícolas. Porém, é ainda empregada em regiões montanhosas que impedem a utilização desta tecnologia. É empregada também nas pequenas propriedades, principalmente na agricultura e como forma de transporte. Com o aumento do turismo rural voltou a ser importante nas propriedades destinadas a este fim. A demanda energética deste seguimento dependerá do tipo de atividade que está sendo realizada, principalmente quanto à declividade do terreno (agricultura) e ao peso que deverá ser tracionado. Segundo Meyer (1995), animais que trabalham de 6 a 8 horas devem ser alimentados 3 a 4 vezes durante o dia. O animal deve receber volumoso à vontade, e a exigência de energia aumentada atribuída ao trabalho deve ser suprida na forma de concentrado. Deve-se atentar para que o animal tenha acesso à água durante o trabalho evitando desidratação. O uso de óleo poderia ser bem aceito, sendo as recomendações semelhantes às fornecidas para enduro de regularidade.    O dia da prova   O manejo do dia da prova deve ser o mais próximo possível ao manejo diário do animal. Não devem ser promovidas alterações abruptas no manejo. É ideal que o tempo de adaptação do animal ao local seja respeitado. Quando possível (todas as classes com exceção aos cavalos de corrida), fornecer volumoso para os animais até que eles se ambientem. Deve-se manter o mesmo volumoso que vem sendo fornecido ao longo do treinamento para o dia da prova. Com relação ao uso de concentrado, fornecer as quantidades mínimas necessárias, sem alterar sua composição. É ideal que o mesmo seja fornecido pelo menos 5 horas antes da prova, respeitando as características do índice glicêmico e insulinêmico da dieta. Caso o animal se recuse a comer, permita que ele permaneça em jejum ou ingerindo apenas feno. Criar uma alternativa para o consumo do concentrado pode ser prejudicial, uma vez que o animal está sob estresse e o alimento não será aproveitado adequadamente. Além disso, durante o jejum, as reservas orgânicas são mais rapidamente mobilizadas, podendo assim favorecer a participação do animal na prova (Ralston, 1997). Uma estratégia muito importante é adaptar os cavalos ao consumo de água nas mais diversas situações, garantindo que o animal esteja hidratado no momento da prova e consuma adequadas quantidades de água no dia da competição. Após a participação na prova, se o animal estiver em boas condições, hidratá-lo e alimentá-lo inicialmente com volumoso. Verificar a viabilidade de fornecimento de concentrado. Caso o animal esteja demasiadamente cansado, evitar o fornecimento deste, ou fornecer quantidades menores que as habituais.   Considerações finais               O sucesso da nutrição do cavalo atleta baseia-se no fornecimento do adequado substrato energético para cada tipo de modalidade atlética a qual o animal será submetido. A correta relação entre o treinamento e a nutrição é um dos fatores importantes no desenvolvimento de um campeão. Deve-se conhecer a fundo a modalidade, suas peculiaridades e a possibilidade de aplicação dos diversos manejos nutricionais. É essencial, tratar cada atleta individualmente, respeitando sempre suas limitações. Sempre que possível e disponível, aplicar o conhecimento gerado pelos pesquisadores, nas atividades práticas e cotidianas, solicitando-lhes pesquisas em suas áreas de interesse, visando sempre a obtenção de máximo desempenho, bem estar e saúde do animal.

Gráficos e Tabelas




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