Concentração de glicose e ureia plasmática, e perdas de nitrogênio urinário em novilhas das raças Pantaneira e Girolando em confinamento suplementadas com simbiótico

Kassyo Roberto Sanches Falcão1, Marcus Vinicius Morais de Oliveira2, Vitória Soares3, Rodrigo Carvalho Ferreira4, Iago Albuquerque Dias5, Marcio Gregório Rojas dos Santos6, Henrique Kischel7
1 - Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul
2 - Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul
3 - Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul
4 - Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul
5 - Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul
6 - Universidade Estadual de Maringá
7 - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

RESUMO -

Objetivou-se com este trabalho avaliar o efeito da utilização de um simbiótico sobre as concentrações de glicose e ureia no sangue e, perdas de nitrogênio urinário de novilhas das raças Girolando e Pantaneira na região do Alto Pantanal Sul-Mato-Grossense. O experimento teve duração de 114 dias e as novilhas foram mantidas em regime de confinamento e alimentadas com cana de açúcar e ração concentrada, mais o aditivo suplementar. Infere-se que o simbiótico não promoveu alterações significativas nas concentrações sanguíneas de glicose e ureia e nem influenciou na excreção de nitrogênio urinário.

Palavras-chave: aditivos, probióticos, prebióticos, leveduras

Glucose and plasma urea concentration, and urinary nitrogen losses in heifers of the Pantaneira and Girolando breeds in confinement supplemented with symbiotic

ABSTRACT - The objective of this work was to evaluate the effect of the use of a symbiotic on glucose and urea concentrations in the blood and urinary nitrogen losses of heifers of the Girolando and Pantaneira breeds in the Pantanal South-Matogrossense region. The experiment lasted 114 days and the heifers were kept in feedlot regime and fed with sugar cane and concentrate, plus the supplemental additive. The symbiotic did not promote significant changes in blood glucose and urea concentrations, nor did it influence the excretion of urinary nitrogen.
Keywords: additives, probiotics, prebiotics, yeast


Introdução

Na busca por uma maior eficiência produtiva, há necessidade de um plano de alimentação que visa, não apenas diminuir as perdas causadas por intempéries climáticas devido a sazonalidade da biomassa forrageira, mas também evitar a superalimentação dos animais, que se reflete em perdas de nutrientes excretados nas fezes e urina. Neste sentido, uma alternativa viável é a utilização dos simbióticos. Estes são constituídos por cepas de microrganismos vivos que propiciam benefícios à saúde de seu hospedeiro, com destaque para o efeito benéfico na manutenção ou na condução da microbiota ao seu equilíbrio. Este fato se deve a exclusão competitiva, que nada mais é que a competição entre as linhagens simbióticas e enteropatogênicas por sítios de ligação na mucosa do intestino e por nutrientes (Fonseca, 2010). Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da utilização de um simbiótico nos parâmetros sanguíneos e nas perdas de N urinário de novilhas das raças Girolando e Pantaneira, confinadas e alimentadas com cana de açúcar e concentrado.

Revisão Bibliográfica

O simbiótico se caracteriza por ser um aditivo múltiplo, onde, existe a combinação entre o probiótico e o prebiótico. Assim, o efeito causado pelo simbiótico é potencializado, já que está direcionado às diferentes regiões “alvo” do trato gastrintestinal, como rúmen-retículo e os intestinos delgado e grosso (Holzapfel & Schillinger, 2002). Neste contexto, verificar se há efeitos positivos da inclusão do aditivo na dieta dos animais é de grande importância, não apenas através do ganho de peso ou da digestibilidade dos nutrientes, mas, também, na determinação dos parâmetros sanguíneos, como por exemplo, os níveis plasmáticos de glicose e ureia, dados estes que servem de suporte na avaliação de dietas e alimentos alternativos para a alimentação de ruminantes (Mendes et al., 2005). O metabolismo da glicose em animais ruminantes começou a ser reconhecido e estudado no final do século XX, assim, uma série de experimentos focaram na determinação quantitativa da concentração deste metabólito em nível plasmático e correlacionando o mesmo com as condições hormonais apresentadas pelos animais (Weeks, 1991). Em relação as frações proteicas da dieta e suas ações no metabolismo animal, autores como Payne & Payne (1987) inferem que a ureia e albumina são fortes indicadores do estado proteico do animal, assinalando, desta forma, a eficiência proteica da alimentação fornecida e suas perdas.

Materiais e Métodos

O experimento foi realizado na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, em Aquidauana. Utilizou-se 28 novilhas, 14 animais de cada raça, com idade média de 18 meses e peso corpóreo médio inicial de 185 e 211 kg para as raças Pantaneira e Girolando, respectivamente. O período experimental foi de 114 dias, 30 de adaptação e 84 dias para coleta de dados, em três períodos de 28 dias. Separou-se cada raça em dois lotes de 7 animais, em Delineamento Fatorial 2x2 e alocadas nos tratamentos: Sem Simbiótico (SS) e Com Simbiótico (CS). As novilhas foram confinadas individualmente e alimentadas com cana de açúcar triturada e concentrado (milho, farelo de soja, ureia, mistura mineral e calcário), proporção de 50:50%. Metade dos animais de cada raça receberam 10g/dia do simbiótico composto por, Saccharomyces cerevisae (5,8x1012 UFC/g); Lactobacillus acidophilus (4,2x109 UFC/g); Mananoligossacarídeos (30,00g); Beta glucanos (50,00g). Determinou-se a perda de nitrogênio urinário através de amostras de urina, coletadas na forma “spot”, do 11º ao 14º dia e processadas segundo Chizzotti et al., (2008). Determinou-se a concentração de creatinina e ureia na amostra utilizando-se kits comerciais. O cálculo da produção urinária foi realizado pela equação de Rennó et al. (2008). Realizou-se coletas de sangue no 12 e 14º dia/período, via veia caudal, utilizando-se tubos de vacuntainer com anticoagulante. Centrifugou-se as amostras e o plasma foi utilizado para análise da concentração de glicose e ureia plasmática. A concentração de ureia no plasma foi realizada segundo o método diacetil modificado, sendo a concentração de N ureico no plasma, obtida pela concentração da ureia x 0,466. Realizou-se análise estatística no Software “R” e análises de variância. As comparações de médias foram feitas através do teste F, sendo adotado o P<0,05.

Resultados e Discussão

As concentrações séricas de glicose plasmática não diferiram estatisticamente entre as raças e os tratamentos (Tabela 1). Corroborando com o resultado encontrado no presente estudo foi observado em pesquisa realizada com novilhos Angus × Hereford, que não observaram diferenças significativas nos níveis de glicose com a inclusão de leveduras nas dietas dos animais (Lehloenya, 2008). Em contrapartida em outro experimento com vacas da raça Holandesa, observou-se o aumento de 84% nos níveis de glicose para os animais que receberam a suplementação de probióticos (Kvidera, 2016).   As concentrações séricas de ureia plasmática também não sofreram efeitos significativos (P>0,05) dos tratamentos e raças, com média de 29,3 mg/dL (Tabela 1). Este resultado indica que o ambiente ruminal dos animais neste experimento estava com uma adequada degradação dos alimentos dietéticos e com um bom equilíbrio entre as concentrações de amônia e de energia fermentescível. Corroborando com os resultados obtidos no presente estudo, em experimento realizado com bezerros da raça Holandesa, a utilização de probióticos não alterou de forma significativa a concentração de ureia plasmática (Torrezan, 2016). Em relação às perdas de nitrogênio urinário também não foram observadas diferenças significativas (P>0,05) entre as raças, e também nenhuma influência do simbiótico nessa variável. Resultado similar foi observado por Hristov, (2010) ao trabalhar com vacas da raça Holandesa suplementadas com probiótico, onde não verificou diferenças estatísticas entre os tratamentos na variável perdas urinárias de nitrogênio.

Conclusões

O simbiótico não promoveu alterações nas concentrações séricas de glicose e ureia e também não influenciou na excreção de nitrogênio urinário.

Gráficos e Tabelas




Referências

CHIZZOTTI, M. L.; VALADARES FILHO S. C.; VALADARES , R. F. D.; CHIZZOTTI, F. H. M.; TEDESCHI,  L. O. Determination of creatinine excretion and evaluation of spot urine sampling in Holstein cattle. Livestock Science, Vol 113, p218-225, 2008. FONSECA, B. B.; BELETTI, M. E.; SILVA, M. S. DA; SILVA, P. L. DA; DUARTE, I. N.; ROSSI, D. A. Microbiota of the cecum, ileum morphometry, pH of the crop and performance of broiler chickens supplemented with probiotics. Revista Brasileira de Zootecnia, v.39, n. 8, p. 1756-1760, 2010. GONZÁLEZ, F.H.D.; SILVA, S.C. Bioquímica clínica de glicídes. In: Introdução a bioquímica clínica veterinária. 2ed. Porto Alegre: Editora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, p.153- 207, 2006. HOLZAPFEL, W.H.; SCHILLINGER, U. Introduction to pre- and probiotics. Trends Food Science Technology, v.35, n.2/3, p.109-116, 2002. HRISTOV, A. N.; VARGA, G.; CASSIDY, T.; LONG, M.; HEYLER, K.; KARNATI, S. K. R.; CORL, B.; HOVDE, C. J. Effect of Saccharomyces cerevisiae fermentation product on ruminal fermentation and nutrient utilization in dairy cows. Journal of Dairy Science, Vol. 93, Issue 2, p682-692, 2010. KVIDERA, S. K.; HORST, E. A.; ABUAJAMIEH, M.; MAYORGA, E.J.; SANZ FERNANDEZ, M. V.; BAUMGARD, L. H. Glucose requirements of na activated imune system in lactating Holstein cows. Journal of Dairy Science, Vol. 100, Issue 3, p2360-2374, 2007. LEHLOENYA, K. V.; KREHBIEL, C. R.; MERTZ, K.J.; REHBERGER, T. G.; SPICER, L. J. Effects of Propionibacteria and Yeast Culture Fed to Steers on Nutrient Intake and Site and Extent of Digestion. Journal of Dairy Science, Vol. 91, Issue 2, p653-662, 2008. MENDES A. R.; EZEQUIEL J. M. B.; GALATI, R. L.; FEITOSA, J. V. Desempenho, parâmetros plasmáticos e características de carcaça de novilhos alimentados com farelo de girassol e diferentes fontes energéticas, em confinamento. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 34, n. 2, p. 692-702, 2005. PAYNE, J.M.; PAYNE, S. The metabolic profile test. Oxford: Oxford University Press. 1987. 179p. R Development Core Team. R: A language and environment for statistical computing. R foundation  for statistical computing, Vienna, Austria, 2016. RENNÓ, L.N.; VALADARES FILHO, S.C.; VALADARES, R.F.D. et al. Níveis de ureia na ração de novilhos de quatro grupos genéticos: estimativa da produção de proteína microbiana por meio dos derivados de purinas na urina utilizando duas metodologias de coleta. Revista Brasileira de Zootecnia, v.37, n.3 p.546-555, 2008. TORREZAN, T. M.; SILVA, J. T.; MIQUEO, E.; ROCHA, N. B.; SILVA, F. L. M.; BALDASSIN, S.; BITTAR, C. M. M. Desempenho de bezerros leiteiros recebendo probiótico contendo Bacillus subtilis e Bacillus licheniformis. Revista Brasileira de Saúde e Produção Animal, vol.17, no.3, 2016. WEEKS, T.C.E. Hormonal control of glucose metabolism. In: TSUDA, T.; SASAKI, Y.; KAWASHIMA, R. (Eds.) Physiological aspects of digestion and metabolism in ruminants. San Diego: Academic Press. 1991. p.183-200.