CONSÓRCIO DE MILHO E FEIJÃO GUANDU NA FORMAÇÃO DE PASTAGENS DE CULTIVARES DE Urochloa brizantha

Dawson José Guimarães Faria1, Giovana Alcântara Maciel2, Marly Fernandes Guimarães3, Erik Kennedy De Carvalho Fonseca4, Aline Ribeiro de Arruda5, Luciene Santos de Oliveira6, Augusto Da Cunha Santos7, Caroline Martins Gonçalves8
1 - IFTM - Campus Uberaba
2 - Embrapa Cerrados
3 - IFTM- Campus Uberaba
4 - IFTM- Campus Uberaba
5 - IFTM- Campus Uberaba
6 - IFTM- Campus Uberaba
7 - IFTM- Campus Uberaba
8 - IFTM- Campus Uberaba

RESUMO -

Objetivou- se avaliar a produção de milho integrado com gramíneas e feijão-guandu. O experimento foi realizado no IFTM – campus Uberaba no ano agrícola 2015/2016. Utilizou-se delineamento experimental em blocos casualizados, com 7 tratamentos (milho; paiaguás; marandu; milho + marandu; milho+ marandu +guandu; milho + paiaguás; milho + paiaguás+ guandu;) e duas repetições. O preparo de solo foi convencional, o hídrido DKB 390 PRO, com 300 kg.ha-1 de adubo 8-28-16 e adotou-se espaçamento de 0,9 m entre fileiras. As sementes das gramíneas e do feijão-guandu, quando o caso, foram misturas ao adubo de plantio. Realizaram-se os tratos culturais e adubação de 150 kg.ha-1 de N. O milho foi colhido com 20% de umidade em maio de 2016. A produtividade de milho não foi influenciada pelos tratamentos, variando de 7300,5 a 8212,9 kg.ha-1, bem como a altura de inserção da espiga e massa seca de plantas daninhas. Conclui-se que a produção de milho não é influenciada pelas gramíneas e feijão-guandu.

Palavras-chave: Brachiaria brizantha, Cajanus cajan, Fixação biológica de nitrogênio, Integração agricultura e pecuária, Paiaguás.

CONSORTIUM OF MAIZE AND BRAZILIAN PIGEONPEA LINES AND PIGEON PEAS IN THE RECOVERY OF PASTURES Urochloa brizantha

ABSTRACT - The objective of this study was to evaluate the production of corn integrated with grasses and pigeonpea. The experiment was conducted at IFTM – campus Uberaba during the 2015/2016 agricultural year. A randomized block design with 7 treatments (corn; palisadegrass; paiaguas palisadegrass; corn + palisadegrass; corn + palisadegrass + pigeonpea; corn + paiaguas palisadegrass; corn + paiaguas palisadegrass + pigeonpea) and 2 replicates was used. The following conditions were used: conventional soil preparation system, DKB 390 PRO hybrid, 300 kg ha-1 of 8-28-16 fertilizer and of 0.9 m of spacing between rows. The grasses and pigeonpea seeds were mixed with the sowing fertilizer. Cultivation traits and fertilization with 150 kg ha-1 de N were carried out. The corn was harvest with 20% moisture in may 2016. Corn productivity (7,300.5 to 8,212.9 kg.ha-1), ear insertion height and weeds’ dry mass were not influenced by the treatments. It is concluded that corn production is not influenced by the grasses and pigeonpea.
Keywords: Biological nitrogen fixation, Brachiaria brizantha, Cajanus cajan, integrated systems of agriculture and livestock, Paiaguás.


Introdução

As áreas de pastagem ocupam, de longe, a maior área agricultável do Brasil, sendo a área total do país de 190 milhões de ha, sendo 74 milhões de pastagens nativas e 116 milhões classificadas como cultivadas (ANUALPEC 2013). Quando práticas de cultivo e manejo das pastagens são realizadas de forma incorreta, e ausência de manutenção destas pastagens, ocorre o processo de degradação da pastagem e do solo. São utilizadas algumas técnicas para a recuperação destas pastagens, como a Integração Lavoura-Pecuária (ILP). O consórcio de milho e guandu na pastagem é uma ótima alternativa para a recuperação, pois proporciona maior reciclagem de nutrientes, melhora a eficiência da adubação do solo, aumento na produção de forragem, melhor controle de pragas, doenças e plantas daninhas, maior rentabilidade e diversificação para o produtor, diminuição à dependência por insumos externos, redução de custos, tanto da atividade agrícola quanto da pecuária. Acrescenta-se ainda que, a venda da  silagem e, ou venda dos grãos amortizará os custos com a recuperação da pastagem, e o nitrogênio fixado pela leguminosa reduz o investimento com a compra de nitrogênio mineral. Objetivou- se, portanto, avaliar a produção de milho integrado com gramíneas e feijão-guandu.

Revisão Bibliográfica

A degradação das pastagens é definida por e Macedo e Zimmer (1993), como sendo o processo evolutivo de perda de vigor, de produtividade, de capacidade de recuperação natural das pastagens para sustentar os níveis de produção e qualidade exigida pelos animais, assim como, o de superar os efeitos nocivos de pragas, doenças e invasoras, culminando com a degradação avançada dos recursos naturais, em razão de manejos inadequados. A degradação de pastagem pode ter início com sua queda de vigor, sendo verificada uma acentuada queda na produtividade agrícola, com drástica diminuição da capacidade de suporte esperada para aquela determinada área (DIAS-FILHO, 2007). A tecnologia de integração lavoura pecuária (ILP) se constitui em sistema de produção que alterna, na mesma área, o cultivo de pastagens anuais ou perenes, destinadas à alimentação animal, e culturas destinadas à produção vegetal, sobretudo grãos (ALVARENGA, 2004). Algumas das vantagens da integração lavoura-pecuária, segundo Gonçalves e Franchini (2007), centram-se no fato da lavoura proporcionar um retorno econômico rápido, ajudando na produção de forragens nas épocas mais críticas, fornecendo nutrientes e recuperando a produtividade da pastagem. Silva et al., (2012) trabalhando com quatro combinações de pastagens (diversificadas ou puras de aveia preta, trevo branco e azevém anual) e categorias de animais (leves e pesados), submetidas ou não ao pastejo animal durante o inverno. Os tratamentos não alteraram o rendimento e o peso de mil sementes (PMS) de soja. Na cultura do milho, o pastejo animal, durante o inverno, aumentou a população de plantas e o rendimento de grãos, mas proporcionou ligeira diminuição no PMS. Os autores concluíram que, as combinações de pastos (diversificados ou puros) e categorias de animais (leves e pesados) não interferiram na cultura da soja, mas beneficiaram a cultura do milho. O Sistema Santa Brígida objetiva inserir os adubos verdes na para produção consorciada de culturas anuais com forrageiras tropicais, em sistema de plantio direto ou convencional, em áreas de lavoura, com solo parcial ou devidamente corrigido, objetivando produzir forragem na entressafra e/ou palhada para o sistema plantio direto no ano agrícola subsequente. Este sistema permite aumento do aporte de nitrogênio no solo, via fixação biológica do nitrogênio atmosférico.

Materiais e Métodos

O experimento foi realizado no IFTM – campus Uberaba, em área da latossolo vermelho, no ano agrícola de 2015/2016. Antes do preparo da área foi realizada análise de solo, com aplicação de calcário e o solo preparo com uma aração e duas gradagens. A semeadura foi realizada no dia 14 de dezembro de 2015 e adubação de estabelecimento utilizada foi de 300 kg.ha-1 do adubo 08-28-16. O hídrido de milho utilizado foi DKB 390 PRO, com espaçamento de 0,9 m entre fileiras, e estande final de aproximadamente 59.000 plantas.ha-1. Utilizou-se semeadora sendo as sementes das gramíneas e a leguminosa,  Urochloa brizantha cv. BRs Paiaguás, Urochloa brizantha cv. Marandu, e feijão guandu,  quando o caso, misturas ao adubo de plantio, na densidade de semeadura de 10 Kg.ha-1 e 8 Kg.ha-1, respectivamente. A primeira adubação de cobertura foi realizada à lanço, utilizando-se sulfato de amônia, na dose de 50 kg.ha-1 de N. Na segunda, utilizou-se ureia, na dosagem de 100 kg.ha-1 de N, sendo a distribuição realizada por adubadora/cultivadora na entre-linha do milho. Misturaram-se sementes de feijão-guandu, Paiaguás ou Marandu ao adubo, quando o caso. No entanto, não houve germinação destas sementes na entre-linha. Quando necessário, foram realizados os tratos culturais de rotina da cultura do milho, e a colheita do milho efetuada no final maio de 2016. Para avaliação da produtividade do milho foram coletadas manualmente todas as espigas de duas áreas de 4 linhas x 10 m em cada repetição, sendo estas debulhadas e os grãos pesados. Nas mesmas áreas, foram cortadas rente ao solo, todas as plantas daninhas, que foram pesadas e levadas para estufa de circulação forçada de ar para determinação da matéria seca e estimada a massa seca de plantas daninhas. Nas duas linhas do meio foi medida a altura de inserção da primeira de 10 plantas de milho. Utilizou-se 3 m das linhas de milho para contagem das plantas de milho. As variáveis analisadas foram submetidas à análise estatística do software R.

Resultados e Discussão

Não se observou diferença significativa entre os tratamentos, tanto na produção de milho, com valores variando de 7305,5 a 8212,9 kg.ha-1 (Tabela 1). Kluthcouski e Aidar (2003) também não observaram diferença significativa na produtividade do milho consorciado com espécies de Brachiaria, relatando que o sombreamento do solo pelo milho, muito provavelmente, restringiu o desenvolvimento das espécies de Brachiaria, impedindo a competição interespecífica. As gramíneas provavelmente apresentaram taxa de crescimento inicial lenta e tiveram competição desfavorável pela cultura do milho, que apresenta maior potencial de competição com plantas de menor porte, devido à maior taxa de biomassa seca produzida nas primeiras quinzenas de desenvolvimento e à elevada capacidade de interceptação da radiação fotossinteticamente ativa ao longo de seu dossel, reduzindo a quantidade desse recurso para as outras espécies. A altura de inserção de espiga não foi influenciada pelos tratamentos, variando de 99,15 e 103,55 cm (Tabela 1).  Freitas et al. (2013) verificaram que ocorreu aumento linear na altura de inserção da primeira espiga, com o aumento da população de plantas de milho, em consórcio com Urochloa ruziziensis. Observou-se que o consórcio de milho e capim-paiaguás proporcionou maior número de plantas de milho (6,67 plantas.m-1), valores intermediários foram encontrados no consórcio de milho, capim-marandu feijão guandu (5,88 plantas.m-1) e milho solteiro (5,33 plantas.m-1) e menores valores para o consórcio de milho e capim-marandu (5,17 plantas.m-1) e consórcio de milho, capim-paiaguás e feijão-guandu (5,00 plantas.m-1) (Tabela 1). No entanto, a diferença no número de plantas não foi suficiente para diferenciar a produção de milho entre os tratamentos. Observou-se que todos os consórcios tiveram menor massa seca de plantas daninhas quando comparados com a cultura do milho solteira (Tabela 1). Jakelaitis et al. (2005) observaram que não houve interação entre os arranjos de semeadura de B. brizantha e o uso de herbicidas para a comunidade infestante avaliada aos 30 DAA dos herbicidas. Os autores relataram que, apesar de não haver diferenças estatísticas entre arranjos de semeadura, constatou-se maior tendência de supressão de plantas daninhas, no arranjo de semeadura de duas linhas de B. brizantha na entrelinha do milho. Esse método de semeadura mostrou-se mais efetivo no estabelecimento inicial das plantas de B. brizantha, o que proporcionou maior ocupação da área pela forrageira e pela cultura e, em conseqüência, favoreceu o aumento da capacidade de interceptação de luz pelo dossel das plantas cultivadas, reduzindo a quantidade desse recurso para as plantas daninhas. Provavelmente este efeito também ocorreu no presente trabalho.

Conclusões

A produção de milho integrado com gramíneas e feijão-guandu não é reduzida com o consórcio com gramínea e feijão-guandu, sendo alternativa interessante na formação de pastagem.

Gráficos e Tabelas




Referências

ALVARENGA, R. C. Integração Lavoura-Pecuária. In: SIMPÓSIO DE PECUÁRIA DE CORTE, 3. Anais... Belo Horizonte - MG: UFMG, CD ROM, 2004.   DIAS-FILHO, M. B. Degradação de pastagens: processos, causas e estratégias de recuperação.3. ed. Belém: Embrapa Amazônia Oriental, 190p., 2007. FREITAS, R. J. de; NASCENTE, A. S.; SANTOS, F. L. de S. População de plantas de milho consorciado com Urochloa ruziziensis. Pesquisa Agropecuária Tropical, 43(1), 79-87, 2013.   GONÇALVES, S. E.; FRANCHINI, J. C. Integração lavoura-pecuária. Embrapa, Circular Técnica, Londrina, 2007. KLUTHCOUSKI, J.; AIDAR, H. Implantação, condução e resultados obtidos com o sistema Santa Fé. In: KLUTHCOUSKI, J.; STONE, L. F.; AIDAR, H. (Ed.). Integração Lavoura Pecuária. Santo Antônio de Goiás: Embrapa Arroz e Feijão, 2003. p. 407-442. MACEDO, M.C.M.; ZIMMER, A.H. Sistema pasto-lavoura e seus efeitos na produtividade agropecuária. In Favoretto, V.; Rodriques, L.R.A.; Reis, R.A. (eds.). SIMPÓSIO SOBRE ECOSSISTEMAS DE PASTAGENS, 2, 1993, Jaboticabal. Anais... Jaboticabal: FUNEP, UNESP, 1993. p.216-245.   SILVA, H.; A.; da; MORAES, A.; de; CARVALHO, P. C. de F.;, FONSECA, A.; F.; da; DIAS, C.; T.; dos S.). Maize and soybeans production in integrated system under no-tillage with different pasture combinations and animal categories. Revista Ciência Agronômica, 43(4), 2012. p. 757-765