CONSUMO DE CARNE BOVINA NO MUNICÍPIO DE ITAQUI – RS

Enaira Trindade1, Luciana Fagundes Christofari2, Julia Baptista Machado3, Jonhatan Magalhães Barcelos4
1 - UFSM
2 - UFSM
3 - UFSM
4 - UFSM

RESUMO -

Considerando as mudanças nos hábitos de consumo e comportamento dos consumidores conforme as oscilações na economia e o aparecimento de novas tendências de mercado, o presente trabalho pretende identificar o perfil do consumidor de carne bovina no município de Itaqui / RS, bem como os fatores que determinam e influenciam o consumo de tal produto. Para tanto, foram realizadas 99 entrevistas, que posteriormente foram tabuladas em Microsoft Excel® e realizadas análises descritivas e de frequências. Desta forma foi possível observar que a preferência dos itaquienses é a carne bovina sendo esta consumida diariamente como refeição comum, esse hábito pode ser justificado pela cultura local, pois o município participa expressivamente da produção de bovinos de corte do estado. O grande entrave no consumo da carne bovina é o preço, pois grande parte dos entrevistados respondeu que considera esse atributo decisivo no momento da compra, inclusive para os entrevistados de maior poder aquisitivo.

Palavras-chave: Consumo, carne bovina, mercado.

CONSUMPTION OF BEEF IN CITY OF ITAQUI/ RS

ABSTRACT - Considering the changes in consumption habits and consumer behavior as the economy oscillates and the emergence of new market trends, the present work intends to identify the beef consumer profile in the municipality of Itaqui / RS, as well as the factors that determine And influence the consumption of such product. For this, 99 interviews were conducted, which were later tabulated in Microsoft Excel® and descriptive and frequency analyzes were performed. In this way it was possible to observe that the preference of Itacaenses is the bovine meat being consumed daily as a common meal, this habit can be justified by the local culture, since the municipality participates expressively in the production of beef cattle of the state. The main obstacle to the consumption of beef is the price, since most of the respondents answered that they consider this attribute to be decisive at the time of purchase, even for the interviewees with higher purchasing power.
Keywords: consumption, beef, marketplace.


Introdução

No Brasil a pecuária de corte tem posição de destaque na economia, devido ao mercado doméstico e o externo. Classifica-se como o segundo maior rebanho mundial, sendo superado apenas pela Índia, que não explora a pecuária bovina com fins comerciais. Com isso, o Brasil recebe a classificação de país com o maior rebanho bovino comercial do mundo e maior exportador de carne bovina, em toneladas (TIRADO, 2008). Atualmente o mundo vem passando por grandes transformações que se estendem às mais diversas esferas (política, econômica, cultural, social, ambiental e tecnológica), o que vem gerando novas tendências de mercado (SOUKI et al, 2003). Essas transformações vêm ocorrendo devido ao processo de globalização de forma a modificar a vida e os hábitos das pessoas, hábitos relacionados a saúde alimentar e de produção sustentável (alimentos orgânicos e certificados) A carne bovina é um alimento, que se destaca por apresentar características físico-químicas como suculência, sabor, maciez, firmeza e por ser rica em diversos nutrientes, como proteínas, vitaminas, ácidos graxos, sais minerais, entre outros nutrientes exigidos para o desenvolvimento corporal, por isso ela se torna um alimento imprescindível para a saúde humana (OLIVEIRA, et.al. 2012). Segundo Oliveira et.al. (2012) identificar o perfil do consumidor permite traçar estratégias para empresas e comerciantes se manterem no mercado competitivo da carne bovina. Neste sentido, este trabalho pretende identificar o perfil do consumidor de carne bovina no município de Itaqui / RS, bem como os fatores que determinam e influenciam o consumo de tal produto.

Revisão Bibliográfica

O mercado da carne bovina brasileira passou por mudanças significativas nos últimos anos, reflexo do aumento das exportações brasileiras, que saltaram de 5,5% em 1998, para 29% em 2007 (PRADO et al., 2008). Segundo Sampaio (2006) o mercado interno sempre teve maior importância que o mercado externo para a cadeia produtiva da pecuária de corte. No entanto a estagnação do consumo interno tornou-se de maior importância para a cadeia produtiva da carne bovina brasileira, participação mais efetiva no mercado externo, como forma de escoar do produto nacional para outros países. Quando observado o mercado internacional houve, decorrente de consumidores finais, sobretudo europeus, a preocupação sobre a segurança alimentar e com a qualidade da carne bovina. Assim levaram os países importadores a adotar diversas restrições sanitárias, que muitas vezes representam barreiras não-tarifárias para o produto brasileiro. Esta foi apenas uma das adequações que o setor produtivo de carne bovina teve que sofrer, junto a estas exigências houve uma profunda transformação de estruturas nas indústrias exportadoras e nos demais atores envolvidos nas transações internacionais (SABADIN, 2006). A demanda da carne bovina está ligada a diversos fatores como: preço, qualidade, preferência, sabor e, principalmente, a renda. (MAZZUCHETTI; BATALHA, 2004). Desta forma, as tendências no consumo de carne bovina estão atreladas as características socioeconômicas do consumidor, o que constitui parâmetros importantes a fim de identificar os fatores que influenciam na compra do produto (SILVA, 2009). No estudo de Velho, et. al. (2009) o atributo que mais determina a compra de carne bovina pelos consumidores é a cor, seguida pela maciez e pelo preço da carne.  

Materiais e Métodos

Para este trabalho foi escolhida a pesquisa tipo Survey. Neste tipo de pesquisa, obtém-se informações por meio da aplicação de um questionário estruturado, o qual permite padronização na coleta de dados e facilidade de aplicação (Malhotra, 2006). A pesquisa foi desenvolvida no município de Itaqui - RS, localizado na região Oeste do estado do Rio Grande do Sul, município tem aproximadamente 38.000 habitantes (IBGE, 2010). O período de aplicação do questionário foi de março a abril do ano de 2016. Foram totalizadas 99 entrevistas em 3 supermercados e 2 açougues localizados em áreas distintas da cidade. Os questionários foram tabulados em planilhas do Microsoft Excel® onde foram realizadas análises descritivas e de frequência de respostas. Também foram realizados analises de hábitos e preferências de consumo por faixa de renda, de idade e escolaridade.

Resultados e Discussão

A amostra foi composta por 57,6% de mulheres e 42,4% de homens sendo que 100% dos entrevistados consomem carne bovina. Segundo Kotler (2000), um fator de destaque é a cultura, sendo o principal determinante do comportamento e desejos das pessoas As faixas etárias dos entrevistados foram 32,3% de 18 a 30 anos; 30,3% de 30 a 40 anos, 22,2% de 40 a 50 anos; e 15,2% acima de 50 anos, sendo que a faixa etária que a de 40 a 50 anos demostrou maior consumo médio semanal de 5kg de carne por pessoa. Os entrevistados que possuem o hábito de consumir carne diariamente representam 90,9%, 7,1% consome duas vezes por semana e 2% a cada 15 dias. Sobre suas preferências 80,8% respondeu preferir carne bovina, 10,1% carne de frango, 4% carne de peixe e apenas 2% prefere carne suína Kirinus, et. al. (2013) verificou que a carne bovina representa uma grande importância como fonte de proteína na região sul do Brasil, pois 98% de seus entrevistados a consomem. Dos entrevistados de maior poder aquisitivo, com renda acima de 3 salários mínimos, 88,7% consomem carne bovina diariamente, porém desse número 39,22% consomem uma quantidade menor que 3 kg por semana. Entre os entrevistados houve diferença nos gastos com carne entre os grupos sendo que 44,71% do grupo com maior poder aquisitivo gasta mais de R$ 300,00 por mês e 56,33% do grupo com menor poder aquisitivo gasta entre R$100,00 a R$200,00. A maior parte das compras é feita nos supermercados e essa preferência corresponde a mais de 60% dos entrevistados. Acredita-se que é possível atribuir esse fato à praticidade que os supermercados oferecem, pois estes estabelecimentos oferecem outros tipos de produtos e serviços além de praticarem preços mais acessíveis que em locais especializados. Considerando todo grupo entrevistado, a principal preferência entre os cortes foi a picanha com 39,8%. No entanto, por tratar-se de um corte nobre, o seu custo está entre os mais altos e, embora seja o preferido, não é o mais consumido entre eles. Em contrapartida, o segundo corte preferido pela maioria dos entrevistados é a costela com 23,7% e que é um corte mais comum e mais barato, fazendo com que o consumo deste corte também seja alto (35,5%). A Figura 3 apresenta o percentual de preferência e consumo dos cortes entre os entrevistados. Foram considerados atributos importantes por mais de 40% dos entrevistados: embalagem (41,46%), registro de inspeção (41,43%), preço (43,86%), método de conservação (43,40%), composição nutricional (40,58%), procedência (40,98%), local de exposição (50%), forma que foi produzida (46,91%) e facilidade de compra (45,21%).

Conclusões

Os consumidores itaquienses têm como hábito alimentar e preferência consumir carne bovina diariamente. Embora considerem importantes os atributos que demonstrem qualidade e segurança alimentar, uma percentagem significativa não verifica se há registro de inspeção no local onde efetuam suas compras. A grande maioria prefere cortes mais nobres como a picanha, mas o maior consumo constatado foi de cortes mais comuns como costela e peito. Isso ocorre devido o preço comercializado, pois quando perguntado sobre os fatores que influenciam na compra o preço foi bastante citado até mesmo pelos participantes de maior poder aquisitivo que por consequência não consomem o corte que preferem  

Gráficos e Tabelas




Referências

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Censo demográfico 2010. Rio de Janeiro, 2009. Disponível em: http://cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?lang=&codmun=431060&search=rio-grande-do-sul|itaqui. Acesso em: julho/2016 KIRINUS, J.K. et.al. Relação entre faixas de renda e o perfil dos consumidores de carne bovina da região sul do Brasil. Revista do Centro do Ciências Naturais e Exatas - UFSM, Santa Maria. v. 12 n. 12 ago. 2013. KOTLER, P. Administração de marketing: edição novo milênio. Tradução Bazán Tecnologia e Lingüística. São Paulo: Prentice Hall, 2000. MALHOTRA, N. Pesquisa de Marketing: uma orientação aplicada. 4ª ed. Porto Alegre: Bookman, 2006. MAZZUCHETTI, R. N.; BATALHA, M. O. O comportamento do consumidor em relação ao consumo e às estruturas de comercialização da carne bovina na região de Amerios/Pr. Varia scientia, v. 4, n. 8, p. 25-43, 2004. OLIVEIRA, E.C.D. et. al. Perfil do consumidor de carne bovina na região metropolitana de Parintins-AM. Congresso Norte Nordeste de Pesquisa e Inovação. Anais, 2012. PRADO, I. N. do, PRADO, R. M. do, ROTTA, P. P.Situação atual da bovinocultura de corte no Brasil. Revista Nacional da Carne, São Paulo, n 377, p.190-204, jul 2008. SABADIN, C. O comércio internacional de carne bovina brasileira e a indústria frigorífica exportadora. 123 p. Dissertação (Mestrado em Agronegócio) – Programa de Pós- Graduação em Agronegócio, Consórcio entre UFMS, UNB e UFMT, Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, Campo Grande, 2006. SAMPAIO, A.A.M.; FERNANDES, A.R.M.; HENRIQUE, W. Avanços na exploração de bovinos para produção de carne. Funep. Jaboticabal, 2006. SILVA, R. A. M. S. Porque estudar o comporta¬mento do consumidor de carnes? Informativo da Cadeia da Carne Bovina do Pantanal Mato-Gros¬sense, n. 4, p. 01-04, 2009. SOUKI, G. Q.; SALAZAR, G.T.; ANTONIALLI, L.M.; PEREIRA, C. A. Atributos que Rurais e Agroindustriais – Revista de Administração da UFLA, Lavras, v. 5, n. 2,
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