Consumo de nutrientes em ovinos alimentados com grão seco de destilaria com solúveis (Zea mays L.) em confinamento

Ilda de Souza Santos1, Luiz Juliano Valério Geron2, Francisco Palermo Neto3, Daniele Aparecida Macedo de Matos4, Cristiane Souza Rocha5, Jayne Rezende Costa6, Amanda Almeida Silva e Silva7, Daniela Barbosa8
1 - Universidade do Estado do Mato Grosso- UNEMAT
2 - Universidade do Estado do Mato Grosso- UNEMAT
3 - Universidade do Estado do Mato Grosso- UNEMAT
4 - Universidade do Estado do Mato Grosso- UNEMAT
5 - Universidade do Estado do Mato Grosso- UNEMAT
6 - Universidade do Estado do Mato Grosso- UNEMAT
7 - Universidade do Estado do Mato Grosso- UNEMAT
8 - Universidade do Estado do Mato Grosso- UNEMAT

RESUMO -

objetivou-se avaliar a inclusão de 0%; 8%; 16% e 24% de grão seco de destilaria com solúveis (GSDS) na alimentação de ovinos sobre o consumo de nutrientes (matéria seca – MS, matéria orgânica – MO, proteína bruta – PB e extrato etéreo – EE). Foram utilizadas dezesseis cordeiras com peso corporal (PC) médio de 27,6 kg, mantidas em confinamento. Os animais foram alimentados duas vez ao dia. Os dados de consumo dos nutrientes das cordeiras foram submetidos à análise de variância e as diferenças observadas foram testadas utilizando equação de regressão a 5% de probabilidade. Os níveis de inclusão de GSDS (0; 8; 16; e 24%) na alimentação de cordeiras não alterou (P>0,05) o consumo de MS, MO, PB e EE com valores médios de 1,28%; 1,22%; 0,20% e 0,02% do PC, respectivamente. Assim, conclui-se que a inclusão de até 24% de inclusão de grão seco de destilaria com soluveis na alimentação de cordeiras não altera o consumo de materia seca, materia orgânica, proteina bruta e extrato etéreo.

Palavras-chave: cordeiras, resíduo, gordura, grão milho, proteína bruta

Nutrient intake in sheeps fed distiller's dried grains with solubles (Zea mays L.) in feedlot

ABSTRACT - The objective was to evaluate the inclusion of 0%; 8%; 16% and 24% distiller dried grain with soluble (GSDS) in feed of sheep on nutrient intake (dry matter - DM, organic matter - OM, crude protein – CP and ethereal extract - EE). Were used sixteen lambs with mean body weight (BW) of 27.6 kg, allocated in confinement. The animals were fed twice a day. The nutrient intake data of the lambs were submitted to analysis of variance and the observed differences were tested using a regression equation at 5% probability. The inclusion levels of GSDS (0, 8, 16, and 24%) in the diet of lambs did not changer (P> 0.05) the intake of DM, OM, CP and EE with mean values of 1.28%; 1.22%; 0.20% and 0.02% of BW, respectively. Thus, it was concluded that the inclusion of up to 24% of distillery dried grain with solutions in feed of lambs does not changer the intake of dry matter, organic matter, crude protein and ethereal extract.
Keywords: lamb, residue, corn grain, fat, crude protein


Introdução

Nos últimos anos vem aumentando os estudos em busca de alternativas energéticas para substituir o petróleo, em virtude do seu alto valor e do efeito deste sobre a poluição ambiental. Com este novo cenário, parte da produção agrícola voltou-se para a produção de etanol (álcool) e biodiesel. O grão seco de destilaria com solúveis (GSDS) é um co-produto pouco conhecido pelos produtores de animais ruminantes no Brasil,  necessitando ser avaliado. Esse coproduto apresenta características proteicas, o qual poderá ser oferecido na alimentação de ruminantes, o que reduz o custo com alimentação, além de reduzir os problemas ambientais por resíduos no ambiente (Geron, 2007). Desta maneira, objetivou-se avaliar a inclusão de 0%; 8%; 16% e 24% do GSDS (Zea mays L.) na alimentação de cordeiras confinadas sobre o consumo dos nutrientes (matéria seca, matéria orgânica, proteína bruta e extrato etéreo).

Revisão Bibliográfica

Segundo estudo conduzido por Kim e Dale (2005), o “distiller´s dried grains with solubles (DDGS)”, ou em português grão seco de destilaria com solúveis (GSDS) apresenta-se como um co-produto da produção de etanol após a fermentação do amido de grãos de cereais por leveduras. As destilarias de etanos que utilizam os grãos de cereais como matéria prima, geram um líquido produzido pela fermentação dos grãos (mostro), o qual segue para um conjunto de centrífugas, na qual é separada a parte fina (que pode ser recirculada no processo) e a parte restante segue para evaporadores, no qual é produzido o xarope (com cerca de 50% de umidade). O xarope é misturado aos sólidos retirados na centrífuga e seco, dando origem ao DDGS, ou seja, GSDS (Rausch e Belyea, 2005). Estudos realizados por Spiehs et al. (2002) e Nuez-Ortin e Yu (2009) demonstraram que o GSDS produzido em diferentes destilarias de etanol nos Estados Unidos apresentaram um variação de 87,0 a 93,0% de matéria seca (MS); 28,1 a 32,0% de proteína bruta (PB); 8,2 a 16,5% de extrato etéreo (EE) e 35,4 a 49,5 % de fibra em detergente neutro (FDN) e 69,6% de nutrientes digestíveis totais (NDT). Porém, a composição bromatológica do GSDS produzido no Brasil de acordo com a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso – APROSOJA (2012) apresentou um teor de 96,1 % MS; 35,9% de PB; 8,9% de EE e 10,3% de fibra bruta (FB) expressos na MS.

Materiais e Métodos

O estudo foi conduzido na Universidade do Estado do Mato Grosso UNEMAT, no Campus Universitário de Pontes e Lacerda, no setor de ovinocultura e laboratório de análise de alimentos e nutrição animal. Foram utilizadas 16 cordeiras sem raça definida (SRD) com peso corporal (PC) médio de 27,6 kg. O experimento foi conduzido em confinamento parcialmente coberto, onde as cordeiras foram alojadas em 4 baias coletivas com 4 animais cada, as baias possuíam comedouros e bebedouros coletivos. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com 16 repetições e quatro rações experimentais contendo diferentes níveis de inclusão do GSDS para avaliar os seus efeitos sobre o consumo de nutrientes: matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), proteína bruta (PB) e extrato etéreo (EE). As rações experimentais foram balanceadas para conter 0%, 8%, 16% e 24% de GSDS. Os alimentos utilizados na composição bromatológica das rações foram: silagem de milho, grão de milho moído, farelo de soja e grão seco de destilaria com solúveis.  A relação volumoso/ concentrado utilizado nas rações experimentais foi de 65% e 35%.  As rações foram balanceadas segundo recomendação do NRC (2007). As rações experimentais foram pesadas e fornecidas à vontade, de maneira que houvesse aproximadamente 10% de sobras diariamente, a qual foi fracionada em duas refeições ao dia, às 06h00 e às 18h00. As amostras de alimentos e sobras foram secas em estufa a 55 ºC por 72 horas, processadas em moinho de facas, e homogeneizadas, para formar amostras compostas de sobras por baia, seguindo para as análises laboratoriais. As determinações dos nutrientes (MS; MO; PB e EE) seguiram as recomendações de Silva e Queiroz (2002). As variáveis estudadas (consumo dos nutrientes) foram submetidas à análise de variância por intermédio do software SAEG (UFV, 2007). Quando verificada significância para os níveis de inclusão do GSDS, procedeu-se a análise de regressão, considerando o efeito linear e quadrático a 5% de significância.

Resultados e Discussão

Os níveis de inclusão de GSDS (0%; 8%; 16% e 24%) na alimentação de cordeiras não alterou (P>0,05) o consumo de MS, MO, PB e EE (Tabela 2). Foram observados valores médios de consumo de MS, MO, PB e EE de 1,28%; 1,22%; 0,20% e 0,02% do peso corporal (CP), respectivamente. Este valor de consumo de MS ficou abaixo do valor observado na literatura de 2,5 a 3,5% do PC (Cabral et al., 2012 e Bochier et al., 2008). Provavelmente esta variação entre os estudos ocorreu devido as diferentes raças dos animais e ao peso corporal dos animais. Outro fato que pode ter contribuído para o baixo consumo das rações experimentais em relação a literatura, pode estar correlacionado com a elevada temperatura ambiente, a qual apresentou uma média de 36 oC durante a condução do confinamento. De acordo com Baccari Júnior (2001), a diminuição na produção animal em condições de estresse térmico, deve-se, primordialmente, a redução no consumo de alimentos (consumo de matéria seca) e a energia despendida para eliminar o excesso de calor corporal. Ainda segundo o autor a redução no consumo de alimentos é maior quanto mais intenso o estresse térmico, devido principalmente, a inibição do centro do apetite localizado no hipotálamo, resultante da hipertermia corporal. Desta maneira, estes fatos corroboram com os resultados obtidos para o consumo de MS (1,28% do PC) das cordeiras confinadas alimentadas com os diferentes níveis de GSDS em ambiente tropical de alta temperatura.

Conclusões

A inclusão de até 24% de grão seco de destilaria com soluveis na alimentação de cordeiras não altera o consumo de materia seca, materia orgânica, proteina bruta e extrato etéreo.

Gráficos e Tabelas




Referências

APROSOJA - Associação dos produtores de soja e milho de Mato Grosso. Verticalização do milho marca circuito aprosoja em Campos de Júlio. 2012. Disponível em http://tvcentrooeste.com/verticalizacao-de-milho-marcacircuito- aprosoja-em-campos-de-julio/ Acesso em 01/2017. BACCARI JÚNIOR, F.; GAYÃO, A.L.B.A.; GOTTSCHALK, A.F. et al. Metabólic rate and some physiological and production resposnses of lactating Saanen goats during thermal stress. In: INTERNATIONAL CONGRESS OF BIOMETOROLOGY, 14, 1996. Ljubjlana. Proceedings... Ljubjlana: International Society of Biometeorology, 1996. P. 119. BROCHIER, M.A.; CARVALHO, S. Consumo, ganho de peso e análise econômica da terminação de cordeiros em confinamento com dietas contendo diferentes proporções de resíduo úmido de cervejaria. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.60, n.5, p.1205-1212, 2008. CABRAL, L.S.; SANTOS, J.W.dos.;  ZERVOUDAKIS, J.T; ABREU, J. G. de.; SOUZA, A. L.; de; RODRIGUES, R. C. Consumo e eficiência alimentar em cordeiros confinados. Revista Brasileira Saúde Produção Animal, Salvador - BA, v.9, n.4, p. 703-714, out/dez, 2008.   GERON, L.J.V. Utilização de resíduos agroindustriais na alimentação de animais de produção. Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia, v.1, n.9, 110-125, 2007. KIM, S.; DALE, B.E. Environmental aspects of ethanol derived from no-tilled corn grain: nonrenewable energy consuption and greenhouse gás emissions. Biomass and Bioenergy, v.28, p. 475-489, 2005. NRC - NATIONAL RESEARCH COUNCIL Nutrient Requirements of Small Ruminants: Sheep, Goats, Cervids, and New World Camelids. 1.ed. Washington, D.C.: National Academy Press, 2007. 384p. NUEZ-ORTÍN, W.G.; YU, P. Nutrient variation and availability of wheat DDGS, corn DDGS and blend DDGS from bioethanol plants. Journal of the Science of Food and Agriculture, v.89, p.1754-1761, 2009. RAUSCH, K. D.; BELYEA, R. L. Coproducts from bioprocessing of corn. In: ASAE. Annual International Meeting. Proceedings... Tampa, EUA, p. 17-20, 2005. SILVA, D.J.; QUEIROZ. A.C. Análise de alimentos (Métodos químicos e biológicos). 2a ed., Viçosa: UFV, 2002. 178 p. SPIEHS, M.J., M.H. WHITNEY, AND G.C. SHURSON. Nutrient database for distiller’s dried grains with solubles produced from new ethanol plants in Minnesota and South Dakota. Journal of Animal Science. 80:2639, 2002. UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA - UFV.  Sistemas de Análises Estatísticas e Genéticas - SAEG. Versão 9.1. Viçosa: UFV. 2007. 150p.