CONSUMO DE QUEIJO DE BÚFALA NO MUNICÍPIO DE PARAUAPEBAS-PA

Jucelia de Almeida Santos1, Grazielle de Carvalho Reis2, Venucia de Diniella dos Santos Bourdon3, Camila Cunha da Silva4, Natália Natielle Oliveira Ribeiro Rocha5, Elizanne de Moura Lima6, Denise Ribeiro de Freitas7, Rafael Mezzomo8
1 - Universidade Federal Rural da Amazonia- Campus Parauapebas
2 - Universidade Federal Rural da Amazonia- Campus Parauapebas
3 - Universidade Federal Rural da Amazonia- Campus Parauapebas
4 - Universidade Federal Rural da Amazonia- Campus Parauapebas
5 - Universidade Federal Rural da Amazonia- Campus Parauapebas
6 - Universidade Federal Rural da Amazonia- Campus Parauapebas
7 - Universidade Federal do Amazonas- Campus Parintins
8 - Universidade Federal Rural da Amazonia- Campus Parauapebas

RESUMO -

Objetivou-se com este trabalho caracterizar o perfil dos consumidores dos derivados do leite de búfala no município de Parauapebas–PA. Foram aplicados 297 formulários em quatro estabelecimentos comerciais (supermercados) em diferentes bairros do município. Dos entrevistados, 55,9% são do sexo feminino, 50,5% cursaram até o ensino médio, 22,22% cursaram ensino superior, quanto a renda familiar dos entrevistados a maioria (48,15%) declaram renda familiar entre 2 à 3 salários. A maioria das pessoas entrevistadas (93,94%) não consomem queijo de búfala. Entre os motivos do não consumo estão: desconhecimento do produto (34,41%), preço elevado (25,81%), ausência do produto no mercado (25,45%), falta de hábito (10,04%) e não gostam do sabor (4,30%). Entre as pessoas que declaram que consomem o produto, o queijo mais consumido foi a mozzarella (46,67%), seguido do minas frescal (46,67%) e o manteiga (6,67%). O perfil socioeconômico do consumidor pode responder pelo baixo consumo efetivo do produto em suas diferenciações e que o queijo de origem do leite de búfalo é pouco conhecido por consumidores do município de Parauapebas, atribuindo-se a falta de divulgação que leva ao não consumo desse produto pela maioria dos consumidores.

Palavras-chave: búfala, entrevistados, formulário, leite.

CONSUMPTION OF BUFFALO CHEESE IN THE MUNICIPALITY OF PARAUAPEBAS-PA

ABSTRACT - The objective of this work was to characterize the profile of consumers of buffalo milk derivatives in the city of Parauapebas-PA. 297 forms were applied in four commercial establishments (supermarkets) in different districts of the municipality. of the interviewees, 55.9% were female, 50.5% attended high school, 22.22% attended higher education, and the majority of respondents (48.15%) reported family income between 2 and 3 wages. Most people interviewed (93.94%) do not consume buffalo cheese. Among the reasons for non-consumption are: product ignorance (34.41%), high price (25.81%), absence of the product on the market (25.45%), lack of habit (10.04%) and like the flavor (4.30%). Among the people who reported consuming the product, the most consumed cheese was mozzarella (46.67%), followed by fresh mines (46.67%) and butter (6.67%). The socioeconomic profile of the consumer may be due to the low effective consumption of the product in its differentiations and that the cheese of buffalo milk origin is little known by consumers in the city of Parauapebas, attributed to the lack of disclosure that leads to the non consumption of this product By most consumers.
Keywords: buffalo, interviewed, form, milk.


Introdução

A bovinocultura de leite e os segmentos processadores de produtos lácteos desempenham um papel fundamental no desenvolvimento socioeconômico brasileiro. O setor lácteo no Brasil, durante as décadas de 1970 e 1980, foi subsidiado por instrumentos públicos de comercialização, fundamentalmente por meio da fixação de preços, visando à geração de excedentes ao produtor. O aumento de poder de compra nos últimos anos aliada à maior preferência por produtos de maior qualidade e aos benefícios à saúde incentiva o aumento da demanda de leite (NASCIMENTO & DÖRR, 2010). Assim, a procura por fontes alternativas de alimentos tem sido tópico de pesquisas extensivas nas ultimas décadas. Nesse contexto, o leite de búfala é promissor, pois, apresenta elevado valor nutritivo (DUBEY et al., 1997), podendo ser utilizado tanto para o consumo fluido ou como matéria-prima para elaboração de produtos lácteos, que podem variar conforme a cultura de cada região. O leite tem coloração branco-opaca e sabor adocicado, é mais concentrado do que o dos bovinos, possui maiores teores de proteína, gordura e minerais. Estas características proporcionam a elaboração de produtos lácteos de qualidade superior àqueles produzidos com leite bovino, como, por exemplo, queijos, manteiga, iogurte e doce de leite (MACEDO, 2001). A grande importância do leite bubalino está em proporcionar produtos lácteos de grande qualidade (mozzarella e iogurte). Seu rendimento industrial pode superar o rendimento do leite bovino em mais de 40%. O mercado para os derivados do leite de búfala está em franca expansão no Brasil. Estes produtos, em especial a mozzarella e a ricota, são procurados não só por seu sabor característico, mas também por suas qualidades nutricionais (TEIXEIRA et al., 2005), com rendimento entre 20 a 25%, em função do seu elevado teor em extrato seco total (VERRUMA; SALGADO, 1993). Em função deste teor de extrato seco total, para elaboração de um quilo de queijo é necessário cerca de 5,5 litros. Com isso o conhecimento do perfil do consumidor é de grande importância na cadeia produtiva dos produtos agrícolas, pois mudanças neste perfil podem levar a uma mudança em toda a cadeia produtiva (VIANA & RÉVILLION, 2010). E assim objetivou-se com este trabalho caracterizar o perfil dos consumidores dos derivados do leite de búfala no município de Parauapebas–PA.

Revisão Bibliográfica

Os búfalos apresentam importância zootécnica relevante na pecuária brasileira, demonstrada pela qualidade sensorial, nutricional e funcional dos produtos (carne, leite e derivados); por sua grande adaptabilidade, como opção econômica aos mais diversos ambientes; por sua rusticidade, tem mostrado respostas satisfatórias consumindo alimentos não concorrentes com o de outras espécies e resíduos agroindustriais que, potencialmente, causariam danos ambientais relevantes e; ainda por sua capacidade de transformar gramíneas em derivados de alto valor agregado e dejetos de alto valor, destacando estes animais como importante elo em sistemas naturais de produção (BERNARDES, 2007). Resultados de pesquisas realizadas por Hühn et al. (1982) na Amazônia, revelaram que o leite de búfala apresenta composição química superior em qualidade, em relação ao leite da vaca bovina, em 43,81% nos sólidos totais, 43,60% na gordura, 17,10% no extrato seco desengordurado, 41,54% na proteína (caseína), 2,4% na lactose, 15,30% no resíduo mineral fixo, 42,10% no cálcio e 42,86% no fósforo. A produção de queijo artesanal constitui uma das atividades geradoras de renda familiar para pequenos agricultores, com o processamento ocorrendo de acordo com a tradição familiar ou da região (FIGUEIREDO, 2006), participando da identidade sociocultural e gastronômica de um povo, portanto, constituindo patrimônio que merece ser preservado (MACHADO, 2002).

Materiais e Métodos

Foi elaborado um formulário com interesse de traçar o perfil do consumidor de derivados de leite no município de Parauapebas – PA e a preferência por lácteos de búfalas. No qual foram aplicados em quatro estabelecimentos comerciais (supermercados), no período de janeiro à fevereiro de 2016, em diferentes bairros da cidade com intuito de abranger diferentes classes sociais para que se obter um melhor percentual de heterogeneidade populacional, foram considerados na escolha dos locais: fluxo constante de pessoas e facilidade de acesso de diversas regiões do País. O questionário foi elaborado em 26 questões, onde foram respondidas pelos clientes mediante a uma entrevista realizada dentro dos supermercados. Foram abordadas 297 pessoas as quais responderam às perguntas em questão que estão relacionadas ao consumo de queijo e perfil socioeconômico, os entrevistados foram selecionados por amostragem aleatória sistematizada. A tabulação dos dados e a análise estatística descritiva foram realizadas no software Microsoft Excel® (versão 2010).

Resultados e Discussão

Das pessoas entrevistadas, 55,9% são do sexo feminino, 50,5% cursaram até o ensino médio, 22,22% cursaram ensino superior. Com relação a renda familiar dos entrevistados, 9,09% tem renda de até 1 salário mínimo, 48,15% ganham entre 2 à 3 salários, 26,60% entre 4 à 6 salários, 10,77% entre 7 á 10 salários, 2,36% pessoas possuem renda acima de 15 salários mínimos, 2,02% pessoas possuem renda de 10 à 15 salários, e 1,01% pessoas não quiseram responder. Dos 297 entrevistados, a maioria (93,94%) declarou não consumir queijo de búfala, por motivos como: não conhecer a existência desse produto (34,41%), outras pessoas (25,81%) atribuem ao preço do produto ser muito elevado, não encontram o produto para comprar (25,45%), outros entrevistados (10,04%) disseram que não tem o hábito e 4,30% das pessoas não gostaram quando experimentaram. Em relação aos que afirmaram consumir algum derivado do leite de búfala, verificou-se qual o tipo de derivado era o mais consumido. No qual a mozzarela foi a mais citada (46,67%), seguido pelo queijo minas frescal (46,67%) e a manteiga sendo a menos consumida (6,67%). Quanto a frequência de consumo, a maioria das pessoas consomem apenas 1 vez por mês (55,56%), 11,11% consomem no mínimo 2 vezes por semana e 16,57% consomem ocasionalmente. Entre as diferentes formas de consumo, 38,89% citaram que consomem como petisco, 27,78% consomem como ingrediente da culinária, 16,67% consomem no café da manhã, 11,11% consomem na panificadora e 5,56% consome no lanche. Em seguida, questionou-se acerca do conhecimento sobre as diferenças nutricionais entre o leite de búfala e o leite de vaca. Apenas 8,08% das pessoas afirmaram ter conhecimento. As diferenças citadas foram: menos calorias (50%), mais proteína (25%), mais nutrientes (12,50%), mais calorias (8,33%), menos sódio (4,17%). Atribui-se o não consumo do queijo de búfalo a falta de divulgação do produto, pois a maioria dos entrevistados desconhece a existência da produção desse produto na região e uma boa parte que conhece não sabe aonde encontrar para a compra. Acredita-se que aumentando as estratégias de venda e divulgação desse produto a venda e consumo irão aumentar significativamente. Esses resultados nos mostram que a maioria dos entrevistados desconhece as diferenças nutricionais do queijo elaborado com leite de búfala e de vaca. Esse resultado pode ter sido observado, pois a maioria das pessoas entrevistadas possuem renda familiar baixa. Como o queijo de búfala apresenta preço mais elevado, normalmente é consumido com mais frequência por famílias com poder aquisitivo mais elevado. Nesse sentido, indica-se que seja realizada uma nova pesquisa com pessoas com maior poder aquisitivo e maior nível de escolaridade, com o intuito de compreender melhor o real potencial do consumido de queijo em Parauapebas-PA, com isso direcionar o setor produtivo para atender diferentes nichos de mercado, até mesmo, o mercado de queijos finos, se houver demanda.

Conclusões

O perfil socioeconômico do consumidor responde pelo consumo efetivo do produto em suas diferenciações e que o queijo de origem do leite de búfalo é pouco conhecido por consumidores do município de Parauapebas, atribuindo-se a falta de divulgação que leva ao não consumo desse produto pela maioria dos consumidores.


Referências

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