Consumo e Digestibilidade de Vacas Girolando Suplementadas com Semente de Linhaça (Linum usitatissimum)
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RESUMO -
Objetivou-se avaliar o consumo e digestibilidade de vacas Girolando (3/4 Holandês x 1/4 Gir), mantidas em sistema de pastoreio em capim Mombaça (Panicum maximum) e suplementadas com semente de linhaça (Linum usitatissimum). O experimento foi realizado no Setor de Bovinocultura da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul / Campus de Aquidauana/MS. Foram utilizadas 6 vacas em lactação, distribuídas num delineamento experimental em Quadrado Latino e submetidas aos tratamentos: CT; 200L; 400L; 600L; 800L e 1000L. Foi realizada a avaliação do consumo e digestibilidade os dados foram submetidos à análise de variância e estudos de regressão com utilização do software estatístico R. Apesar de ter apresentado diferença numérica, não houve diferença estatística para os dois parâmetros avaliados. Portanto, o consumo e digestibilidade não foram influenciados pela inclusão de semente de linhaça na dieta de vacas Girolando a pasto.
Consumption and Digestibility of Girolando Cows Supplemented with Flaxseed (Linum usitatissimum)
ABSTRACT - The objective was to evaluate the consumption and digestibility of Girolando cows (3/4 Holandês x 1/4 Gir), kept in pasture system in Mombaça grass (Panicum maximum) and supplemented with flaxseed (Linum usitatissimum). The experiment was carried out in the Sector of Bovinocultura of the Univerdade Estadual de Mato Grosso do Sul/ Campus of Aquidauana / MS. Six lactating cows were used, distributed in an experimental design in Latin Square and submitted to treatments: CT; 200L; 400L; 600L; 800L and 1000L. The consumption and digestibility data were submitted to analysis of variance and regression studies using statistical software R. Although there was a numerical difference, there was no statistical difference for the two parameters evaluated. Therefore, consumption and digestibility were not influenced by the inclusion of flax seed in the diet of Girolando grazing cows.Introdução
Como estratégia para diminuir os efeitos advindos do Balanço Energético Negativo tem-se aumentado os níveis de concentrados na dieta de vacas leiteiras no pós-parto (SILVA et al., 2009). No entanto, este fornecimento deve ser limitado, pois o excesso de carboidratos não estruturais afeta a fermentação no rúmem, diminui o pH, causa distúrbios metabólicos, como a acidose, e promove uma redução da concentração ruminal do ácido acético, principal precursor da gordura no leite (CLEEF et al., 2009).
A alimentação de vacas leiteiras com sementes de oleaginosas na forma integral é de grande importância, já que os ácidos graxos encontram-se naturalmente protegidos e assim não interferem no metabolismo microbiano ruminal, sendo, portanto, os nutrientes digeridos e aproveitados em nível intestinal.
O linho (Linum usitassimum) é uma planta de ciclo anual, da qual sua semente é chamada de linhaça, apresentando a variedade dourada e marrom, ambas com semelhante composição nutricional (Henrique e Pivaro, 2012). Além da sua utilização na indústria têxtil, tem uso significativo na nutrição humana e apresenta vantagem na alimentação de ruminantes, desde que não acarrete diminuição na produção de leite e que sua aquisição não seja onerosa.
Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar as taxas de consumo e digestibilidade dos diferentes níveis de inclusão de semente de linhaça na dieta de vacas leiteiras da raça Girolando.
Revisão Bibliográfica
Estudos vem sendo realizados para determinar o consumo de linhaça. Segundo Petit e Benchaar, (2007) o fornecimento de 10 e 12% de semente de linhaça, na matéria seca, na dieta de vacas em lactação não influencia no consumo de matéria seca no período pré-parto, mas aumenta o consumo de matéria seca no pós-parto. Por outro lado, Petit (2002) e Secchiari et al., (2003) verificaram que o fornecimento de 15% de semente de linhaça não influenciou o consumo de matéria seca de vacas lactantes.
A suplementação de vacas leiteiras no início da lactação com dietas contendo 12% de semente de linhaça aumentou a digestibilidade da proteína bruta e do extrato etéreo, com diminuição da digestibilidade da fibra em detergente ácido (da SILVA et al., 2007). O fornecimento de 10% de semente de linhaça para vacas primíparas em lactação causa aumento na digestibilidade do extrato etéreo, sem haver alteração na digestibilidade da matéria seca e da fibra em detergente neutro (OBA et al. 2009).
A digestibilidade da fibra está associada aos processamentos físicos que a semente de linhaça sofre, como a moagem, que facilita o acesso dos microrganismos ruminais às partículas do suplemento fornecido. De acordo com Gonthier et al., (2004) a digestibilidade da fibra em detergente neutro e da matéria seca, foi maior com a adição de 12,6% de linhaça moída em relação a dieta basal. No entanto, o efeito causado pela semente é dependente da quantidade fornecida, devido à alteração da taxa de passagem e diminuição do consumo de matérias seca.
Materiais e Métodos
O presente estudo foi conduzido no Setor de Bovinocultura Leiteira da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), no município de Aquidauana/MS onde foram mantidas 6 vacas da raça Girolando (3/4 Holandês x 1/4 Gir) em sistema de pastoreio rotacionado em Panicum maximum cv Mombaça, numa área de 8 hectares subdividida em 16 piquetes de 0,5 hectares. As vacas receberam diariamente, de forma individual, 2 kg de ração concentrada numa relação de 2:1, leite e ração. A suplementação com semente de linhaça (Linum usitatissimum) foi feita junta ao concentrado logo após as duas ordenhas. O concentrado foi constituído de milho moído, farelo de soja, ureia/sulfato de amônio (relação 9:1), calcário e sal mineral. Os tratamentos foram CT- Controle (sem inclusão de semente de linhaça); 200L- 200 gramas de semente de linhaça; 400L- 400 gramas de semente de linhaça; 600L- 600 gramas de semente de linhaça; 800L- 800 gramas de semente de linhaça e 1000L- 1.000 gramas de semente de linhaça. Os animais foram distribuídos aleatoriamente num Delineamento em Quadrado Latino 6x6 (14 dias por período). O consumo de forragem pelos animais foi determinado indiretamente pelo método de FDAi como marcador interno, segundo Craig et al., (1984). A digestibilidade aparente das dietas (pasto, ração e suplemento) foi determinada pela coleta de alíquotas de 50 gramas de fezes na ampola retal, nos dias 11, 12, 13 e 14 de cada período experimental, após a ordenha da manhã e da tarde, de maneira alternada, formando-se uma amostra composta do período por animal. Amostradas de capim, ração e semente de linhaça, foram coletadas e armazenadas a -20ºC. E posteriormente, no Laboratório de Nutrição Animal da UEMS, realizadas as análises bromatológicas das amostras por animal e por período. A produção fecal dos animais foi determinada realizando-se a coleta total de fezes, onde o capim foi disponibilizado no cocho ad libitum e os alimentos concentrados fornecidos conforme os respectivos tratamentos.Resultados e Discussão
Os resultados a cerca do consumo em função dos tratamentos são apresentados na Tabela 1, onde pode ser observado que não houve alteração no consumo de matéria seca, proteína bruta. Fatos estes que mostram que o grão na forma inteira não inibiu o crescimento microbiano, e consequentemente não alteraram a fermentação da fibra e nem a taxa de passagem.
O consumo de fibra em detergente neutro (FDN) não apresentou diferença significativa, onde as taxas de passagem e fermentação são mais lentas, exercendo grande influência na digestibilidade dos componentes não fibrosos, sendo considerado o nutriente de maior importância em estudos sobre ingestão de matéria seca.Na Tabela 2 são apresentados os coeficientes de digestibilidade dos nutrientes, podendo ser observado que a matéria seca, proteína bruta, fibra em detergente neutro não apresentaram alteração, independente da quantidade de semente de linhaça incluída na dieta. Assim como para energia digestível, indicando que a energia disponível ao animal não foi alterada pela suplementação lipídica fornecida. Tais fatores causados pelo fornecimento de semente de linhaça na forma integral (sem alteração física ou química), mantendo a oleaginosa protegida da degradação ruminal.
Conclusões
O consumo e digestibilidade da matéria seca, proteína e fibra em detergente neutro não são influenciados pela inclusão de semente de linhaça na dieta de vacas Girolando a pasto.
Gráficos e Tabelas
Referências
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