Correlação linear entre eficiência alimentar e características de desempenho e morfométricas em bovinos da raça Nelore
Jennifer Francine Pereira1, Jessica Moraes Malheiros2, Nathalia Ferrraz Silveira3, Thainna Carrera Porto4, Ana Beatriz de Menezes Gomes5, Felipe Massaharo Teramoto Krieck6, Josineudson Augusto II Vasconcelos Silva7, Guilherme Costa Venturini8
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RESUMO -
O objetivo do presente estudo foi verificar a correlação fenotípica existente entre consumo alimentar residual e características de desempenho e morfométricas em bovinos da raça Nelore. Foram utilizadas informações de 120 machos inteiros com idade média de 550 dias e peso de 388,6 kg. Os animais foram alojados aleatoriamente em quatro piquete, equipados com cinco cochos do Sistema Intergado®. Dados das classes CAR (baixo e alto) foram submetidos à análise de variância pelo teste F a 5% de probabilidade. Correlações simples de Pearson foram estimadas e somente foram significativos (P<0,05) para AOL com EGS PE e PF; e PF com EGS e PE. Conclui-se que a classificação com base em CAR permite identificar animais com potencial para melhorar a eficiência produtiva do rebanho. Além disso, PT poderia trazer ganhos significativos na mesma direção principalmente para peso final e profundidade que estão diretamente relacionadas com características de carcaça e precocidade.
Palavras-chave: Altura de garupa; CAR; perímetro torácico.
Linear correlation between feed efficiency, performance and morphometric traits in Nellore cattle
ABSTRACT - The aim of the present study was to verify the phenotypic correlation between residual feed intake, performance and morphometric traits in Nellore cattle. Were used informations from 120 bulls with mean age of 550 days and weight of 388.6 kg. The animals were housed, randomly in four paddocks, equipped with five feed bunk of the Intergado® System. Data from the CAR (low and high) classes were submitted to analysis of variance by the F test at 5% probability. Pearson's simple correlations were estimated and only significant (P <0.05) for AOL with EGS, PE and PF; and PF with EGS and PE. It is concluded that the classification based on CAR allows to identify animals with potential to improve the productive efficiency of the herd. In addition, PT could bring significant gains in the same direction, especially for the final weight and depth, because they are directly related to carcass traits and precocity.Keywords: CAR; hip height; thoracic perimeter.
Introdução
Segundo a FAO, (2015), as projeções para produção e comercialização da carne bovina brasileira podem ser de intenso crescimento para os próximos anos. Esta perspectiva possivelmente se deve ao melhoramento genético, eficiência alimentar e aumento do peso da carcaça. A alimentação é sem dúvida o setor que dispõe maior custo para a produção animal (PACHECO et al., 2005). Portanto, selecionar animais eficientes representaria um aumento na capacidade de lotação e redução na quantidade de alimento disponibilizado. Assim, a aplicação do melhoramento genético animal para avaliar a eficiência alimentar pode influenciar não somente à redução dos custos de produção, mas também à melhoria do sistema de produção como um todo (NKRUMAH et al., 2006). A conversão alimentar residual (CAR) por apresentar variabilidade genética entre animais pertencentes à mesma população e herdabilidade com magnitude moderada se torna uma característica eficiente e acurada (LANCASTER et al., 2009). Com isso, o presente trabalho objetiva avaliar a associação fenotípica entre eficiência alimentar e as características morfométricas e de desempenho por meio do consumo alimentar residual em animais da raça Nelore.Revisão Bibliográfica
Os programas de melhoramento genético bovino ultimamente vem avaliando os animais por meio da eficiência alimentar. Esta eficiência é medida através do cálculo do consumo alimentar residual (CAR) que leva em consideração o peso vivo metabólico (PV0,75), o consumo de matéria seca por período e o ganho de peso (FIDELIS et al., 2017; YAO et al. 2017). A eficiência alimentar via CAR é individual e geralmente medida em períodos de 56 dias (provas zootécnicas em confinamento) sendo estes indivíduos alocados em baias individuais ou em sistemas com identificação eletrônica como Growsafe e Intergado. Para estimar o CAR Sainz et al. (2006) ressaltaram que é necessário registrar a quantidade de alimento diário ofertada e a sobra da mesma, assim como o ganho médio diário de peso de cada individuo participante da prova. Estudos como de Fernandes et al., 2014 avaliaram animais por meio do CAR e relataram que animais eficientes para esta característica consomem menos alimento, mas mantêm o mesmo nível de produção que os ineficientes. Assim, também os autores avaliaram se haveria correlação linear entre a eficiência alimentar via CAR e características de desempenho, morfológica.Materiais e Métodos
O estudo foi realizado no Centro de Inovação em Genética e Nutrição Animal (CIGNA), do Departamento de Melhoramento e Nutrição Animal, FMVZ, Unesp, Botucatu. Os dados a serem utilizados no projeto foram coletados em 2016 e foram oriundos do Teste de Eficiência Alimentar do Programa Nelore Qualitas. Foram utilizadas informações de 120 animais Nelore com idade média de 550 ± 23 dias e peso inicial de 388,6 ± 41 kg. Os animais foram alojados, aleatoriamente em quatro piquete. Cada área foi equipada com cinco cochos do Sistema Intergado®, sistema de monitoramento eletrônico de alimentação por meio de brinco de identificação (transponder). Este sistema utilizou de rádio frequência para documentar padrões de alimentação de indivíduos em lotes. O sistema identificou e registrou a visita dos animais, armazenando dados como tempo de permanência no cocho, frequência e quantidade de ração consumida. Para atender o GMD igual a 1,3kg, além de calcular a dieta por meio das exigências nutricionais do NRC (2006) este foi fornecida três vezes ao dia. Por meio da sobra de dieta (entre 5 e 10%) foi calculada a quantidade de ração ofertada com a finalidade de assegurar consumo ad libitum. A prova de eficiência alimentar teve duração de 70 dias, com 14 dias de adaptação dos animais a dieta e ambiente. As características avaliadas foram consumo alimentar residual (CAR); peso final (PF); perímetro torácico (PT), altura de cernelha (AC), altura de garupa (AG), comprimento (COMP), profundidade (PROF) e ganho médio diário (GMD). Devido variabilidade fenotípica da característica CAR, a mesma foi dividida em baixo CAR e alto CAR. Com isso, dados das diferentes classes (CAR) foram submetidos à análise de variância para verificar a influência sobre as demais características analisadas pelo teste F a 5% de probabilidade. Correlações de Pearson foram estimadas pelo procedimento PROC CORR do programa estatístico SAS (SAS 9.1, SAS Institute, Cary, NC, USA) com 5% de significância.Resultados e Discussão
Foi observado (Tabela 1) médias de PF, GMD e morfométricas superiores ao encontrado por Machado et al. (2014) que relataram médias iguais a 328,7kg; 1,18kg; 130,7cm(AC) e 140,0cm (AG), respectivamente. Os animais do presente estudo apresentaram maiores medias por serem touros participantes de programas de melhoramento genético animal e consequentemente foram pré-selecionados. O CAR não apresentou correlação significativa (p>0,05) com as características avaliadas. Assim, alterações nesta variável não influenciam as medidas fenotípicas em bovinos Nelore (Tabela 2). Resultados semelhantes foram encontrados em outros trabalhos como de Fernandes et al. (2014) que não encontraram correlação significativa (P>0,05) do CAR com outras características de importância econômica. Mesmo não apresentando correlação linear significativa, o CAR poderia alterar o consumo alimentar abaixo da média populacional melhorando consequentemente a eficiência produtiva do rebanho. Foi observado correlação alta, positiva e significativa (p<0,05) entre PT com as características de PF (0,73) e PROF (0,62). Esta correlação entre PT e PF também foi constatado por Rosa et al. (2014) e se assemelha aos trabalhos de Freneau et al. (2008), Menezes et al. (2008) e Reis et al. (2008). PT também apresentou correlação significativa (p<0,05) de média magnitude com AC (0,33) e AG (0,38) corroborando com os resultados obtidos por Lôbo et al. (2012). Portanto, PT seria um bom indicativo para predizer o ganho de peso e assim contribuir para aumentar produção de proteína animal de bovinos terminados em confinamento. A AC e AG apresentaram correlação positiva e significativa (p<0,01) com as variáveis de PF e PROF. Assim como COMP e PROF também mostraram correlação positiva e significativa (p<0,01) com o PF. No entanto, apesar da seleção por meio destas características possivelmente auxiliar no ganho peso final do animal, as mesmas afetam negativamente e ocasionam perdas no GMD.Conclusões
Conclui-se que a classificação com base em CAR (eficiência alimentar) permite identificar animais com potencial para melhorar a eficiência produtiva do rebanho sem interferir significativamente características morfométricas e peso final. Entretanto, o PT poderia trazer ganhos significativos na mesma direção principalmente para peso final e profundidade, características relacionadas com peso da carcaça e precocidade.Gráficos e Tabelas
