Descrição Macroscópica da Dentição de Preguiça-Real (Choloepus didactylus, Linnaeus, 1758)
Thais Emanuely dos Santos Amaral1, José Humberto Fernandes da Rocha Sobrinho2, Jaíne Gabriela da Silva Rodrigues3, Adriana Caroprezo Morini4, Jessica de Carvalho Pantoja5
1 - Universidade Federal do Oeste do Para
2 - Universidade Federal do Oeste do Para
3 - Universidade Federal do Oeste do Para
4 - Universidade Federal do Oeste do Para
5 - Universidade Federal do Oeste do Para
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3 - Universidade Federal do Oeste do Para
4 - Universidade Federal do Oeste do Para
5 - Universidade Federal do Oeste do Para
RESUMO -
Este trabalho disponibiliza informações que possibilitam conhecer a dentição de preguiças, descrevendo e analisando quantitativamente suas particularidades morfológicas externas. Foram utilizados seis animais para a análise topográfica e destes, dois foram selecionados para descrição macroscópica e morfométrica dos dentes, incluindo medidas de comprimento, largura, espessura e diâmetro. Os animais apresentaram 18 dentes molares no total, com molares frontais maiores, de aparência semelhante a dentes caninos, e distanciados do restante dos dentes por uma lacuna. Os dentes se tornam mais pontiagudos e perdem sua tonalidade escura para uma cor cada vez mais esbranquiçada á medida que envelhecem, devido ao atrito com o alimento.
Palavras-chave: dentes, morfologia, bicho-preguiça
Macroscopic Description of the Two-Toed Sloths Dentition (Choloepus didactylus, Linnaeus, 1758)
ABSTRACT - This study aimed to provide information to know the dentition of sloths, describing and quantitatively analyzing their external morphological characteristics. Six animals were used for topographic analysis, the two groups were defined for the macroscopic and morphometric description of the teeth, including measures of length, width, thickness and diameter. The animals had 18 molar teeth in total, with larger frontal molars, similar in appearance to canine teeth, and distanced from the rest of the teeth by a gap. The teeth become sharper and lose their dark tonality to an increasingly whitish color as they grow older due to friction with food.Keywords: tooth, morphology, sloth
Introdução
A superordem Xenarthra reúne animais com características bem específicas, tais com tamanduás e preguiças, mamíferos placentários que fazem parte da ordem Pilosa, na qual os membros possuem considerável quantidade de pelos cobrindo o corpo, como característica principal. Estes mamíferos apresentam uma dentição mais simples, devido sua alimentação pouco diversificada (HICKMAN; ROBERTS; LARSON, 2012). As preguiças da espécie Choloepus dydactilus, conhecida popularmente como preguiça-real, possuem atividade norturna e lenta, sua dieta inclui principalmente folhas e frutos, além de alguns alimentos oriundos de animais. No Brasil, ocorrem na região Amazônica e encontram-se, atualmente, ameaçados de extinção principalmente pela perda de habitat (HICKMAN et al., 2012; MACHADO, DRUMOND; PAGLIA, 2008) As informações que possibilitem conhecer a morfologia detalhada sobre os dentes de preguiça são escassas. Sendo assim, este trabalho teve como objetivo descrever e analisar quantitativamente particularidades morfológicas inerentes da anatomia macroscópica da dentição de Choloepus dydactilus.Revisão Bibliográfica
Segundo Hickman, Roberts e Larson (2012) as preguiças são mamíferos com hábitos noturnos e alimentação singular composta basicamente por folhas, brotos e frutos. Para Azarias et al. (2016) em estudo com preguiça de coleira, esses animais nascem dentados e seus dentes crescem continuamente e se desgastam a medida eu envelhecem. Além disso, toda sua dentição apresenta características molariformes, sem muitas sofisticações. Estes mamíferos encontram-se atualmente ameaçados de extinção pela perda de habitat (MACHADO; DRUMOND; PAGLIA, 2008)Materiais e Métodos
Para as descrições topográficas da anatomia dentária, foram utilizados seis preguiças – cinco fêmeas (três adultas, uma jovem e uma filhote) e um macho jovem – oriundos do Jardim Zoológico das Faculdades Integradas do Tapajós (ZooFIT/UNAMA) sob a licença SISBIO número 1848708. Animais estes que vieram a óbito por diversas patologias e que se encontravam em bom estado de conservação. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética no Uso de Animais (CEUA) da Universidade Federal do Pará (UFOPA), sob o número 06006-2016. O comprimento corporal total das preguiças (distância entre o ápice do crânio até a base da cauda) foi mensurado por fita métrica, posteriormente, os dentes de todos os indivíduos foram fotografados na cavidade oral, em seguida, foram selecionados um animal adulto e um animal filhote para descrição macroscópica e morfométrica dentária, retirando-lhes a mandíbula e a maxila, prosseguindo ao cozimento desses ossos para que os dentes fossem facilmente removidos de seu alvéolo. As medidas dentárias foram obtidas com paquímetro digital, tomando nota da largura, comprimento, espessura e diâmetro. Para o diâmetro fez-se necessário à utilização de um barbante acompanhando a anatomia dentária. Todas essas etapas foram anotadas e foto-documentadas.Resultados e Discussão
Nos seis animais analisados, a dentição estava completa, composta apenas por dentes molares, apresentando em cada hemiarcada, cinco dentes na maxila e quatro na mandíbula (figura 1), perfazendo um total de dezoito dentes, separados por espaços interdentários, similar ao encontrado em Bradypus torquatus (AZARIAS et al, 2016). Os molares frontais de C. didactylus são maiores, como caninos, e distanciados do restante dos dentes por uma lacuna (diastema). A anatomia dentária nestes espécimes pode estar relacionada ao hábito alimentar herbívoro. Quando filhotes, essas preguiças apresentam dentes com pigmentação escura, a qual vai se perdendo e ficando mais branco, conforme envelhecem. Figuras 1 e 2. O dente da preguiça-real apresenta independentemente da idade, um formato semelhante, indicando não existir uma especialização dental e complexidade morfológica, haja vista que a anatomia se mostrou simples. A arcada dentária do maxilar e da mandíbula apresentam as faces vestibular, lingual, distal, mesial e oclusal, destacando-se ainda a presença de cúspides (AZARIAS et al, 2016). As medidas dos dentes dos animais filhote (tabela 1) e adulto (tabela 2) estão expostos abaixo. Figura 1 - Cavidade oral de um filhote de Choloepus didactylus, com dentes menores, menos pontiagudos e coloração escura. Figura 2 - Cavidade oral de um adulto de Choloepus didactylus, com dentes maiores, mais pontiagudos e coloração clara. Tabela 1 – Morfometria dos dentes do filhote de Choloepus didactylusFilhote | Molares superiores (mm) | Molares inferiores (mm) | |||||||
I | II | III | IV | V | I | II | III | IV | |
Altura da raiz ao ápice | 16,5 | 4,6 | 7,4 | 3,7 | 3,5 | 13,5 | 3,9 | 5,8 | 4,7 |
Raiz | 10,0 | 6,6 | 4,1 | 5,5 | 6,6 | 7,5 | 7,4 | 8,5 | 8,0 |
Espessura | 4,7 | 3,7 | 4,5 | 3,5 | 3,8 | 5,6 | 4,4 | 4,7 | 4,6 |
Diâmetro | 18,8 | 10,3 | 14,0 | 10,6 | 12,6 | 19,9 | 14,1 | 12,8 | 13,3 |
Adulto | Molares superiores (mm) | Molares inferiores (mm) | |||||||
I | II | III | IV | V | I | II | III | IV | |
Altura da raiz ao ápice | 26,1 | 10,2 | 10,0 | 10,5 | 7,0 | 11, 33 | 6,3 | 7,0 | 7,0 |
Raiz | 12,3 | 6,3 | 7,0 | 5,8 | 4,1 | 21,5 | 10,2 | 10,0 | 11,0 |
Espessura | 6,3 | 3,6 | 5,1 | 5,3 | 3,7 | 7,5 | 3,6 | 5,0 | 5,0 |
Diâmetro | 22,4 | 10,2 | 14,3 | 16,2 | 14,0 | 25,2 | 10,2 | 14,3 | 15,0 |