Desempenho de bezerros de diferentes touros da raça Nelore.

Moisés de Aguiar Maia1, Luís Miguel Gonçalves Fernandes2, Brenda Marques de Paula3, Geovana Samara Andrade Aguiar4, João Victor Prates de Souza5, Raquel Gonçalves Oliva6, Lorena Emanuelle da Mata Terra7, Amália Saturnino Chaves8
1 - Universidade Federal de Minas Gerais
3 - Universidade Federal de Minas Gerais
4 - Universidade Federal de Minas Gerais
5 - Universidade Federal de Minas Gerais
6 - Universidade Federal de Minas Gerais
7 - Universidade Federal de Minas Gerais
8 - Universidade Federal de Minas Gerais

RESUMO -

Foram coletados dados de 458 animais, machos e fêmeas, filhos de cinco touros da raça Nelore. Os animais foram avaliados quanto ao peso a desmama (PD), ganho médio de peso diário do nascimento a desmama (GPD), peso ao ano e sobreano (PA e PS), perímetro escrotal ao ano e sobreano (PEA e PES). Os dados foram analisados pelo método dos quadrados mínimos, através de um modelo estatístico que considerou o efeito aleatório de touro, ano e mês de nascimento e sexo dos bezerros como efeito fixo. Os machos apresentaram maior PD (229 kg x 211 kg) e GPD (0,973 kg/dia x 0,886 kg/dia) em relação as fêmeas (P<0,05). O PEA e PES foram influenciados pelo touro (P<0,05). Os filhos do touro 4 e 3 apresentaram melhor desempenho que os filhos dos touros 1, 2 e 5 (P<0,05). Contudo, quando consultado a diferença esperada da progênie (DEP) dos cinco touros, o touro 1 foi melhor avaliado. Portanto a expressão de uma DEP também pode ser influenciada por condições ambientais e de manejo.

Palavras-chave: ganho de peso, peso a desmama, perímetro escrotal, melhoramento genético

Performance of calves from different Nelore bulls

ABSTRACT - Four hundred and fifty-eight male and female calves from five sires, were evaluated for weaning weight (WW), daily mean weight gain from birth to weaning (ADG), weight per year and over yeaR, scrotal perimeter per year and over year (SPY and SPO). Data were analyzed by the least squares method, using a statistical model that considered the effect of sire, year, birth month and calves sex. Males showed higher WW (229 kg x 211 kg) and ADG (0,973 kg/dia x 0,886 kg/dia) than females (P<0.05). The SPY and SPO were influenced by the sire (P<0.05). Animals from sire 4 and 3 presented better performance than the animals from sires 1, 2 and 5 (P<0.05). However, when the expected difference in progeny (EDP) of the five sires was consulted, sire 1 presented the best performance. Therefore, the EDP expression can also be influenced by environmental and management conditions.
Keywords: Weight gain, weaning weight, scrotal perimeter, genetic improvement


Introdução

O Brasil destaca-se no setor agropecuário devido sua vasta extensão territorial. Possuindo a pecuária como fator preponderante para a economia do Brasil, sendo praticada desde o século XVI (TEIXEIRA, 2014). Tendo destaque a pecuária de corte que no ano de 2016 exportou mais de 1,4 milhões de toneladas (ABIEC, 2016). Devido as condições climáticas do Brasil, os animais zebuínos foram os que melhor se adaptaram, em destaque para a raça Nelore. Isso se deve principalmente a resistência a endoparasitas e ectoparasitas e devido a sua produtividade sob o clima brasileiro. Conforme o grande volume de exportações é necessário uma maior produtividade. Por isso, animais melhoradores são essenciais para esse processo, trazendo ganhos ao sistema de produção. Desse modo, investir em genética superior torna a propriedade mais sustentável economicamente (ROSA et al. 2015). Não só investir em touros melhoradores, como avaliar suas progênies é fundamental. Cada touro possui uma capacidade de transmissão de produtividade singular, dessa maneira, há importância de se mensurar essas diferenças de desempenho das progênies. Dessa forma, buscou-se nesse trabalho avaliar o desempenho das progênies de diferentes touros da raça Nelore.

Revisão Bibliográfica

A busca por genética apta a produzir carne é crescente. A utilização de touros geneticamente superiores, ou geneticamente melhorados, traz ganhos produtivos aos sistemas de produção brasileira. Rosa et al. (2015) avaliando a viabilidade de investir em touros geneticamente superiores, verificou que o investimento pode trazer grandes retornos econômicos, além de promover um aumento na produção dos sistemas produtivos de corte. Utilizando dados de avaliações genéticas da raça Nelore do Programa de Melhoramento genético Geneplus-Embrapa, Rosa et al.(2015) avaliou a diferença entre progênie de touros comerciais e geneticamente melhorados. Os autores compararam touros oriundos de rebanhos comerciais e os touros oriundos de programas de seleção genética. Neste trabalho foram analisados mais de 25 mil de bezerros desmamados em 2014, constataram que o peso a desmama de bezerros advindos de plantéis que fazem seleção foi de 215 kg. Já para animais desmamados em plantéis comerciais, obteve-se uma média de 156 kg na desmama, evidenciando dessa forma, a importância de utilização de touros geneticamente melhorados para se obter animais com melhores desempenhos. Lôbo e Sala (2013) ao estudarem o impacto do uso de touros melhoradores na estação de monta agruparam touros em quatro grupos de acordo com o seu percentil de Mérito Genético Total – MGT. O grupo de animais filhos dos touros melhoradores 1 (TM 1), composto por animais TOP 0,1% a TOP 15%, apresentaram maior média de peso a desmama e peso aos 450 dias e maior retorno econômico. Portanto, o investimento em genética de qualidade tem um alto potencial de retorno econômico, pois aumenta a receita econômica das propriedades (ROSA et al. 2015).

Materiais e Métodos

Os dados foram coletados em uma fazenda localizada no município de Varzelândia, no norte de Minas Gerais, onde predomina temperaturas elevadas e pluviosidade irregular. Foram utilizadas informações de 458 animais, nascidos de setembro de 2013 a fevereiro de 2014. Os animais foram criados a pasto tendo suplementação mineral a vontade durante todo o ano, sendo machos e fêmeas da raça nelore, oriundos de inseminação artificial e filhos de 5 touros (Touro 1=108; Touro 2=55; Touro 3=116; Touro 4=84; Touro 5=95). Os touros foram provenientes do Programa de Melhoramento Genético de Zebuínos (PMGZ) da ABCZ avaliados no mesmo sumário. Dos animais em estudo foram coletadas informações de data de nascimento, série de registro genealógico de nascimento, paternidade dos animais, peso a desmama (PD), peso ao ano (PA), peso ao sobreano (PS) e perímetro escrotal ao ano e sobreano (PEA e PES). O PD foi ajustado para 205 dias de idade, sendo o ganho de peso médio diário do nascimento a desmama (GPD) obtido pela razão da diferença entre o PD e o peso estimado ao nascer, pelo número de dias contidos no período compreendido entre as duas observações. Para verificar o efeito dos touros sobre o desempenho da progênie, os dados foram analisados pelo PROC GLM (SAS, 2004), utilizando o método dos quadrados mínimos, sob um modelo que considerou o efeito aleatório para touro, e fixo para mês, ano de nascimento e sexo dos bezerros. Para as características de perímetro escrotal o efeito de sexo não foi incluído no modelo.

Resultados e Discussão

O sexo e o mês de nascimento influenciaram no desempenho dos animais (P<0,05; Tabela 1). O PD e GPD dos machos foram maiores que o das fêmeas (P<0,05), enquanto os animais nascidos de setembro a dezembro apresentaram em média, maior PD e GPD em relação aos bezerros nascidos em janeiro e fevereiro (P<0,0001; Tabela 1). A razão para isso é que as matrizes e os bezerros passaram boa parte da fase de amamentação no período das águas, onde a oferta de forrageira é maior e de melhor qualidade, proporcionando assim, maiores ganhos ponderais. O touro exerceu influência significativa no desempenho da progênie avaliada (P<0,01; Tabela 1). Os filhos do touro 4 apresentaram maior PD e GPD em relação aos filhos dos outros touros avaliados (Tabela 2). Entretanto, quando consultados as diferenças esperadas na Progênie (DEP’s) para PD no PMGZ- Programa de Melhoramento Genético de Zebuínos da ABCZ, observa-se que o touro com melhor DEP é o Touro 1 com um valor médio de 12,45 kg para PD. O touro 4 que obteve a melhor média neste estudo, tem segundo o PMGZ uma DEP para PD de 8,32 kg.  Quanto ao PA, os filhos do Touro 3 apresentaram a melhor média (Tabela 2). Considerando as DEP de PA retiradas do PMGZ, o touro de melhor DEP para essa característica, é de fato o Touro 3, com um valor de 22,42 kg ao ano. Enquanto que, para característica de PS os touros 3 e 4 produziram as progênies de melhor desempenho. De acordo com o PMGZ, estes, apresentam DEP’s para essa característica de 18,77 kg e 10,96 kg. O mês de nascimento e touro influenciou no perímetro escrotal da progênie avaliada (P<0,05; Tabela 1). Os animais nascidos de setembro a novembro apresentaram maior PEA e PES do que os animais nascidos de dezembro a fevereiro. Esses resultados sugerem que a variabilidade fenotípica na expressão do perímetro escrotal, pode ser influenciada por condições ambientais. Os filhos do touro 3 e 5 se destacaram com maior média de PEA, enquanto os filhos dos touros 1,2 e 4 apresentaram média inferior. Para PES, a progênie superior foi do touro 3 apresentando maior média em comparação aos outros touros avaliados. Consultadas as avaliações genéticas dos cinco touros no PMGZ, nota-se que o touro com maior DEP para PEA é o touro 3, com uma DEP de 1,02 cm aos 365 dias. O touro 5, apresentou a segunda maior média, com uma DEP de 0,77 cm de PEA. Entretanto para PES, a progênie do touro 3 apresentou a melhor média no presente estudo, com uma DEP de 1,34 cm, possuindo a maior DEP de PES entre os 5 touros analisados.

Conclusões

O touro, sexo e mês de nascimento influenciaram no desempenho dos animais. O efeito touro foi significativo para todas as características, no entanto o touro que apresenta DEP’s mais altas, não produziu, neste trabalho, as melhores progênies, isso se deve provavelmente às condições de ambiente e manejo que influenciaram na expressão genética dos filhos. Melhores touros exigem melhores ambientes, com isso, a expressão de DEP’s ocorrerá se o animal tiver condições favoráveis de desenvolvimento.

Gráficos e Tabelas




Referências

Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes. Exportações brasileiras de carne bovina. Exportações por ano - 2016. Disponível em:< http://www.abiec.com.br/ExportacoesPorAno.aspx >. Acesso em: 20 mar. 2017 ROSA, A.; SILVA, L.O.; COSTA, F.; MENEZES, G.; JUNIOR, R.T.; PEREIRA, M.; NOBRE, P.; MARTINS, E.; FERNANDES, C.; 2015. Disponível em:https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/3433131/artigo---vale-a-pena-investir-em-touros-geneticamente-superiores. Acesso em: 15 mar. 2017. TEIXEIRA, J. C; HESPANHO, A. N.  A trajetória da pecuária bovina brasileira. Caderno Prudentino de Geografia, Presidente Prudente, n.36, v.1, p.26-38, jan./jul. 2014. SAS Institute. Statistical Analysis System. Cary, NC: SAS Institute Inc., 2004. (OnlineDoc® 9.1.3). LÔBO, R.B.; SALA, V.E. Impacto econômico no uso de touros melhoradores na estação de monta. Ribeirão Preto, 2013. Disponível em: < https://pt.slideshare.net/ANCP/att00022-26381888>. Acesso em: 28 mar 2017





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