Desempenho de búfalas leiteiras suplementadas com levedura viva

Ercvania Rodrigues Costa1, Ronaldo Francisco de Lima2, Maiara dos Santos Ferreira3, Wériko dos Santos Cursino4, Danielly Pimentel de Oliveira5, Marclley Eydie Pereira Pereira6, Hilacy de Souza Araújo7, Rosimery Meneses Frisso8
1 - Universidade Federal do Amazonas/Instituto de Ciências Sociais, Educação. Parintins-AM -UFAM/ICSEZ
2 - Universidade Federal do Amazonas/Instituto de Ciências Sociais, Educação. Parintins-AM -UFAM/ICSEZ
3 - Universidade Federal do Amazonas - Manaus-AM
4 - Universidade Federal do Amazonas/Instituto de Ciências Sociais, Educação. Parintins-AM -UFAM/ICSEZ
5 - Universidade Federal do Amazonas/Instituto de Ciências Sociais, Educação. Parintins-AM -UFAM/ICSEZ
6 - Universidade Federal do Amazonas/Instituto de Ciências Sociais, Educação. Parintins-AM -UFAM/ICSEZ
7 - Universidade Federal do Amazonas/Instituto de Ciências Sociais, Educação. Parintins-AM -UFAM/ICSEZ
8 - Universidade Federal do Amazonas/Instituto de Ciências Sociais, Educação. Parintins-AM -UFAM/ICSEZ

RESUMO -

Avaliou-se o efeito da suplementação de levedura (Saccharomyces cerevisiae) sobre o desempenho produtivo de búfalas leiteiras alimentadas à base de Brachiária humidícola. Utilizaram-se 12 búfalas (Murrah) em lactação, blocadas em seis grupos de dois animais, por produção diária, alocadas em dois tratamentos: controle e com levedura (10 g de Levumilk) fornecido com 1kg concentrado/búfala/dia, delineadas em blocos ao acaso por 30 dias. Foram determinadas a produção e a composição de leite durante todo período experimental, pesagens diárias após a ordenha e análise de leite semanalmente, através do analisador automático Master Complete®. A produção leiteira total foi corrigida para 4% de gordura. Os teores dos componentes do leite das búfalas não sofreram efeito significativo com a suplementação da levedura viva. Contudo, os componentes apresentaram convergência numérica para um aumento na produção de proteína e lactose, o que não foi observado no teor de gordura do leite.

Palavras-chave: leite, produção, suplementação, S. cerevisiae

Buffalos Dairy Supplemented Performance With Yeast

ABSTRACT - Was evaluated the effect of yeast supplementations(Saccharomyces cerevisiae) on the productive performance of dairy buffaloes fed low quality grassland based on Brachiaria humidícola. Were used Twelve buffaloes (Murrah) in lactation, blocked in six groups of two animals per daily production allocated on the two treatments: control and with yeast ( 10 g of Levumilk) provided with 1kg concentrate / buffalo / day, outlined in randomized blocks for 30 days. Were determined the production and the composition of milk throughout the trial period, weighing daily after milking and analysis of milk weekly, through the Master Complete® automatic analyzer. The total milk production was corrected to 4 % fat. The contents of buffalos milk components did not have a significant effect on the supplementation of liv yeast. However, the components presented numerical convergence for an increase in protein and lactose production, which was not observed in the milk fat content.
Keywords: milk, production, supplementation, S. cerevisae


Introdução

A bubalinocultura é uma atividade bastante expressiva na região Amazônica. Mediante sua satisfatória adaptabilidade a climas adversos, os búfalos apresentam resultados surpreendentes diante da pecuária local. Em geral são criados em áreas de várzea, composta de pastagens nativas. Nos períodos de cheia dos rios, pastejam em áreas não inundáveis, denominadas de terra firme, onde predominam pastagens cultivadas, geralmente por Brachiária humidicola, que além de não produzir quantidade de matéria seca satisfatória, possui baixa qualidade nutricional com alto teor de fibra. Neste sentido, a suplementação dietética de aditivos microbianos, como a levedura, pode aumentar a eficiência digestiva de ruminantes (WALLACE, 1994). A espécie de levedura Saccharomyces cerevisae é a mais utilizada atualmente em experimento com nutrição de ruminantes. Seu efeito no desempenho animal se dá por alterações no ambiente ruminal, entre as quais se destaca o aumento da população de bactérias celulolíticas, assim como aquelas consumidoras de ácido lático (SANTOS e GRECO, 2012), podendo contribuir para o aumento da digestibilidade da fibra e consumo de matéria seca, e consequentemente melhorar a produção de leite (WILLIAMS et al., 1991; ERASMUS et al., 1992). Desta forma, o objetivo deste experimento foi avaliar o efeito da suplementação de Saccharomyces cerevisiae sobre o desempenho produtivo de búfalas leiteiras alimentados com pastagens de baixa qualidade baseadas em B. humidícola.

Revisão Bibliográfica

A espécie bubalina (Bubalus bubalis) vem se destacando no setor pecuário, principalmente por apresentar algumas peculiaridades frente aos bovinos. Segundo Tonhati et al. (2011), os búfalos são capazes de realizar uma conversão alimentar mais eficaz que os bovinos, podendo transformar pastagens de baixo valor nutricional, em carne e leite. A demanda por derivados de leite de búfala tem crescido nos últimos anos (TEIXEIRA et al., 2005). Este fato tem valorizado a espécie bubalina na pecuária leiteira mundial. Os investimentos consistem basicamente em melhorias nas condições e ou práticas de manejo, que resultaram em melhor desempenho das características produtivas e reprodutivas dos animais (SENO, 2007). Apesar dos búfalos apresentarem mecanismos fisiológicos que lhes permitem o melhor aproveitamento de forragens ricas em fibra (SILVA et al., 2012), como é o caso da B. humidicola, quando se trata de produção leiteira, as búfalas em lactação necessitam receber uma dieta diferenciada, visando melhorar o desempenho produtivo. Desta forma, no intuito de melhorar o aproveitamento da B. humidicola pelas búfalas leiteiras, os produtores poderiam fornecer suplementos em forma de aditivos, visando um melhor aproveitamento da fibra consumida. Muitos aditivos têm sido pesquisados para atuar na manipulação dos parâmetros ruminais, com objetivo de intensificar a atividade microbiana e consequente aumentar a eficiência digestiva dos ruminantes, principalmente quando se trata de forragens de baixa digestibilidade, no intuito de aumentar a produção e a produtividade dos animais, com uma melhor convenção alimentar (RIVERA, 2006). Santos e Greco (2012) destacam que a utilização de Leveduras vivas, como aditivo probiótico para controle dos parâmetros ruminais, têm sido amplamente estudadas na nutrição de ruminantes. De maneira geral a espécie S. cerevisiae é a mais pesquisada, tendo em vista aos benefícios que provoca na digestão animal. As leveduras quando adicionadas na dieta de ruminantes, trazem alguns benefícios à produção animal, visto que podem promover a redução na concentração de oxigênio no rúmen, estabiliza o pH e melhora a digestão da fibra no rúmen, consequentemente esses fatores resultam no aumento da ingestão de matéria seca, assim como no fluxo de proteína microbiana.

Materiais e Métodos

O experimento foi conduzido na Fazenda São José, localizada no município de Parintins/AM. As análises laboratoriais foram realizadas no Laboratório de Nutrição Animal do Departamento de Zootecnia, da Universidade Federal do Amazonas – UFAM. O delineamento utilizado foi o de blocos casualizados (DBC), com período de 30 dias, sendo 15 dias de adaptação. Foram utilizadas doze búfalas da raça Murrah em lactação com produtividade média individual de 5 kg/dia. Formaram-se 6 blocos de dois animais baseado na produção diária de leite, alocados aleatoriamente a dois tratamentos controle e com levedura contendo 10 g de Levumilk (Kera Nutrição Animal, Bento Gonçalves, RS), juntamente com 1kg de concentrado/búfala/dia proporcionando um consumo diário de 2x1011 UFC de S. cerevisiae KA500 por búfala. Como fonte de volumoso foi utilizado a gramínea Brachiária humidicula, em pastejo rotacionado, onde os animais eram mantidos por 6 dias em cada piquete com uma taxa de lotação variável de 2 UA/ha. Foram determinadas a produção e a composição de leite durante todo período experimental, pesagens diárias após a ordenha e análise de leite semanalmente, através do analisador automático Master Complete® A produção diária de gordura, proteína e lactose foi calculada multiplicando-se a produção de leite pelo teor da análise de cada ordenha. A produção de leite corrigida para 4% de gordura (LCG 4%) foi obtida pela equação citada no NRC (1988): LCG 4% = (0,4 x PL) + (15x %G x PL), sendo: LCG 4% = Produção de leite corrigido para 4% de gordura (kg/dia); PL = Produção de leite (kg/dia); %G = Porcentagem de gordura. As análises estatísticas foram feitas no pacote estatístico SAS (LITTEL et al., 1996), utilizando o procedimento MIXED. No modelo estatístico, foram considerados efeitos de bloco, dia tratamento e interação bloco e tratamento. Valores de probabilidade abaixo de 0,05 foram considerados como significativos, abaixo de 0,10 como tendência e abaixo de 0,15 como tendência fraca.

Resultados e Discussão

Os dados de produção e composição de leite estão apresentados na Tabela 1. Não houve efeito significativo (P>0,05) da adição de levedura viva na alimentação de búfalas sobre a produção e composição do leite. Estudos publicados com o uso de leveduras na alimentação de bubalinos leiteiros são escassos. Sendo assim, a discussão baseia-se na comparação com utilização de levedura em bovinos leiteiros. Como observado na Tabela 1 a produção de leite corrigido para 4,0% de gordura não sofreu efeito significativo (P>0,05) entre os animais que recebiam o tratamento controle e o tratamento com levedura. Porém, diferentemente deste trabalho, Dias et al (2014) trabalhando com vacas leiteiras, revelam um aumento na produção de leite corrigido para 3,5% de gordura comparada ao grupo controle em 5,18% (42,5 vs. 40,3 kg/d). Suñé e Mühlbach (1998) também verificaram um aumento na produção de leite, tendo em vista que apesar da adição de levedura ter diminuído as concentrações de gordura e proteína do leite, resultou em aumento da produção total de ambos. Com relação aos componentes do leite em termos de gordura, proteína e lactose, também não houve efeito significativo. Já Bitencourt (2008) observou um aumento na produção de proteína e lactose no leite, não apresentando desta forma, porém, efeito sobre a produção de gordura do leite. Embora neste experimento a inclusão de cepas de S. cerevisiae na dieta de búfalas leiteiras não apresentar resultados significativos em relação a produção de leite, houve uma convergência numérica para um aumento na produção de proteína e lactose, o que não foi observado no teor de gordura do leite. A baixa produção de leite das búfalas pode ser motivo de não ter aflorado efeito estatístico entre tratamentos. É pertinente lembrar que a dieta oferecida não atendia as exigências das búfalas, pois queríamos aflorar o efeito em uma dieta baseada em forragem de baixa qualidade.

Conclusões

A inclusão de leveduras vivas na dieta de búfalas leiteiras, não apresentou efeito significativo na produção de leite, bem como de seus componentes. Contudo, em relação aos componentes houve uma convergência numérica para um aumento na produção de proteína e lactose, o que não foi observado no teor de gordura do leite

Gráficos e Tabelas




Referências

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