Desempenho de frangos de corte alimentados com dietas contendo farelo de algodão de 21 a 42 dias de idade

Adiel Vieira de Lima1, Fabrícia Vieira da Silva2, Luiz Carlos de Araújo Viana3, Maria do Socorro de Lima4, Alvaro Amaral Sousa5, Bruno Emanuel Martins da Silva6, Marco Aurélio Carneiro de Holanda7, Mônica Calixto Ribeiro de Holanda8
1 - Universidade Federal Rural de Pernambuco/Unidade Acadêmica de Serra Talhada
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RESUMO -

Objetivou-se avaliar a inclusão do farelo de algodão (FA) em dietas para frangos de corte. Foram utilizados 300 frangos de corte, machos, da linhagem Cobb, com peso médio de 1.716 gramas, em um DIC, com cinco tratamentos e seis repetições, totalizando 30 unidades experimentais com 10 aves cada. Os tratamentos constaram de uma ração referência e quatro rações testes com 3, 6, 9 e 12% de inclusão do farelo de algodão. Foram avaliados ganho de peso (GP), consumo de ração (CR) e conversão alimentar (CA). Para determinar o GP foram feitas pesagens a cada sete dias, o CR foi calculado por diferença da quantidade de ração fornecida e das sobras, permitindo calcular a CA. Os dados foram submetidos à análise de variância e regressão com o uso do pacote computacional Assistat (2016). Não foram observadas diferenças significativas entre os tratamentos para as variáveis analisadas. Concluiu-se que o FA pode ser incluído até o nível de 12% nas dietas sem prejuízo ao desempenho das aves.

Palavras-chave: alimentos alternativos, composição nutricional, conversão alimentar, ganho de peso

Performance of broilers fed diets containing cotton meal from 21 to 42 days of age

ABSTRACT - The objective of this study was to evaluate the inclusion of cottonseed meal (FA) in broiler diets. One hundred 300 male broilers of the Cobb lineage, with an average weight of 1716 grams, were used in a DIC, with five treatments and six replicates, totaling 30 experimental units with 10 birds each. The treatments consisted of a reference ration and four rations tests with 3, 6, 9 and 12% inclusion of cottonseed meal. Weight gain (GP), feed intake (CR) and feed conversion (CA) were evaluated. To determine the GP were weighed every 7 days, the CR was calculated by difference of the amount of feed provided and the leftovers, allowing to calculate the CA. Data were submitted to analysis of variance and regression using the Assistat (2016) computational package. No significant differences were observed between treatments for the analyzed variables. It was concluded that the FA can be included up to the level of 12% in the diets without prejudice to the performance of the birds.
Keywords: alternative foods, nutritional composition, food conversion, weight gain


Introdução

A Avicultura é uma das atividades que mais tem se desenvolvido no Brasil, tanto em número de frangos abatidos como em número de ovos produzidos e um dos principais fatores responsáveis por este progresso é a expansão do sistema intensivo de produção, o qual possibilitou o fornecimento aos consumidores brasileiros de fontes proteicas saudáveis e a baixo custo (HOLANDA, 2011).

A alimentação constitui o principal componente dos gastos na produção de frango de corte, representando cerca de 80% do custo total (KLEYN, 2003). A formulação de rações para aves tem como alimentos tradicionais e mais utilizados o milho e o farelo de soja, que representam 90% do total de ingredientes das rações, constituindo grande parte dos custos relativos à alimentação e, consequentemente, dos custos de produção.

A utilização dos subprodutos na alimentação animal vem sendo realizada há décadas com o intuito de aumentar a qualidade do produto final e/ou reduzir os custos da produção. Existindo a necessidade de estudar a viabilidade da inclusão dessas fontes alimentares alternativas, podendo quantificar a resposta animal em termos produtivos e econômicos.

Revisão Bibliográfica

De acordo com Pimentel et al. (2007) avaliando a substituição parcial da proteína do farelo de soja pelo farelo de algodão adicionando sulfato ferroso em dietas para frangos de corte, observaram que o farelo de algodão pode substituir o farelo de soja em um nível de até 19,41% sem afetar o desempenho zootécnico das aves.

Carvalho et al. (2010) utilizaram farelo de algodão na ração de frangos de corte e observaram valores de EMA de 1,416 kcal/kg e concluíram que sua utilização baseada em aminoácidos digestíveis pode ser feita em até 12% sem afetar o desempenho zootécnico.

Conforme Ezequiel (2002) a proteína do farelo de algodão varia de 38,0 a 48,0%, sendo o mais comercializado no Brasil com 38,0%. Brito et al. (2004) encontraram valores de 40,5% em proteína bruta e 11,9% em fibra bruta. Peixoto e Maier (1993) confirmam que o farelo de algodão apresenta cerca de 40% de proteína bruta e 12% de fibra bruta, sendo o seu conteúdo em aminoácidos satisfatório.

Nas tabelas de composição de alimentos (Rostagno, 2011) relatam que o farelo de algodão (30%), possui 29,98% de PB, 1,28% de gordura, 24,93% de FB, 0,59% de potássio, 0,04% de sódio e EMA de 1,666 kcal/kg. Já, o farelo de algodão (39%) possui 39,21% de PB, 1,37% de gordura, 13,97% de FB, 1,34% de potássio, 0,11% de sódio e EMA de 1,947 kcal/kg.

Por ser considerado alimentos proteicos e rico em fibras, o que lhes confere baixos teores de EM (cerca de 60 a 70% do valor energético do Farelo de soja), existe, portanto, a necessidade de suplementação com óleo de soja (SOUZA, 2003).

A presença de Gossipol no farelo de algodão e as altas concentrações de fibras, aliados a grandes variações quanto ao valor nutritivo, como a baixa qualidade proteica, tem dificultado sua utilização na ração de monogástricos (NAGALAKSHMI et al., 2007).

Elevar o nível de proteína da dieta e usar sulfato ferroso e óxido ou hidróxido de cálcio são medidas que podem ser adotadas visando a utilização nas rações de aves contendo farelos de algodão com altos níveis de gossipol livre, fazendo com que a ação tóxica do farelo de algodão seja minimizada e tornando não prejudicial aos animais (SOUZA, 2003). A recomendação segundo Butolo (2002) é de usar uma parte de gossipol livre para duas partes de sulfato ferroso para detoxicação do gossipol. Porém, Ezequiel (2002) recomenda uma parte de gossipol livre para quatro partes de sulfato ferroso.

Materiais e Métodos

O experimento foi conduzido na Estação Experimental de Agricultura Irrigada de Parnamirim, da UFRPE localizada no munícipio de Parnamirim-PE, de 21 de setembro a 12 de outubro de 2016.

Foram utilizados 300 pintos de corte machos da linhagem Cobb, com 22 dias de idade, e peso inicial médio de 1,716 kg. As aves foram alojadas em um galpão de alvenaria, com telhas de cerâmica, piso forrado com palha de arroz com espessura de 10 cm, pé direito com altura de 3 m, equipado com cortinas de polietileno, dividido em 30 boxes experimentais medindo 2,00 x 1,30 m, cercados por tela de arame liso.

Os frangos foram distribuídos aleatoriamente em um delineamento inteiramente casualizado, com cinco tratamentos e seis repetições, totalizando 30 unidades experimentais compostas por 10 aves cada. Cada parcela foi equipada com uma lâmpada de aquecimento de 150 watts, um bebedouro pendular e um comedouro tubular com capacidade para 15 kg. O manejo dos animais em todo o período experimental foi similar ao recomendado pelo manual da linhagem Cobb. As aves receberam água limpa e ração ad libitum e aquecimento nos 15 primeiros dias de vida.

O monitoramento da temperatura máxima e mínima e da umidade relativa do ar no galpão foi realizado por meio de termohigrômetros digitais colocados no meio do galpão com sensores instalados à altura das aves.

Os tratamentos experimentais constituíram-se ração referência a base de milho e farelo de soja e quatro dietas teste com inclusão de 3, 6, 9 e 12% de farelo de algodão, respectivamente, que foram formuladas seguindo as recomendações de Rostagno et al., (2011).

O desempenho das aves foi acompanhado por pesagem semanal, assim como as rações e sobras e os dados foram anotados em fichas de controle em cada tratamento e suas repetições, para cálculo do ganho de peso, consumo de ração e conversão alimentar.

Os resultados foram submetidos à análise de variância a 5% de significância e regressão, utilizando o pacote estatístico Assistat (2016).

Resultados e Discussão

No período experimental de 22 a 42 dias a temperatura máxima e mínima do ambiente eram de 29,83 e 28,42°C, respectivamente e a umidade máxima e mínima eram de 41,59 e 37,01%, respectivamente.

 As médias de temperatura e umidade relativa do ar indicam que durante a fase experimental houve uma ampla variação climática com longos períodos de desconforto térmico. Pode-se perceber que durante o período da tarde, as aves encontravam-se mais quietas, com as asas abertas e pernas eriçadas, semelhante ao relato por Borges, Maiorka e Silva (2003).

Desta forma, intensificou-se o estímulo ao consumo de ração, girando-se de hora em hora os comedouros, observando assim a reação desta prática sobre o desempenho zootécnico, pois mesmo em condições de estresse calórico, as aves iam ao comedouro e consumiam a ração.

Não houve diferenças significativas (p>0,05) entre os tratamentos para ganho de peso, consumo de ração e conversão alimentar no período de 21 a 28, de 28 a 35 e de 35 a 42 dias de idade, também não foram observadas diferenças significativas na avaliação do período total (21 a 42) dias de idade e os dados são apresentados na tabela 1. 

TABELA 1. Médias de peso (P), ganho de peso (GP), consumo de ração (CR) e conversão alimentar (CA), coeficiente de variação (CV) e probabilidade (P) de frangos de corte alimentados com dietas contendo farelo de algodão no período de 21 a 42 dias de idade.

Variável (g)

Níveis de Inclusão (%)

CV

P

0

3

6

9

12

P

2,734

2,673

2,752

2,782

2,6165

4,8

NS

GP

1,699a

1,707a

1,765a

1,812a

1,689a

3,8

NS

CR

2,909a

2,932a

3,113a

2,898a

3,030a

4,3

NS

CA

1,719a

1,722a

1,796a

1,654a

1,808a

4,2

NS

Médias seguidas da mesma letra na linha não diferem estatisticamente entre si pelo Teste Tukey a 5% de probabilidade.

Não foram observadas diferenças significativas (p>0,05) para as variáveis, peso, ganho de peso, consumo de ração e conversão alimentar no período de 21 a 42 dias de idade, estes resultados corroboram com os observados com Carvalho et al., (2010) e Gamboa et al., (2001).

Conclusões

O farelo de algodão pode ser utilizado em dietas para frangos de corte industriais em até 12% de inclusão no período de 21 a 42 dias de idade sem causar efeitos prejudiciais ao desempenho das aves.


Referências

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GAMBOA, D.A., M.C CALHOUN, S.W. KUALMANN, A. V. H. Q., and C.A BAYLEY,2001. Use of expanded cotonseed meal in brailer diets formulated on a digestible amino acid basis. Poultry sci 80 (6): 789-94.

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