Desempenho de frangos de corte alimentados com diferentes níveis de ácido orgânico em substituição a avilamicina

Thais Dornellas1, Mauricio de Almeida2, João Antonio Barbosa Filho3, Adana Kelita Felix Carneiro4, Aryella Caroline Hoffmann5, Vinicíus Pereira Granjo6, Verena Pereira Dinalli7, Alexandre Oba8
1 - Universidade Estadual de Londrina
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RESUMO -

O objetivo deste trabalho foi avaliar o desempenho de frangos de corte alimentados com diferentes níveis de ácido orgânico em substituição a avilamicina. Foram utilizados 1040 pintainhos de corte macho, da linhagem Cobb, os quais foram distribuídos em um delineamento em blocos ao acaso, com cinco tratamentos e oito repetições. Os tratamentos foram: controle positivo (10 mg de avilamicina kg-1 de ração) e diferentes níveis de ácido orgânico (0; 0,50; 0,75 e 1,50 g kg-1). Foi avaliado o consumo de ração, ganho de peso, conversão alimentar e viabilidade criatória. Os resultados mostram que não houve diferença significativa para consumo de ração, conversão alimentar e viabilidade criatória, no entanto verificou-se que as aves tratadas com ácidos orgânicosnos níveis 0 e 50 g kg-1apresentaram menores ganhos de peso em relação as aves do tratamento com avilamicina. Conclui-se que níveis elevados de ácidos orgânicos podem substituir o promotor de crescimento avilamicina.

Palavras-chave: aditivos, antibiótico, aves, ganho de peso

Performance of broilers fed with different levels of organic acid in substitution to avilamycin

ABSTRACT - The main of this work was to evaluate the performance of broilers fed different levels of organic acid in substitution of avilamycin. A total of 1040 mal Cobb chicks were used, which were distributed in a randomized complete block design with five treatments and eight replicates. The treatments were: positive control (10 mg of avilamycinkg-1 of feed) and different levels of organic acid (0; 0,50; 0,75 and 1,50 kg-1). Feed consumption, weight gain, feed conversion ration and viability were evaluated. The results show that there was no significant difference for feed intake, feed conversion ratio and viability, however, as weight, birds treated with levels 0 and 50 kg-1 obtained lower values when compared to the used of avilamycin. It is concluded that avilamycin can be substituted for levels above 50 kg-1 of organic acids, ensuring the same performance.
Keywords: additives, antibiotic, birds, weight gain


Introdução

O setor avícola brasileiro é dentro do setor agropecuário, um dos mais importantes para o país, visto que em 2015 o Brasil produziu 13,14 milhões de toneladas de carne de frango, superando a China com 13,02 milhões de toneladas, fazendo com que este ocupe a posição de maior exportador e o segundo maior produtor mundial desta carne (ABPA, 2016). Nesse contexto, nota-se que o Brasil aumentou o consumo per capita de 16,82% dessa carne, entre 2007 (37,02 kg/hab/ano) e 2015 (43,25 kg/hab/ano). Esse crescimento na produção de frangos de corte no Brasil, com melhores resultados datam deste 1946, quando foi relata uma resposta positiva no desenvolvimento de frangos de corte com o uso da estreptomicina (LANGHOUT, 2005). Desde então, os antibióticos são utilizados devido a função do controle da microbiota intestinal, especialmente àquelas de ação deletéria no trato gastrintestinal (ALLIX, 2010). Porém, desde 2006 o uso de antibiótico foi abolida pela União Européia. Com isso, o Brasil teve que adaptar o seu sistema de produção às novas exigências, para permanecer como referência na comercialização internacional deste produto. Uma das alternativas encontradas foi a utilização de aditivos alternativos como melhoradores de desempenho, dentre estes os ácidos orgânicos (ZANELLA, 2015). Assim, o objetivo desse trabalho foi avaliar o efeito dos diferentes níveis de ácido orgânico em substituição a avilamicina como promotor de crescimento em relação ao desempenho zootécnico de frangos de corte.

Revisão Bibliográfica

A microbiota do trato digestório de frangos de corte tem relevante papel na digestão dos alimentos ingeridos, assim desequilíbrios na composição da microbiota desses animais podem comprometer a capacidade de aproveitamento dos nutrientes e consequentemente afetar no desempenho animal (RAMOS et al., 2014). Desse modo, para obter um ótimo desempenho são utilizados os melhoradores de desempenho que atuam no intestino selecionando a microbiota intestinal, ou seja, reduzem as bactérias indesejáveis e favorecem a colonização das desejáveis (SUNDE et al., 1990) e eliminando microrganismos produtores de toxinas. Esta ação leva a um melhor aproveitamento dos alimentos favorecendo o ganho de peso, conversão alimentar e manutenção do controle de doenças subclínicas, promovendo melhorias nos índices zootécnicos (BARRETO, 2007). Dentre esses melhoradores de desempenho incluem-se os antibióticos que atuam impedindo que os microrganismos patogênicos se multipliquem no trato gastrointestinal animal, permitindo assim que os nutrientes da dieta sejam aproveitados para desempenho das aves (CORNELI, 2004; ARAÚJO et al., 2007). No entanto, em razão do uso intensivo dos mesmos, a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou relatório sugerindo a ligação entre os antibióticos usados na alimentação de animais e o aumento da resistência antimicrobiana no homem (WHO, 1997). Dessa forma foi sugerido o banimento do uso de antibióticos promotores de crescimento da mesma classe dos utilizados pelos humanos (WHO, 2000). Mediante a isto, medidas alternativas tem sido pesquisadas, como o uso dos ácidos orgânicos na alimentação animal. Segundo Nava et al. (2009) animais tratados com ácidos orgânicos apresentam maior número de Lactobacillus e de bactérias totais em comparação com o grupo controle ou tratados com antibióticos. Os mesmos autores relatam que ácidos orgânicos são uma alternativa viável ao uso de antibióticos por promoverem aumento nas bactérias benéficas do trato gastrointestinal e dessa forma reduzirem as patogênicas.

Materiais e Métodos

O experimento foi realizado na Unidade de Pesquisa em Nutrição de Aves da Universidade Estadual de Londrina. Foram utilizados 1040 pintainhos de corte macho, com um dia de idade, provenientes da linhagem Cobb. Durante o período experimental de 42 dias, as aves receberam água e ração ad libitum.O experimento foi dividido em quatro fases: pré-inicial (1-7 dias de idade), inicial (8-21 dias de idade), crescimento (22-35 dias de idade) e terminação (36-42 dias de idade). As rações experimentais atenderam as exigências mínimas preconizadas por Rostagno et al. (2011). Foi adotado um delineamento em blocos ao acaso, com cinco tratamentos, oito repetições e 26 aves por parcela experimental. Os tratamentos utilizados foram: controle positivo (10 mg de avilamicina kg-1 de ração) e diferentes níveis de ácidos orgânicos (0; 0,50; 0,75 e 1,50g kg-1). Os ácidos orgânicos eram composto por formiato de cálcio, propionato de cálcio, sorbato de potássio e ácido fumárico. No final de cada fase experimental, foram avaliados os seguintes índices zootécnicos:consumo de ração, ganho de peso, conversão alimentar e viabilidade criatória. Os dados coletados dos diferentes níveis foram submetidos a uma regressão polinomial e o tratamento com avilamicina foi comparado a cada um dos demais tratamentos através do teste de Dunnett, ambos a 5% de significância, utilizando-se o software estatístico R.

Resultados e Discussão

Com relação aos resultados da análise de regressão entre os diferentes níveis de inclusão de ácidos orgânicos na ração (Tabela 1), observa-se que o consumo de ração, ganho de peso, conversão alimentar e viabilidade criatória não foram influenciados (P>0,05). Ao avaliar pelo teste de Dunnett, observa-se que o consumo de ração, conversão alimentar e viabilidade criatória não foram alterados (P>0,05), porém nota-se que o ganho de peso das aves que não receberam ácidos orgânicos ou que receberam 50 g kg-1 apresentaram ganho de peso inferior (P<0,01) em relação ao tratamento com o promotor de crescimento avilamicina. Estes resultados mostram que o ácido orgânico avaliado mostrou-se eficiente na substituição ao antibiótico, porém em quantidades elevadas (0,75 e 1,50 mg kg-1). Isto corrobora com Pickel, Santin e Silva (2011) que relatam que os diferentes efeitos obtidos com o uso de ácidos orgânicos dependem da dose e do tipo de ácido orgânico.  

Conclusões

Conclui-se que níveis elevados do acido orgânico funcionam como substitutos ao promotor de crescimento avilamicina.

Gráficos e Tabelas




Referências

ABPA – Associação Brasileira de Proteína Animal. Relatório anual. São Paulo: ABPA, 2016. Disponível em:<http://abpa-br.com.br/storage/files/versao_final_para_envio_digital_1925a_final_abpa_relatorio_anual_2016_portugues_web1.pdf>. Acesso em: 30 mar. 2017.   ALLIX, E. Promotores de crescimento para frangos de corte. 2010. 29 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Medicina Veterinária) – Faculdade de Veterinária, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2010.   ARAUJO, J. A. et al. Uso de aditivos na alimentação de aves. Acta Veterinária Brasílica, v.1, n.3, p.69-77, 2007.   BARRETO, M. S. R. Uso de extratos vegetais como promotores de crescimento em 12 frangos de corte. 2007. 52f. Dissertação (Mestrado em Agronomia) - Universidade de 13 São Paulo escola superior de agricultura “Luiz de Queiroz”. Piracicaba.   CORNELI, J. Avaliação de promotores de crescimento alternativos em substituição aos convencionais sobre o desempenho de características de carcaça e morfologia intestinal em frangos de corte. 2004. 59f. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) - Universidade Federal de Santa Maria, Rio Grande do Sul, 2004.   LANGHOUT, P. Alternativas ao uso de quimioterápicos na dieta de aves: a visão da indústria e recentes avanços. In: CONFERENCIA APINCO DE CIENCIA E TECNOLOGIA AVÍCOLAS, 2005, Santos, SP. Anais... Santos: Apinco, 2005. p.21- 33.   NAVA, M. G. et al. Molecular analysis of microbial community structure in the chicken ileum following organic acid supplementation. Veterinary Microbiology, n.137, p.345–353, 2009.   PICKLER, L. Alternativas aos antimicrobianos para equilibrar a microbiota gastrointestinal de frangos. Archives of Veterinary Science, v.16, n.3, p.1-13, 2011.   RAMOS, L. S. N. et al.Aditivos alternativos a antibióticos para frangos de corte no período de 22 a 42 dias de idade. Revista Brasileira de Saúde e Produção Animal, v.15, n.4, p.897-906, 2014.   ROSTAGNO, H. S. et al. 2011. Tabelas Brasileiras para aves e suínos: composição de alimentos e exigências nutricionais. 3 ed. Viçosa: UFV, 2011, 252p.   SUNDE, M. L. et al. Facts about antibiotics in poultry 17 feed still missing. Feedstuffs, v.62, n.35, p.38-39, 1990.   WHO - WORLD HEALTH ORGANIZATION. The medical impact of the use of antimicrobials in food animals: Report of a WHO meeting, Berlin, Germany. p.1-39, 1997.   WHO - WORLD HEALTH ORGANIZATION. Global principles for the containment of antimicrobial resistance in animals intended for food. in document WHO/CDS/ CSR/APH/2000. WHO, Geneva, Switzerland, p.1-23, 2000.   ZANELLA, D. Ácido orgânico como melhorador de desempenho de frangos de corte. 2015, 24f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Zootecnia) - Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2015.