Desempenho de ovelhas gestantes suplementadas com diferentes fontes de energia associadas ou não a levedura

Carolina Moreira Araújo1, Karla Alves Oliveira2, Gilberto de Lima Macedo Junior3, Luciano Fernandes Sousa4, Lucas Rodrigues Queiroz5, Érica Beatriz Schultz6, João Pedro Dias Almeida7, Thauane Ariel Valadares de Jesus8
1 - Universidade Federal de Uberlândia
2 - Universidade Federal de Uberlândia
3 - Universidade Federal de Uberlândia
4 - Universidade Federal do Tocantins
5 - Universidade Federal de Uberlândia
6 - Universidade Federal de Viçosa
7 - Universidade Federal de Uberlândia
8 - Universidade Federal de Uberlândia

RESUMO -

O experimento foi realizado na Universidade Federal de Uberlândia, na Fazenda Experimental Capim Branco, entre janeiro e março de 2014. Foram avaliadas 15 ovelhas mestiças Dorper/Santa Inês com 70 dias de gestação. O delineamento foi inteiramente ao acaso, com cinco repetições. Os animais foram distribuídos em três piquetes de capim Marandu. Os tratamentos consistiram em três proteinados com fontes de: gordura protegida de palma, farelo de milho e gordura protegida de palma + levedura. A estrutura do pasto foi analisada por meio da altura média, contagem populacional de perfilhos, e composição morfológica a cada 30 dias. A cada 25 dias os animais foram pesados, receberam uma nota de escore corporal (ECC) e mensurou-se a circunferência de barril (CB) e realizadas coletas de sangue para análise do beta-hidroxibutirato (BHB). Não houve diferença para peso corporal, CB, ECC, e BHB para os tratamentos durante a gestação. O período experimental foi significativo pelas mudanças fisiológicas, ocorrendo maior mobilização das reservas corporais devido ao aumento da demanda energética do animal e aos fatores ligados com o avanço nos dias gestacionais. O uso de diferentes fontes energéticas e levedura no proteinado não acarretaram mudanças no desempenho de ovelhas gestantes em pastagem.

Palavras-chave: Gordura protegida, leveduras, ovinos, pastejo, suplementação

Performance of pregnant ewes supplemented with different energy sources associated or not with yeast

ABSTRACT - The experiment was realized at University Federal of Uberlandia in Experimental Farm Capim Brancom between January and march 2014 were evaluated 25 crossbred sheep Dorper x Santa Inês 70 days of gestation. The animals were divided into three paddocks of grass Marandu. The tretaments consisted of three sources of proteinaceous: protected fat of palm, corn barn and fat of palm + yeast. The structure of the pasture was analyzed by average height, population count of tillers, herbage mass and dry matter every 30 days. Every 25 days the animals were weighed, given a body condition score of was measured and the barrel width, and was carried out beta-hidroxibutirato analysis through blood collection. There was no difference in body weight, circumference barrel and body condition score for treatments during pregnancy. The experimental period was significated because increased requeriments energy of animal and physiological factors during gestation. The use of diferents sources of energy and yeast in proteinaceous not change sheeps performace in pasture.
Keywords: protected fat, yeast, sheep, grazing, supplementation


Introdução

A alimentação é um dos fatores mais importantes em um sistema de produção, pois é através dela que os animais ingerem os nutrientes necessários para expressarem seus potenciais produtivos. Entretanto, a alimentação representa um dos custos mais altos da produção, podendo chegar até 80% do custo total (Silva e Rodrigues, 2004). Os ovinos são classificados como animais ruminantes, e tem como característica alimentar principal o consumo de fibras obtidas de gramíneas e leguminosas, que são fermentadas no rúmen pelos microorganismos e transformadas em fontes úteis de energia. No Brasil, o sistema de produção predominante é a criação em pasto, com isso precisamos entender o funcionamento desse sistema e as suas implicações, para maximizar a produção, respeitando as limitações das forrageiras e dos animais. Ao longo do ano o pasto sofre modificações em suas estruturas, devido a diversos fatores, o que interfere diretamente em seu valor nutritivo. Quando o pasto não atende as exigências dos animais ou se quer maximizar a produção, uma estratégia muito utilizada é a suplementação por meio de fontes concentradas, geralmente é utilizado o proteinado. As fontes de energia e proteína que compõe o proteinado são de suma importância, visto que alteram a fermentação e a interação com os outros ingredientes da dieta. Sempre buscando o sincronismo entre as fontes de energia e proteína da dieta, que ocasionam em maior formação de proteína microbiana, aumentando a fermentação, consequentemente o consumo e desempenho desses animais. As leveduras agem controlando o metabolismo e aumentando a eficiência de utilização de alimentos. No rúmen, as leveduras estão ligadas no aumento do consumo, por aumentarem a digestibilidade da matéria seca e taxa de degradação, especialmente da fibra, causando uma elevação expressiva no número de bactérias anaeróbias e maior estabilidade do ambiente ruminal, reduzindo-se as variações de pH, amônia e ácidos graxos voláteis (Huber et al., 1994). No final da gestação ocorre aumento da demanda energética, que coincide com diminuição da ingestão de alimentos devido a fatores hormonais e pelo rápido crescimento do feto, o que causa compressão física, agravando em casos de gestações gemelares. Logo, ocorre maior mobilização de gordura corpórea com a finalidade de conseguir suprir essas exigências, predispondo esses animais a distúrbios metabólicos. Com isso justifica-se o fornecimento diferentes fontes de energia associadas e de outros em ovelhas gestantes mantidas no pasto.

Revisão Bibliográfica

No Brasil, em geral o pasto de melhor qualidade é o alimento mais viável economicamente para a alimentação de ruminantes (FONSECA, SANTOS e MATRUSCELLO, 2010), porém de acordo com a época do ano, a idade da forrageira e a disponibilidade de água da região, esse alimento sofre modificações em suas estruturas, composição química e em seu estágio de maturidade,  podendo apresentar maior quantidade de caule e tecido morto em relação á massa foliar. Com esta flexibilidade a digestibilidade da fibra de forragens não é constante para todos os animais ou para todas as condições de alimentação (MACEDO e ZANINE, 2006). Essas modificações geralmente são marcantes nos períodos da seca e em suas transições e causam queda na qualidade da forragem, uma vez que os níveis de proteína bruta digestível, assim como a digestibilidade da forragem diminuem. Segundo Van Soest (1994), o teor de proteína bruta de 7% é o mínimo para que não haja prejuízo para os microrganismos do rúmen, e, por consequência, queda na digestibilidade da forragem. Espera-se que no período das águas um pasto bem manejado atenda as exigências mínimas dos animais. Características que permitam descrever a estrutura do pasto são relevantes na avaliação de pastagens porque influenciam o comportamento ingestivo, a digestibilidade e o desempenho dos animais e permitem avaliar a qualidade da forragem. Nesse sentido, determinações da massa dos componentes morfológicos do pasto são imprescindíveis (SANTOS et al., 2010). O manejo do pastejo das gramíneas forrageiras tropicais, em lotação intermitente ou contínua, tem sido recomendado por meio de valores de altura média do pasto (Da SILVA e NASCIMENTO JÚNIOR, 2007). As razões para isso, dentre outros fatores, se deve ao fato de que a altura média do pasto tem relação positiva com a sua massa de forragem, uma das características mais importantes na avaliação da pastagem, porque indica a quantidade e qualidade (valor nutritivo) de alimento disponível para o animal em pastejo. Devido à estacionalidade de produção nas regiões tropicais tornando-se necessária a complementação ou suplementação de nutrientes para os animais em pasto para alcançar bons desempenhos. O proteinado é composto de sal comum, minerais, uréia, fontes de proteína verdadeira e de energia. Sua principal finalidade é fornecer nitrogênio degradável no rúmen para atender a exigência mínima de proteína bruta, pois quando a dieta não fornece o nível mínimo, a reciclagem da ureia não é suficiente para atender a demanda de nitrogênio pela microbiota ruminal, ocorrendo à queda no consumo e na digestibilidade da forragem, prejudicando a síntese protéica e a taxa de digestão. Também é importante a proteína que passa pelo rúmen sem ser degradada (PNDR), seu maior fluxo melhora a eficiência da utilização da energia, em nível de tecido, pelo fornecimento de aminoácidos deficientes, provendo substratos glicogênicos e otimizando o nitrogênio ruminal por intermédio da reciclagem (Van soest, 1994). Ponto essencial dentro da formulação do proteinado é a fonte de proteína e energia utilizada. Essas fontes e suas interações com o volumoso da dieta devem possuir sinergismo de degradação no rúmen, para maximizar a utilização pelos microorganismos. Um pasto no período das águas bem manejado possui aproximadamente 30% de NNP (nitrogênio não proteico) que é facilmente solubilizado no rúmen e para melhorar o seu aproveitamento necessita de uma fonte de energia que se associe ao pico de degradação dessa proteína, como amido e lipídeos que aumentam a energia da ração em decorrência da sua elevada densidade calórica. Neste contexto a utilização de leveduras associadas a estas fontes, pode promover melhora no ambiente ruminal, pois, as leveduras como microorgranismos de fermentação alcoólica realizam remoção rápida e eficiente de oxigênio do ambiente, fornecem ácido málico que favorece o crescimento e a atividade de bactérias gram-negativas que consomem ácido láctico e auxilia no controle do pH. Dentre as fases fisiológicas que necessitam de atenção quanto à suplementação, o período gestacional consiste em grandes mudanças metabólicas, no terço final com o maior crescimento fetal, ocorre aumento da demanda energética culminado com a baixa capacidade de ingestão devido aos efeitos de compreensão. Tais distúrbios são causados, pois, devido à baixa ingestão de matéria seca pela fêmea gestante é reduzida a quantidade de substratos gerados para a gliconeogênese hepática, levando á intensa mobilização de gordura de reserva, e consequentemente, a liberação de ácidos graxos não esterificados (AGNE) e glicerol no sangue. (TOMA, CHIACCHIO e MONTEIRO 2010). A suplementação de animais no período gestacional permite melhorar o aporte de nutrientes, diversas estratégias podem se criadas visando aperfeiçoar a utilização do pasto como alimento volumoso e uso de proteinados compostos por alimentos ricos em carboidratos solúveis ou gorduras e proteínas inertes ao ambiente ruminal.

Materiais e Métodos

O experimento foi realizado na Universidade Federal de Uberlândia, na Fazenda Experimental Capim Branco, no setor de ovinos e caprinos. O período experimental teve duração 80 dias sendo de janeiro a março de 2014. Foram utilizadas 15 ovelhas mestiças Dorper/Santa Inês com 70 (±7) dias de gestação de monta natural, com peso corporal médio de 50 kg e idade superior a 24 meses. Os animais foram vermifugados antes do início do período experimental com antiparasitário a base de Monepantel®. As ovelhas foram distribuídas em três piquetes de 800m² de Urochloa brizantha cv. Marandu, recém-reformados e piqueteados, providos de sombra artificial (telha de fibrocimento), comedouro (saleiro) e bebedouro, sendo ofertado proteinado e água á vontade. Os piquetes receberam adubação nitrogenada (ureia agrícola), fósforo (superfosfato simples) e potássio (cloreto de potássio) previamente ao início do experimento. Após pesagem, identificação e adaptação ao consumo de proteinado, os animais foram distribuídos em três tratamentos correspondentes aos piquetes, com lotação fixa e altura média de 30 cm na entrada dos animais. Em cada um dos piquetes foi ofertado proteinado os mesmo compostos por ureia protegida (Optigen), polpa cítrica, farelo de soja, sal mineral e sal branco e os tratamentos: A- fonte de energia do farelo milho; B- fonte energia da gordura protegida de palma; C- fonte de energia da gordura protegida de palma associada à levedura. (Tabela 1). Os proteinados foram formulados para consumo entre 50 a 70 g/dia, e misturados seguindo a formulação de cada tratamento. Foi ofertado em cada piquete 350 g/dia de proteinado (70g/dia/animal) referente a cada tratamento em cochos cobertos localizados nos piquetes. As sobras eram pesadas todas as manhãs em balança digital para acompanhamento do consumo. Quando se obtinha sobra zero a quantidade de proteinado ofertado era aumentada em 10% até sua estabilização. A estrutura do pasto foi analisada por meio da altura média, contagem populacional de perfilhos e composição morfológica. As coletas de amostras aconteceram a cada 30 dias (início, meio e fim do período experimental) quando os animais se encontravam com 70, 105 e 150 dias de gestação. A altura média do piquete foi estabelecida a partir da média de 30 pontos, aferidos aleatoriamente em toda área do piquete com régua de madeira adaptada para tal função. Os dados de densidade populacional de perfilhos foram obtidos a partir da contagem de todos os perfilhos contidos no interior de um quadrado de 25x50cm², em três pontos distintos do piquete, onde cada área escolhida representava a altura média do piquete. Para determinação dos componentes morfológicos, foi realizado o corte, de todos os perfilhos contidos no interior de um quadrado de 25cm², ao nível do solo em duas áreas representativas da condição de altura média do pasto em cada piquete. As amostras foram pesadas separadas manualmente, em lâmina foliar verde (LV), colmo verde (CV) e forragem morta (FM). A inflorescência e a bainha foliar verde foram incorporadas à fração CV. A parte da lâmina foliar que não apresentava sinais de senescência (órgão de cor verde) foi incorporada à fração LV. As partes do colmo e da lâmina foliar senescentes e mortos (com amarelecimento e/ou necrosamento do órgão) foram incorporadas à fração FM. Após a separação, os componentes foram secos em estufa de circulação forçada de ar a 65°C, por 72 horas, posteriormente pesados e estimado a predominância destas frações no pasto. A cada 25 dias (70, 95, 120, 145 dias de gestação) as ovelhas foram pesadas em balança adequada e foi atribuída uma nota de escore corporal de 1 a 5, sendo considerados valores intermediários em incremento, utilizando o método de avaliação proposto por  Russel, Doney e Gunn (1969), onde as ovelhas foram avaliadas palpando-se a rugosidade dos processos transversos e dorsais das vértebras lombares. A circunferência de barril foi mensurada com fita métrica, para acompanhamento do crescimento dessa região de acordo com o desenvolvimento do feto. Estas avaliações foram realizadas sempre no período da manhã. A análise de beta-hidroxibutirato foi realizada no início do experimento e a cada 28 dias até o parto. Para essa análise foi retirado 0,5 mL de sangue aproximadamente na jugular com seringa e agulha, em seguida foi colocado uma gota de sangue sobre a fita específica encaixada no aparelho eletrônico Free Style ®. O delineamento utilizado foi inteiramente casualizado com medidas repetidas no tempo e as médias foram submetidas ao teste de Tukey a 5% de probabilidade. Para as análises de escore de condição corporal foi utilizada estatística não paramétrica pelo método Kruskal e Wallis (1952). Todas as análises foram realizar por meio do software SAS.

Resultados e Discussão

Os componentes morfológicos, a massa de forragem, a matéria seca total e o número de perfilhos não variaram de acordo com os tratamentos (Tabela 2) o que garante homogeneidade da estrutura do pasto para os três tratamentos, variando apenas as composições dos proteinados fornecidos. Não houve efeito das diferentes fontes de energia sobre o peso corporal e a circunferência do barril (Tabela 3). Por outro lado o período de avaliação afetou essas variáveis, onde apresentaram resposta quadrática. De acordo com o aumento nos dias 95, 120 e 145 de gestação o peso corporal foi superior ao meio do período gestacional ou 70 dias de gestação. Isto também foi observado na mensuração da circunferência de barril, que foi menor aos 70 dias. Os dias 90 e 120 foram intermediários e se igualaram aos 145 dias, esse fato ocorreu devido ao elevado crescimento fetal no terço final da gestação. A igualdade no peso a partir dos 90 dias evidencia que as ovelhas não ganharam peso corporal e sim peso gestacional (útero gravídico) e leva ao aumento na circunferência do barril. As observações de escore assim como o beta-hidroxibutirato (BHB) no período de gestação não apresentaram diferença significativa quando comparados em função das diferentes fontes de energia utilizadas (Tabela 4). Porém, quando comparados nos períodos experimentais observa-se maior mobilização de gordura do inicio para o final do da gestação o que confirma-se pelo aumento dos corpos cetonicos indicado pelo elevação no BHB. De fato Ribeiro (2002) afirma que durante a gestação e lactação, onde os requerimentos nutricionais são maiores, há declínio da condição corporal, chegando a valores críticos próximos ao parto e início da lactação. Smith e Sherman (1994) sugerem que ovelhas devem manter o escore de condição corporal de 3,0 a 3,5 no terço final da gestação, 3,5 no parto e 2,5 no desmame para que não haja deficiência energética e por outro lado evitar intensa mobilização de gordura. Com isso, observa-se na Tabela 4, que as ovelhas estão abaixo do escore desejado, fator que reduz o desempenho produtivos e reprodutivos do rebanho, tais como retorno a atividade reprodutiva, produção de leite, aborto, morte do neonato, crias desempenhando pouco e abandono das mesmas pelas mães. O BHB apresenta aumentos pequenos em balanço negativo moderado, entretanto é bastante útil em circunstâncias em que a demanda de glicose no organismo é crítica, como nos casos de final de gestação, onde se atribui uma diminuição do consumo de matéria seca (Peixoto e  Osório, 2007; Harmeyer e Schlumbohm, 2006). O aumento nos níveis de BHB na gestação coincide com o período de maior crescimento fetal e uma maior demanda de glicose para a síntese de colostro (Oliveira et al., 2014). Diante do exposto e em razão que no final da gestação as médias de beta-hidroxibutirato apresentaram superior aos padrões de referência para ovinos, que seria menor que 0,6 mmol/L (Kaneko, HARVEY e BRUSS 2008), infere-se que ao final da gestação as ovelhas estavam já em condição de toxemia, contudo, não foram verificados sintomas clínicos. De acordo com o período experimental das coletas de pasto observa-se que a quantidade de caule verde e material morto assim como as suas percentagens, não diferiram estatisticamente, todavia o peso e percentagem das folhas foram maiores no início e se igualaram no meio e final apresentando menor quantidade de folhas nessas fases (Tabela 5), esse comportamento pode ser devido a desfolhação causada pelos animais, que selecionaram a forrageira, consumindo primeiramente a folha que possui melhor valor nutritivo, fato esse que pode ter contribuído para o aumento do BHB no final da gestação (Tabela 4), devido à menor ingestão de folhas no final da gestação onde o pasto apresentava-se de pior qualidade. Nota-se que quando comparado com o tempo à massa de forragem foi maior no final e menor no início e meio, onde se igualaram estatisticamente (Tabela 6). Esse comportamento mostra que a planta estava se desenvolvendo e que a desfolhação não aparentava ser severa, a variação na matéria seca pode ser devido a menor proporção de folhas de acordo com o tempo e por consequência maior teor de caule e tecido morto (Tabela 5). Verifica-se a correlação entre a concentração de BHB no sangue de ovelhas gestantes e a percentagem de caule de acordo com o tempo de coleta de 0,646, apresentando-se positiva, isto é, à medida que aumenta a quantidade de caule do pasto a concentração de BHB é aumentada. Isso evidencia que as exigências nutricionais na fase final da gestação não estavam sendo atendidas pelo pasto, pois nessa fase há um aumento de demanda energética no animal e o pasto apresentava-se com baixa relação folha/caule. Uma vez que o caule é mais fibroso, possui menor digestibilidade além de ocupar um maior espaço ruminal comparado com a folha. Com isso pode-se afirmar que nessa fase houve uma redução na qualidade do pasto. Como mecanismo para conseguir essa energia em falta devido a qualidade do alimento volumoso, as ovelhas aumentaram a mobilização corporal de gordura o que acarretou em um aumento considerável de BHB e redução na condição corporal (Tabela 4).

Conclusões

O uso de diferentes fontes energéticas associadas ou não a levedura adicionada ao proteinado para a suplementação de ovelhas no terço final da gestação em pasto não promove melhorias no desempenho.

Gráficos e Tabelas




Referências

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