Desempenho produtivo do capim Mombaça submetidos a diferentes altura de pastejo e adubação nitrogenada em sistema silvipastoril

BÁRBARA DE SÁ CUNHA1, ORLANDESON RIBEIRO SALES2, HÉRICO VERÍSSIMO GUIMARÃES DE PAULA3, OTACÍLIO SILVEIRA JUNIOR4, ANTÔNIO CLEMENTINO DOS SANTOS5, MARCOS ODILON DIAS RODRIGUES6, MÁRCIO ODILON DIAS RODRIGUES7, TIAGO BARBALHO ANDRÉ8
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RESUMO -

A restrição de luz nos sistemas silvipastoris reduz a taxa de perfilhamento que pode afetar diretamente a produção de forragem. Desse modo, realizou-se o trabalho com objetivo de avaliar a adubação nitrogenada e ajuste da altura de manejo da forragem, na influência da produção de forragem em sistema silvipastoril com capim Mombaça. Foi realizado experimento no ano de 2015, utilizando delineamento experimental em blocos casualizados em esquema de parcelas subdividas. Os tratamentos foram quatro doses de nitrogênio (0, 125; 187,5 e 250 kg ha-1 ano-1 de N) e três alturas de corte (70, 90 e 105 cm), perfazendo 12 tratamentos com quatro repetições cada. Os pastos que apresentaram maior produção de forragem foram os manejados a 105 cm de altura de corte. Nos pastos manejados com menor altura de corte em ambiente silvipastoril, houve comprometimento das suas reservas para se regenerar, o que afetou o surgimento de novos perfilhos, no intuito de priorizar os perfilhos já existentes.

Palavras-chave: Megathyrsus maximus cv. Mombaça, Sistemas Agroflorestais, estratégia de pastejo.

Productive Performance of Mombasa grass submitted to different grazing height and nitrogen fertilization in silvopastoral system

ABSTRACT - Light restriction in silvopastoral systems reduces a rate of profiling that can directly affect forage production. Thus, the objective of this work was to evaluate the nitrogen fertilization and adjustment of forage management height in the influence of forage production on silvopastoral system with Mombasa grass. The experiment was conducted in 2015, using an experimental design in a randomized complete block design. The treatments were four nitrogen doses (0, 125, 187.5 and 250 kg ha-1 ano-1 N) and three cutting heights (70, 90 and 105 cm), making 12 treatments with four replicates each. The pastures that presented the highest production of forage were those managed at 105 cm of cutting height. In the managed pastures with lower cutting height in a silvopastoral environment, the reserves to regenerate were impaired, which affected the appearence of new tillers, in order to prioritize the existing tillers.
Keywords: Megathyrsus maximus cv. Mombasa, Agroforestry systems, grazing strategy.


Introdução

Em todas as atividades agrícolas a extração dos nutrientes do solo pelas plantas ocorre naturalmente, tornando essencial a reposição para que a manutenção do sistema de produção seja contínua. E as práticas de manejo adotadas tem serias influência na qualidade, produção e utilização da forragem. É essencial manter os níveis satisfatórios da fertilidade do solo, para bom desenvolvimento das forrageiras. Em destaque o nitrogênio que contribui para aumento do vigor produtivo das gramíneas e influência na persistência dos perfilhos, além de contribuir diretamente para o aparecimento de novos perfilhos (Moreira et al., 2009; Primavesi et al., 2006). No entanto, as pastagens cultivadas em sistemas silvipastoris não se tem conhecimento adequado quanto ao uso de fertilizantes nitrogenados. Nesse intuito, realizou-se o trabalho com objetivo avaliar as características agronômicas e estruturais do capim Mombaça, submetidos a diferentes doses de nitrogênio (0, 125; 187,5 e 250 kg ha-1 ano-1 de N) e a três alturas de pastejo (70, 90 e 105 cm).

Revisão Bibliográfica

Benefícios do sistema silvipastoril na fertilidade do solo O pasto mantido em  ambiente  sombreado,  tem sua produtividade reduzida, em detrimento a restrição de luz e a alta pressão competitiva do sistema arbóreo por nutrientes e água, o que dificulta conhecer o potencial produtivo das gramíneas nesse sistema (Oliveira et al., 2007). Em geral tem-se verificado redução na taxa de perfilhamento com a restrição de luz (Paciullo et al., 2007; Paciullo et al., 2008), isso principalmente decorrente dos ajustes morfofisiológicos da planta para se manter em produção e redução da qualidade de luz que chega no sub-bosque, causando redução no aparecimento de novos perfilhos e maior taxa de mortalidades (Gautier et al., 1999; Kim et al., 2010). Entretanto, entre os benefícios das árvores para o sistema, especialmente quando se trata de leguminosas arbóreas, destacam-se a maior retenção de umidade e o aumento da fertilidade do solo, com melhoria da atividade biológica na sua superfície e maior conforto térmico para os animais (Carvalho et al., 2001; Leme et al., 2005; Paciullo et al., 2007).

Materiais e Métodos

O experimento foi realizado na Universidade Federal do Tocantins (UFT), Campus de Araguaína-TO. O trabalho foi realizado em Argissolo Vermelho Amarelo TA Férrico Abrupto, em uma área de silvipastoril implantado no ano de 2011, sendo composta por uma área de floresta secundária com presença predominante de Babaçu (Attalea speciosa, Mart) com 35% de sombreamento e no sub-bosque capim Mombaça. O experimento foi realizado no período de novembro de 2014 a julho de 2015. Os atributos químicos do solo antes da implantação do experimento foram: pH em CaCl2 4,6; M.O 56,9 g dm-3; Ca 4,96 cmolc dm-3; Mg 1,73 cmolc dm-3; K 11,7 mg dm-3; P 1,7 mg dm-3. Com base nos resultados da análise de solo procedeu-se adubação, aplicando 60 kg ha-1 ano-1 de fósforo, 90 kg ha-1 ano-1 de potássio e o nitrogênio conforme o tratamento testado. Utilizou-se delineamento experimental em blocos casualizados em esquema de parcelas subdividas, sendo as parcelas quatro doses de nitrogênio (0, 125; 187,5 e 250 kg ha-1 ano-1 de nitrogênio) e a subparcela três alturas de colheita do pasto (70, 90 e 105 cm), perfazendo 12 tratamentos com quatro repetições cada, totalizando 48 unidades experimentais com 12 m² por unidade. O manejo da adubação nitrogenada foi realizado em função do tempo gasto para o capim atingir altura de corte, sendo os ciclos variados. Realizando adubação com base na quantidade de nitrogênio de cada tratamento dividido pelo número de dias de avaliação. Como o intervalo de corte do capim Mombaça era variável, o período e a quantidade de nitrogênio aplicado também sofriam variação. No entanto, todos os tratamentos receberam a quantidade correspondente de N ao tratamento testado no final do período experimental. Os atributos agronômicos e estruturais avaliados foram: Acúmulo de massa verde de forragem de todo período de avaliação, acúmulo de massa seca de forragem de todo período de avaliação, produção de forragem por ciclo, densidade populacional de perfilhos, período de descanso, altura, índice de área foliar (IAF), relação folha/colmo. Para isso realizou-se coleta de dois quadros de 0,5 x 1,0m (0,5m²) por unidade experimental a cada ciclo, a forragem foi coletada simulando pastejo, realizado a colheita de 55% da massa de forragem, para isso os tratamentos com altura de colheita de 70 cm a massa residual pós-pastejo era de 30 cm, para o pasto mantido a 90 cm a massa residual pós-pastejo era de 40 cm e para o capim colhido a 105 cm a massa residual pós-pastejo era de 50 cm, para todos os tratamentos a eficiência de colheita era de 55%, ficando remanescente 45% de forragem como resíduo. As respostas referentes aos tratamentos foram submetidas a teste de normalidade e homocedasticidade, para verificar se os dados apresentavam distribuição normal e homogeneidade. As variáveis que apresentaram distribuição normal foram submetidas a análises de variância e o efeito das doses de nitrogênio, comparadas por meio regressão.

Resultados e Discussão

Durante o período de avaliação a produção de forragem foi influenciada (P<0,01) pela altura de corte e pelas doses de nitrogênio. O capim manejado nas maiores alturas (90 e 105 cm), observou-se maior rendimento de massa seca de forragem, o que sugere que em sistemas com restrição de luz, as plantas manejadas nas maiores alturas respondem diretamente com maior produção de forragem, ao longo do ano. Logo, o maior acúmulo de forragem está associado ao incremento de lâmina foliar em todos os tratamentos e maior perfilhamento, com pouca proporção de colmo e material morto. Em sistema silvipastoril onde há restrição de luz, a produtividade da forrageira é afetada e o uso do nitrogênio acelera o desenvolvimento da forrageira, o que favoreceu para o pasto mantido nas diferentes alturas de corte apresentar efeito quadrático, cuja melhores respostas ocorreram com aplicação de 173, 178 e 136 kg ha-1 ano-1 de N para os capins manejados nas alturas de corte de 70, 90 e 105 cm respectivamente. O que corresponde a produção estimada em 7.126,30 kg ha-1, 8.084,60 kg ha-1, 9.997,02 kg ha-1 para pastos manejados a 70, 90 e 105 cm, respectivamente. O capim manejado a 105 cm é o que apresenta maior produção de forragem, com menor necessidade de nitrogênio, o que se deve ao fato do pasto manejado mais alto, ter também maior massa residual (55% de eficiência de colheita), com elevada proporção de folhas. Tal condição pode favorecer maior interceptação de luz e implica em maior taxa fotossintética, havendo rápida regeneração e melhor aproveitamento do nitrogênio aplicado no solo. Foi verificado maior número de perfilho para o pasto manejado a altura de corte de 105 cm, com acréscimo de 21,4 na população de perfilhos, em relação ao pasto manejado a 70 e 90 cm (Figura 1). Em sistema com restrição de luz (Silvipastoril) o principal componente que afeta a produção de forragem é redução no número de perfilhos e a baixa renovação de perfilhos (PACIULLO et al., 2007; PACIULLO et al., 2008), e qualquer erro no manejo da pastagem compromete o desenvolvimento do pasto. Fato observado nos tratamentos manejado na altura de pastejo de 70 e 90 cm, em sistema silvipastoril. Isso mostra que em ambiente com restrição de luz as plantas manejadas nas menores alturas apresentaram poucas reservas para favorecer aumento no perfilhamento. No ambiente sombreado as reservas das plantas são utilizadas para compensar a restrição de luz, compromete principalmente o sistema radicular. Dias Filho (2000) verificou redução significativa na massa radicular em ambiente com 70% de interceptação da luz solar, em relação ambiente sem restrição de luz e nessas condições o resíduo da forragem que fica após o pastejo dos animais e o período de descanso para a cultura restabelecer sua produção de fotoassimilados tem importante efeito no desempenho e vida útil da pastagem. Fato observado por Wong, (1993) que avaliou duas forrageiras em ambiente sombreado com dois períodos de descanso pós-pastejo. O tratamento que apresentou maior período de descanso, proporcionou melhor regeneração da sua biomassa e maior mobilização das reservas para sistema radicular. Fato que merece atenção, pois o melhor desempenho produtivo neste trabalho foi obtido em pasto manejado maiores alturas (105 cm com altura de resíduo de 50 cm). Trabalho realizado no ano de 2011 a 2012 na mesma área experimental deste trabalho (Argissolo Vermelho Amarelo TA Férrico Abrupto), com utilização adubação de 100 kg N ha-1 ano-1, 120 kg K2O ha-1 ano-1 e 100 kg P2O5 ha-1 ano-1, SANTOS (2014) verificou acumulo de forragem de 1.300,00 kg MS ha-1 por ciclo (média de 7 ciclos), sendo atribuída baixa produção de forragem no sistema silvipastoril, no primeiro ano de implantação, ao baixo perfilhamento ocasionado em função da restrição por luz, além da área não ter atingido completa estabilização. Se faz necessário maior tempo para que o capim Mombaça se ajustar as variações ambientais ocorridas no sistema silvipastoril. O que pode ser visto já no ano de 2015 a produção na mesma área é significativamente superior, no entanto, o aumento maior se deve principalmente ao ganho individual e não ao aumento do perfilhamento na área ao longo dos anos. A adubação teve pouco efeito na altura de corte do capim, isso principalmente porque a altura foi verificada periodicamente com intuito de realizar colheita nas alturas adequadas, o que influenciou nos tratamentos (adubação e da altura de pastejo), foi o período que a planta levou para atingir ponto de corte. Uma vez que as plantas eram colhidas quando atingia altura preconizada para o pastejo. O pasto manejado a altura de 70 cm apresentou os menores período de descanso (Figura 2) para o capim Mombaça atingir altura de corte, apresentando efeito quadrático com menor período de descanso com aplicação de 176 kg ha-1 ano-1, o que corresponde a um período de 25 dias de descanso, já o capim manejado a altura de corte de 105 cm, apresentou menor período descanso com aplicação de 153 kg ha-1 ano-1 o que corresponde a 30 dias de período de descanso.

Conclusões

O manejo da altura de corte do capim Mombaça em sistema silvipastoril apresenta importante efeito sobre a produção de forragem. O pasto manejado nas maiores alturas (105 cm) proporciona as melhores produções de forragem. A adubação nitrogenada torna-se eficiente no aumento da produção de forragem até 136 kg ha-1 ano-1 de N, para o capim manejado a 105 cm.

Gráficos e Tabelas




Referências

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