DESEMPENHO PRODUTIVO E ECONÔMICO DE BOVINOS DE CORTE CASTRADOS E INTEIROS EM CONFINAMENTO COMERCIAL

ROANNA STEPHANE FERREIRA DE SOUSA1, Jéssica Rocha Santana2, ELAINE ROCHA SANTANA3, Marcos Antonio Bogea Ferreira4, Daiany Iris Gomes5, Danillo Figueiredo Teixeira Sathler6
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RESUMO -

No Brasil com o aumento da competitividade de mercado, houve estímulo para que os pecuaristas trabalhem para atender as exigências de mercado específico, e assim intensificar a produção da pecuária de corte brasileira, a qual tem utilizado o confinamento como estratégia para reduzi a idade de abate dos animais. Portanto, tem-se por objetivo a avaliação de desempenho produtivo e econômico de bovinos de corte castrados e inteiros, na fase de terminação em confinamento comercial no município de Lucas do Rio Verde, estado de Mato Grosso. Os dados foram coletados sem que houvesse alteração no manejo de entrada e saída dos animais, os quais foram divididos em quatro lotes, sendo dois lotes castrados com 180 animais (118 dias de confinamento), e dois lotes com animais inteiros com 224 animais (170 dias de confinamento). Os animais foram castrados pelo método de imunocastração, que consiste em vacina na aplicação por via subcutânea inibindo a produção de testosterona. Foi observada diferença significativa entre a classe sexual (castrados e inteiros) para peso vivo final, ganho de peso total, peso e rendimento de carcaça quente. Animais castrados e inteiros apresentaram desempenhos semelhantes quanto ao consumo matéria secos % PV, todavia ao se analisar o consumo matéria seca kg/dia se tem diferenças numéricas mais proeminentes entre os grupos castrados e inteiros. Não foi possível construir inferências sobre as diferenças do desempenho produtivo entre bovinos castrados e inteiros porque permaneceram no confinamento quantidade de dias diferentes. O custo de produção total e por arroba produzida é maior para animais inteiros, por passarem mais tempo confinados, mesmo assim, a rentabilidade total dos machos inteiros é maior, por apresentarem maior rendimento de carcaça. Portanto, de acordo com os dados apresentados a castração não incrementa a rentabilidade total do confinamento.

Palavras-chave: Desempenho, bovinos castrados e inteiros, confinamento

PRODUCTIVE AND ECONOMIC PERFORMANCE OF CASTRATED BREEDING CATTLE AND WHOLE IN COMMERCIAL CONFINEMENT

ABSTRACT - In Brazil with increasing market competitiveness, there was encouragement for the farmers work to meet the requirements of specific market, and thus enhance the production of Brazilian beef cattle industry, which has used the containment as a strategy to reduce the slaughter age of the animals. So, has the objective of evaluating the productive and economic performance of castrated and intact beef cattle in the finishing phase in commercial confinement in the municipality of Lucas do Rio Verde, Mato Grosso. Data were collected with no change in input handling and removal of the animals, which were divided into four lots, two lots neutered 180 animals (118 days of confinement), and two lots with whole animals with 224 animals (170 days of confinement). The animals were castrated at immunocastration method consisting in applying vaccine subcutaneously inhibiting the production of testosterone. Significant difference was observed between the sexual class (castrated and intact) for final live weight, total weight gain, weight and hot carcass yield. castrated and intact animals showed similar performances as consumer dry matter% PV, however when analyzing consumption dry matter kg / day has been more prominent numerical differences between castrated and entire groups. Could not construct inferences about the differences in growth performance between castrated bulls because they remained in confinement number of different days. The total cost of production and produced at sign is higher for whole animals, by spending more time confined, even so, the total return of entire males is higher, due to their larger carcass yield. Therefore, according to the data presented castration does not increase the total return of confinement.
Keywords: Performance, and castrated bulls, confinement


Introdução

A análise histórica da pecuária de corte no Brasil evidencia seu desenvolvimento mediante comparações de anos anteriores, que mostra um crescimento cada vez maior com o passar do tempo. No ano de 2000 o Brasil possuía cerca de 150 milhões de cabeças, e atualmente ultrapassa o número de 209 milhões. A produção brasileira de carne bovina, em 2015, foi de 9,56 milhões de toneladas equivalente carcaça, de um total de 39,16 milhões de cabeças abatidas. Dentro disso está a exportação com 1,88 milhão de toneladas equivalente carcaça que representa 19,63% da produção, seguida do mercado interno responsável por consumir 80,37% da carne produzida no Brasil (ABIEC, 2016). O aumento da competitividade com indústrias de suínos e aves, bem como, com outros mercados de carne bovina estimulou os pecuaristas brasileiros a trabalharem para atender a exigência de mercados mais específicos, os quais estão disponíveis a pagar valores mais elevados pela carne bovina. Isso tem requerido da atividade pecuária de corte a oferta de produto de qualidade, ou seja, animais abatidos mais jovens, com acabamento de no mínimo três mm gordura na carcaça, de maneira continua durante todo o ano. Nesse sentido, verifica-se que o processo de intensificação da pecuária de corte brasileira tem resultado, entre outros, no aumento da prática de confinamento, como alternativa de terminação desses animais, que atualmente está ultrapassando o numero de 5,05 milhões de cabeças confinados no Brasil, e que tais dados equivalem a 13% dos animais terminados no Brasil (ABIEC, 2016). Atualmente, Goiás é o estado que mais confina seguido de Mato Grosso e São Paulo. Mas independente dos estados em que há confinamento, pode se destacar que existe uma aceitação maior para se confinar bovinos inteiros em relação a bovinos castrados e fêmeas. Nos dias de hoje, os confinamentos são utilizados como uma estratégia para aumentar a produtividade da propriedade que assim buscam alternativas tecnológicas para tornar o sistema de produção mais eficiente e viável economicamente. Na maior parte deles têm-se utilizado machos inteiros para a produção de carne, visto que o mesmo resulta em maior desenvolvimento e produção de carne e ainda buscar mais eficiência na conversão alimentar. Ao mesmo tempo, os frigoríficos têm exigências específicas junto ao mercado consumidor  e estão dispostos a pagar por elas. Dessa forma optam por melhor acabamento, ou seja, maior espessura de gordura subcutânea, que os animais castrados têm em maior proporção. Nesse contexto a castração ganha espaço, pois atende nichos específicos de mercado (RESTLE et. al, 2000,; BEEFPOINT, 2015). Para a realização da castração, existem várias técnicas com inúmeras formas de ação, algumas cirúrgicas ou não. Entre as formas cirúrgicas está a orquiepididectomia bilateral que consiste na retirada dos testículos, podendo ou não ter a ligadura do cordão com fio de sutura; a castração parcial, também conhecida como “castração Russa”, consiste na remoção do parênquima testicular. Já os métodos apresentados como não cirúrgicos está à técnica de angiotripsia conhecida como “Burdizzo” que consiste na interrupção de circulação para o testículo (feita com um alicate), causando a degeneração do mesmo. Ainda se têm a castração química que consiste na aplicação de solução (aldeído-fórmico + cloreto de cádmio) que causa atrofia dos testículos, e a vacina anti-GnRh que consiste na produção de anticorpos contra o Fator de Liberação de Gonadotrofinas (GnRh), ou seja, o produto bloqueia a liberação de dois hormônios (hormônio luteinizante – LH e o folículo estimulante – FSH), e como consequência suprime temporariamente a função testicular e a produção de testosterona em bovinos machos (MANELLA, 2001.; BEEFPOINT, 2015). A literatura tem indicado que animais inteiros não apresentam diferenças quanto ao ganho de peso após os dois anos de idade, entretanto até os dois anos de idade os animais inteiros apresentam um desempenho superior a 15 % de ganho de peso quando comparados com castrados, e ainda que os mesmo ofertem maior ganho de peso total, ganho médio diário, peso de carcaça quente e melhor conversão alimentar, quando comparados aos animais castrados terminados em confinamento. Os animais inteiros consomem menos alimentos que os castrados para adicionar 1 kg de peso vivo, verificando a importância da testosterona produzida pelos testículos não só no ganho de peso, mas também na eficiência alimentar que um fator muito importante, já que a alimentação em confinamentos representa mais de 70% do custo de produção. Porém diante de tais situações sabe-se que dificuldades, como comportamento agressivo, atividade sexual e também a inferior deposição de gordura são fatores negativos de manter os animais inteiros em confinamento comercial (DIAS et. al, 2016; ANDREO et al., 2013; ARALDI, 2011)

Revisão Bibliográfica

  • PERFIL DOS ANIMAIS NOS CONFINAMENTOS BRASILEIROS
A fim de se ter um rebanho uniforme e com saída pra abate mais pesados nos confinamentos brasileiros faz se o maior uso de animais inteiros (não castrados), isso se deve ao fato de animais inteiros apresentarem maior vantagem quando se trata de consumirem menor quantidade de alimento e converter em maior ganho de peso em comparação aos castrados, o que consequentemente trará maior retorno dos animais inteiros. Porém existe certa resistência por parte dos frigoríficos em abater animais inteiros, devido normalmente esses animais apresentarem escasso acabamento, o que por sua vez pode provocar o escurecimento dos músculos externos da carcaça durante o resfriamento e assim prejudicando o aspecto visual, que reflete no mercado consumidor, o qual está disposto a pagar pelo o tipo de produto que foi exigido, trazendo assim uma maior aceitação da carne advinda de animais castrados (KUSS, et al., 2010).
  • ANIMAIS CASTRADOS
Em outros tempos a castração era para auxiliar o manejo deixando os animais mais tranquilos durante o período em que estivessem nas propriedades, facilitando assim o dia a dia do produtor nas realizações de manejo com os animais, pois a castração tona os animais mais dóceis, reduzindo assim os problemas de disputa hierárquica nos lotes e também o comportamento sexual de monta, e menor valor gasto advindo de prejuízos com instalações. Entretanto, hoje além do objetivo de reduzir a libido, a castração é realizada como fator relacionado à melhoria na qualidade da carcaça, buscando maior grau de acabamento representada pela maior espessura de gordura subcutânea que proporciona proteção aos efeitos prejudiciais do resfriamento, além de maior maciez, aumentando a aceitação pelo mercado CARVALHO et al., 2011; ÍTAVO et al., 2008). Os procedimentos de castração cirúrgica causa uma série de transtornos, como problemas de manejo para conter e imobilizar o animal, também na realização de curativos no pós-operatório, gastos com mão de obra, medicamentos, diminuição do desempenho, em alguns casos o óbito, além do questionamento dos métodos utilizados para a realização do procedimento da castração no bem-estar animal. Desta forma, houve um aumento no interesse dos consumidores externos, pelo bem-estar animal, qualidade e segurança dos produtos de origem animal (MIRANDA et al., 2013). A imunocastração foi desenvolvida como alternativa para técnicas de castração convencional. A imunocastração utilizando o fator anti-GnRh (fator liberador de gonadotrofinas), que é o mecanismo de ação da vacina Bopriva® (Zoets Saúde Animal), tem por princípio estimular o sistema imunológico a produzir anticorpos que inibem diretamente a função do GnRh. Essa inibição faz com que ocorra a neutralização temporária do GnRh reduzindo, assim, a secreção da testosterona, levando a uma involução testicular e a consequente interrupção da espermatogênese, o que reduz o comportamento agressivo e sexual (RUIZ, 2005). A castração passou a ser uma exigência dos frigoríficos e, em algumas situações também do consumidor que está cada vez mais exigente, e em função da melhor deposição da gordura de cobertura na carcaça e maior maciez da carne, porque os animais castrados são abatidos mais jovens. Nesse sentido, os pecuaristas sentem-se prejudicados, em virtude do melhor crescimento apresentado pelos animais inteiros, pois se sabe que a maior parte dos frigoríficos paga por rendimento de carcaça. A castração passou a ser recomendada se houver uma maior remuneração devido ao melhor aspecto qualitativo das carcaças destes animais, pois caso contrário, a maior produtividade dos inteiros torna-os economicamente mais indicado no processo produtivo da pecuária de corte (MOLETTA, 1999; MOURA, 1996). Vale ressaltar que animais castrados ganham menos peso, mas em contrapartida tem se uma cobertura de carcaça superior, isso se deve ao fato de que esses animais para ganharem maior peso deveriam consumir 15% a mais de alimento (FREITAS et al., 2008). Dentro desses pontos o consumidor passa a ter voz ativa no mercado, pois o mesmo está disposto a pagar preços superiores ao apresentado normalmente, e isso se deve a suas exigências.
  • ANIMAIS INTEIROS
Animais inteiros têm maior ganho de peso em relação aos castrados, podendo ser explicado pelo efeito anabolizante do hormônio testosterona, que tem ação direta sobre a síntese de proteína e estimula a secreção dos hormônios de crescimento e prolactina, que exercem papel importante no processo de crescimento. Lopes et al, apresenta uma ampla revisão da literatura mostrando a melhor conversão alimentar dos inteiros em relação aos castrados. Tal fato pode também explicar o maior ganho de peso dos animais inteiros (LOPES, et al., 2005). Conforme a literatura apresentada afirma se que o boi inteiro cresce e ganha mais peso em todas as etapas, do pré-desmama ao confinamento. O desempenho de bovinos inteiros é praticamente 10% melhor em relação aos bovinos castrados, ao se medir peso vivo, porém em 95% dos casos há problema de pH, cor mais escura, menor maciez, além do menor índice de marmorização. Uma visão que vem sendo mudada quando se utiliza bovinos jovens inteiros com em média 24 meses de idade, proporciona maior produção de carne, resultado do maior peso de abate e, consequentemente, maiores pesos de carcaça quente e fria, além de produzir carcaças com maior área de olho de lombo e maior rendimento de músculo (MOLETTA et al., 2014 ; KUSS et al., 2010,).
  • DESEMPENHO, CARACTERÍSTICAS DE CARCAÇA E QUALIDADE DE CARNE DE ANIMAIS CASTRADOS E INTEIROS.
Já é de conhecimento amplo que o boi inteiro, ou seja, o não castrado ganha mais peso que o castrado, se considerado a mesma condição de alimentação. Porém em algumas situações os proprietários tem que trabalhar com os animais castrados, devido principalmente a dificuldade de manejo de quando se têm fêmeas na fazenda, por exemplo, e pela dificuldade de acabamento a pasto, ou quando o frigorífico exige que os animais sejam castrados. Nesse último ponto apresentado é o caso dos confinamentos brasileiros onde o fato de aderir a castração é uma exigência imposta pelos frigoríficos que estão dispostos a pagar bonificações por exportações desses animais. Com base na utilização de bovinos jovens inteiros proporcionando maior produção de carne, é resultado do maior peso de abate e, consequentemente, maiores pesos de carcaça quente e fria, além de produzir carcaças com maior área de olho de lombo e maior rendimento de músculo. Mas ao se adotar a castração de bovinos a carcaça, possivelmente apresentará maior espessura de gordura e, consequentemente, melhor acabamento. No entanto, a terminação em confinamento de bovinos inteiros resulta em maior benefício para o confinador (MOLETTA, et al., 2014). Os animais inteiros podem ser utilizados na obtenção de carcaças de qualidade, desde que abatidos jovens e com condições nutricionais suficientes para depositarem gordura na carcaça, o que pode ser observado com a utilização de dietas com alto teor de grãos, que proporcionam acabamento nos bovinos machos inteiros terminados em confinamento. Os animais castrados apresentam maior espessura de gordura subcutânea que animais inteiros, entretanto os animais inteiros apresentaram maior ganho de peso e lucro no sistema de terminação em confinamento, o que indica a eficiência de transformação de alimento em ganho de peso, que para animais inteiros precisam consumir 6,6% a menos de alimento que os castrados, para adicionar 1 kg no peso vivo (DIAS, et al., 2016; RESTLE et al., 2000 ; RESTLE et al.,1997). Por outro lado verifica-se que animais inteiros quando abatidos em idade precoce, ou seja, ate 24 meses de idade tem uma produção de carcaça com qualidade satisfatória da imposta pelos consumidores, isso dependerá da raça dos animais sendo uma alternativa para se ter mais cedo melhor acabamento (LUCHIARI, 1996).

Materiais e Métodos

A coleta de dados para elaboração do trabalho de conclusão de curso foi realizada na empresa Bragança Agronegócios em confinamento comercial, localizada a 38 km do município de Lucas do Rio Verde, estado do Mato Grosso. O confinamento tem capacidade estática para 14 mil cabeças de bovinos, com média de 20 mil cabeças para abate anualmente. Os dados foram coletados seguindo o manejo estabelecido pelo confinamento, sem qualquer alteração no manejo de entrada e saída dos animais. Foram usados, para a elaboração do trabalho de conclusão de curso, os dados oriundos de quatro currais, destes, dois continham 180 animais castrados, e dois eram compostos por 224 animais inteiros, totalizando 404 animais. Para separação dos lotes, os animais foram pesados individualmente e ainda separados por grupo genéticos (nelore e cruzados). O grupo com maior peso recebia a vacina de imunocastração. Após este procedimento, os lotes, castrados e inteiros foram destinados aos currais de engorda, onde permaneceram até a data de abate, a qual foi determinada a partir do momento em que os animais atingissem 100 dias de confinamento. Este critério é normalmente adotado pela empresa porque alguns animais chegam ao confinamento sem o cadastro no sistema de rastreabilidade SISBOV, que para estes animais, o tempo de permanência no confinamento é de no mínimo 90 dias (período imposto pelo programa de rastreabilidade que o frigorifico exige). Após período determinado os animais eram enviados ao frigorifico da JBS localizado a 170 km do confinamento, no município de Diamantino – Mato Grosso.  Para a castração dos animais foi utilizado o método de imunocastração, que consiste na aplicação por via subcutânea da vacina que atua no sistema imune do animal estimulando a produção de anticorpos específicos contra GnRh, e com isso inibindo a função testicular nos machos. A vacina de imunocastração é comercializada no Brasil como vacina Bopriva® (Zoets Saúde Animal) e não apresenta período de carência para abate e consumo. A primeira aplicação da vacina foi realizada no momento de entrada dos animais no confinamento, e a segunda aplicada 30 dias após a data da primeira vacinação, e a partir deste e considerado que o animal está imunocastrados, ficando os animais confinados onde permaneceram até o abate.   As medidas de peso vivo inicial e final, ganho de peso total e ganho médio diário foram obtidos de cada animal. Além disso, as avaliações realizadas no frigorífico, como peso e rendimento da carcaça quente, maturidade e acabamento também foram obtidas individualmente. A maturidade está relacionada a idade dos animais em meses que é avaliada no frigorifico por nota equivalente a quantidade de dentes incisivos permanentes (d.i.p) dos animais (0 d.i.p - < 20 meses; 2 d.i.p – 20 a 24 meses; 4 d.i.p – 30 a 36 meses; 6 d.i.p – 42 a 48 meses; ou 8 d.i.p – 52 a 60 meses). Acabamento verifica em observação a quantidade de gordura de cobertura fornecida pelo frigorifico e feita de forma visual através de nota que vai de 1 a 5 (1 – ausente; 2 – escassa 1 a 3 mm; 3 – mediana 3 a 6 mm; 4 – uniforma 6 a 10 mm; 5 - excessiva >10 mm) Para a comparação média das variáveis obtidas por animal foi aplicado o teste F da ANOVA, por meio do programa SAS. Os demais dados como consumo de matéria seca (kg/dia e % do peso vivo), conversão alimentar, eficiência alimentar, custos gerais e específicos, lucro e rentabilidade não possível a coleta individual, pois em se tratando de confinamento comercial, a captura destes dado de cada animal fica inviável, os quais foram obtidos por meio da média do lote. Nas variáveis de índices econômicos leva se em consideração os custos de animais castrados e inteiros, apresentando dados importantes do confinamento como custo de aquisição por cabeça e arroba (valor pago em reais); custo de produção e custo alimentar (valor em reais gastos com os animais no período de entrada a saída dos mesmos); custo da arroba produzida (gastos em reais pelo que foi produzido); valor de venda por arroba, contando o lucro liquido por cabeça e a rentabilidade do período dado em porcentagem relacionado ao tempo em que esses animais passaram em confinamento. Após a coleta foram analisados por meio de estatística descritiva expressa por média com utilização do programa Microsoft Excel, onde foram agrupadas em tabelas para uma melhor comparação, discursão e resultados apresentados.

Resultados e Discussão

Na Tabela 1 são apresentados os valores médios de consumo e desempenho de 404 animais divididos em currais de confinamento comercial, sendo dois deles oriundo de bovinos castrados e os outros dois de bovinos inteiros, que foram confinados por 118 dias e 170 dias respectivamente. Pode-se verificar que animais castrados e inteiros (Tabela 1) apresentaram desempenho semelhante quanto ao consumo matéria seca % PV, todavia ao se analisar o consumo matéria seca kg/dia se tem diferenças numéricas mais proeminentes entre os grupos castrados e não castrados. Possivelmente, estes resultados devem se ao fato de que os bovinos inteiros possuem maior gasto de energia para mantença, principalmente relacionada às atividade físicas e de libido (VALADARES FILHO, BRCORTE.,2006) A conversão alimentar foi maior nos animais castrados em relação aos animais inteiros (Tabela 1), o que implica dizer que os animais inteiros consomem menos alimento que os castrados para converter em kg no peso vivo. Dados semelhantes aos do presente estudo foi verificado por Restle et al. (2000), o qual concluiu que animais inteiros são mais eficientes na transformação de alimento em ganho de peso e reafirmando a importância da testosterona produzida pelos testículos não só no ganho de peso como também na eficiência alimentar, fator importante para os sistemas que utilizam confinamento para produção de corte. Foi observada diferença significativa (Tabela 2) entre a classe sexual (castrados e inteiros) para peso vivo final, ganho de peso total, peso e rendimento de carcaça quente. Os encontrados para as variáveis mensuradas nos animais inteiros apresentaram maiores médias (P<0,0005) aos castrados imunologicamente. O melhor desempenho tanto em relação ao peso vivo como peso e rendimento de carcaça apresentado pelos bovinos inteiros pode ser atribuído ao hormônio testosterona, que exerce influência positiva sobre a taxa de crescimento muscular do animal. A testosterona aumenta a retenção de nitrogênio do músculo promovendo uma maior síntese proteica, além disso, eleva os níveis de outros hormônios como IGF-I, promovendo assim uma maior atividade das células satélites, resultando em maior taxa de deposição de proteína (LOPES, 2010; ANDERSON, 2007). O ganho de peso total dos animais inteiros foi superior aos castrados, o que proporcionou maior peso de abate consequentemente devido a maior deposição de tecido muscular. Esse resultado está de acordo com o observado por Paulino et al. (2009), que afirma que bovinos machos inteiros depositam proteína de forma mais pronunciada no corpo vazio em comparação a machos castrados. A observação da Tabela 2 dá conta que o GMD não obteve diferença. Isso se deve ao fato de animais inteiros terem passado mais dias no confinamento, mesmo tendo peso vivo inicial menor em relação aos castrados. A ausência de diferença em acabamento, também pode ser observado para bovinos inteiros e castrados, levando em consideração que animais inteiros passaram 52 dias a mais no confinamento em relação aos castrados, porém pode se afirmar que animais inteiros podem sim ter acabamento satisfatório e ainda que para os animais castrados o pouco acabamento pode ser explicado pelo gasto energético para a produção de anticorpos, o que nesse caso não trouxe um satisfatório resultado (Tabela 2). Um resumo da análise de rentabilidade em confinamento de 404 animais (inteiros e castrados) pode ser observado na Tabela 3, representado pela aquisição dos animais que mostra o custo do boi magro (R$/cab.) maior em animais castrados, fator que deve ser levado em conta, pois os animais selecionados para a castração dentro do confinamento são os mais pesados, o que coincide com a maior idade. Com base neste critério, a castração, além de atender a exigência do frigorifico em relação ao acabamento da carcaça, objetiva também evitar brigas e comportamento de sodomia, causada pelo aparecimento da puberdade e maturidade sexual. Os dados de custo por @, acompanham e seguem a mesma tendência do custo do boi magro, em que a diferença de compra por @ de animais castrados para inteiros é em média de R$ 7,38 a mais. O custo de produção e custo alimentar observados na Tabela 3 é maiores para bovinos inteiros, porém muito próximos dos registrados para bovinos castrados, notando a semelhança quando comparado o custo da @ produzida nos distintos tratamentos. Essa diferença destes custos serem mais altos em animais inteiros se deve ao maior tempo de confinamento, e ainda pelo fato da exigência de mantença ser maior em relação aos animais castrados (MOLETTA et al., 2014). O percentual de custo de compra no custo total em % foi maior para bovinos castrados, onde é representado pelo valor de aquisição dos animais castrados (mais pesados) terem sido superior aos dos animais inteiros. Já outros dados como percentual de custo alimentar no custo total e percentual custo fixo no custo total, obtiveram menores valores aos bovinos castrados, reafirmando a tese de maior consumo advindo de animais inteiros, devendo ser explicado pela maior exigência de mantença devido ao maior ganho de peso. O resultado apresentado do valor de venda dos animais inteiros foi superior ao dos animais castrados, onde pode ser analisado que mesmo os animais sendo castrados por uma imposição da União Europeia onde exige que esses animais sejam castrados a fim de se ter um rendimento de carcaça e acabamento melhor em relação aos inteiros, os mesmos em tais dados foram pagos com valores inferiores ao dos animais inteiros, que obteve melhor rendimento de carcaça (Tabela 2). O lucro líquido e a rentabilidade do período de confinamento expressa por %, foi maior para animais inteiros, os quais tiveram lucro líquido e rentabilidade bem maior em relação aos animais castrados. Porém, volta a tona o custo de boi magro ser maior, o que acaba refletindo diretamente em todo o período do confinamento, decaindo sobre os custos e prejudicando a rentabilidade do mesmo. A aquisição dos animais representou o maior valor total dos custos. Lopes & Magalhães (2005) salientaram que esse alto valor mostra que os pecuaristas devem dar uma atenção especial nesse quesito, pois uma pequena economia, sem deixar de lado a qualidade dos animais a serem confinados representa uma redução considerável do custo operacional efetivo, que refletirá na lucratividade e na rentabilidade.

Conclusões

Não foi possível construir inferências sobre as diferenças do desempenho produtivo entre bovinos castrados e inteiros porque permaneceram no confinamento quantidade de dias diferentes. Com base nos valores numéricos, o custo de aquisição total e por arroba é maior para animais mais pesados (castrados). O custo de produção total e por arroba produzida é maior para animais inteiros, por passarem mais tempo confinados, mesmo assim, a rentabilidade total dos machos inteiros é maior, por apresentarem maior rendimento de carcaça. Portanto, de acordo com os dados apresentados a castração não incrementa a rentabilidade total do confinamento.

Gráficos e Tabelas




Referências

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