Desempenhos de frangos de corte suplementados com goma de soja em dietas de baixa digestibilidade

Antonio Carlos de Laurentiz1, Caio César dos Ouros2, Érica Santos Mello3, Nayara Yuri Mitsumori Alvares4, Henrique Acunha Urzulin5, Leandro Aparecido Braga6, Mirela Galdeano Rueda7, Carolina Paggioli8
1 - UNESP - Ilha Solteira - SP
2 - UNESP - Botucatu- SP
3 - UNESP - Ilha Solteira - SP
4 - UNESP - Ilha Solteira - SP
5 - FEA - Andradina - SP
6 - UNESP - Ilha Solteira
7 - UNESP - Ilha Solteira
8 - UNESP - Ilha Solteira

RESUMO -

O objetivo deste trabalho foi avaliar a viabilidade da utilização do resíduo do óleo de soja (goma de soja) como um emulsificante em dieta de baixa digestibilidade para frangos de corte em fase inicial (1 a 21 dias). Foram utilizados 600 pintos de corte macho da linhagem Cobb® 500, distribuídos em um esquema fatorial (3×4) sendo três níveis de goma de soja (0%; 1,25%; 2,5%) e quatro níveis de gordura suína (0%; 1,3%; 2,6%; 3,9%), totalizando em 12 tratamentos com 5 repetições. Foram analisados consumo de ração, ganho de peso e conversão alimentar. Foi possível verificar variações de conversão alimentar com o uso da goma de soja e também da gordura suína, sendo resultados de alterações no ganho de peso dos animais.

Palavras-chave: Emulsificante, Gordura Suína, Resíduo

Performance of broiler chickens supplemented with soy gum in low digestibility diets

ABSTRACT - The objective of this work was to evaluate the viability of the soybean residue (soy gum) as an emulsifier in a low digestibility diet for broilers in the initial phase (1 to 21 days). A total of 600 male broilers Cobb® 500 were distributed in a factorial scheme (3x4), with three levels of soybean gum (0%, 1.25%, 2.5%) and four levels of swine fat (0%, 1.3%, 2.6%, 3.9%), totaling in 12 treatments with 5 replicates. Feed consumption, weight gain and feed conversion were analyzed. It was possible to verify variations of feed conversion with the use of soy gum and also of swine fat, being results of changes in the weight gain of the animals.
Keywords: Emulsifier, Swine Fat, Residue


Introdução

Em decorrência dos grandes avanços na nutrição, genética e manejo, ao longo dos anos o Brasil se destaca como um dos maiores produtores de carne de frango do mundo, sendo atualmente o maior exportador e o terceiro maior produtor mundial, além de apresentar um grande consumo no mercado interno, atingindo 43,25 kg/habitante/ano. Em 2015 foram produzidas 13,14 milhões de toneladas de carcaça de frango no país, sendo exportadas 32,7% do total (UBABEF, 2016). O Brasil também aparece como o maior produtor mundial de soja, uma commoditie agrícola importante no cenário nacional. A produção brasileira na safra de 2015/2016 está prevista para aproximadamente 100,93 milhões de toneladas, em uma área de 33,2 milhões de hectares (CONAB 2016). Levando-se em conta a grande quantidade de soja produzida no país, qualquer subproduto gerado no processamento acarreta em um grande impacto ambiental e a destinação deste resíduo é importante.

Revisão Bibliográfica

A exigência nutricional das aves vem evoluindo juntamente com seu potencial genético e a utilização de rações com maiores níveis energéticos passaram a ser essencial para que os frangos de corte possam expressar todo seu potencial. Com isso a inclusão de óleos ou gorduras na composição das dietas vem sendo necessária e tem recebido atenção especial de produtores e pesquisadores (DUARTE, 2007). Pesquisas têm sido conduzidas no intuito de avaliar os mecanismos fisiológicos das aves, quando são realizadas modificações nas quantidades de lipídios da dieta, principalmente no que se refere ao metabolismo e às funções endócrinas (URBANO, 2006). As fontes lipídicas de origem animal em geral apresentam maiores variações em sua composição quando comparadas às de origem vegetal, contudo, apresentam preços mais acessíveis e, quando são de boa qualidade, podem ser utilizadas nas rações de aves de forma eficiente. Entre as várias fontes lipídicas de origem animal que podem ser utilizadas para a fabricação de rações temos a gordura suína, que apresenta energia bruta bem próxima a do óleo de soja, fonte mais utilizada em âmbito nacional (ROSTAGNO et al, 2011). A goma de soja pode ser uma alternativa viável de emulsificante, já que sua composição contém grande proporção de lecitina que é uma complexa mistura de fosfatídeos que atuam estabilizando a emulsão na interface entre óleo e água. Considerando isso, o presente trabalho foi conduzido com o objetivo de avaliar a eficiência da utilização da goma de soja como emulsificante em dietas formuladas com inclusão de gordura suína para frangos de corte nas primeiras semanas de vida.

Materiais e Métodos

O experimento foi conduzido no Setor de Avicultura da Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira – Unesp. Foram utilizados 600 pintos de corte com um dia de idade, machos, da linhagem comercial Cobb 500®, vacinados contra doença de Marek no incubatório, sendo essas aves alojadas em gaiolas de arame galvanizado. O período experimental foi de 0 a 21 dias. As aves foram distribuídos em um delineamento inteiramente casualizado, em esquema fatorial 4x3 (quatro níveis de inclusão de gordura suína 0; 1,3; 2,6 e 3,9% X três níveis de inclusão de goma 0; 1,25 e 2,5%) totalizando 12 tratamentos  com 5 repetições de 10 aves cada. As dietas experimentais foram formuladas à base de milho, farelo de soja e farinha de carne e ossos (Tabela 1), seguindo as recomendações de (ROSTAGNO et al., 2011). Para o manejo e nutrição foram adotados os métodos recomendados pelo manual da linhagem Cobb®, com fornecimento de água e ração ad libitum durante todo o período experimental e o aquecimento inicial foi realizado com o auxílio de lâmpadas incandescentes de 100 watts. Os dados de desempenho zootécnico foram obtidos nos períodos de 1 a 7 dias, 1 a 14 dias e 1 a 21 dias, onde foi quantificado o consumo de ração (CR), ganho de peso vivo (GP) e conversão alimentar (CA). Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e quando apresentaram diferenças significativas as médias foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade, utilizando o programa estatístico SISVAR 5.1 (FERREIRA, 2011).

Resultados e Discussão

Os resultados da análise de variância dos parâmetros de consumo de ração (CR), ganho de peso (GP) e conversão alimentar (CA) estão apresentados na Tabela 2. Não ocorreu diferença significativa (P>0,05) em nenhum dos períodos para o parâmetro consumo de ração (CR), resultado semelhante ao encontrado por Rocha et al. (2007) que também utilizando emulsificante em dietas para frangos de corte em fase inicial não encontraram variações nos valores de CR. Para o parâmetro de ganho de peso (GP) não ocorreu interação entre os fatores avaliados, mas houve diferenças significativas (P<0,05) nos períodos de 0 a 14 e 0 a 21 dias relacionados a inclusão de gordura, sendo que os tratamentos em que foi feita a inclusão de gordura apresentaram melhor ganho de peso assim como no trabalho de Braga e Baião (2001) que também observaram um aumento significativo nos valores de GP com utilização de fontes lipídicas para animais em fase inicial. O parâmetro de conversão alimentar (CA) não apresentou interações entre os fatores, mas no período de 0 a 14 dias apresentou melhor CA relacionada a inclusão de gordura, assim como no período de 0 a 21 dias sendo que neste a inclusão de goma também causou variações significativas (P<0,05) diferentemente do trabalho de e Oliveira et al. (2009) onde nenhuma variação de desempenho foi registra quando se utilizou emulsificantes na alimentação dos animais no período inicial.

Conclusões

Os resultados quanto à utilização da goma de soja foram pouco conclusivos nas duas primeiras semanas sendo que a partir de 14 dias começaram a apresentar melhoras de desempenho.   Agradecimentos: Cargill Unidade de Três Lagoas – MS e a Fazenda de Ensino Pesquisa e Extensão – FEPE (UNESP – Ilha Solteira).

Gráficos e Tabelas




Referências

BRAGA, J. P.; BAIÃO, N. C. Suplementação lipídica no desempenho de aves em altas temperaturas. Cad. Tec. Vet. Zootec., Belo Horizonte, n. 31, p. 23-28, 2001. CONAB: COMPANHIA BRASILEIRA DE ABASTECIMENTO. Acompanhamento da safra brasileira de grãos: safra 2015/2016. Brasília: Conab, 2016. v. 3, n. 5. p. 182 DUARTE, F.D. Efeito de fontes lipídicas em dietas para frangos de corte sobre o desempenho, rendimento e composição de carcaça. 2007. 45 f. Dissertação (Mestre em Zootecnia) – Escola de Veterinária, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2007. FERREIRA, D. F. Sisvar: a computer statistical analysis system. Ciência e Agrotecnologia, Lavras  v. 35, n. 6, p. 1039-1042, 2011. OLIVEIRA, R. S. Suplementação de nutracêutico (LECIPALM®) e vitamina E para frangos de corte: desempenho zootécnico e metabolismo. 2009. 108 f. Dissertação (Mestrado)- Setor Ciências Agrárias, Universidade Federal do Paraná, Curitiba.  2009. ROCHA, C.; WENG, D. Y.; SUREK, D.; HUBBER, M.; OPALINSKI, M.; FISCHER DA SILVA, A. V. Efeito da suplementação de lecitina de soja sobre o desempenho de frangos de corte na fase pré-inicial. Revista Brasileira de Ciência Avícola, Campinas, v. 9, n. 3, p. 69, 2007. ROSTAGNO, H. S.; ALBINO, L. F. T.; DONZELE, J. L.; GOMES, P. C.; OLIVEIRA, R. F.; LOPES, D. C.; FERREIRA, A. S.; BARRETO, S. L. T.; EUCLIDES, R. F. Tabelas brasileiras para aves e suínos: composição de alimentos e exigências nutricionais. 3. ed. Viçosa: Editora UFV, 2011.  252 p. UBABEF: UNIÃO BRASILEIRA DE AVICULTURA (Org.). Relatório anual. São Paulo: UBABEF, 2019. p. 13 – 17. URBANO, T. Efeitos de inclusão de óleo de soja na ração de frangos de corte criados em temperaturas termoneutra e quente. 2006.  70 f. Dissertação (Mestrado)– Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias-  FCAV, Universidade Estadual Paulista,  Jaboticabal, 2006.