Desenvolvimento de leguminosas tropicais submetidas a diferentes sombreamentos
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RESUMO -
Objetivou-se avaliar a altura e altura estendida de duas leguminosas (Macrotyloma axillare, Java e Stylosanthes spp cv. Campo Grande) submetidas a níveis de sombreamento de 0% (pleno solo), 45%, 60% e 75%. O sombreamento alterou as características avaliadas nas leguminosas. A cultivar Java apresentou uma maior tolerância ao sombreamento em comparação ao Estilosantes cv. Campo Grande, sendo recomendada em sistemas com até 60% de restrição luminosa.
Development of tropical legumes subjected to different shading
ABSTRACT - It was evaluated the height and extended height of two legume forages (Macrotyloma axillare, Java and Stylosanthes spp cv. Campo Grande) under shading levels of 0% (full sun), 45%, 60% and 75%. Shading has influenced the evaluated characteristics on the legume forages. Java presented higher tolerance to shading than Brazilian Stylo cv. Campo Grande, being recommended in systems until 60% of light restriction.Introdução
O conhecimento da adaptação morfofisiológica de espécies forrageiras às condições de sombreamento tem crescido nos últimos anos, em virtude, principalmente, das iniciativas de associar pastagens com árvores, em sistemas silvipastoris e agrossilvipastoris. Além disso, busca-se selecionar espécies para a integração que apresentam boa produtividade e que sejam adaptadas às condições edafoclimáticas da região onde serão implantadas (Garcia e Andrade, 2001 e Santos et al., 2015).
As leguminosas forrageiras merecem destaque no seu uso pelo fato de apresentarem grande potencial em aumentar a produtividade e qualidade das pastagens e por incorporarem N2 atmosférico ao sistema solo-planta (Andrade et al., 2004). Dessa forma, tem-se cada vez mais aumentado o interesse em estudar espécies que possam somar todas estas qualidades e serem adaptadas a ambientes com restrição luminosa, podendo ser utilizadas em sistemas agrossilvipastoris.
Todavia, ainda são insuficientes as informações acerca da adaptação dessas novas cultivares de leguminosas forrageiras tropicais ao sombreamento. Sendo assim, o trabalho foi proposto com o objetivo de avaliar as características estruturais de duas leguminosas (Macrotyloma axillare, Java; Stylosanthes spp cv. Campo Grande) submetidas a níveis de sombreamento.Revisão Bibliográfica
Os sistemas agroflorestais se destacam entre os sistemas produtivos por favorecerem maior sustentabilidade (Bernardino; Garcia, 2009), maior diversidade de renda ao produtor, melhoria na qualidade física e química do solo (Muschler & Bonnemann, 1997) e no microclima do sub-bosque.
O conhecimento da adaptação morfofisiológica de espécies forrageiras a condições de sombreamento tem crescido nos últimos anos, em virtude, principalmente, das iniciativas de associar pastagens com árvores, em sistemas silvipastoris e agrossilvipastoris. Além disso, busca-se selecionar espécies para a integração que apresentam boa produtividade e que sejam adaptadas às condições edafoclimáticas da região onde serão implantadas (Garcia e Andrade, 2001 e Santos et al., 2015).
As leguminosas forrageiras merecem destaque no seu uso pelo fato de apresentarem grande potencial em aumentar a produtividade e qualidade das pastagens e por incorporarem N2 atmosférico ao sistema solo-planta (Andrade et al., 2004). Dessa forma, tem-se cada vez mais aumentado o interesse em estudar espécies que possam somar todas estas qualidades e serem adaptadas a ambientes com restrição luminosa, podendo ser utilizadas em sistemas integrados com árvores.
A baixa disponibilidade de luz no sub-bosque, entretanto, compromete a produção de biomassa aérea, reduz a formação de raízes - o que aumenta a susceptibilidade ao estresse (Guenni, et al., 2008). Mesmo considerando menor produtividade quando comparado ao monocultivo, a grande quantidade de área disponível aumenta o interesse por técnicas que melhorem a disponibilidade de forragem de alta qualidade sob essas condições.
Materiais e Métodos
O presente experimento foi conduzido no Setor de Forragicultura da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, localizada no município de Diamantina, MG.
O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com os tratamentos dispostos em esquema de parcelas subdivididas com quatro repetições, onde as parcelas eram constituídas pelos níveis de sombreamento, sendo: 0% – 670 μmol m-2 s-1 (pleno solo); 45% - 369 μmol m-2 s-1; 60% - 268 μmol m-2 s-1 e 75% - 168 μmol m-2 s-1, e as subparcelas representadas pelas leguminosas: (Macrotyloma axillare, Java), (Stylosanthes spp cv. Campo Grande, Estilosantes).
Os níveis de sombreamento foram proporcionados por tela de náilon de cor preta, sendo os níveis de 45, 60 e 75% de sombra. O sombreamento real exercido pelas telas foi estimado com auxílio do aparelho PAR/LAI ceptometer modelo LP-80. As leituras foram realizadas sob condições de radiação difusa as 9:00, 12:00 e 15:00 hs (início da manhã, sol a pino e no final da tarde). Para determinação dos níveis de sombreamento, avaliou-se o percentual médio de redução da radiação fotossinteticamente ativa incidente acima dos canteiros, dispostos em cada tela e em relação as plantas cultivadas a pleno sol.
A semeadura foi realizada em março de 2016 em canteiros de 5 m2 com um espaçamento entre linhas e canteiros de 0,5 m perfazendo 10 m lineares por canteiro. A adubação de semeadura e a correção do solo foram realizadas de acordo com a interpretação da análise química do solo.
Aos 72 dias após semeadura, com o uso de réguas graduadas, foram realizadas as medições de altura das plantas e altura de plantas estendidas até alcançar a maior folha da planta, selecionando 30 plantas aleatórias em cada canteiro.
Os dados obtidos foram submetidos a análise de regressão. Os modelos foram escolhidos de acordo com o coeficiente de determinação e a significância dos coeficientes de regressão, testados pelo teste t corrigido com base nos resíduos da análise de variância.
Resultados e Discussão
O aumento da restrição luminosa provocou diminuição da altura das plantas de estilosantes de maneira linear (Figura 1).
Segundo Guenni et al. (2008), a baixa disponibilidade de luz no sub-bosque, entretanto, compromete a produção de biomassa aérea, reduz a formação de raízes, o que aumenta a susceptibilidade ao estresse e interfere no crescimento de plantas.
Ao se avaliar a altura estendida das leguminosas nos diferentes níveis de sombreamento nota-se que as plantas apresentaram um padrão de resposta muito semelhante ao observado à altura não estendida (Figura 2).
Lima et al. (2010), cita que fatores como luz, água e temperatura são alguns dos elementos do ambiente que influenciam no desenvolvimento da vegetação. O suprimento inadequado de um desses fatores pode reduzir o vigor da planta e limitar seu desenvolvimento.
A cultivar Java apresentou uma resposta significativa em relação ao aumento dos níveis de sombreamento. Apesar de nenhum modelo ajustado para a cultivar Java apresentar entendimento do ponto de vista biológico, percebe-se que as plantas tiveram seu tamanho reduzido quando submetida a 45% de sombreamento e um aumento para o nível de 60% em relação as plantas cultivadas a pleno sol, demonstrando uma possível adaptação desta espécie a níveis de restrição luminosa mais intensos.
Conclusões
O sombreamento altera todas as características estruturais das leguminosas. A cultivar Java apresentou uma maior tolerância ao sombreamento em comparação ao estilosantes campo grande, sendo recomendada seu uso com até 60% de restrição luminosa.
Gráficos e Tabelas
Referências
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BERNARDINO, F.S.; GARCIA, R. Sistemas silvipastoris. Pesquisa Florestal Brasileira, n.60, p.77-87, 2009 (Edição especial).
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