DIETAS A BASE DE MILHO GRÃO INTEIRO E FENO SUPLEMENTAR DE BEZERROS: EFICIÊNCIA DE ALIMENTAÇÃO E RUMININAÇÃO
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RESUMO -
Avaliou-se os efeitos da suplementação de feno de tifton-85 na dieta de milho grão inteiro e pellet comercial no comportamento digestivo de bezerros leiteiros. O delineamento experimental adotado foi em quadrado latino 4×4 duplicado e simultâneo, sendo os tratamentos, quatro níveis de suplementação do feno de tifton-85 (0, 0,2, 0,4 e 0,8% em relação ao peso corporal) na mistura milho grão inteiro e pellet comercial em quatro períodos experimentais, com duas repetições. As variáveis referentes ao comportamento ingestivo foram: Eficiência de alimentação de matéria seca (EALMS, kg MS/h); Eficiência de ruminação da matéria seca (ERMS, kg MS/h) e da fibra em detergente neutro (ERFDN, kg FDN/h) e Taxa de Ruminação (TR, %/h). Foi observado efeito para as EALMS e ERUMS (P0,05). A inclusão de uma fonte de fibra na dieta constitui fator determinante para diminuir as eficiências de alimentação e ruminação da matéria seca.
Time spent with food, rumination, rest and chewing of calves fed corn and supplementary hay diets
ABSTRACT - The effects of hay supplementation were evaluated from the diet of tifton-85 corn and commercial pellets on the digestive behavior of dairy calves. The experimental design adopted was a duplicate and simultaneous square of 4X4, with the treatments being four supplementation levels of tifton-85 hay (0, 0.2, 0.4 and 0.8% in relation to body weight) in the mix Corn and commercial pellet in four experimental periods, with two replicates (eight animals). The variables related to the ingestive behavior were: Feeding time (TAL, min / day); Rest time (TO, min / day); Ruminating time (TRU, min / day); Total chewing time (TMT, min / day). There was influence of hay levels (P <0.05), in the time spent by the animals in TAL, TRU and TMT. The TO was not affected (P> 0.05). The inclusion of a fiber source in the diet is a determining factor for the increase in feeding, chewing and rumination times.Introdução
A crescente demanda por proteína de origem animal no Brasil aliada aos baixos índices produtivos exige mudanças em determinados segmentos da pecuária bovina. Uma alternativa para alavancar a produção de carne seria a utilização de machos leiteiros, tendo em vista o crescimento do rebanho leiteiro nos últimos anos em conformidade com a demanda de carne apresentada (ROMA JR. et al., 2008). Outra alternativa refere-se ao manejo nutricional, através de dietas à base de grão de milho não processado, que viabiliza a diluição dos custos operacionais intrínsecos à produção de bovinos de corte. Segundo PAULINO et al. (2013), este tipo de dieta só começou a ser utilizada no Brasil no ano de 2005 graças ao pioneirismo de uma empresa que desenvolveu um pellet comercial específico para ser administrado junto ao milho grão inteiro.
O consumo da matéria seca é um dos principais fatores que afeta o desempenho dos bovinos. O comportamento ingestivo pode ser alterado de acordo com o padrão, quantidade e disponibilidade do alimento e práticas de manejo. Dessa forma, pode ser utilizado pelos produtores, de modo a aumentar a eficiência produtiva e assegurar a saúde e longevidade animal.
O presente estudo teve como objetivo determinar os efeitos da suplementação de feno de tifton-85 na dieta de milho grão inteiro e pellet comercial, sendo avaliado a eficiência de alimentação de matéria seca; taxa de ruminação; eficiência de ruminação da matéria seca e da fibra em detergente neutro.
Revisão Bibliográfica
Atualmente, existem diversos parâmetros para avaliar o desempenho animal. Um desses é o comportamento ingestivo, que se apresenta como uma ferramenta de importância para avaliação das dietas, possibilitando ajustar o manejo alimentar dos animais para melhor desempenho produtivo. O estudo do comportamento pode propiciar nova perspectiva para o modelo convencional de abordagem científica zootécnica, abrindo novos horizontes e trazendo inovações a situações mal compreendidas, principalmente quanto às práticas de manejo (SILVA et al., 2004).
O entendimento do comportamento ingestivo dos animais possibilita a definição de estratégias adequadas para o manejo alimentar, proporcionando habilidades para interferir de forma positiva na produção (BREM et al., 2008). No comportamento ingestivo de bovinos confinados, a ingestão de forragens depende do seu valor nutricional, palatabilidade, tamanho da partícula e forma física da dieta, sendo a FDN o primeiro fator que afeta essa atividade, pois interfere diretamente no funcionamento ruminal (YANG et al., 2001) e na ingestão de matéria seca (MS) (VAN SOEST, 1994).
Materiais e Métodos
Neste estudo foram utilizados oito bezerros, com peso corporal médio inicial de 100±10kg e idade média de 4,0 meses. Os animais ficaram 30 dias em adaptação, onde foram vermifugados e receberam aplicação do complexo vitamínico ADE, além de água e sal mineral oferecidos ad libitum.
Foi adotado o delineamento experimental em quadrado latino, representado por quatro tratamentos (níveis de suplementação do feno de tifton-85) em quatro períodos experimentais (14 dias cada), com duas repetições (oito animais). Como tratamentos foram avaliados os níveis de inclusão do feno de tifton-85 (Cynodon spp.) na dieta com alta porcentagem de milho grão inteiro (85%) e alimento concentrado na forma de pellet (15%), na fase de recria de bezerros leiteiros mestiços (Holandês x Zebu). Os tratamentos avaliados serão: T0 85% milho grão inteiro + 15% pellet, sem suplementação do feno; T1- 85% milho grão inteiro + 15% pellet com suplementação de 0,2% do peso corporal de feno, T2- 85% milho grão inteiro + 15% pellet com suplementação de 0,4% do peso corporal de feno; e T3: 85% milho grão inteiro + 15% pellet com suplementação de 0,8% do peso corporal de feno. A composição bromatológica dos ingredientes utilizados nos tratamentos está apresentada na Figura 1.
Na mensuração do comportamento ingestivo, os animais foram submetidos a observação visual no final de cada período experimental, durante 24 horas (14ªdia), em intervalos de dez minutos para determinação do tempo despendido com: alimentação, ócio, ruminação e mastigação total. Após a obtenção destes dados e dos dados de consumo de matéria seca e de fibra em detergente neutro obteve-se a eficiência de alimentação (kg MS/h) por EAL = CMS/TAL e a eficiência de ruminação (ER, kg MS/h; kg FDN/h) por ERU = CMS/TRU; ERU = CFDN/TRU, TR= (TRU/TMT)*100 (POLLI, et al., 1996).
Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias dos tratamentos foram descritos por meio de regressão, utilizando-se 5% como nível crítico de probabilidade.
Resultados e Discussão
Foi observado efeito para as eficiências de alimentação da matéria seca (EALMS) e ruminação (ERUMS) da matéria seca (P<0,05), enquanto que a eficiência de ruminação da fibra em detergente neutro (ERUFDN) e taxa de ruminação (TR), não tiveram efeito (P>0,05), entre os tratamentos avaliados (TAB. 2).
As eficiências de alimentação e ruminação da matéria seca, apresentaram comportamento quadrático, em função dos tratamentos avaliados, onde o aumento no nível de feno na dieta reduziu a EALMS e ERUMS, sugerindo que esse decréscimo aconteceu em função do aumento no consumo de feno. Assim, os níveis de feno suplementar as dietas acarretaram redução nas eficiências de alimentação e ruminação da MS.
A eficiência de alimentação e a eficiência de ruminação são afetadas primariamente pelo consumo animal, que por sua vez provoca implicações nos tempos despendidos nas atividades de alimentação, ruminação e ócio (CARVALHO et al., 2011). No presente trabalho, o efeito no TAL e TRU entre os tratamentos, foram decorrentes do efeito no consumo de matéria do feno, como a EALMS e ERUMS, são inversamente proporcionais a estes tempos, infere-se que essa redução nas eficiências de alimentação e ruminação ocorreu devido ao maior tempo de alimentação e ruminação provocado pelos tratamentos. Segundo DULPHY et al. (1980), quando aumentam os constituintes da parede celular da dieta ocorre elevação no número de mastigações por bolo alimentar, em virtude do maior aporte de fibra, porém a eficiência alimentar e de ruminação reduzem, influenciado pelo maior tempo necessário para digestão da fibra.
Conclusões
A inclusão de uma fonte de fibra na dieta constitui fator determinante para diminuir as eficiências de alimentação e ruminação da matéria seca.
Gráficos e Tabelas
Referências
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