Digestibilidade dos nutrientes em ovinos alimentados com diferentes níveis de concentrado
Juliana Cristina Nogueira Colodo1, Ludhiana Rosa Ferreira2, Eloísa de Oliveira Simões Saliba3, Wilson Gonçalves de Faria Junior4, Wilma Gonçalves de Faria5, Mércia Regina Pereira de Figueiredo6, Lorena da Cunha Porto Bandeira7, Guilherme Rocha Moreira8
1 - Universidade Federal de Roraima
2 - Universidade Federal de Minas Gerais
3 - Universidade Federal de Minas Gerais
4 - Universidade Federal de Roraima
5 - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Roraima
6 - Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural
7 - Universidade Federal de Minas Gerais
8 - Universidade Federal Rural de Pernambuco
2 - Universidade Federal de Minas Gerais
3 - Universidade Federal de Minas Gerais
4 - Universidade Federal de Roraima
5 - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Roraima
6 - Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural
7 - Universidade Federal de Minas Gerais
8 - Universidade Federal Rural de Pernambuco
RESUMO -
Objetivou-se avaliar os efeitos de níveis crescentes de inclusão do concentrado sobre a digestibilidade dos componentes da dieta em ovinos alimentados com cana de açúcar picada (Saccharum officinarum) acrescida de 1% de ureia e sulfato de amônio na proporção de 9:1. Foram utilizados 20 ovinos submetidos a 22 dias de adaptação em um delineamento estatístico inteiramente casualizado. Os tratamentos foram 5, 20, 35, 50 e 65% de inclusão de concentrado. A produção fecal foi obtida através do indicador LIPE® e o consumo dos nutrientes foi calculado pela diferença entre oferecido e sobras. Através dos dados de produção fecal e consumo foi calculada a digestibilidade. A digestibilidade da matéria seca e da fibra em detergente neutro aumentou linearmente com o aumento dos níveis de inclusão do suplemento (P<0,05). A suplementação apresentou efeitos positivos, maximizando a digestibilidade dos nutrientes da dieta, exceto a digestibilidade da proteína bruta que decresceu linearmente.
Palavras-chave: alimentação, nutrição, ruminantes, suplementos
Nutrient digestibility in sheep fed with different levels of concentrate
ABSTRACT - This study aimed to evaluate the effects of concentrate supplementation levels on digestibility of dietary components in sheep fed sugarcane (Saccharum officinarum) added with 1% urea and ammonium sulfate in the proportion of 9:1, and 5, 20, 35, 50 and 65% inclusion of concentrate. Twenty sheep were used and submitted to 22 days of adaptation in a completely randomized design. Fecal output was obtained with the LIPE® marker and nutrient intake was calculated by the difference between the diet offered and leftovers. The digestibility was calculated using the fecal output and intake data. The digestibility of dry matter and neutral detergent fiber increased linearly with the increase of supplementation (P <0.05). However, the digestibility of the crude protein decreased linearly. The supplementation had positive effects, maximizing the digestibility of the nutrients of the diet, except crude protein.Keywords: feeding, nutrition, ruminants, supplements
Introdução
Alimentação de ruminantes é predominantemente baseada em forragens, que apresentam sazonalidade de produção, podendo influenciar negativamente o desempenho dos animais (Bolzan et al., 2007). Nesse contexto, a cana de açúcar apresenta-se como alternativa economicamente viável, gerando coeficientes de desempenho animal satisfatórios quando comparada com qualquer outra fonte de alimento volumoso (Nussio et al., 2009). Objetivou-se com este trabalho avaliar a digestibilidade dos nutrientes de ovinos de alimentado com cana de açúcar, ureia, sulfato de amônio e níveis crescentes de inclusão de concentrado.Revisão Bibliográfica
A alta inclusão de concentrado nas dietas tornou economicamente viável mais recentemente, devido à elevação no custo de produção de volumosos, redução no preço dos concentrados e ao aumento da oferta de co-produtos (Borges et al., 2011). O efeito do aumento inclusão de concentrado na dieta de animais ruminantes sobre a digestibilidade tem sido estudado por diversos autores e, segundo Zambom et al. (2005), os resultados encontrados nesses ensaios têm sido curvilíneos. Assim, o ponto ótimo de aumento de inclusão de suplementação na dieta pode variar (Medeiros et al., 2007).Materiais e Métodos
O trabalho foi conduzido no Instituto Federal do Pará, campus Castanhal. Utilizaram-se 20 ovinos machos, castrados, alocados em baias individuais. O delineamento utilizado foi o inteiramente casualizado, com 5 repetições por tratamento, com período de adaptação de 22 dias. As dietas experimentais para os quatro tratamentos utilizados (5, 20, 35, 50 e 60% de inclusão de concentrado) foram calculadas segundo o NRC (2007). Utilizou-se cana-de-açúcar picada (Saccharum officinarum) acrescidas de 1% de ureia e sulfato de amônio na proporção de 9:1, e as diferentes inclusões de concentrado. O concentrado foi composto de farelo de milho (68%), farelo de dendê (15%), farelo de soja (12%), complexo mineral (3%), calcário (1,7%). As composições das dietas encontram-se na Tabela 1. A oferta de alimentos foi realizada duas vezes ao dia e foi permitido 20% de sobras na matéria natural. No 23◦ e 24◦ dia do experimento foi administrado uma cápsula de LIPE® de 250 mg a afim de adaptar ao indicador (Saliba et al, 2015), seguidos de coleta de fezes por 5 dias consecutivos. A produção fecal foi calculada de acordo com a expressão: Produção fecal (g/dia) = g indicador ingerido/concentração indicador nas fezes A determinação do consumo das dietas foi feita pela diferença de peso entre fornecido e sobras. A partir do resultado da produção fecal e consumo, foi calculada a digestibilidade. Os dados obtidos para a digestibilidade foram analisados pelo PROC MIXED, do SAS, sendo submetidos à análise de variância e regressão polinomial, adotando-se o nível de significância de 5%.Resultados e Discussão
O fornecimento de níveis crescentes de concentrado nas rações de ovinos não alterou (P>0,05) a digestibilidade da FDA e CEL (Tabela 2), com valores médios de 494,72 e 574,13, respectivamente. Porém, os níveis crescentes de concentrado propiciaram um efeito linear (P<0,05) sobre a digestibilidade da MS, PB, FDN e quadrático sobre a digestibilidade da HEM. A digestibilidade da PB apresentou efeito linear negativo, com média de 796,72. Entretanto, Moreno et al. (2010) não observaram efeito (P>0,05) dos níveis de concentrado sobre a digestibilidade da PB. Este menor valor observado para a digestibilidade da PB no presente trabalho, pode ser explicado devido à falta de sincronização entre disponibilidade de ureia no rúmen e disponibilidade de energia (Wanapat et al., 2013). A interação entre o alimento volumoso e concentrado no rúmen pode causar um efeito associativo que promove uma série de modificações na digestibilidade de matéria seca e demais nutrientes, o que pode afetar o desempenho animal de maneira positiva ou negativa (Van Soest, 1994). O comportamento linear positivo da digestibilidade da MS e FDN sugere que conforme o nível de suplemento foi elevado, houve uma melhora na digestibilidade destes nutrientes. Apesar do aumento significativo de nutrientes mais solúveis no rúmen, principalmente os carboidratos de rápida fermentação conforme aumentou a inclusão do concentrado, a cana-de açúcar provavelmente estimulou a mastigação e, consequentemente, a produção de saliva e criou um ambiente ruminal mais estável para a população microbiana, favorecendo a digestibilidade da MS e FDN.Conclusões
Os acréscimos de suplementação concentrada elevaram a digestibilidade da MS e FDN, favorecendo um melhor aproveitamento dos nutrientes da dieta. Entretanto, o aumento da inclusão de concentrado na dieta diminuiu a digestibilidade da proteína em ovinos alimentandos com cana de açúcar acrescida de ureia e sulfato de amônio.Gráficos e Tabelas
