DIGESTIBILIDADE IN VITRO DA TORTA DE MACAÚBA
Ana Karoline de Jesus Vieira1, Luciana Castro Geraseev2, Sérgio Murilo Duarte3, Idael Matheus Góes Lopes4, Geziana Moreira Seles5, Edvaldo Alves Vieira6, João Paulo Pereira de Souza7, Sarah Silva Santos8
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RESUMO -
Objetivou-se avaliar a digestibilidade in vitro de dietas com diferentes níveis de inclusão da torta de macaúba. O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado com quatro tratamentos (0, 10, 20 e 30%) e três repetições. A digestibilidade da MS e FDN da torta de macaúba foi de 52,89% e 26,42%. A digestibilidade da MS no tratamento sem inclusão do coproduto foi de 95,65% e 68,25% no tratamento com inclusão de 30%. Apesar do maior teor de EE no coproduto, a digestibilidade da FDN aumentou de forma linear com a inclusão do coproduto com 20,36% no tratamento com 30%, devido à maior concentração do nutriente no coproduto. Conclui-se que a inclusão torta de macaúba reduz a digestibilidade da matéria seca da dieta, porém aumenta a digestibilidade da fração fibrosa.
Palavras-chave: Acrocomia aculeata, coproduto, valor nutricional.
MACAUBA PIE IN VITRO DIGESTIBILITY
ABSTRACT - The objective was to evaluate the in vitro digestibility of diets with different inclusion levels of macaúba pie. The experimental design was completely randomized with four treatments (0, 10, 20 and 30% MP) and three replications. The digestibility of DM and NDF of the by-product was also evaluated. The digestibility of DM and NDF of macaúba pie was 52.89% and 26.42%, respectively. The digestibility of MS in the treatment without inclusion of the co-product was 95.65% and 68.25% in the treatment with inclusion of 30%. Althought the higher EE content in the co-product, the digestibility of the NDF increased linearly with the inclusion of the co-product with 20.36% in the 30% treatment, due to the higher concentration of the nutrient in the co-product. It’s concluded that the inclusion of macaúba pie reduces the dry matter digestibility of the diet, but it increases the digestibility of the fibrous fraction.Keywords: Acrocomia aculeata, by-product, nutritional value.
Introdução
Afim de minimizar custos com alimentação no ciclo de produção animal, estudos vêm sendo desenvolvidos com intuito de avaliar eventuais substitutivos de alimentos convencionais por coprodutos em formulação de dietas para animais de produção, visto que a base da formulação das dietas sofrem altas flutuações de mercados devido tanto as características de cultivo quanto a de disponibilidade e competição pela utilização no consumo humano tanto do milho quanto da soja como matéria prima essencial, diminuindo assim a dependência desses produtos para o consumo animal (DIAS et al., 2014; SILVA et al., 2010). A torta de macaúba é um resíduo da extração do óleo da polpa do coco para a fabricação de biodiesel e vem sendo pesquisada como uma alternativa promissora para inclusão na alimentação de ruminantes ser um coproduto acessível em regiões do semiárido brasileiro (RUFINO et al., 2011). Segundo BARRETO (2008), há variação na composição da torta de macaúba devido a forma de obtenção da torta ser artesanal e não haver padronização nesse processo. Diante do exposto, objetivou-se avaliar a digestibilidade in vitro de dietas com diferentes níveis de inclusão da torta de macaúba (TM).Revisão Bibliográfica
A macaúba (Acrocomia aculeata (Jacq.) Lodd. Ex Mart.) é uma palmeira perene, frutífera, nativa das florestas tropicais, típica do Brasil com grande distribuição nas áreas do cerrado (MOTTA et al., 2002). Pesquisa vem sendo desenvolvida para se avaliar a capacidade de extração de óleo da palmeira, visto que uma fonte de renda sustentável. O processo de extração do óleo é feita de forma artesanal, produzindo um grande volume de resíduos, e a torta da polpa de macaúba sendo um deles, que chega a representar 50% do total da macaúba processada (MOTTA et al., 2002). Análises químicas da torta de macaúba realizadas por Rufino et al., (2011) e Azevedo et al., (2012), demonstraram que o coproduto pode ser aproveitado na alimentação de ruminantes, sendo uma alternativa promissora para o uso na alimentação de ruminantes por conter altos teores de FDN (60% em média) e extrato etéreo (8,1% em média) (RUFINO et al., 2011), porém são necessárias pesquisas que avaliem a disponibilidade dos nutrientes.Materiais e Métodos
O experimento foi conduzido no laboratório de bromatologia do Instituto de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG-ICA), na cidade de Montes Claros, localizada na região do norte de Minas Gerais. A torta de macaúba foi adquirida na Cooperativa de Agricultores Familiares e Agro Extrativista Ambiental do Vale do Riachão LTDA que trabalha com beneficiamento para produção de biodiesel da Região do Norte de Minas Gerais. As dietas foram elaboradas de acordo com as recomendações do NRC (2007) para cordeiros em mantença e os niveis de inclusão de torta de macaúba utilizados foram: 0%, 10, 20 e 30% da matéria seca, sendo utilizado um carneiro macho castrado com fistula fixa no rúmen para a coleta do líquido ruminal. O animal recebeu uma dieta contendo 50% de volumoso e 50% de concentrado, formulada para atender o requerimento de nutrientes para ovinos adultos, de acordo as recomendações do NRC (2007), por um período de 10 dias de adaptação. Para determinação da digestibilidade in vitro utilizou-se a metologia descrita por Silva e Queiroz (2004), Tilley e Terry (1963) e Holden (1999) modificada para uso da incubadora in vitro da Tecnal® (TE-150). Avaliou-se a digestibilidade in vitro da matéria seca e fibra em detergente neutro. O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado com quatro tratamentos e três repetições. Os dados foram submetidos à análise de regressão por meio do procedimento o PROC REG do software estatístico Statistical Analysis System (SAS, 2004).Resultados e Discussão
Os valores médios de digestibilidade da matéria seca e da fibra em detergente neutro da torta de macaúba foram 52,89% e 26,42%, respectivamente. Estes valores são reflexo da alta concentração 60 % de FDN e extrato etéreo 8,1% presentes no coproduto. A inclusão da torta de macaúba nas dietas diminuiu linearmente (P<0,05) a digestibilidade da matéria seca (y=-4,5991x+106,29 R2=0,533), provavelmente devido ao aumento no teor de fibra e redução no teor de carboidratos não fibrosos à medida que se incluía a TM. Os CNF normalmente são totalmente degradados no rúmen ou digeridos ao longo do trato gastrintestinal dos ruminantes. O valor médio de digestibilidade da MS no tratamento sem inclusão do coproduto foi de 95,65%, já com a inclusão de 30% do coproduto, o valor médio encontrado foi de 68,25% com mostra na tabela 1. Por outro lado, apesar do maior teor de extrato etéreo no coproduto, a digestibilidade da FDN aumentou de forma linear (P<0,05) com a inclusão da TM (y = 0,778x + 6,5669 R2=0,193), sendo observado o valor de 20,36% de digestibilidade da FDN no tratamento com 30% de TM. O aumento na digestibilidade da FDN com a inclusão da TM, provavelmente ocorreu em razão da maior concentração desse nutriente no coproduto.Conclusões
A inclusão torta de macaúba reduz a digestibilidade da matéria seca da dieta, porém aumenta a digestibilidade da fração fibrosa. Agradecemos o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico pelo financiamento do projeto.Gráficos e Tabelas
