EFEITO DA SUPLEMENTAÇÃO COM MANGANÊS SOBRE A CONCENTRAÇÃO DE GORDURA NO LEITE DE VACA

Murilo Souza Redivo1, Gabriela Figueiredo Cornacini2, Fernanda Deak3, Camila Dutra de Souza4, Marcelo George Mungai Chacur5, Hermann Bremer Neto6, Caroline Rossetti Cervini7, Luis Souza Lima de Souza Reis8
1 - Universidade do Oeste Paulista - Unoeste, Presidente Prudente, SP
2 - Universidade do Oeste Paulista - Unoeste, Presidente Prudente, SP
3 - Universidade do Oeste Paulista - Unoeste, Presidente Prudente, SP
4 - Universidade do Oeste Paulista - Unoeste, Presidente Prudente, SP
5 - Universidade do Oeste Paulista - Unoeste, Presidente Prudente, SP
6 - Universidade do Oeste Paulista - Unoeste, Presidente Prudente, SP
7 - Universidade do Oeste Paulista - Unoeste, Presidente Prudente, SP
8 - Universidade do Oeste Paulista - Unoeste, Presidente Prudente, SP

RESUMO -

O objetivo deste experimento foi de avaliar o efeito da adição de diferentes concentrações de manganês (Mn) na alimentação das vacas da raça Holandesa Preto e Branco (HPB) na concentração de gordura no leite. Utilizou-se no experimento 24 vacas HPB em lactação, entre 4 e 6 anos, alimentadas com pastagem de Urochloa decumbens, silagem de milho, concentrado, mistura mineral e água ad libitum, que foram distribuídas randomicamente em 3 lotes (n=8 vacas/lote), considerando o estágio da lactação e a produção de leite: lote controle (TC) as vacas não receberam suplementação com Mn; o lote 2 (T150) e o lote 3 (T300) que as vacas foram suplementadas com 150 e 300 mg de Mn/dia, respectivamente. As amostras de leite foram colhidas mensalmente nos meses de Abril de 2015 a Janeiro de 2016. A porcentagem de gordura no leite eram: TC = 2,38 ± 1,76%m/m; T150 = 2,25 ± 1,85%m/m e T300 = 2,30 ± 1,67%m/m, mas as suplementações com Mn não influenciaram (P > 0,05) a porcentagem de gordura no leite.

Palavras-chave: mineral, produção de leite.

EFFECT OF SUPPLEMENTATION WITH MANGANESE ON THE FAT CONCENTRATION IN COW'S MILK

ABSTRACT - The objective of this experiment was to evaluate the effect of the addition of different concentrations of manganese (Mn) on the diet of cows of the Black and White Holstein cows in the milk fat concentration. Twenty-four HPB lactating cows fed 4-6 years fed Urochloa decumbens, corn silage, concentrate, mineral mix and water ad libitum were randomly assigned to 3 lots (n = 8 cows / batch) , Considering the stage of lactation and milk production: control (TC) cows did not receive supplementation with Mn; Lot 2 (T150) and lot 3 (T300) that the cows were supplemented with 150 and 300 mg of Mn / day, respectively. The milk samples were collected monthly from April 2015 to January 2016. The milk fat percentage was: TC = 2.38 ± 1.76% m / m; (P> 0.05), the percentage of fat in the milk was not affected (P> 0.05).
Keywords: mineral, milk production.


Introdução

Na moderna exploração leiteira no mundo globalizado, as tendências econômicas na comercialização do leite, vem demandando por produtos lácteos de alta qualidade para se manter e/ou para se obter novas oportunidades de mercado. Para atender este mercado, requer que os produtores implementam na sua produção leite programas eficientes de alimentação, com fornecimento de dieta balanceada para atender as exigências nutricionais das vacas, aliado ao manejo higiênico e sanitário que pode interferir na composição e qualidade do leite, que segundo o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) por meio da Instrução Normativa (IN) 62 de 29 de Dezembro de 2011 determinou que na composição do leite cru refrigerado deve ter no mínimo 3,0 g de gordura/100 g de leite.

Revisão Bibliográfica

Os componentes do leite, tais como a gordura, lactose, proteína e os sólidos totais são sintetizados e secretados pelas células epiteliais dos alvéolos da glândula mamária e, é originário dos componentes presentes no sangue das vacas e, assim, além da ação hormonal, são dependentes dos processos fisiológicos (metabolismo) da glândula mamária, da alimentação e dos processos digestivos dos alimentos (digestão e absorção de nutrientes) ingeridos pela vaca (PARK e LINDBERG, 2006). A gordura do leite é secretada pelas células epiteliais dos alvéolos da glândula mamária da vaca (GONZÁLEZ, 2001), formado principalmente por triglicerídeos composto por três ácidos graxos ligados a uma molécula de colesterol por ligação covalente por ésteres (PRATA, 2001). Esses ácidos graxos, aproximadamente, 25% são derivados da dieta, 50% do plasma sanguíneo e 25% é formado nas células epiteliais dos alvéolos da glândula mamária a partir de precursores, principalmente, acetato que é produzido durante a digestão da fibra dos alimentos, absorvido no rúmen e convertido em  acetil-COA (GONZÁLEZ, 2001). O manganês (Mn) é um elemento mineral essencial para os bovinos (UNDERWOOD e SUTTLE, 1999; CARVALHO et al., 2003), mas tem sido pouco estudado (NRC, 2001) e que tem potencial para elevar a produção e alterar a composição do leite (HACKBART et al., 2010) por participar do metabolismo de proteínas, carboidratos e lipídeos.

Materiais e Métodos

O protocolo experimental foi aprovado pelo Comissão de Ética no Uso de Animais da Universidade do Oeste Paulista – Unoeste, Presidente Prudente, São Paulo, protocolo número 2465. Utilizou-se no experimento 24 vacas Holandesa Preta e Branca em lactação, com idade entre 4 e 6 anos, alimentadas com pastagem de Urochloa decumbens, silagem de milho, concentrado, mistura mineral e água ad libitum, que foram distribuídas randomicamente em 3 lotes (n=8 vacas/lote), considerando o estágio da lactação (terço inical, médio e final), a produção de leite e contagem de células somáticas: o lote controle (TC) as vacas não receberam suplementação com Mn; o lote 2 (T150) e o lote 3 (T300) as vacas foram suplementadas com 150 e 300 mg de Mn/dia, respectivamente, que era adicionado ao concentrado no momento da ordenha. As amostras de leite foram colhidas mensalmente nos meses de Abril de 2015 a Janeiro de 2016 logo após a ordenha completa das vacas em que o leite era transferido diretamente do medidor da ordenhadeira mecânica para os frascos de colheita contendo uma pastilha de bromopol e a determinação da gordura do leite foi realizada por meio da metodologia da absorção do infravermelho. Também foram colhidas amostras de Urochloa decumbens, silagem de milho e concentrado para determinação da concentração de Mn por meio da absorção atômica. Os dados da concentração de gordura no leite apresentaram distribuição não normal pelo do teste D’Agostino-Pearson. Assim, os dados foram analisados pelo teste Kruskall-Wallis. Em todas as análises aplicaram-se o nível de significância de 5%.

Resultados e Discussão

Durante o período experimental, por meio do exame clínico do úbere e tetos das vacas, ficou constatado que estes se apresentaram sadios conforme as recomendações de Yagüe et al. (2014), pois eram simétricos, coloração da pele rosada, sem presença de ectoparasitos e qualquer tipo de lesões, presença de elasticidade, ausência de dor durante a palpação, canal do teto sem obstrução e esfíncter do teto em perfeitas condições. Estes sinais clínicos são considerados de úbere e tetos normais por. No teste do fundo da caneca preta observou-se que o leite permaneceu dentro da normalidade segundo a Instrução Normativa n° 68 de 12 de dezembro de 2006 do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento. Na silagem tinha 48 ppm de Mn/Kg de mtéria seca (MS), no concentrado 100 ppm de Mn/Kg de MS e na pastagem no outono 160 ppm de Mn/Kg de MS, no inverno 190 ppm de Mn/Kg de MS, primavera 156 ppm de MS e verão 127 ppm de MS/Kg de MS. A porcentagem de gordura no leite nos lotes experimentais eram: TC = 2,38 ± 1,76%m/m; T150 = 2,25 ± 1,85%m/m e T300 = 2,30 ± 1,67%m/m, mas não houve diferença significativa (P > 0,05) na porcentagem de gordura do leite entre os tratamentos com Mn independente das estações do ano (outono, inverno, primavera e verão). A porcentagem de gordura no leite dentro cada estação do ano foi: outono (TC = 2,68 ± 1,61%m/m; T150 = 2,29 ± 1,14%m/m; T300 = 2,33 ± 1,95%m/m); inverno (TC = 2,10 ± 1,07%m/m; T150 = 2,47 ± 0,86%m/m; T300 = 2,31 ± 1,28%m/m); primavera (TC = 2,13 ± 1,12%m/m; T150 = 2,21 ± 0,51%m/m; T300 = 2,02 ± 1,32%m/m) e verão (TC = 2,47 ± 1,26%m/m; T150 = 2,19 ± 1,17%m/m; T300 = 2,48 ± 1,12%m/m) que também não houve diferença significativa (P > 0,05) entre os tratamentos com Mn dentro de cada estação do ano.

Conclusões

Conforme os resultados obtidos, conclui-se que a suplementação com 150 ou 300 mg de Mn não interferiu na porcentagem de gordura do leite de vacas Holandesas Preto e Branco.


Referências

CARVALHO, F.A.N.; BARBOSA, F.A.; MCDOWELL, L.R. Minerais. In: __. (Eds.) Nutrição de bovinos a pasto. Belo Horizonte: PapelForm Editora Ltda, 2003. p.157-368. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO (MAPA). Regulamento técnico de identidade e qualidade de leite cru refrigerado. Instrução Normativa (IN) n° 62 de 29 de Dezembro de 2011. GONZÁLEZ, F.H.D. Composição bioquímica do leite e hormônios da lactação. In: GONZÁLEZ, F.H.D.; DÜRR, J.W.; FONTANELLI, R.S. Uso do leite para monitorar a nutrição e o metabolismo de vacas leiteiras. Gráfica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul: Porto Alegre, 2001, pp.5-22. HACKBART, K.S. et al. Effect of dietary organic zinc, manganese, copper, and cobalt supplementation on milk production, follicular growth, embryo quality, and tissue mineral concentrations in dairy cows. Journal of Animal Science, v.88, n.12, p.3856-3870, 2010. NATIONAL RESEARCH COUNCIL. Minerals. In: ___. (Eds.). Nutrient requirements of dairy cattle. Washington: National Academy Press, 2001. p.105-161. PARK, C.S.; LINDBERG, G.L. Glândula mamária e lactação. In: Reece, W.O. Fisiologia dos Animais Domésticos. Guanabara Koogan: Rio de Janeiro, 2006. pp.670-690. PRATA, L.F. Fundamentos de ciência do leite. FUNEP : Jaboticabal, 2001, 287p. UNDERWOOD, E.J.; SUTLLE, N.F. Manganese. In: ___. The mineral nutrition of livestock, 3 ed. Wallingford, Oxon: CAB International, 2004. cap.14, p.397-419. YAGÜE, L.M.C. et al. Exploração do úbere. In: ____. A exploração clínica dos bovinos. MedVet: São Paulo, 2014. pp.315-350. Cap.10.





©2024 Associação Brasileira de Zootecnistas

Fazer login com suas credenciais

Esqueceu sua senha?