Efeito da suplementação ou não de L-arginina e níveis de energia sobre o desempenho de frangos de corte submetidos a estresse por calor.

Flávio de Aguiar Coelho1, Sérgio Turra Sobrane Filho2, Laryssa Fernandes Bernardes3, Kimberly Cristina de Abreu Alves4, Pamella Godinho Gutierrez5, Sarah Maria Ribeiro Guimarães6, Felipe Augusto Nascimento Alves7, Paulo Borges Rodrigues8
1 - Universidade Federal de Lavras
2 - Universidade Federal de Lavras
3 - Universidade Federal de Lavras
4 - Universidade Federal de Lavras
5 - Universidade Federal de Lavras
6 - Universidade Federal de Lavras
7 - Universidade Federal de Lavras
8 - Universidade Federal de Lavras

RESUMO -

O objetivo do trabalho foi avaliar o desempenho zootécnico de frangos de corte entre 29 e 42 dias de idade submetidos a estresse por calor, suplementados ou não com L-Arginina e diferentes níveis de energia metabolizável na dieta. Foram avaliados 384 frangos de corte machos organizados em um arranjo fatorial 2×3 (com ou sem L-arginina e três níveis de energia 3000, 3150 e 3300 Kcal/kg). O estresse por calor foi induzido entre 34 e 36°C. Os dados para avaliação do desempenho foram: consumo de ração, ganho de peso e conversão alimentar. Foi verificado diferença (P<0,05) para o ganho de peso considerando o nível de energia metabolizável igual a 3300 Kcal/kg. Foi verificada interação significativa (P<0,05) entre os níveis de energia metabolizável com incremento ou não de L-arginina na dieta. A suplementação de L-Arginina possibilitou a utilização de menor nível de energia metabolizável em frangos de corte submetidos a estresse por calor sem comprometer a conversão alimentar.

Palavras-chave: L-arginina, Frango de corte, Energia Metabolizável, Interação.

Effect of supplementation or not of L-arginine and energy levels on performance of broilers subjected to heat stress.

ABSTRACT - The aim of this study was to evaluate the performance of broilers between 29 and 42 days of age under heat stress, supplemented or not with L-Arginine and different metabolizable energy levels in the diet. A total of 384 broilers line were arranged in a 2x3 factorial (with or without L-arginine and three energy levels: 3000, 3150 and 3300 Kcal/kg). Heat stress was induced between 34 and 36ºC. The data considered for performance were: feed intake, weight gain and feed conversion rate. However, a difference (P <0.05) was observed for weight gain for the levels of metabolizable energy in 3300 Kcal/kg. There was a significant interaction (P <0.05) between metabolizable energy levels and L-arginine inclusion or not in the diet. L-Arginine supplementation allowed the use of a lower level of metabolizable energy in broilers subjected to heat stress without compromising feed conversion.
Keywords: L-arginine, broiler, Metabolizable energy, interaction


Introdução

INTRODUÇÃO: A avicultura industrial brasileira envolvida na produção de frangos de corte aparece em destaque no cenário mundial quando o assunto é produção de proteína animal de alta qualidade em quantidade, e muito desse sucesso é devido a evolução do melhoramento genético e da nutrição das aves. Por muito tempo a formulação de dietas para aves e suínos baseava-se em níveis de proteína bruta, o que resultava em gastos excessivos com fontes protéicas nas dietas e podendo ainda não atender a exigência das aves em alguns aminoácidos. Diferentemente desse, hoje as formulações seguem o conceito de proteína ideal, que busca fornecer cada aminoácido segundo a exigência da categoria animal trabalhada. Nesse sentido muitos estudos buscam atualmente definir níveis de suplementação de aminoácidos pensando em caracterização funcional. Considerando as varias funções metabólicas e fisiológicas da arginina, por ser um aminoácido semi-essencial e essencial para aves (RIBEIRO 2015), o objetivo do trabalho foi estudar o incremento ou não da L-Arginina na ração de frangos entre 29 e 42 dias de vida, submetidos ao estresse por calor e com diferentes níveis de energia metabolizável na dieta, para avaliar ganho de peso médio, consumo de ração e conversão alimentar.

Revisão Bibliográfica

REVISÃO DE LITERATURA: O estresse gerado pela variação do ambiente térmico influencia a produtividade dos animais por alterar sua troca de calor com o ambiente, o consumo de alimentos, as exigências nutricionais e consequentemente o ganho de peso corporal (SOUZA e BATISTA, 2012), também piorando a conversão alimentar dos mesmos (OLIVEIRA et al., 2006). Nesse processo, os fatores do ambiente térmico, tais como temperatura, umidade relativa, dentre outros, tendem a produzir variações internas nas aves e com isso influenciam a quantidade de energia trocada entre ave e ambiente, havendo muitas vezes a necessidade de ajustes fisiológicos para a ocorrência do balanço de calor (BAETA e SOUZA, 2010). O manejo pratico mais utilizado é diminuir o incremento calórico da ração possibilitando que em um menor consumo de ração as aves tenham suas exigências nutricionais atendidas, porém é uma pratica que aumenta o custo da ração diminuindo o lucro do produtor. Entre as varias funções metabólicas e fisiológicas da L-Arginina, considerada aminoácido semi-essencial e essencial para aves (RIBEIRO 2015), destaca por apresentar atividade associada ao fator dilatador vascular sendo percussora do oxido nítrico,  sua ação no sistema  imunológico, na secreção de hormônios, principalmente insulina e prolactina, e participar do metabolismo intermediário na eliminação de resíduos nitrogenados. Contudo realizar um estudo com incremento da arginina na ração de frangos submetidos ao estresse por calor e com diferentes níveis de energia metabolizável na dieta, para avaliar o desempenho produtivo, é fundamental e muito importante para a produção avícola brasileira.

Materiais e Métodos

MATERIAL E MÉTODOS: Foram utilizados 384 frangos machos, da linhagem cobb 500, com idade inicial de 29 dias. As aves foram criadas em galpão de alvenaria com alimentação padrão até os 29 dias de idade, seguindo as exigências nutricionais descritas nas tabelas brasileiras de suínos e aves (2011), com acesso a vontade ao comedouro e bebedouro e em ambiente térmico controlado para oferecer as melhores condições de bem estar para as aves nesse período. Aos 29 dias as aves foram pesadas e redistribuídas no galpão em um arranjo fatorial 2x3 (L-Arginina x Energia Metabolizável), totalizando 48 parcelas com 8 animais cada. As dietas diferenciavam em três níveis de energia metabolizável (3000kcal/dia, 3150kcal/dia e 3300kcal/dia), com adição de L-Arginina (0,66%) ou sem adição desse aminoácido e 18,5% de proteína bruta. O galpão apresentava 24 boxes em cada lateral, com dimensão de 1,5 x 2,0 m cada. A indução do estresse por calor foi feita durante todos os dias do experimento no período entre 10h e 18h, com o fechamento das cortinas e acendimento das campânulas, uma em cada boxe. A temperatura submetida aos animais apresentava em um intervalo entre 34 e 36°C controlado pelo manejo das cortinas. O acompanhamento da temperatura foi realizado com o auxílio de 4 termômetros dispostos nas 4 extremidades do galpão, onde eram conferidas e anotadas as temperaturas a cada 30 minutos no período de estresse. A alimentação e água foram fornecidas a vontade aos animais em comedouro tubular e bebedouro tipo taça respectivamente. Aos 42 dias de vida as aves foram pesadas individualmente e a ração também pesada para calcular o consumo médio de ração da parcela e posteriormente a conversão alimentar. Os dados obtidos através da variável resposta foram submetidos a analise de variância com o auxilio do programa SISVAR 5.1 (FERREIRA 2011) e em caso de significância estatística, as médias foram comparadas pelo teste Scott-Knott, no nível de 5% de probabilidade.

Resultados e Discussão

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Não houve efeito significativo (P>0,05) da adição de L-Arginina para o ganho peso. Porém, o nível de 3300 kcal aumentou (P<0,05) em média 5,05% para ganho de peso diário das aves (Tabela 1). Resultados parecidos foram obtidos por SAKOMURA ET.AL. (2004), trabalhando com três diferentes níveis de energia metabolizável (3050, 3200 e 3350 kcal/kg), onde o ganho de peso dos frangos de corte melhorou significativamente com o aumento do nível de energia na dieta. Isso pode ser atribuído a redução do incremento calórico da ração, deixando mais disponível os nutrientes da dieta. E pelo efeito extra metabólico do óleo que aumenta o incremento da energia liquida da ração. Não houve (P>0,05) efeito dos níveis de energia metabolizável e L-Arginina para o consumo. Dessa forma o maior ganho de peso das aves foi devido ao maior aporte de energia fornecido. Houve interação (P<0,05) entre os níveis de energia metabolizável e a adição de L-Arginina para conversão alimentar. Com a adição de L-Arginina, a conversão alimentar das aves foi pior significativamente (P>0,05) ao nível de 3000 kcal/dia, já para a ração sem a suplementação de L-Arginina a conversão alimentar foi melhor (P<0,05) ao nível de 3300 kcal/dia (Tabela 1). Esses resultados podem ser explicados baseando-se no efeito da L-Arginina sendo um controlador vascular no corpo, facilitando a dissipação do calor corporal produzido pelos processos mecânicos e metabólicos da ave, por transpiração. Portanto as aves não suplementadas com o aminoácido podem ter tido seu metabolismo diminuído, sendo uma tentativa de defesa contra o estresse por calor, diminuído o aproveitamento dos nutrientes pelo corpo e eliminando parte desses nutrientes nas excretas, consequentemente necessitando de dieta com menor incremento calórico para obter melhores resultas em conversão alimentar. Já as aves que foram suplementadas com L-Arginina podem ter tido efeito do estresse por calor reduzido, apresentado seus processos mecânicos e metabólicos intensificados e maior aproveitamento dos nutrientes ingeridos.

Em relação aos diferentes níveis de energia metabolizável, a adição de L-Arginina não teve efeito (P>0,05) nos níveis 3000 e 3300 kcal/dia, porém a conversão alimenta melhora (P<0,05) em 7,20% ao nível de 3150 kcal (Tabela 1).Portanto a adição de L-Arginina foi responsável pela redução de 1,7kg de óleo na dieta de frangos de corte com idade entre 29 e 42 dias.



Conclusões

CONCLUSÃO: A suplementação com arginina melhorou a conversão alimentar dos frangos com incremento menor de energia metabolizável. Isso implica que a utilização do aminoácido funcional permite a redução da quantidade de óleo na composição da ração. 

Gráficos e Tabelas




Referências

CITAÇÕES E REFERÊNCIAS: 

- ROSTAGNO, H.S.; ALBINO, L.F.T.; DONZELE, J.L.; GOMES, P.C.; OLIVEIRA, R.F.; LOPES, D.C.; FERREIRA, A.S.; BARRETO, S.L.T.; EUCLIDES, R.F. 2011. Tabela brasileira para aves e suínos.UFV, Viçosa

- Sakomura, N. K., Longo, F. A., Rabello, C. B., Watanabe, K., Pelícia, K., & Freitas, E. R. (2004). Efeito do nível de energia metabolizável da dieta no desempenho e metabolismo energético de frangos de corte. Revista Brasileira de Zootecnia33(6), 1758-1767.

- FERREIRA, D. F. 2011. Sisvar: a computerstatisticalanalysis system. Ciênc. agrotec. 35(6):1039-1042.

- Faver, J. C., Murakami, A. E., Potença, A., Eyng, C., Marques, A. F. Q., & dos Santos, T. C. (2015). Desempenho e morfologia intestinal de frangos de corte na fase de crescimento, com e sem adição de nucleotídeos na dieta, em diferentes níveis proteicos. Pesquisa Veterinária Brasileira35(3), 291-296.







©2024 Associação Brasileira de Zootecnistas

Fazer login com suas credenciais

Esqueceu sua senha?