Efeito de diferentes aditivos sobre porcentagem de Matéria seca e Fibra bruta da silagem de Capim Elefante Pennisetum purpureum

José Junior Tranqueira da Silva1, Illys Janes Alves de Sousa2, José Vicente Pereira Neto3, Hyago Jovane Borges de Oliveira4, João Gonsalves Neto5, Angelica Pedrico6
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RESUMO -

O objetivo deste trabalho foi avaliar a silagem de capim elefante com diferentes aditivos, frente aos padrões fermentativos e químico bromatológico. Para isso foi utilizado 5 tratamentos (T1 (sem aditivo), T2 (inoculante bacteriano, Lactobacillus buchneri), T3 (com 5 % de milho moído), T4 (25 % de cana-de-açúcar picada), e 4 repetições, totalizando 20 unidades experimentais. Houve diferença significativa (P>0,05) entre os valores de matéria seca e fibra bruta. Para a análise de matéria seca, o melhor tratamento foi o T3 alcançando valor de 23,58% de MS, isso pode ser explicado pelo uso do milho como aditivo, logo que o mesmo possui um alto valor de matéria seca. Para fibra bruta não houve diferença estatística entre os tratamentos, porém, o tratamento T1 com valor de 33,75 % de PB apresentou o maior valor em relação aos demais tratamentos. Para matéria seca o melhor tratamento foi o T3 (5% de milho moído), porém para fibra bruta, não houve diferença estatística entre os tratamentos.

Palavras-chave: Conservação de forragem; Composição centesimal; Milho; Padrões fermentativos.

Effect of different additives on percentage of dry matter and crude protein of elephant grass silage Pennisetum purpureum

ABSTRACT - The objective of this work was to evaluate the elephant grass silage with different additives, before the fermentative and chemical bromatological standards. For this, 5 treatments (T1 (without additive), T2 (bacterial inoculant, Lactobacillus buchneri), T3 (with 5% ground corn), T4 (25% sugarcane chopped) and 4 replicates were used, totalizing For the analysis of dry matter, the best treatment was the T3 reaching a value of 23.58% of DM, this can be observed in the dry matter and crude fiber values ​​(P> 0.05). The crude fiber did not show a statistical difference between the treatments, but the T1 treatment with a value of 33.75% of CP presented the highest value in dry matter. However, for crude fiber, there was no statistical difference between the treatments.
Keywords: Forage conservation; centesimal composition; Corn; Fermentation patterns


Introdução

O uso de silagens de gramíneas tropicais vem se tornando uma alternativa bastante eficaz e muito utilizável na produção de ruminantes no Brasil, como forma de aproveitar o excedente da produção forrageira do período chuvoso do ano para minimizar a falta de alimento no período seco (BERNARDINO et al., 2005). Entre as gramíneas perenes utilizadas, o capim elefante (Pennisetum purpureum Schum.), vem se destacando por ser uma forrageira com excelente potencial de produção de matéria seca por área cultivada e com quantidades razoáveis de carboidratos solúveis.  Seu uso é indicado principalmente em razão de suas características de produção de alto teor de matéria seca e de seu valor nutritivo. Entretanto, o teor de umidade elevado, na fase em que é ótimo o seu valor nutritivo, representa um obstáculo para o seu aproveitamento na forma de silagem, pois resulta em fermentações indesejáveis, com ações de microrganismos maléficos que deteriorizam a silagem, com consideráveis perdas de nutrientes (ANDRADE et al., 2012). A composição química e o valor nutritivo das silagens podem ser modificados por meio da utilização de aditivos no momento da ensilagem, os quais podem ser compostos por ácidos, sais, carboidratos fermentáveis ou culturas de bactérias láticas, além de enzimas (FERRARI JUNIOR, et al., 2009). Devido a isso o objetivo deste trabalho foi avaliar a silagem de capim elefante com diferentes aditivos, frente aos padrões fermentativos e químico bromatológico.

Revisão Bibliográfica

O capim elefante é uma gramínea perene, de hábito de crescimento cespitoso, atingindo de 3 a 5 metros de altura com colmos eretos dispostos em touceira aberta ou não, os quais são preenchidos por um parênquima suculento, chegando a 2 cm de diâmetro, com entrenós de até 20 cm (ALCÂNTARA & BUFARAH (1983); NASCIMENTO JUNIOR (1981)).O propósito da forrageira somado a atividade a ser exercida, constituem os principais fatores para escolher a cultivar a ser utilizada. Algumas cultivares são mais aptas ao pastejo, enquanto outras são mais aptas ao corte (LOPES, 2004), partindo disso o estabelecimento do capim-elefante em uma propriedade pode ser na forma de capineiras, ensilagem e pastejo.  A ensilagem é o armazenamento de forragens verdes e de outros volumosos, por intermédio de um processo fermentativo cujo resultado depende de propriedades intrínsecas do próprio alimento e das condições ambientais proporcionadas no interior do silo, como vedação das superfícies, exclusão do ar, compactação da massa, picagem adequada do material, entre outros. O potencial de uma planta para a ensilagem é dependente do teor original de umidade, que deve estar entre 66 e 72%, no máximo, da riqueza em carboidratos solúveis e do baixo poder tampão, que não deve oferecer resistência à redução do pH para valores entre 3,8 e 4,0 (McCULLOUGH, 1977). Esses parâmetros influem, de maneira decisiva, na natureza da fermentação e na conservação da massa ensilada. Os aditivos usados no processo de ensilagem devem elevar a recuperação de nutrientes e energia da forragem, com consequente benefício no desempenho dos animais (KUNG JÚNIOR., 2009). A composição química e o valor nutritivo das silagens podem ser modificados por meio da utilização de aditivos no momento da ensilagem, os quais podem ser compostos por ácidos, sais, carboidratos fermentáveis ou culturas de bactérias láticas, além de enzimas (FERRARI JUNIOR, et al., 2009). Os aditivos têm dois principais propósitos na silagem: influenciar o processo fermentativo favorecendo a conservação do material e melhorar o valor nutritivo da silagem. Existe vários aditivos que podem ser utilizados no processo de ensilagem dentre eles destacam-se, a fontes de carboidratos como milho, soja e sorgo, a cana de açúcar e alguns inoculantes bacterianos no qual podemos citar os Lactobacillus. Segundo Zopollatto e Sarturi (2009), o milho possui adequado teor de carboidratos fermentescíveis, baixa capacidade tampão e fermentação microbiana adequada. A ação de certas bactérias, como Lactobacillus, favorece a produção de ácido lático, um produto de alta constante dissociação iônica e, consequentemente, a rápida redução do pH e a inibição das bactérias patógenas, que promovem a desnaturação das enzimas proteolíticas. Portanto, sendo estabelecida a fermentação lática, há diminuição das perdas de matéria seca (MS) e proteína bruta (PB), produzindo silagem com valor nutritivo e digestibilidade mais elevadas (PATRIZI et al., 2004).

Materiais e Métodos

O experimento foi realizado na Fazenda Experimental do Campus II da Faculdade Católica do Tocantins, utilizando a gramínea capim elefante, plantada sob espaçamento de 1,0 m entre sulcos. Foi utilizado um delineamento experimental inteiramente casualizado com quatro tratamentos e cinco repetições: T1 (sem aditivo), T2 (com aditivo inoculante bacteriano, Lactobacillus buchneri), T3 (com 50 kg de milho moído por tonelada de massa verde), T4 (com 250 kg de cana-de-açúcar picada por tonelada de massa verde). Os aditivos foram pesados e adicionados no momento da ensilagem. O capim elefante foi desintegrado cortado em partículas de aproximadamente 10 mm de comprimento, homogeneizadas, tratadas conforme os respectivos procedimentos e ensilados em seguida, em silos de PVC com 50 cm de altura por 10 cm de diâmetro, providos de válvula de Bunsen. A compactação utilizada neste experimento foi de 600 kg de matéria verde/m3.  Após a devida compactação, os silos foram vedados, pesados, e ficaram armazenados por 40 dias. Em seguida, foram abertos para a retirada de amostras das silagens. Foram retiradas amostras de capim elefante in natura, para determinação da composição química. Para todas as amostras, foi determinado o pH das silagens no momento da abertura dos silos utilizando o pHmêtro, segundo metodologia de Silva & Queiroz (2002). Para a realização das análises químicas, proteína bruta, fibra bruta e matéria seca, as amostras coletadas em cada silo foram pré-secas em estufa de ventilação forçada a 65ºC, por 72 horas, sendo posteriormente processadas em moinho tipo “Willey” com peneira de crivos de 1 mm. As amostras foram analisadas para a determinação dos teores de matéria seca (MS), proteína bruta (PB) e fibra bruta (FB). As análises bromatológicas, foram realizadas segundo a metodologia descrita por Silva e Queiroz (2002). Os dados foram analisados por meio do Programa de Análises Estatísticas Assistat, e as médias foram comparadas pelo teste Tukey a 5% de significância.

Resultados e Discussão

Foi observado alteração significativa (P<0,05) quando comparados os valores de matéria seca dos tratamentos (Figura 01). Todos os tratamentos alcançaram ótimos valores de MS, porém o T3 (com adição de 5% de milho moído na matéria natural), mostrou-se vantajoso em relação aos demais, obtendo valor total de 23,58% de MS. Essa variação pode ser explicada pela adição de alimento concentrado com alto teor de MS, no caso o milho moído, o que contribuiu para aumentar o teor de MS da silagem. Andrade e Melotti (2004), avaliando o capim-elefante ensilado aos 80 dias com adição de 5% de fubá de milho e após 123 dias de ensilagem, obtiveram teores MS iguais a 21,80 e 21,60% respectivamente, valores próximos dos resultados obtidos neste trabalho. O uso de fubá de milho em níveis crescentes aumenta os teores de MS da silagem de capim-elefante, semelhante nos tratamentos com outros aditivos absorventes (VILELA., 1998). Para os resultados de fibra bruta (Figura 02), não houve diferença estatística entre os tratamentos T1, T2 e T4 obtendo médias de 33,75, 31,76 e 31,77% de FB respectivamente. No entanto observou - se diferença estatística no T3, o que pode ser explicado pelo uso do milho como aditivo, que é fonte de carboidrato não fibroso, o que contribui para reduzir o teor de fibra bruta na MS.  Alguns autores citam que deve-se evitar as análises de FB porque, geralmente, o valor é subestimado e não serve de referência para avaliação da qualidade da silagem. O recomendável é utilizar o FDN. Os valores de fibra detergente neutro para a silagem de capim tropicais estão dentro da amplitude de variação de 49,1 a 68,4%, citados por LIMA et al. (1999).

Conclusões

Para matéria seca o T3 (5 % de milho moído), mostrou-se vantajoso por apresentar os melhores resultados entre os demais avaliados, porém para fibra bruta o T1 (sem aditivo) apresentou maiores valores, entretanto não houve diferença estatística quando comparado com os demais

Gráficos e Tabelas




Referências

ALCÂNTARA, P.B., BUFARAH, G. Plantas forrageiras: gramíneas e leguminosas. São Paulo, Editora Nobel, 2ª ed., 1983, 150p. ANDRADE, J.B.; MELOTTI, L. Efeitos de alguns tratamentos sobre a qualidade da silagem de capim-elefante cultivar Napier (Pennisetum purpureum, Schum). Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal Science, v.41, n.6, p.409-415, 2004. BERNARDINO, F.A.; GARCIA, R.; ROCHA, F.C.; SOUZA, A.L.; PEREIRA, O.G. Produção e Características do Efluente e Composição Bromatológica da Silagem de Capim-Elefante Contendo Diferentes Níveis de Casca de Café. Revista Brasileira de Zootecnia, v.34, n.6, p.2185-2191, 2005. FERRARI JUNIOR, E.; V.T. PAULINO; R.A. POSSENTI e T.L. Lucenas. Aditivos em silagem de capim elefante paraíso (Pennisetum hybridum cv. paraíso).Arch. zootec. v.58 n.222 Córdoba jun. 2009. KUNG Junior, L. Side effects of microbial inoculants on silage fermentation In: INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON FORAGE QUALITY AND CONSERVATION, 1., 2009, São Pedro. Proceedings… Piracicaba: FEALQ, 2009. p.7-26. LIMA, M.L.M., et al. Culturas não convencionais – girassol e milheto. In: SIMPÓSIO SOBRE NUTRIÇÃO DE BOVINOS, 7., 1999, Piracicaba. Anais... Piracicaba: Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz, 1999. p.167-195. LOPES, B.A. O Capim Elefante. 2004. Viçosa – MG. Universidade Federal de Viçosa – Centro de Ciências Agrárias. Departamento de Zootecnia. McCULLOUGH, M.E. Silage and silage fermentation. Feedstuffs, v.49, n.13, p.49-52, 1977. NASCIMENTO Junior, D. Informações sobre plantas forrageiras. Viçosa, MG, UFV Imprensa Universitária, 1981. 56p. PATRIZI, W. L.; MADRUGA JÚNIOR, C. R. F.; MINETTO, T. P.; NOGUEIRA, E.; MORAIS, M.G. Efeito de aditivos biológicos comerciais na silagem de capim-elefante (Pennisetum purpureum Schum). Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinaria e Zootecnia, v.56, n.3, p.392-397, 2004. SILVA, D.J.; QUEIROZ, A.C. Análise de alimentos: métodos químicos e biológicos. 3. Ed. Viçosa, MG. Editora UFV, 2002. 165p. VILELA, D. Aditivos para silagem de plantas de clima tropical. In: Reunião da Sociedade Brasileira de Zootecnia, 34. Anais... Botucatu: SBZ, 1998. p.73-108. ZOPOLLATO, M.; SARTURI, J. O. Optimization of the animal production system based on the selection of corn cultivars for silage. In: INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON FORAGE QUALITY AND CONSERVATION, São Pedro. Proceedings… Piracicaba: FEALQ, 2009. p.73-90.