Efeito de diferentes métodos de quebra de dormência em sementes de pega-pega (Desmodium spp.) com e sem lomento.

Felipe Eduardo Luedke1, Etiane Skrebsky Quadros2, Flávia Luiza Lavach3, Thais Honório Ferreira4, Eduardo Brum Schwengber5, Hugo Fabrício Fernandes Balbuena6, Vanderson Teixeira Xavier7, Lucas Soares Félix8
1 - Universidade Federal do Pampa
2 - Universidade Federal do Pampa
3 - Universidade Federal do Pampa
4 - Universidade Federal do Pampa
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6 - Universidade Federal do Pampa
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RESUMO -

Pesquisas sobre o potencial germinativo de espécies forrageiras naturais do sul do Brasil, como o pega-pega (Desmodium spp), ainda são prementes. Visando promover a germinação de sementes de pega-pega, o objetivo do trabalho foi testar a eficiência de alguns métodos de superação de dormência. As sementes foram submetidas aos seguintes tratamentos: Escarificação química com ácido sulfúrico (72%/5 min.); Imersão em água quente (80ºC/5min.); Escarificação mecânica (manual com lixa nº 80) por 30 segundos; e Embebição em ácido giberélico por 48 horas. A aplicação dos tratamentos foi realizada em sementes com e sem lomento. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com quatro repetições de 25 sementes cada. Dentre os métodos testados, a escarificação mecânica proporcionou a maior porcentagem de germinação aos 15 dias após o início do experimento, atingindo valores médios próximos a 80%, diferindo significativamente dos demais tratamentos, tanto em sementes com e sem lomento.

Palavras-chave: Desmodium spp., dormência, escarificação mecânica, germinação.

Effect of different methods of dormancy breaking on pega-pega (Desmodium spp.) seeds with and without lomento.

ABSTRACT - Research on the germination potential of natural forage species in the south of Brazil, such as the pega-pega (Desmodium spp), is still pressing. In order to promote seed germination, the objective of the study was to test the efficiency of some methods of overcoming dormancy. The seeds were submitted to the following treatments: Chemical esterification with sulfuric acid (72% / 5 min); Immersion in hot water (80ºC / 5min.); Mechanical scarification (manual with No. 80 sandpaper) for 30 seconds; And Soak in gibberellic acid for 48 hours. The treatments were applied in seeds with and without lomento. The experimental design was completely randomized, with four replicates of 25 seeds each. Among the tested methods, mechanical scarification provided the highest percentage of germination at 15 days after the start of the experiment, reaching mean values ​​close to 80%, differing significantly from the other treatments, both with and without lomento seeds.
Keywords: Desmodium spp., Dormancy, mechanical scarification, germination.


Introdução

Com a incessante busca por pastagens mais produtivas, deve-se dar especial atenção ao emprego de leguminosas forrageiras, utilizando-se, inclusive, de espécies nativas, relacionadas principalmente, pelo seu desempenho em pastagens naturais. As leguminosas constituem uma das principais famílias das pastagens naturais do Rio Grande do Sul e o gênero Desmodium destaca-se pela sua grande abrangência territorial e pelas altas taxas de palatabilidade. Segundo Oliveira (1980), as espécies do gênero Desmodium são as mais comuns no campo, adaptando-se aos mais variados tipos de ambientes, porém possuem tegumento rígido e impermeável. De acordo com Baseggio et al. (1998), o pega-pega apresenta elevada porcentagem de sementes duras, confirmando a necessidade de uso de algum método de quebra de dormência. A germinação rápida e uniforme das sementes é de grande interesse para os estudos de manejo de plantas forrageiras e, principalmente por oferecer subsídios para melhoristas e produtores. Sendo assim, este trabalho teve como objetivo, encontrar métodos práticos para superar a dormência e promover a germinação de sementes desta leguminosa de alto potencial forrageiro.



Revisão Bibliográfica

Desmodium incanum é uma espécie nativa, considerada ótima forrageira devido às suas características de frequência, ciclo, produtividade e aceitação pelos animais (Barreto & Kappel, 1964). Dentre as espécies de Desmodium ocorrentes nas pastagens naturais do Rio Grande do Sul, D. incanum destaca-se por ser a mais abundante e com distribuição mais ampla (Oliveira, 1980). Embora de reconhecida importância, os estudos sobre a produção de sementes com esta espécie ainda são bastante escassos. Fazem-se necessários estudos básicos para melhor conhecer os efeitos do meio sobre o florescimento e a produção de sementes de D. incanum, a fim de promover não só a perpetuação desta importante espécie, mas também o aumento da sua frequência, através de técnicas de manejo que levem em conta tais efeitos. Algumas espécies como as leguminosas apresentam dormência nas sementes, que constitui uma forma de sobrevivência e adaptação às condições ambientais (Garcia & Baseggio, 1999). Há vários tratamentos pré-germinativos que permitem a superação da dormência destas sementes: contato com ácidos fortes, solventes e escarificação mecânica (Popinigis, 1977). Luedke et al. (2016) avaliaram a germinação de sementes nativas de Desmodium spp sem qualquer tipo de método de quebra de dormência e observaram que o percentual de germinação de sementes com lomento ficou em 21%, e o surgimento do primeiro folíolo ocorreu somente no décimo quinto dia após a semeadura, considerado baixo e tardio, sendo inviável comercialmente. De acordo com Maldaner et al. (2014), os autores não confirmaram a hipótese de que o lomento possa fornecer algum substrato favorável a germinação. A bibliografia descreve o lomento como uma estrutura apenas para o transporte, presente no exocarpo dos frutos de algumas espécies, que facilita a fixação das unidades de dispersão pelos animais ou mesmo através das roupas dos seres humanos, promovendo a dispersão por epizoocoria (Souza et al., 2006).



Materiais e Métodos

O experimento foi realizado no Laboratório de Produção Vegetal da Universidade Federal do Pampa – UNIPAMPA - Campus Dom Pedrito. As sementes de pega-pega foram colhidas de forma manual em uma área de campo natural do campus Dom Pedrito na data de 26/05/2014. As sementes foram colocadas a germinar no dia 16/03/2017 em caixas Gerbox, forradas com papel filtro, umedecidas a cada 72 horas, acondicionadas em câmaras de germinação com temperatura constante de 25ºC e com luminosidade artificial. Em cada caixa Gerbox foram alocadas 25 sementes, com 4 repetições para sementes com lomento e 4 repetições para sementes sem lomento. Os tratamentos de quebra de dormência foram: (T1) Imersão em água quente (80°C/5min), (T2) Escarificação mecânica com lixa nº 80 durante 30 segundos, (T3) Embebição em Ácido Giberélico por 48 horas e (T4) Escarificação com Ácido Sulfúrico 72%/5min. Ao final de 15 dias avaliou-se a emergência e contabilizou-se o número de sementes germinadas em porcentagem, a fim de quantificar a taxa de germinação e avaliar a eficiência dos diferentes métodos de quebra de dormência. Os dados foram analisados pela ANOVA, utilizando o teste Tukey a 5 % de probabilidade de significância. A análise estatística foi realizada pelo programa SAS 8,2 de 2001.



Resultados e Discussão

Os resultados evidenciaram que o Tratamento 2 (escarificação mecânica) apresentou diferença significativa em relação aos demais tratamentos, apresentando valores de porcentagem de germinação de 80% em sementes com lomento (tabela 1) e de 79% em sementes sem lomento (tabela 2). Ainda o tratamento 2 foi o que iniciou a germinação de sementes mais rápida, apresentando plantas germinadas já no quarto dia após colocação das sementes na câmara de germinação. Em trabalho realizado por Luedke e colaboradores (2016) o início da germinação ocorreu apenas no décimo-quinto dia em sementes de pega-pega com lomento e sem uso de método de quebra de dormência. Ainda a taxa de germinação apresentou valor de 21% apenas. O Tratamento 1, que utilizou-se a imersão em água quente obteve 31% de germinação no tratamento com lomento (tabela 1) e 40% de germinação no tratamento sem lomento (tabela 2). Em ambos, tratamentos, 1 e 2, não houve diferença significativa nas porcentagens de germinação para as sementes com e sem lomento (tabelas 1 e 2). Já no tratamento 3 (uso de ácido giberélico) apesar das taxas de germinação terem sido baixas, as sementes que foram submetidas a quebra de dormência e permaneceram com lomento (14%) apresentaram diferença significativa, daquelas onde o lomento foi retirado (5%) (tabelas 1 e 2). Estes resultados divergiram daqueles encontrados por Silva e colaboradores (2015), que identificaram que a presença de lomento dificulta a germinação de sementes de pega-pega. Observou-se ainda que o tratamento com ácido sulfúrico (T4), tanto nas sementes com e sem lomento, a taxa de germinação foi zero (tabelas 1 e 2). Este fato pode estar relacionado ao fato das sementes não terem sido lavadas após imersão no ácido sulfúrico, ficando com exposição ao ácido por mais tempo que o desejado.



Conclusões

De acordo com os dados analisados neste experimento, conclui-se que o melhor tratamento para quebra de dormência de sementes de pega-pega colhidas de campo natural, independente de permanecer com lomento ou este ser removido, é pelo uso da escarificação mecânica, onde as sementes atingiram valores de porcentagem de germinação de 80% em 15 dias do início do experimento. Estas análises são importantes, pois demostram a alta viabilidade de uso de sementes de pega-pega, desde que se efetue a remoção mecânica de seu tegumento.



Gráficos e Tabelas




Referências

BARRETO, I.L. & KAPPEL, A. 1967. Principais espécies de gramíneas e leguminosas das pastagens naturais do Rio Grande do Sul. In: 15º Congresso de Botânica.1964. p. 281-294. BASEGGIO, J. FRANKE, L.B., NABINGER, C. Dinâmica do florescimento e produção de sementes de Desmodium incanum DC. Revista Brasileira de Sementes, vol. 20, n.2, p.118-124. 1998. GARCIA, E. N.; BASEGGIO, J. Poder germinativo de sementes de Desmodium incanum DC. (leguminosae). Revista Brasileira de Agrociência, Pelotas, v. 5, n. 3, p. 199-202, 1999.

LUEDKE, F.E.; SKREBSKY, E.C.; LAVACH, F.L.; BALBUENA, H.F.F.; XAVIER, V.T.; SIQUEIRA, M.M. Diferenças na germinação em laboratório de trevo vermelho, trevo branco e pega-pega. Anais do VII Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão – Universidade Federal do Pampa, 2016.

MALDANER, J.; SCHWALBERT, R.; SALDANHA, C.W. et al. Procedimentos para cultivo in vitro de Desmodium incanum. ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.10, n.18; p. 2014. OLIVEIRA, M.L.A.A 1980. Estudo Taxonômico do gênero Desmodium Desv. (Fabaceae-Hedysareae) no Rio Grande do Sul. Dissertação de Mestrado. Porto Alegre, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 126 p. POPINIGIS, F. 1977. Fisiologia da semente. MINAGRI/AGIPLAN/ BIRD, Brasília, Distrito Federal, 290pp. SILVA, J.C. NETO, M.A.F.F.; SANTOS, T.G.S.; BARROS, M.A.G.; SKREBSKY, E.C., JUNIOR, A.S.F. Poder de germinação de sementes de pensacola (Paspalum notatum Fluegge var. Parodi) e pega-pega (Desmodium incanum). Anais do VII Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão – Universidade Federal do Pampa, 2015. SOUZA, L.A.; MOSCHETA, I.S., MOURÃO, K.S.M. Estruturas de dispersão de frutos e sementes. In: Souza, L. A. (Org.). Anatomia do fruto e da semente. Editora UEPG, pp. 196, 2006.





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