Efetividade dos métodos de ensino para o aprendizado em Forragicultura

Effectivity of teaching methods for the Grasslands and Forage Crops learning

ABSTRACT - The aim of this work was to identify the teaching methods considered effective and non-effective by the Veterinary Medicine (VM) and Animal Science (AS) students of the FZEA/USP to learning the content addressed in grasslands and forage crops. The data were obtained through the application of a structured questionnaire with mixed questions, and the sample corresponded to 43 students VM and 32 in the AS. The adoption of practical classes was considered the most effective method (chosen by 93.8%) for learning in the AS course, although only 51.2% of VM students considered this method effective. For both courses, exercise lists (90.6% in AS and 90.7% in VM) and booklets (78.1% in AS and 86% in VM) were important tools for the teaching-learning process. The adoption of weekly tests was indicated by 81.4% of VM students as an effective method, while 59.4% in AS considered as non-effective method. In the AS course, 62.5% of the students considered the case studies as an effective method, while it was considered effective for only 23.4% of the VM students. The main reasons why the students considered a given method as non-effective were: extensive and tiring classroom activities, including the lectures practiced by the teacher, tasks that require a lot of extra-class time, non-note activities and those that create situations where the student can copy a colleague's response (eg exercise lists to do at home). Also, the VM students emphasized that the approach in the proposed methods should be more focused on the professional activity of the veterinarian (e.g. practical classes and case studies). The perception of the effectiveness of the practical classes, weekly tests and case studies differed between courses, pointing out the need to adjust the methods and approaches according to particularities of each course, in order to come near the student´s expectations.

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Introdução

Na sala de aula ou em qualquer outro ambiente de aprendizagem, são inúmeras as relações que intervêm no processo de construção e organização do conhecimento. As múltiplas relações entre professores, alunos e objetos de estudo constroem o contexto de trabalho dentro do qual as relações de sentido são construídas.

A qualidade da aprendizagem do aluno depende de um bom ensino, mas é importante ter em mente que ensinar e aprender são ações que não possuem relação direta de causa e efeito, uma vez que o “bom ensino”, por si só, não é condição suficiente para a ocorrência de aprendizagem significativa por parte do aluno.

Embora o docente possa utilizar metodologias didáticas diversas, além de aulas expositivas, é importante analisar se o aluno efetivamente se envolve e se dedica a atividade proposta. Dessa forma, é necessario compreender a percepção dos alunos acerca dos métodos de ensino adotados pelo docente.

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Revisão Bibliográfica

No âmbito do Ensino Superior, tem sido crescente a necessidade de uma formação diferenciada, integrada e continuada do indivíduo. Para tanto, o professor deve ser capaz de adotar estratégias de ensino que consideram as peculiaridades de aprendizado do adulto e suas relações com a sociedade (Souza et al., 2014), que mude o foco do ensinar e passe a se preocupar com o aprender. O professor, dessa forma, deve oferecer caminhos coletivos de busca para a produção do conhecimento efetivo em seus estudantes (Silva & Borba, 2011).

Metodologia didática refere-se ao conjunto de métodos e técnicas de ensino adotadas como meio de favorecer a aprendizagem. A literatura reporta diversas metodologias, abordagens e técnicas no intuito de estimular a adoção de métodos inovadores pelos professores do ensino superior (Souza et al., 2014). Entretanto, nem sempre a adoção de métodos modernos, metodologias ativas e abordagens interdisciplinares geram aprendizagem significativa. Isso ocorre, em parte, devido a predominância do modelo tradicional de ensino previamente ao ingresso na Universidade e mesmo durante a graduação, que dissemina a postura do aluno passivo, o qual meramente recebe a informação, memoriza e a repete (Silva & Borba, 2011). Como consequência, a adoção de métodos que exijam autonomia, espírito crítico e reflexivo, desenvolvimento de instrumentos para autoaprendizagem e estudo continuado desafiam sobremaneira o aluno.

Nosso objetivo é estabelecer o exercício reflexivo permanente acerca dos métodos de ensino adotados, bem como identificar e planejar as mudanças necessárias na dinâmica em sala de aula, com vistas a participar do processo de aprendizagem a ser conquistado com e pelo aluno. Dessa forma, buscamos identificar os métodos de ensino considerados efetivos e não-efetivos pelos alunos dos cursos de Medicina Veterinária e Zootecnia da FZEA/USP para a aprendizagem do conteúdo abordado nas disciplinas que envolvem a Forragicultura.

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Materiais e Métodos

O estudo foi realizado na Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA), da Universidade de São Paulo, e foi registrado no Comitê de Ética sob protocolo número CAAE 60690716.0.0000.5422.

A população a partir da qual os dados foram obtidos foi composta por alunos dos cursos de graduação em Medicina Veterinária e Zootecnia. A disciplina ministrada no curso de Medicina Veterinária (Produção e Conservação de Forragens) é oferecida aos alunos do 4º semestre (2º ano), e possui carga horária total de 45 horas. No curso de Zootecnia (Forragicultura I), a disciplina é oferecida aos alunos do 6º semestre (3º ano), com carga horária de 45 horas. A amostra do estudo correspondeu a 43 alunos do curso de Medicina Veterinária e 32 do curso de Zootecnia.

A coleta de dados foi realizada por meio de pesquisa de campo (levantamento), através da aplicação de questionário estruturado com questões mistas. As questões que compuseram os resultados apresentados neste trabalho foram: a) Dentre os métodos de ensino utilizados nesta disciplina, quais você considera como efetivos para auxiliar seu aprendizado; b) Dentre os métodos de ensino utilizados nesta disciplina, quais você considera como não-efetivos para auxiliar seu aprendizado. Em ambas as questões foi solicitado aos alunos que explicassem como e/ou porque as estratégias apontadas auxiliam ou não o aprendizado. As opções de resposta em cada questão, portanto, se referiam especificamente aos métodos que foram utilizados na disciplina e compreenderam: provinhas semanais, listas de exercício, aulas práticas, estudos de caso, apostilas, vídeos, aula expositiva. Os resultados foram expressos de forma descritiva, como proporção de respostas atribuídas a uma dada opção em relação ao total de alunos que responderam o questionário.

 

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Resultados e Discussão

Para os discentes do curso de Zootecnia (ZOO), a adoção de aulas práticas foi considerado o método mais efetivo para a aprendizagem (93,8%). Segundo os alunos, esse método consiste em uma forma de aplicação do conteúdo teórico e oportunidade de vivência da realidade profissional de campo. Em contraposição, apenas 51,2% dos alunos do curso de Medicina Veterinária (MV) consideraram essa estratégia efetiva (Figura 1).

Em ambos os cursos, a utilização das listas de exercício (90,6% na ZOO e 90,7% na MV) e a disponibilização de apostilas (78,1% na ZOO e 86% na MV) representaram importantes ferramentas no processo de ensino-aprendizagem. Segundo os discentes, as listas de exercícios são métodos que auxiliam a dirigir o estudo e fixar o conteúdo. Com relação as apostilas, os alunos reportaram que o material disponibilizado é completo, de fácil entendimento, atualizado, serve como apoio aos estudos, pois auxilia na organização e direcionamento do conteúdo e evitam que a atenção da aula seja desviada à necessidade de copiar os slides.

A realização de provinhas semanais foi apontada por 81,4% alunos da MV como método efetivo, pois ajudam a perceber as dificuldades, guiar para o assunto mais importante a ser estudado, além de estimular estudos regulares e permitir um feedback do desempenho antes das avaliações. Entretanto, esse foi apontado como efetivo por apenas 34,4% dos alunos da ZOO, enquanto 59,4% consideram como método não-efetivo. A justificativa foi que, com alguma frequência, as provinhas abrangiam o conteúdo que havia sido ministrado no mesmo dia e apontaram que se fosse realizado na semana seguinte, seria mais efetivo. No curso de MV, as provinhas sempre abrangeram o conteúdo visto na semana anterior, o que explica esse método ter sido considerado mais efetivo para os alunos deste curso.

Ainda no curso de ZOO, 62,5% dos alunos consideraram os estudos de caso como método efetivo, enquanto na MV foi considerado efetivo para apenas 23,4% dos alunos, o que foi atribuído ao fato de não haver conexão entre a situação apresentada no estudo de caso com a profissão do médico veterinário.

Segundo Nascimento et al. (2007), alunos do ensino superior aprendem à medida que percebem que suas necessidades e interesses serão satisfeitos. O que ele aprende precisa ser útil para afrontar problemas reais da sua vida pessoal e profissional, de forma que a atividade ou conteúdo que atendem a essa expectativa possuem um elevado ‘valor de tarefa’. Souza (2010) explica que o valor da tarefa é apontado como fonte de motivação e, portanto, perceber a utilidade das disciplinas ou atividades pode ser decisivo em despertar o interesse do aluno, direcionando esforços para aprendizagem.

Nesse sentido, o fato de alguns métodos terem sido considerados não-efetivos (e.g. aulas práticas e estudos de caso para a MV) não está no método per se, mas na forma como foi aplicado e como o conteúdo foi apresentado. Souza et al. (2014) destacaram que, na busca de atuar sob uma nova visão do processo de ensino-aprendizagem, o docente poderá encontrar dificuldades que se iniciam pela própria compreensão da necessidade de ruptura com o tradicional. Dessa forma, o grande desafio para o docente não está em adotar novos métodos de ensino, mas identificar, remodelar e praticar novas abordagens do mesmo conteúdo, no intuito de aproximar-se da realidade vivenciada e das expectativas do aluno.

Quando se analisou os motivos pelos quais os alunos consideraram uma dada estratégia como não-efetiva, as principais razões foram: atividades extensas e cansativas em sala de aula, incluindo a aula expositiva praticada pelo docente, tarefas que demandam muito tempo extra-classe, atividades que não valem nota e aquelas que criam situações onde o aluno possa copiar a resposta de um colega (e.g. listas de exercício para fazer em casa).

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Conclusões

A adoção de listas de exercício e a disponibilização de apostilas consistem em métodos efetivos para o processo de ensino-aprendizagem em Forragicultura. A percepção da efetividade das aulas práticas, provinhas semanais e estudos de caso diferiu entre cursos, apontando para a necessidade de ajustar os métodos e abordagens de acordo com as particularidades de cada curso, no intuito de aproximar-se das expectativas do aluno.

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Gráficos e Tabelas

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Referências

Nascimento, E.; Nascimento, S.; Ferreira, S.P.A. Ensino universitário: estratégias e metodologias para a aprendizagem. Centro de Educação, UFPE. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Pedagogia) - Universidade Federal de Pernambuco – UFPE, 2007.

Silva, R.N; Borba, E.O. A importância da didática no ensino superior. 2011. Disponível em:

http://www.ice.edu.br/TNX/storage/webdisco/2011/11/10/outros/75a110bfebd8a88954e5f511ca9bdf8c.pdf. Acesso em: 08/12/2016.

Souza, L.F.N.I. Estratégias de aprendizagem e fatores motivacionais relacionados. Educar, n. 36, p. 95-107, 2010.

Souza, C.C.; Iglesias, A.G.; Pazin-Filho, A. Estratégias inovadoras para métodos de ensino tradicionais: aspectos gerais. Medicina, v. 47, n. 3, p. 284-292, 2014.