EFICIÊNCIA ANTIHELMÍNTICA DE DOIS PRINCÍPIOS ATIVOS EM CORDEIROS
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RESUMO -
O objetivo foi avaliar a eficiência anti-helmíntica em cordeiros. Foram estabelecidos dois grupos com quatro cordeiros cada, mestiços Dorper e Santa Inês. Os cordeiros do grupo 1 foram medicados com o princípio ativo oxfendazol (via oral) na dose de 1mL para 10 kg de peso vivo; no grupo 2, foi utilizado closantel com dosagem igual ao anterior. As fezes foram coletadas no dia zero e, após 10 dias, procedeu-se nova coleta para o teste de redução de ovos por grama de fezes (OPG). Para que um medicamento possa ser considerado eficiente, a redução deve ser igual ou superior a 90%. A contagem de OPG para oxfendazol no dia zero e após 10 dias foi de 450 e 250, respectivamente (eficiência de 44,40%). Para closantel, a contagem de OPG no dia zero e após 10 dias foi de, respectivamente, 200 e 100, obtendo-se assim, eficiência de 50%. Portanto, os princípios ativos foram classificados como ineficientes, pois apresentaram valores abaixo de 90% na redução dos ovos por gramas de fezes.
Keywords: closantel, oxfendazole, sheep
ABSTRACT - The objective was to evaluate anthelmintic efficiency in lambs. There were two groups with four lambs each Dorper and Santa Inês mestizos. The lambs of group 1 were medicated with the active principle oxfendazol (oral route) in the dose of 1mL to 10 kg of live weight; in group 2 closantel was used with the same dosage as before. The faeces were collected on day zero and after 10 days, a new collection was performed for egg reduction per gram of faeces (OPG). For a medicinal product to be considered efficient the reduction must be equal to or greater than 90%. The OPG count for oxyfendazole at day zero and after 10 days was 450 and 250, respectively (44.40% efficiency). For closantel the count of OPG at day zero and after 10 days was, respectively, 200 and 100 thus obtaining 50% efficiency. Therefore, the active principles were classified as infeciente as they presented values below 90% in egg reduction per gram of faeces.Introdução
No Brasil o rebanho de ovinos é estimado em, aproximadamente, 18 milhões de animais e encontra-se em expansão devido ao crescimento do mercado consumidor (IBGE, 2014). No entanto, a demanda de animais para o abate ainda é insuficiente para atender às exigências do mercado, sendo influenciada por diversos fatores, entre eles o baixo desempenho zootécnico, ausência de padronização na terminação das carcaças e a verminose, considerada como uma das principais causas limitantes na ovinocultura (SOBRINHO et al., 2008). As infestações helmínticas estão presentes em todas as faixas etárias nos ovinos, sobretudo nos cordeiros, retardando o desenvolvimento corporal, ocasionando queda na qualidade da carne, lã e elevando a mortalidade (MOLENTO; PRICHARD, 1999). O uso de compostos químicos (anti-helmínticos) é uma das maneiras para conter o parasitismo em pequenos ruminantes. No entanto, quando aplicado de forma inadequada apresenta grande possibilidade de acelerar o quadro de resistência ao fármaco, deixando os animais vulneráveis à contaminação (CEZAR et al., 2010). Em razão disso, o presente trabalho teve como objetivo avaliar a eficácia anti-helmíntica em cordeiros naturalmente infectados por nematódeos gastrintestinais.Revisão Bibliográfica
A criação de ovinos no Brasil é uma alternativa para a exploração comercial e oportunidade de desenvolvimento em pequenas e médias propriedades rurais. No entanto, torna-se fundamental o conhecimento sobre as raças de ovinos, visando suas características produtivas de acordo com a região em que a mesma será utilizada. Desta maneira, destacam-se algumas raças exploradas no país, como a Santa Inês e Dorper, pois apresentam boa capacidade de adaptação em climas diferentes e, quando cruzadas, apresentam alta taxa de desenvolvimento e boa conformação da carcaça (SOUZA e LEITE, 2000). Independentemente do sistema adotado, os ovinos são vulneráveis as enfermidades, sobretudo a parasitose gastrintestinal (LUX HOPPE; TESTI, 2012). Logo, um dos fatores limitante da ovinocultura é o parasitismo que, quando não monitorado adequadamente, ocasiona queda na produção de carne, leite e aumentar o índice de mortalidade no rebanho (PINHEIRO et al., 2000). O controle da verminose, segundo Lacerda et al. (2010) é baseado, quase que exclusivamente, na utilização de anti-helmíntico via oral. Ramos et al. (2002) analisaram 65 rebanhos em Santa Catarina e observaram que 77% eram resistentes a ivermectina, 65% ao albendazole, 13% ao closantel e 15% ao levamisol. Os autores verificaram múltipla resistência na maioria dos rebanhos. Fatores que contribuem ao aparecimento da resistência parasitaria estão relacionados ao curto período entre os tratamentos, a rápida mudança de diferentes grupos de vermífugos, o uso de medicamentos de longa durabilidade e a compra de animais contaminados (MOLENTO, 2004).Materiais e Métodos
O experimento foi realizado na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Campus Dois Vizinhos, na Unidade de Ensino de Pesquisa (UNEPE) de Ovinos. Para o trabalho utilizou-se um aprisco (galpão suspenso) de 70 metros², subdivido em 11 baias de 4 metros². Utilizaram-se 8 cordeiros, machos não castrados após o desmame, mestiços entre as raças Dorper e Santa Inês com, aproximadamente, 146 dias de idade e peso médio de 20 kg. A alimentação foi fornecida no cochos duas vezes ao dia, sendo composta por silagem de milho e concentrado (71,91%/MS de milho grão moído; farelo de soja 22,09%/MS; farelo de trigo 6%/MS). Vale destacar que a composição química da silagem não foi realizada. Os cordeiros foram alocados em duas baias com 4 animais cada (tratamentos 1 e 2). No tratamento 1 utilizou-se o princípio ativo oxfendazol (Oxfaden®) correspondendo ao grupo Benzimidazóis. O fornecimento do medicamento foi de acordo com o fabricante, considerando a dose de 1mL para cada 10 kg de peso vivo (PV). No tratamento 2 foi administrado o princípio ativo closantel (Diantel®), pertencente ao grupo Salicilanilidas e substitutos fenólicos, também respeitando a indicação do fabricante com dose de 1ml para 10 kg de peso vivo. Os antihelmínticos foram ministrados via oral e as fezes foram coletadas no dia zero (0) e 10 dias após o procedimento para o cálculo da eficiência anti-helmíntica. Realizou a técnica de OPG, de acordo GORDON e WHITLOCK (1939). Para o cálculo de eficiência, utilizou-se a seguinte fórmula: (%Eficiência = média OPG controle (dia zero) - média OPG vermífugo (após 10 dias) / média OPG controle x 100) (WURSTHORN e MARTIN, 1990). Os anti-helmínticos são classificados como: 1) Eficácia do maior que 90%; 2) entre 80% e 90%, medicação com baixa eficiência; 3) Inferior a 80%, medicação ineficiente (ZAJAC e CONBOY, 2006).Resultados e Discussão
Verificou-se que o OPG médio inicial para o tratamento 1 (Oxfendazol) foi de 450 e a média após 10 dias, 250 ovos por gramas de fezes. Redução semelhante também foi verificada na contagem no tratamento 2 (Closantel), apresentando média inicial e final de, respectivamente 200 e 100 (Tabela 1). Vale ressaltar que dois cordeiros do grupo 1 apresentaram eficiência acima de 90%, assim como, um cordeiro do grupo 2, com eficiência anti-helmíntica de 100%. Sugere-se que essa informação possa estar diretamente relacionada à genética dos animais, demostrando a susceptibilidade diante aos princípios ativos utilizados para o controle da parasitose. Quando observado o teste de eficiência anti-helmíntica (Tabela 1), pode-se verificar que o closantel e oxfendazol apresentaram reduções de 50,00 e 44,40%, receptivamente, na contagem de ovos por gramas de fezes. Tabela 1 – Valores médios iniciais e finais da contagem de ovos por gramas de fezes (OPG) para os princípios ativos utilizados, seguidos de seus respectivos valores de eficiência (%). Amarante et al. (1999), conduziram experimento em nove propriedade rurais com oxfendazol. No entanto, os autores não constaram eficiência do anti-helmíntico em nenhum estabelecimento rural, verificando valores máximos na redução do OPG de 48,90%. Em estudo conduzido por Melo et al. (1998), confirmaram que o uso do oxfendazol em ovinos apresentou eficiência igual a 0%, situação preocupante, pois coloca em risco a sanidade dos animais. Vale destacar que na literatura há poucas informações atuais sobre o uso do princípio ativo oxfendazol, destacando a importância de mais estudos com o mesmo. Melo et al. (1998) verificaram eficiência de 83% para o mesmo princípio ativo, porém, ainda sendo considerado como baixa eficiência. A influência sobre a resistência anti-helmintíca advém, sobretudo, das raças e também do estado fisiológico, afetando a resistência do hospedeiro como relatado por Bricarello et al. (2005), sendo um possível interferente na eficiência do medicamento.Conclusões
Portanto, conclui-se que os princípios ativos utilizados no presente estudo foram classificados como ineficientes no controle da verminose nos cordeiros. Deste modo, outros medicamentos devem ser avaliados, visando à eficiência anti-helmíntica igual ou superior a 90% para instituir um planejamento sanitário adequado e, assim, garantir o controle da parasitose gastrintestinal.Gráficos e Tabelas
