EFICIÊNCIA DA HOMEOPATIA NO CONTROLE DE VERMINOSES EM OVINOS

Michelle Cristina Fonseca SIlva1, Daniel de Souza Oliveira2, Pedro Augusto Dias Andrade3, Luciana Freitas Guedes4, Rayane Chaves de Jesus5, Poliana Rodrigues do Nascimento Gonzaga6, Érica Gonçalves da Fonseca7, Samuel Piassi Teles8
1 - Instituto Federal de Minas Gerais campus Bambuí
2 - Zootecnista da Usina de Leite Jussara, Araxá-MG
3 - Professor Substituto EBTT do IFMG-Campus Bambuí
4 - Professor Titular da FEAD, Belo Horizonte – MG
5 - Instituto Federal de Minas Gerais campus Bambuí
6 - Instituto Federal de Minas Gerais campus Bambuí
7 - Instituto Federal de Minas Gerais campus Bambuí
8 - Instituto Federal de Minas Gerais campus Bambuí

RESUMO -

Objetivou-se avaliar a eficiência entre medicamentos homeopático e alopático contra helmintos em ovinos. Quinze borregos da raça Santa Inês, desmamados, com peso inicial de 15,45±2,63 kg, foram distribuídos aleatoriamente em um DIC em 3 tratamentos (Controle, homeopático e alopático via oral) e 5 repetições cada. Os animais foram examinados e avaliados quanto ao índice de carga parasitária, para posterior separação e alocação em galpão coberto, em baias coletivas de madeira em piso ripado. As dietas foram calculadas para imprimir um ganho de peso de 200g/dia, sendo fornecido alimento ad libitum com sobra de 20% ao dia, tendo sal mineral e água à vontade. Para mensuração foi utilizado a contagem de número de ovos de nematódeos nas fezes dos animais através de câmaras de MacMaster. No tratamento de ovinos com diferentes anti-helmínticos não houve diferença (P>0,05) entre as médias de OPG dos grupos tratados, porém houve diferença (P<0,01) nas médias de OPG por tempo (15, 30, 45 e 60 dias).

Palavras-chave: cordeiro, homeopatia, OPG, Santa Inês.

EFFICIENCY OF HOMEOPATHY IN CONTROL OF VERMINOSES IN SHEEPS

ABSTRACT - The objective was to evaluate the efficiency between homeopathic and allopathic drugs against helminths in sheep. Fifteen lambs of the Santa Ines breed, weaned, with initial weight of 15.45±2.63 kg, distributed randomly in a DIC in 3 treatments (Control, homeopathic and allopathic via oral) and 5 replicates each. The animals were examined and evaluated for parasitic load index, for posterior separation and allocation in covered shed, in collective slats of wood in riparian floor. The diets were calculated to print a weight gain of 200g / day, with food ad libitum being supplied with a 20% surplus a day, having mineral salt and water at will. For the measurement, the number of nematode eggs in the animals' feces was counted using MacMaster cameras. There was no difference (P>0.05) between the OPG means of the treated groups, but there was a difference (P <0.01) in the means of OPG by time (15, 30, 45 and 60 days).
Keywords: homeopathy, lamb, OPG, Santa Ines


Introdução

A produção de caprinos e ovinos no mundo sofre com o efeito dos parasitas gastrointestinais que acometem os caprinos, mas principalmente os ovinos, fazendo com que a produção decresça. Devido a isso, muitos produtores fazem o uso de tratamentos para combater e amenizar esse problema no rebanho. Os tratamentos podem ser homeopáticos ou alopáticos porém, quando essas dosagens de medicamentos são administradas de forma incorreta, os animais adquirem uma grande resistência agravando o quadro clínico na fazenda. O objetivo do trabalho foi promover o levantamento de informações sobre ovos por grama de fezes para diagnosticar o tratamento mais adequado para verminoses de ovinos em sistema intensivo de criação, com enfoque do uso do medicamento alternativo com princípio homeopático a fim de melhorar o desempenho imune contra patógenos gastrointestinais.

Revisão Bibliográfica

As parasitoses estão entre as principais causas de perdas econômicas nos rebanhos de caprinos e ovinos, sendo mais frequente em regiões tropicais e subtropicais (GITHIORI et al., 2004). As consequências disso são a redução no ganho de peso dos animais, queda de produtividades, sendo carne, lã e leite e podendo chegar ao extremo que são elevadas taxas de mortalidade, sendo mais acometidos, animais mais jovens (RIBAS et al., 2009). Para combater as infecções e prejuízos causados por esses parasitas, o controle tem sido feito através de produtos químicos. Porém, esses medicamentos podem acarretar malefício aos homens, que é o consumidor desses alimentos de origem animal e também ao meio ambiente (CHAGAS et al., 2003). Também, devido ao uso não regulamentado desses medicamentos e o uso progressivo, aumenta os casos de resistências desses parasitas. Com isso, vermes mais fortes necessitam de uma nova droga para que seja corrigida a nova resistência (AMARANTE et al., 1992). Devido a isso, outros métodos estão sendo estudados para suprir essa constante criação de novas drogas, um desses métodos é a homeopatia. Tendo origem de duas palavras gregas, a homeopatia quer dizer homios e patho, que tem por significado semelhança e sofrimento, respectivamente (SÁNCHEZ, 2006). Melhor dizendo de uma forma holística de medicina, a homeopatia representa uma perspectiva sistêmica, com intuito de auxiliar o corpo na sua cura (DEMERS, 2007).

Materiais e Métodos

O ensaio experimental foi conduzido nas instalações do setor de Caprinocultura do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de Minas Gerais – campus Bambuí, onde foram utilizados 15 animais machos, castrados da raça Santa Inês, desmamados, com peso inicial de 15,45±2,63 kg, distribuídos aleatoriamente em 3 (três) tratamentos experimentais (controle; homeopático – Virthus HV1000Ò; e alopático – Cloreto de Levamisol 5%, oral) e 5 (cinco) repetições cada. Os animais foram pesados, identificados, examinados e avaliados quanto ao índice de carga parasitária, através do método FAMACHA (KAPLAN et al., 2004), para posterior separação e alocação em galpão coberto, em baias coletivas de madeira em piso ripado, dotadas de comedouro, bebedouro e saleiro. Os animais foram submetidos a uma adaptação inicial de 7 a 15 dias e posteriormente à estabilização do consumo dos animais foi iniciada a coleta de dados. As dietas foram calculadas para serem isoproteicas, isoenergéticas e isofibrosas de acordo com o NRC (2007) para um ganho de 200/g por dia. Água e sal foram fornecidos à vontade em cochos individualizados por baia em quantidade fixa. A contagem de OPG foi feita por meio da técnica de Gordon e Whitlock modificada e realizada por microscópio óptico e câmara de McMaster, de acordo com a técnica de Gordon e Whitlock (UENO e GONÇALVES, 1998). Os dados foram categorizados em faixas de 50 mil ovos por grama e pontuados progressivamente e foram submetidos a um delineamento inteiramente casualizado em parcelas subdivididas, com 3 tratamentos (Controle, Homeopático e Alopático) com 5 repetições cada, e 4 parcelas (tempo - semanas avaliadas), com dados submetidos através do teste SNK a 5% de significância.

Resultados e Discussão

A tabela 1 apresenta a contagem de ovos por grama de fezes (OPG) por endoparasitas e total em ovinos Santa Inês tratados com e sem anti-helmínticos durante um período de 90 dias. O grau de infecção pode ser medido pelo OPG, sendo que quanto maior o OPG, maior será o grau de infecção parasitária (SOTOMAIOR et al. 2009). Pode-se notar que os valores médios de OPG total encontrados nos três tratamentos não apresentaram diferenças significativas. Sendo assim, os tratamentos homeopáticos e alopáticos não promoveram a redução significativa de OPG em relação ao tratamento controle. Apesar do tratamento homeopático não ter apresentado ação antiparasitária, este auxilia o equilíbrio entre o parasito e o hospedeiro, ou seja, reduz os efeitos da infecção (CABARET et al., 2002). Com isso, pode-se afirmar que os animais estavam sadios, porém ainda existia a presença dos parasitas no animal em um nível mais controlado que não prejudicasse o funcionamento do metabolismo. Com isso, obtiveram resultados satisfatórios no desempenho, embora não tenham apresentado diminuição significativa nas médias de OPG. A tabela 2 apresenta a contagem de ovos por grama de fezes (OPG) por endoparasitas e total em ovinos Santa Inês tratados com anti-helmínticos em função dos períodos de coleta. Nota-se uma redução significativa da infestação, quando avaliados no tempo para nematoides do gênero Haemonchus e Trichostrongylus. Tratando-se de infecções mistas, a contagem de OPG na faixa de 50-800 é considerada uma infecção de grau leve, moderado entre 800-1200, e pesado acima de 1200 (HANSEN E PERRY, 1994). Dessa forma, pode-se observar a infecção dos três níveis: leve, moderado e pesado. Em relação à ação exclusiva do gênero Haemonchus sp., esses valores são de 100-2000, 2000-7000 e > 7000; e Trichostrongylus sp., de 100- 500, 500-2000 e > 2000, para leve, moderado e pesado, respectivamente. Com base nos resultados, à medida que os dias do experimento decorriam os níveis de infecção ia reduzindo, mesmo por decorrência do ambiente em que os ovinos se encontravam. Porém, os resultados não diferenciaram entre os tratamentos homeopático, alopático e controle. A ineficiência desses medicamentos pode estar associada ao tempo de utilização e aos desafios do ambiente. O contato direto e por tempo prolongado dos animais aos anti-helmínticos podem reduzir o tempo de eficiência desses medicamentos, pois os vermes podem ir adquirindo resistência ao longo das gerações (SCZESNYMORAES et al., 2010). Também deve-se levar em consideração que os ovinos estavam em baias ripadas suspensas, contendo bebedouro, comedouro e saleiro. Por não terem tido o contato direto com as fezes, isso dificultou a recontaminação dos animais e com isso a continuidade do ciclo dos vermes, conseguindo então reduzir o OPG durante os tratamentos.

Conclusões

Os borregos apresentaram uma maior contaminação por endoparasitas Haemonchus e Trichostrongylus com redução significativa ao decorrer do tempo.

Gráficos e Tabelas




Referências

AMARANTE, A. F. T. et al. Efeito da administração de oxfendazol, ivermectina e levamisol sobre os exames coproparasitológicos de ovinos. Braz. J. Vet. Res. Anim.Sci., v. 29, p. 31-38, 1992. CABARET, J.; BOUILHOL, M.; MAGE, C. Managing helminths of ruminants in organic farming. Veterinary Research, v.33, n.5, p.625-640, 2002. CHAGAS, A.C.S. et al. Sensibilidade do carrapato Boophilusmicroplus a solventes. Ciência Rural, v.33, n.1, p.109-114, 2003. DEMERS, J. (2007). An Introduction to Homeopathy. Comunicação apresentada no North American veterinaryConferenceProceedings 2007, Ithaca, NY (Acedido em 17 de Abril 2017 em InternationalVeterinaryInformation Service Ivis, http://www.ivis.org/proceedings/navc/2007/SAE/001.asp?LA=1) ECHEVARRIA, F.A.M.; BORBA, M.F.S.; PINHEIRO, A.C.; WALLER, P. J.; HANSEN, J.W. The prevalence of anthelmintic resistance in nematode parasites of sheepe in Southern LatinAmérica. Brazilian Veterinary Parasitology, v.62, n.3-4, p.199-206, 1996. GITHIORI, J.B., et al. Evaluation of ant helmintc properties of some plants used as livestock dewormes against Haemonchus contortus infections in sheep. Parasitology. v.129, p.245- 253. 2004. HANSEN, J.; PERRY, B. The epidemiology, diagnosisandcontrolofhelminth parasites ofruminants, Nairobe: ILRAD-FAO,1994. Disponível em: https://cgspace.cgiar.org/handle/10568/49809. Acesso em: 21.jun. 2016. KAPLAN, R.; BURKE, J. M.; TERRILL, T. H.; MILLER, J. E.; GETZ, W. R; MOBINI, S.; VALENCIA, E.; WILLIAMS, M. J.; WILLIAMSON, L. H.; LARSEN, M.; VATTA, A. Validation of the FAMACHA© eye colour chart for detecting clinical anaemia in sheep and goats on farms in the southern United States. Veterinary Parasitology, v. 123, p.105-120, 2004 MELO, A.C.F.L.; REIS, L.F.; BEVILAQUA, C.M.L.; VIEIRA, L.S.; ECHEVARRIA, F.A.M.; MELO, L.M. Nematódeos resistentes em rebanhos de ovinos e caprinos do estado do Ceará, Brasil. Ciência Rural, v.33, n.2, p.339- 344, 2003. RIBAS, J. L., et al. Eficácia da Folha de Bananeira (Musa spp.) no Controle de Vermes Gastrintestinais em Pequenos Ruminantes. Revista Brasileira de Agroecologia. v.4 n.2. 2009. SÁNCHEZ, C. M., Blázquez, J. R.T. (2006). Homeopatia Veterinária – Matéria Médica, Casos Clínicos e comentários. (pp. 5-9, 10-14, 21-27, 29-33) DilemaEditora. Madrid. SCZESNY-MORAES, E.A.; BIANCHIN, I.; SILVA, K.F.; CATTO, J.B.; HONER, M.R.; PAIVA, F. Resistência antihelmíntica de nematóides gastrintestinais em ovinos, Mato Grosso do Sul. Pesquisa Veterinária Brasileira, v.30, n.3, p.229-236, 2010. SOTOMAIOR, C. S. et al.; Parasitoses gastrintestinais dos ovinos e caprinos: alternativas de controle. Curitiba: Instituto Emater, 2009. 36 p. : il. UENO, H.; GONÇALVES, P. C. Manual para diagnóstico das helmintoses de ruminantes. 4. ed. Tokio: Japan International Cooperation, 1998. 143p.