Estimativa da Área Foliar de Urochloa brizantha cv. Marandu Fertirrigada com Água Residuária e Colhida com duas alturas

Natã Rodrigues Costa1, Rogério Teixeira de Faria2, Geffson de Figueredo Dantas3, Gilmar Oliveira dos Santos4, Miquéias Gomes dos Santos5, Cainã Rodrigues Costa6
1 - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias de Jaboticabal
2 - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias de Jaboticabal
3 - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias de Jaboticabal
4 - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias de Jaboticabal
5 - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias de Jaboticabal
6 - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias de Jaboticabal

RESUMO -

O objetivo deste trabalho foi determinar uma equação mais adequada para estimar a AF da Urochloa brizantha cv. Marandu fertirrigada e colhida com duas alturas por intermédio de medidas lineares de seus limbos foliares. A forragem foi colhida com duas alturas, 30 e 40 cm. Um sistema de aspersão em linha tripla foi usado para aplicar lâmina uniforme, mas com distribuição gradual da concentração de Efluente de Estação de Tratamento de Esgoto (EETE) em água, correspondentes às doses D0 = 0; D1 = 11; D2 = 31; D3 = 60; D4 = 87 e D5 = 100%. As equações que apresentaram os melhores resultados nos estudos de regressão foram: Eq3 0,673 (C x L) + 1,1835 do tipo linear, Eq4 0,6963 (C x L) do tipo linear passando pela origem e Eq7 0,8283 (C x L)^0,9523 do tipo geométrica. É possível estimar a área foliar do capim-marandu de forma eficiente através de medidas lineares do limbo foliar.

Palavras-chave: água residuária, limbo foliar, capim-marandu.

Estimation of the leaf area of Urochloa brizantha cv. Marandu Fertigated with Wastewater and Harvest with two heights

ABSTRACT - The objective of this work was to determine a more adequate equation to estimate the Urochloa brizantha cv. Marandu fertigated and harvested with two heights by means of linear measurements of its leaf limbs.. The forage was harvested with two heights, 30 and 40 cm. A triple in-line sprinkler system was used to apply a uniform blade, but with a gradual distribution of the concentration of Sewage Treatment Station Effluent (EETE) in water, corresponding to the doses D0 = 0; D1 = 11; D2 = 31; D3 = 60; D4 = 87 and D5 = 100%. The equations that presented the best results in the regression studies were: Eq3 0.673 (C x L) + 1.1835 of the linear type, Eq4 0.6963 (C x L) of the linear type passing through the origin and Eq7 0.8283 (C X L)^0.9523 of the geometric type. It is possible to estimate the leaf area of the marandu grass efficiently through linear measurements of the leaf blade.
Keywords: wastewater, leaf blade, grass-marandu.


Introdução

A determinação da área foliar (AF) em gramíneas e leguminosas forrageiras é de fundamental importância para se estudar os aspectos fisiológicos, realização de fotossíntese, interceptação e absorção da luz. Há métodos diretos e indiretos de quantificação da AF. Os métodos diretos são destrutivos, sua quantificação consiste em coletar as folhas e passá-las no integrador de AF. Este método tem como inconveniência possuir custo elevado e o seu processo de determinação ser moroso (ZUCOLOTO et al., 2008). Métodos indiretos são mais simples e rápidos em sua execução, além de não serem destrutivos para estimar AF com precisão. Possui como vantagens baixo custo e, o fato de que suas amostras poderão ser feitas com os mesmos perfilhos selecionados. Devido à racionalização dos recursos hídricos, há necessidade de buscar novas fontes hídricas, uma delas é a utilização de água residuária.  A utilização de efluente de estação de tratamento de esgoto doméstico (EETE) tem sido altamente promissora. Objetivou-se com este trabalho determinar uma equação mais adequada para estimar a área foliar do capim-marandu fertirrigado com EETE, através de medidas lineares do limbo foliar colhida em duas alturas.

Revisão Bibliográfica

Segundo Valle et al. (2010), o capim-marandu possui características morfológicas como hábito de crescimento cespitoso; colmos iniciais prostrados, porém, com o crescimento da touceira surgem cada vez mais eretos; colmos floríferos eretos, com perfilhamento frequente nos nós superiores; bainhas pilosas e densamente pilosas na base, com cílios nas margens, geralmente longas, escondendo os nós. Ainda segundo os mesmos autores o cultivar Marandu é o mais utilizado no estabelecimento de pastagens e o que apresenta mais informações entre os cultivares de Urochloa brizantha. A determinação da área foliar (AF) é de fundamental importância para se estudar os aspectos de crescimento do vegetal (BIANCO et al., 2005). Há métodos diretos e indiretos de quantificação da AF. Os métodos diretos são destrutivos, sua quantificação consiste em coletar as folhas e passá-las no integrador de AF. Este método tem como inconveniência possuir custo elevado e o seu processo de determinação ser moroso (ZUCOLOTO et al., 2008). Pesquisas têm revelado a viabilidade de estimar a AF, por parâmetros dimensionais de folhas, os quais apresentam boas correlações com a superfície foliar por meio de equações de regressão entre a área foliar e os parâmetros dimensionais lineares das folhas em várias culturas agronômicas (ROUPHAEL et al., 2007; RAMOS et al., 2008). O uso de EETE na agropecuária tem sido cada vez mais pesquisado, por ser uma opção promissora para o destino final do mesmo, visto que pode substituir a água “limpa” na irrigação, proporcionando economia de água e, servir como fonte de nutrientes para determinadas culturas (BEVILACQUA & BASTOS, 2009). De maneira geral, os efluentes de estação de tratamento de esgoto, possuem teores consideráveis de nutrientes como o nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio e magnésio, essenciais para o desenvolvimento das plantas, garantindo sua qualidade como fertilizante. Além disso, contém matéria orgânica em sua composição, que atua nas características do solo e como fonte de reposição de húmus (BEVILACQUA et al., 2006).

Materiais e Métodos

O experimento foi instalado na Fazenda Experimental da FCAV-Unesp, em Jaboticabal SP. A área vem sendo cultivada com Urochloa brizantha cv. Marandu desde novembro de 2012. Em junho de 2015 foi realizado um corte de uniformização a 15 cm de altura do solo para iniciar o experimento. O delineamento experimental foi em faixas com parcela subdividida, com doses de EETE na parcela e alturas de corte C1 = 30 e C2 = 40 cm na subparcela, com quatro repetições. As doses de EETE foram definidas em função das concentrações do efluente em água, correspondentes às doses D0 = 0; D1 = 11; D2 = 31; D3 = 60; D4 = 87 e D5 = 100% da lâmina aplicada. Foi adotado o tratamento D3C1 como referência para adubação. Um terço da recomendação de N foi via fertilizante mineral (uréia) para evitar excesso de água no solo pela fertirrigação e dois terços pela aplicação de EETE. O tratamento D0 recebeu somente fertilizante mineral. A coleta dos limbos foliares para o estudo de regressão foi realizada entre 27 de setembro de 2016 e 17 de novembro de 2016, no momento em que os tratamentos atingiam a altura de corte. Foram coletados aleatoriamente 40 limbos foliares de cada tratamento, para determinação do comprimento ao longo da nervura principal (C) e da largura máxima (L) perpendicular à nervura principal. Em seguida, suas áreas foliares reais foram determinadas, utilizando-se o aparelho “scanning head” Licor Mod. LI – 3000C. Foram feitos estudos de regressão utilizando-se as seguintes equações: linear (Y = ax + b), linear pela origem (Y = bx), geométrica (Y = axb) e exponencial (Y = aebx). O valor Y estimou a área foliar em função de X, cujos valores foram o comprimento (C), a largura (L) ou o produto (C x L). Para realizar as comparações entre os modelos, foram adotados como critérios maiores coeficientes de determinação (r²) e de correlação (R), e menor soma de quadrados do resíduo (SQR) obtida através das somas de quadrados das diferenças entre os valores observados e os preditos pelos modelos.

Resultados e Discussão

Os resultados obtidos pelo estudo de regressão entre a área foliar real (AFR) e as medidas lineares do limbo foliar: comprimento (C), largura (L) e o produto comprimento pela largura (C x L), estão apresentados na Tabela 1. Os maiores valores do coeficiente de determinação (r²), foram obtidos nos estudos de regressão entre a AFR e o produto C x L apresentados nas equações 3, 4, 7 e 10, com valores do r² superiores a 0,75, indicando que 75% das variações da área foliar real foram explicadas por essas equações (Eq.). O maior valor do r² 0,799 foi observado na equação 7, do tipo geométrica. Estas mesmas equações apresentaram os maiores coeficiente de correlação (R), acima de 0,80, sendo o maior valor 0,894 observado na equação 7, do tipo geométrica. Os valores do comprimento das folhas variaram de 10,5 a 50,2 cm, com valores médios de 27,8 cm. A largura das folhas variou de 0,8 a 2,8 cm, com valores médios de 1,6 cm. Para a área foliar os valores variaram de 8,4 a 93,44 cm², com valores médios de 31,9 cm². Em relação à distribuição percentual da área foliar dos 480 limbos foliares do capim-marandu, 64,58% dos valores estão entre 20,01 e 40 cm². Considerando a soma de quadrados do resíduo, as equações obtidas da regressão entre a AFR e o produto C x L, foram as que apresentaram os menores valores, indicando que o produto do comprimento (C) pela largura (L), permite estimar a área foliar do capim-marandu por meio de equações de forma mais acurada. O menor valor da soma de quadrado do resíduo (SQR) 16.256,58 cm², foi obtido pela equação 3 do tipo linear, que apresentou r² e R igual a 0,759 e 0,871, respectivamente. Considerando os três critérios utilizados para a escolha da equação que permite estimar a área foliar da Urochloa brizantha cv. Marandu, as equações do tipo linear (0,673 (C x L) + 1,1835), cujos valores de r², R e SQR foram iguais a 0,759, 0,871 e 16.256,58, respectivamente, e linear passando pela origem Eq4 (0,6963 (C x L)) cujos valores de r², R e SQR foram iguais a 0,758, 0,871 e 16.325,02 cm², respectivamente, foram as que apresentaram os melhores resultados (Figura 1). Do ponto de vista prático, a equação linear passando pela origem, é mais indicada, pois é de mais fácil utilização, além de ser biologicamente mais correta. Analisando as medidas lineares do limbo foliar do capim-xaraés para estimar a área foliar, Silva et al. (2013), também verificaram que a equação do tipo linear obtida do estudo de regressão entre a área foliar real e o produto comprimento (C) pela largura média das folhas (Lmed), foi a que permitiu melhor estimativa.

Conclusões

É possível estimar a área foliar do capim-marandu de forma eficiente através de medidas lineares do limbo foliar. O produto do comprimento pela largura máxima apresentou melhores resultados nos estudos de regressão em relação a utilização das variáveis de forma isolada. As equações que apresentaram os melhores resultados nos estudos de regressão foram: Eq3 0,673 (C x L) + 1,1835 do tipo linear, Eq4 0,6963 (C x L) do tipo linear passando pela origem e Eq7 0,8283 (C x L)0,9523 do tipo geométrica.

Gráficos e Tabelas




Referências

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