ESTRATÉGIAS NUTRICIONAIS PÓS ECLOSÃO EM PINTAINHAS DE POSTURA EM FASE DE CRIA E RECRIA

Uanderson Veríssimo de Luna1, Alessandra Romani2, Lidiane Silva do Espirito Santo3, João Garcia Caramori Júnior4, Gerusa da Silva Salles Corrêa5, André Brito Corrêa6, Bruno Serpa Vieira7, Emanuele Brusamarelo8
1 - Universidade Federal de Mato Grosso
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RESUMO -

Avaliou-se estratégias nutricionais pré e pós alojamento em pintainhas de postura em fase de cria e recria (0 a 15 semanas de idade). Foram utilizadas 2460 pintainhas de linhagem Hy-line W36, distribuídas em um delineamento inteiramente casualizado em esquema fatorial 2×5, as aves receberam alimentação com e sem gel hidratante e cinco níveis de água na ração (0, 10, 20, 30 e 40% de inclusão), 10 tratamentos e seis repetições de 41 aves por unidade experimental durante a fase de cria, e 17 aves na fase de recria. As aves receberam gel hidratante nas caixas de transporte do incubatório até o local de alojamento, após o alojamento foi fornecido os tratamentos de dietas úmidas até o 3º dia de idade. A partir do 3º dia todas as aves passaram a receber ração seca até a 15ª semana de idade. O uso de gel hidratante e os diferentes níveis de inclusão de água na ração para fase de cria e recria, não influenciaram o ganho de peso, consumo de ração, conversão alimentar e uniformidade.

Palavras-chave: desempenho, gel hidratante, ração úmida

NUTRITIONAL STRATEGIES FOR GROWING PULLETS AFTER-HATCHING

ABSTRACT - The use nutritional strategies of pre and post accommodation in birds, was evaluated from 1 to 15 weeks old. 2460 birds were used Hy-line strain W36, distributed in a completely randomized design in a 2x5 factorial scheme, and the birds were fed with and without moisturizing gel and five water levels in the diet (0, 10, 20, 30 and 40 %), with 10 treatments and six repetitions of 41 birds each during breeding phase, and 17 birds were kept in the rearing phase constituting an experimental unit. The birds were moisturizing gel in the hatchery shipping boxes to the place of accommodation after accommodation has been provided treatments of wet diets until the 3rd day of age, from the 3rd day all the birds began to receive dry food until 15 weeks of age. The use of moisturizing gel with different levels of water included in feed to phases of growth, not significant for weight gain, feed intake, feed gain ratio and uniformity.
Keywords: performance, moisturizing gel, moist feed


Introdução

Durante muito tempo perseverou o paradigma de que pintainhos mantidos em jejum absorveriam mais rapidamente a gema residual. Atualmente sabe‐se que a ingestão de alimento neonatal não somente favorece a absorção da gema, mas também otimiza o aproveitamento dos nutrientes nela presentes (BIGOT et al., 2001). Pesquisadores têm voltado à atenção no tempo decorrido entre eclosão e fornecimento de alimento aos pintainhos. As reservas de nutrientes, contidas no saco vitelino, não é, muitas vezes, suficiente para manter o crescimento dos pintainhos após a eclosão (GONZALES et al., 2003), tornando a ingestão de alimentos, o mais precoce possível, um fator essencial na determinação da taxa de crescimento e composição corporal das pintainhas nas diversas fases da vida. Uma estratégia adotada para minimizar perdas na qualidade de pintos é o fornecimento de hidratantes, antes ou após o alojamento. Em relação ao desempenho e mortalidade, respostas positivas ao uso de soluções à base de eletrólitos essenciais, facilmente manipuladas, podem ser conseqüência da homeostase da ave (LAURENTIZ et al., 2001). Empresas fornecem comercialmente, hidratantes a serem oferecidos nas embalagens de transporte, que aliviam os efeitos da perda de água, no percurso entre o incubatório e a granja de criação. Porém, essa terapia de reidratação carece de informações baseadas em literatura científica. Assim, o objetivo desse trabalho foi avaliar estratégias nutricionais pré e pós-alojamento em pintainhas de postura em fase de cria e recria (0 a 15 semanas de idade).

Revisão Bibliográfica

A incubação artificial de ovos permitiu à avicultura chegar a grandes escalas de produção atingindo parâmetros produtivos bastante exigentes. Entretanto, esses sistemas de incubação nos impedem de aproveitar varias vantagens competitivas das aves: a capacidade de alimentar-se por conta própria horas após eclosão (DALMAGRO, 2013). Atualmente muita atenção tem sido dada ao tempo em que o alimento demora a ser fornecido as pintainhas logo após a eclosão. O fornecimento de nutrientes, através do saco vitelino, muitas vezes não é suficiente para sustentar o crescimento das pintainhas após a eclosão (GONZÁLES et al. 2008), tornando o nível de consumo de alimento, o mais precoce possível, um fator básico e importante para determinar a taxa de crescimento e composição corporal dos frangos através de suas fases de vida (RICHARDS, 2003). Quando o desenvolvimento fisiológico e a colonização microbiana neonatal são atrasados, afeta negativamente a formação e maturação do sistema imune, comprometendo a capacidade das aves de reagir contra patógenos e responder aos programas de vacinação (DALMAGRO, 2013). Considerando que o consumo e a excreção de água nos pintinhos (proporcionalmente ao peso), são maiores do que na ave adulta. Esse fato tem grande relevância, pois a perda de água em grande quantidade nas primeiras semanas de vida, sem o consequente aumento do consumo, pode desencadear refugos do lote, principalmente nas devido ao estresse pelo calor (BUTOLO, 2005). Com a necessidade da ave desempenhar altamente seu potencial produtivo ao longo da vida, é necessário buscar através de estratégias nutricionais e de manejo melhorias que incentivem o maior consumo e consequentemente seu desenvolvimento fisiológico resultando em bons resultados produtivos otimizando os recursos, sendo que a fase inicial de crescimento e desenvolvimento da ave é crucial para que estes objetivos sejam alcançados quando adultas.

Materiais e Métodos

Foram utilizadas 2460 pintainhas da linhagem comercial Hy-line W36, distribuídas em um delineamento inteiramente casualizado em esquema fatorial 2x5, sendo aves que receberam alimentação nas caixas de transporte com gel hidratante e sem gel hidratante e cinco níveis de água na ração com 0, 10, 20, 30 e 40% da quantidade de ração diária, com 10 tratamentos, seis repetições de 41 aves (fase de cria) e 17 aves (fase de recria). As aves receberam as dietas úmidas até o 3º dia de idade. A partir do 3º dia todas as aves passaram a receber ração seca até a 15ª semana de idade. A dieta experimental foi formulada à base de milho e farelo de soja e atenderam os níveis preconizados pelo manual da linhagem Hy-line W-36. As dietas foram fornecidas, diariamente, controlando o seu fornecimento e recolhidas as suas sobras de 6 em 6 horas durante os 3 primeiros dias após alojamento. A inclusão de água era realizada através do auxilio de uma seringa de medições, onde para cada tratamento era incluído à quantidade em ml de água necessária. A partir do 3º dia todas as aves passaram a receber ração seca fornecida a vontade, onde as sobras eram recolhidas uma vez ao dia até o 14º dia de vida (fim da fase de cria) para a coleta de dados de consumo de ração (CR). O gel hidratante utilizado foi composto de dextrose e D–glicose. Determinou-se o CR, conversão alimentar (CA), ganho de peso (GP) e a uniformidade. As aves foram pesadas individualmente ao final da fase de cria (14 dias) e ao final da fase de recria (15 semanas), para determinar o peso corporal e o GP. O CR foi calculado considerando a quantidade de ração fornecida menos às sobras nos comedouros. A CA foi determinada pela relação entre o CR e o GP. Após o 14º dia de vida as aves foram consideradas em fase de recria e receberam ração à vontade em comedouro automático até a 15ª semana de vida. Os dados foram submetidos à análise de variância e, em caso de diferença significativa, as médias foram comparadas pelo teste de Tukey (P<0,05).

Resultados e Discussão

Os diferentes níveis de inclusão de água e gel hidratante não apresentaram efeito significativo para nenhum nível de água incluso na dieta (P<0,005) em todas as variáveis analisadas. Diferente de Forbes (2003), que observou que quanto maior a inclusão de água na dieta maior o ganho de peso comparado com dietas mais secas. Não houve efeito significativo (P<0,05) para o CR, CA, GP, peso médio e uniformidade para pintainhas em recria submetidas à alimentação com diferentes níveis de inclusão de água na ração. Por outro lado, avaliando o fornecimento de dietas com 0%, 15% e 30% de inclusão de água para frangos de corte, Araujo et al (2004) observaram uma maior ingestão ração pelas aves que receberam a dieta com inclusão de 30% de água melhorando o seu desempenho. Comparando o desempenho de aves alimentadas com dieta úmida e alimentadas com dieta seca, Preston et al., (2000), observaram que o consumo de ração e o ganho de peso foram menores em aves alimentadas com dieta úmida, porém ocorreu um aumento de 5% na conversão alimentar. Os resultados ao final da fase de recria, não apresentaram efeito significativo (P<0,005) para ganho de peso e uniformidade (Tabela 1). Testando níveis de 0 á 50% de inclusão de água na ração, Antunes (2008), observou que poedeiras alimentadas com dieta seca apresentaram efeito significativo para ganho de peso, onde a maior produção de ovos foi observada no tratamento com a inclusão de 10% de água seguida pelos tratamentos de 20 e 30% de inclusão, observa-se também que os extremos de 0 a 50% de inclusão de água apresentaram os menores índices de produção de ovos respectivamente. O uso de gel hidratante durante o transporte não foi significativo para nenhum dos níveis de inclusão de água, resultados semelhantes a Pedroso et al (2005), que não encontraram diferença significativa (P<0,05) ao uso de gel hidratante durante o transporte para ganho de peso de pintos recém eclodidos. A perda no peso das aves pode ocorrer em função da perda de água, da absorção do saco vitelino e da perda da proteína muscular, que pode ser utilizada para neoglicogênese.

Conclusões

O uso de gel hidratante juntamente com diferentes níveis de inclusão de água para pintainhas de postura em fase de cria e recria, não influenciaram o CR, CA, GP, peso médio e a uniformidade.

Gráficos e Tabelas




Referências

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