Estrutura e Função dos Cavalos do Regimento de Polícia Montada Coronel Moura Brasil da Polícia Militar do Ceará

Francisco Samuel Nogueira dos Santos1, Gabrimar Araujo Martins2, Ana Claudia Nascimento Campos3, Melquisedeque Morais Maciel4, Carina de Oliveira5, Ana Carolina Marques Craveiro6
1 - Universidade Federal do Ceará
2 - Universidade Federal do Ceará
3 - Universidade Federal do Ceará
4 - Universidade Federal do Ceará
5 - Universidade Federal do Ceará
6 - Universidade Federal do Ceará

RESUMO -

Os equinos sempre foram utilizados para atender às necessidades humanas, sendo sua aptidão aproveitada para determinado fim ou função. A função dos cavalos depende da harmonia e proporções de suas medidas corporais. Objetivou-se com esse estudo a obtenção das medidas de altura, largura, comprimento e perímetro do corpo de três grupos genéticos de equinos com diferentes idades, criados no RPMon da Policia Militar do Ceará, para determinação dos índices de composição corporal. A partir da determinação dos índices podemos classificar as éguas em longilíneas, hipermétricas, possuem menor capacidade de carga em relação aos cavalos. Segundo o índice corporal, os cavalos são classificados em mediolíneos, porém os índices de conformação e torácico os classificam em longilíneos, também são classificados em tração ligeira e eumétricos além de possuírem maior capacidade de carga que as éguas em todos os andamentos. Éguas e cavalos são classificados em tração ligeira e são mais longos que altos

Palavras-chave: Índices Corporais, Medidas Corporais, Caracterização do Cavalo Militar

Structure and Function of the Horses of the Mounted Police Regiment Coronel Moura Brazil of the Military Police of Ceará

ABSTRACT - Equines have always been used to meet human needs, and their fitness is used for a particular purpose or function. The function of horses depends on the harmony and proportion of their body measurements. The objective of this study was to obtain height, width, length and perimeter measurements of three genetic groups of horses of different ages, created in the Military Police Cavalry of Ceará to determine body composition indices. From the determination of the indices we can classify the mares in large shape, hypermetric, have lower capacity of load in relation to the horses. According to the body index, the horses are classified into medium shape, but the conformation and thoracic indexes classify them in large shape, are also classified in light traction and eumétricos and possess a greater capacity of load than the mares in all the gaits. Mares and horses are classified as lightweight and are longer than tall.
Keywords: Body Indices, Body Measures, Characterization of the Military Horse


Introdução

É sabido que a função dos cavalos depende da harmonia de suas medidas corporais e a relação entre elas. Essas relações ou proporções entre as diversas regiões do corpo do animal podem ser estudadas em lineares, contínuas, angulares, gerais e compensação a exemplo das considerações feitas por Torres e Jardim (1992). O cavalo usado em patrulha pelos regimentos de policia do Brasil foi caracterizado no passado por Hermsdorff (1956) em cavalo de guerra, sendo aqueles que podem suportar atividades extremas, apresentando com vantagem características como rusticidade, sobriedade, força, coragem, mansidão, agilidade, docilidade, velocidade e altura compatível, independente de raça.   Objetivou-se com a realização deste estudo, caracterizar a estrutura e função do cavalo usado pelo Regimento de Policia Montada do Estado do Ceará a partir da determinação de diversos índices morfométricos.


Revisão Bibliográfica

Os equinos sempre foram utilizados para atender às necessidades humanas, sendo sua aptidão aproveitada para determinado fim ou função. Schade et al. (2015) estudando animais mestiços do Esquadrão da Policia montada de Lages, Joinvile e Florianópolis no Estado de Santa Catarina, classificaram os animais em longilíneos, baixos de frente, longe da terra, Eumétricos e de tração ligeira e pesada e McManus et al. (2005) avaliando a raça Mangalarga Marchador, afirma que o machos em media possuem medidas corporais maiores do que as fêmeas justificado pela vantagem da maior produção hormônio masculino, responsável pelo aceleração do crescimento dos animais.

Materiais e Métodos

Foram obtidas por meio de hipômetro e fita métrica, medidas corporais aferidas sobre piso plano para os animais das raças Brasileiro de Hipismo (BH), Puro Sangue Lusitano (PSL) e mestiços (BH X PSL), com idade entre 29 e 132 meses, criados no Regimento de Polícia Montada Polícia do Ceará (RPMon). As medidas foram altura da Cernelha (AC), medida vertical da cernelha ao solo; altura da garupa (AG), distância do ponto mais alto da garupa ao solo; altura do esterno ao solo (AES); comprimento do corpo (CCorp), medida da distância entre a ponta da escápula e a ponta do ísquio; largura do peito (LP), distância horizontal entre as extremidades das escápulas; perímetro torácico (PT); perímetro de canela (PC); peso (P), sendo utilizadas para determinar o Índice Corporal (IC) = Ccorp/PT; Índice Dáctilo-torácico (IDT) = PC/PTx100; Índice de Conformação (ICC) = PT2/AC; Índice de compacidade 1 (ICO1) = (P/AC)/100; Índice de Compacidade 2 (ICO2) (P/(AC-1))/100); Índice de Carga 1 (ICG1) = (PT2X56)/AC, corresponde ao limite de peso em kg suportado à trote e galope; Índice de Carga 2 = (PT2 X 95)/AC, capacidade de carga em kg à passo; Índice Torácico = LP/AES; Índice Relativo Corporal (RBI) = (Ccorp x 100)/AC; Relação Altura de Cernelha Comprimento de corpo (RACCORP)= AC/Ccorp. Todos os cálculos foram feitos utilizando o programa “Statistical Analysis System” – SAS (1996).

Resultados e Discussão

Na tabela 1 encontram-se as médias para os índices estudados, lembrando que em Torres & Jardim (1985), foi discutido que além dos índices, outros parâmetros devem ser considerados quando se deseja determinar a função dos animais. Os resultados referentes ao Índice Corporal (IC) foram de 0,92 para fêmeas e 0,88 para machos, ambos classificados respectivamente como longilíneos e mediolíneos, obedecendo a classificação de Torres & Jardim (1992) como apresentado a seguir:  para valores maiores do que 0,90 o animal é classificado em longilíneo, entre 0,86 a 0,88 em mediolíneo e inferior a 0,85 brevilíneo. O Índice de Conformação (ICC) foi 2,0555 para éguas e 2.0635 para cavalos, classificando ambos em longilíneos, conforme descrito em Torres & Jardim (1992) que apresentam valores de referência iguais a 2,1125 para cavalos mediolíneos (sela) e maior do que 2,1125 para brevilíneo (tração), sendo que valores inferiores a 2,1125 classificam os cavalos em longilíneos.  Resultados semelhantes foram encontrados por Schade et al. (2015) em que os animais machos e fêmeas do Esquadrão de Policia Montada dos municípios de Lages, Joinville e Florianópolis-SC, foram classificados em longilíneos a partir do índice corporal. O Índice Torácico (IT) obtido para os animais em estudo foram de 0,52 para as fêmeas e 0,51 para os machos, ambos podem ser classificados em longilíneos, pois Torres e Jardim (1992) apresentam valores de referência abaixo de 0,85 para animais longilíneos. Para o Índice Dáctilo-torácico (IDT) foram encontrados os valores iguais a 11,4 para as éguas e 11,1 para os machos, sendo que as fêmeas apresentaram valor médio próximo à classificação para equinos hipermétricos (11,5), e os machos com valor próximo ao de animais Eumétricos (entre 10,5 e 10,8) segundo Torres & Jardim. Para Oom & Ferreira (1987), animais Hipermétricos podem ser considerados pesados e Eumétricos podem ser classificados como de estrutura média. O Índice de Compacidade 1 foi igual a 2,91 para éguas e 2,77 cavalos e o ICO 2, 8,74 e 8,44 para éguas e cavalos, em que podemos classificar os animais em tração ligeira para ambos os sexos, conforme classificação apresentada por Torres & Jardim (1992). De acordo com o índice de carga 1 e 2  para as éguas, estas suportam respectivamente, 115,01 kg à trote e galope e 195,10 kg à passo. Para os cavalos a capacidade de carga à trote e galope foi igual a 115,56 kg e à passo igual a 196,04 kg. Schade et al (2015) encontraram maior capacidade de carga para trote e galope (124,09 kg) e  à passo (210,51 kg) para cavalos da polícia militar da região sul, ligeiramente superior aos encontrados neste trabalho. O RBI para éguas foi de 102,38 e para os cavalos de 102,71, resultado semelhante foi encontrado por McManus et al (2005) em que o valor de RBI foi de 102,04 para ambos os sexos. A RACCORP foi de 0,98 para fêmeas e 0,97 para machos, produzindo a ideia de que os animais foram proporcionalmente mais compridos do que altos.

Conclusões

As éguas do RPMon são longilíneas e os cavalos mediolíneos considerando o índice corporal, no entanto baseado no índice de conformação e índice torácico, ambos foram considerados longilíneos. As éguas apresentaram índice dáctilo-torácico correspondente à animais hipermétricos, conferindo à elas estrutura pesada e os cavalos foram considerados Eumétricos sendo atribuído à eles estrutura média. As éguas e cavalos foram considerados de tração ligeira correspondendo a animais menos compactos e mais ágeis, com grande força e aptidão para trote e galope. Os cavalos possuem maior capacidade de carga à trote galope e à passo do que as éguas. As éguas e cavalos foram considerados mais compridos do que altos, considerando os índices que medem a Relação entre a altura de cernelha e comprimento de corpo e seu inverso.



Gráficos e Tabelas




Referências

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