Estudo do temperamento de touros Nelore em testes de eficiência alimentar
Leticia Moraes de Vito1, Nathalia Ferraz Silveira2, Rogério Abdallah Curi3, Josineudson Augusto II de Vasconcelos Silva4, Guilherme Costa Venturini5
1 - Universidade Estadual Paulista (UNESP)/FMVZ, Botucatu
2 - Universidade Estadual Paulista (UNESP)/FMVZ, Botucatu
3 - Universidade Estadual Paulista (UNESP)/FMVZ, Botucatu
4 - Universidade Estadual Paulista (UNESP)/FMVZ, Botucatu
5 - Universidade Estadual Paulista (UNESP)/FMVZ, Botucatu
2 - Universidade Estadual Paulista (UNESP)/FMVZ, Botucatu
3 - Universidade Estadual Paulista (UNESP)/FMVZ, Botucatu
4 - Universidade Estadual Paulista (UNESP)/FMVZ, Botucatu
5 - Universidade Estadual Paulista (UNESP)/FMVZ, Botucatu
RESUMO -
O objetivo desse projeto foi acompanhar o temperamento de animais Nelore por meio da avaliação visual, verificando correlação entre reatividade e ganho de peso diário (GMD), peso final (PF) e consumo alimentar residual (CAR). Três métodos visuais foram avaliados para mensuração do temperamento: escore de tensão, escore de contenção e escore de movimentação. Tendo suas medidas atribuídas 10 segundos da entrada do animal na balança com escala de 1 (não reativo) a 4 (reativo), sendo atribuídos no início do período de adaptação, no início da prova propriamente dita e no final desta. Foram utilizados procedimentos do programa estatísticos SAS (SAS, 2014) para a mensuração das análises, demonstrando que com o passar do teste os animais se adaptaram ao manejo empregado, e através da mensuração do temperamento pelo escore de tensão observou-se correlação com o ganho de peso residual e peso final.
Palavras-chave: avaliação visual, escore de contenção, escore de tensão, reatividade
Study of the temperament of Nellore bulls in food efficiency tests
ABSTRACT - The objective of this project was to follow the temperament of Nellore animals through visual evaluation, verifying correlation between reactivity and daily weight gain (ADG), final weight (PF) and residual food consumption (RAC). Three visual methods were evaluated for temperament measurement: tension score, contention score and movement score. Their measurements were assigned 10 seconds from the entrance of the animal on the balance scale from 1 (non reactive) to 4 (reactive), being assigned at the beginning of the adaptation period, at the beginning of the test itself and at the end of the test. Statistical SAS procedures (SAS, 2014) were used for the measurement of the analyzes, demonstrating that with the passage of the test the animals adapted to the management used, and through the measurement of the temperament by the tension score, a correlation was observed with the gain Residual weight and final weight.Keywords: Visual evaluation, containment score, voltage score, reactivity.
Introdução
Os bovinos de corte reagem, em diferentes situações, de acordo com o seu temperamento, que pode ser definido como a percepção e reação dos animais a estímulos que originam medo (Boissy&Bouissou, 1995) e devido ao temperamento mais agressivo eles ganham menos peso (Borba et al., 1998.) Trata-se, portanto, de característica com valor econômico, pois medo e ansiedade são estados emocionais indesejáveis nos bovinos, e resultam em estresse e redução no bem estar dos animais, ocasionando maiores custos de produção. A avaliação do temperamento de bovinos é ferramenta que pode ser utilizada pela pesquisa, para otimizar os sistemas de criação. Estudos demonstram que animais mais reativos ganham 10 a 14% menos peso diário, quando comparados com animais menos reativos (Voisinetet al., 1997). Objetivou-se avaliar o temperamento por meio de escores visuais, e verificar a correlação com ganho de peso diário, consumo alimentar residual e peso final de animais Nelore.Revisão Bibliográfica
O comportamento dos animais domésticos também pode ser considerado como uma característica funcional, pois tem implicações práticas para a produção comercial (GUTIÉRREZ-GIL et al., 2008; SILVEIRA et al., 2008). A redução no bem estar dos animais, ocasiona maiores custos de produção, em razão da necessidade de maior número de profissionais bem treinados, dos riscos com relação à segurança dos trabalhadores, das perdas de rendimento na carne, no tempo de manejo aumentado, da melhor infra-estrutura, entre outros (Paranhos da Costa, 2000).As diferenças individuais observadas no temperamento animal podem ser influenciadas pela genética (BENHAJALI et al., 2010; SANT’ANA et al., 2012), bem como idade, maturidade, sexo, ambiente (MITLOHNER et al., 2002) e aprendizado e memorização de experiências anteriores (PETHERICK et al., 2002; TITTO et al., 2010).Várias pesquisas têm mostrado que o temperamento apresenta um componente genético importante e, desta forma, pode responder à seleção genética (Burrow e Corbet, 2000; Prayagaet al., 2009). Assim, caracterizar e medir o temperamento são os desafios atuais, necessitando de metodologia que permita abordagem eficiente, segura e de fácil aplicação, para ser de uso generalizado no meio criatório (Paranhos da Costa, 2000).Materiais e Métodos
Foram utilizados 120 animais Nelore, participantes do Programa de melhoramento genético Nelore Qualitas, alocados em número de 30 animais por piquetes de 375m2 com cochos automáticos da empresa brasileira Intergado, permanecendo por 70 dias, com período de adaptação de 14 dias. Os escores visuais do temperamento foram realizados no início do período de adaptação, no início do teste e no final do mesmo, sendo atribuídos individualmente após 10 segundos da entrada do animal na balança (Piovesan, 1998), com escala de 1 a 4, no manejo de pesagem. Três medidas do fenótipo da característica temperamento foram realizadas. Escore de contenção (EC) (descrito por SANT'ANNA et al., 2013, adaptado de HEARNSHAW et al., 1984), utilizado para avaliar a reatividade do animal na balança. O escore de movimentação (MOV) (MOV, FORDYCE et al., 1982), avaliou o grau de movimentação dos animais no momento da pesagem. O escore de tensão (TENS) mediu a tensão geral do corpo de cada animal, com maior atenção ao tônus muscular, movimentação de cabeça, orelha e cauda. Análise descritiva dos dados de temperamento mensurados por meio dos três escores está apresentada na Tabela 1 e foram realizados via procedimento MEANS do programa estatístico SAS (SAS, 2014). Análise de quadrados mínimos pelo procedimento GLM do programa SAS (SAS, 2014) foi realizado, verificando o efeito dos escores de temperamento nas medidas de ganho de peso diário (GMD), peso final (PF) e consumo alimentar residual (CAR).Resultados e Discussão
As médias dos escores de temperamento foram menores na última mensuração quando comparadas com a primeira, demonstrando que com o passar do teste, os animais se adaptaram ao manejo, diminuindo assim sua reatividade (Tabela 1). Entretanto, o coeficiente de variabilidade (CV) não apresentou grandes variações entre as características avaliadas, sugerindo que os animais menos reativos diminuíram mais sua reatividade com o passar da prova e, consequentemente a tensão do animais reativos ficaram mais evidenciadas. Análises com a mensuração final de temperamento foram realizadas e correlacionas com características de desempenho como peso final (PESOF), ganho médio diário (GMD) e consumo alimentar residual (CAR) (Tabela 2). Para as associações lineares, apenas o escore de tensão foi analisado. Isto ocorreu, devido este ser a característica analisada com maior facilidade de atribuição de valores. Os escores, para melhorar a avaliação foram definidos como sendo 1 animal não reativo e 2, 3 e 4 unidos considerando como 2 animal reativo. Este escore 2 seria aqueles animais em que os criadores deveriam não selecionar, ou seja, animais descartados. Baseando-se nos resultados da Tabela 2, foi verificado que o temperamento mensurado por meio do escore tensão (TENS) influencia o peso final (PESOF) e o consumo alimentar residual (CAR) dos animais. Entretanto, aqueles indivíduos classificados como tenso e não tenso não apresentaram influência relevante ao ganho de peso médio diário (GMD). Com isso, vale ressaltar que estas características possuem influência econômica e, demonstram que a medida de tensão nos animais pode auxiliar na escolha dos melhores valores genéticos.Conclusões
As mensurações escore de contenção (EC), escore de tensão (TENS) e escore de movimentação (MOV), apresentaram estimativas próximas, sendo assim, a escolha do escore de tensão seria favorável para verificação do temperamento, gerando ganhos no mesmo sentido para as demais medidas. Assim, também se deve levar em consideração a avaliação do escore de tensão por apresentar correlação alta e positiva com o consumo alimentar residual e peso final.Gráficos e Tabelas
