Grão seco de destilaria com solúveis (Zea mays L) na alimentação de ovinos sobre o comportamento ingestivo

Ilda de Souza Santos1, Luiz Juliano Valério Geron2, Vinicius Xavier3, Leomar Custódio Diniz4, Nilton de Souza Santos5, Gabriel Maciel Nunes6, Gladiston de Macena Colmam7, Rayane Fernandes da Silva8
1 - Universidade do Estado de Mato Grosso -UNEMAT
2 - Universidade do Estado de Mato Grosso -UNEMAT
3 - Universidade do Estado de Mato Grosso -UNEMAT
4 - Universidade do Estado de Mato Grosso -UNEMAT
5 - Universidade do Estado de Mato Grosso -UNEMAT
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8 - Universidade do Estado de Mato Grosso -UNEMAT

RESUMO -

Avaliou-se os níveis de 0%, 8%, 16% e 24% de grão seco de destilaria com solúveis – GSDS na alimentação de ovinos sob o comportamento ingestivo (consumo de matéria seca – CMS e de água – CAG, ruminação – RUM, ócio – OCI e outras atividades – OAT). Foram utilizados quatro ovinos com PC 27,6 kg mantidos em quadrado latino (4X4). O comportamento ingestivo de cada ovino foi determinado, visualmente, a intervalos de cinco minutos, durante 24h. As variáveis estudadas foram submetidas à análise de variância por intermédio do software SAEG. A inclusão do GSDS não alterou (P>0,05) os dados do comportamento ingestivo dos ovinos. Contudo, foi observado que durante o período noturno a atividade de OCI e CAG foram menores (P<0,05) em relação ao diurno. A inclusão de até 24% de GSDS na alimentação de ovinos não altera o tempo (minutos) para as atividade de CAG, RUM, OCI e OAT para o período de 24 horas. Contudo, a RUM é maior durante o período noturno e o OCI e CAG durante o período diurno.

Palavras-chave: consumo de matéria seca, ruminação, ócio.

Distillery’s dried grain with solubles (Zea mays L) in feed of sheep on ingestive behavior

ABSTRACT - It was evaluated the levels of 0.0%, 8.0%, 16.0% and 24.0% of dry distillery grain with soluble - GSDS in feed of sheep under ingestive behavior (dry matter intake - CMS and Water - CAG, rumination - RUM, leisure - OCI and other activities - OAT). Four sheep were used with PC 27.6 kg maintained in Latin square (4X4). The ingestive behavior of each sheep was determined visually at five-minute intervals for 24 hours. The studied variables were submitted to analysis of variance through SAEG software. The inclusion of GSDS did not alter (P> 0.05) the data of the ingestive behavior of the sheep. However, it was observed that during the night period the activity of OCI and CAG were lower (P <0.05) than diurnal. The inclusion of up to 24% GSDS in sheep feed does not change the time (minutes) for CAG, RUM, OCI and OAT activity for the 24-hour period. However, the RUM is higher during the night period and the OCI and CAG during the daytime period.
Keywords: Dry matter intake, rumination, idleness.


Introdução

O grande desafio da pecuária na região centro oeste do Brasil é a produção e a procura por alimentos de qualidade para suprir as necessidades nutricionais dos animais. Assim, o resíduo obtido durante o processo do etanol a partir do grão de milho, o qual é denominado de grão seco de destilaria com solúveis (GSDS), apresenta-se como uma opção viável para a os pecuaristas. O comportamento ingestivo de animais ruminantes nos possibilita definir estratégias adequadas de manejo alimentar, o que proporciona habilidade para interferir de forma positiva nos resultados de produção. O controle da ingestão de alimentos está diretamente relacionado ao comportamento ingestivo. Desta maneira, o presente estudo teve como objetivo avaliar a inclusão de 0%, 8%, 16% e 24% de GSDS na alimentação de ovinos sobre o comportamento ingestivo (tempo utilizado para consumo de matéria seca MS e água, ruminação, ócio e outras atividades).



Revisão Bibliográfica

O GSDS apresenta uma variação na composição bromatológica com teores de 87,0 a 93,0% de matéria seca (MS); 28,1 a 32,9% de proteína bruta (PB); 8,2 a 16,5% de extrato etéreo (EE) e 19,7 a 49,5 % de fibra em detergente neutro (FDN) e 69,6% de nutrientes digestíveis totais (NDT) (Spiehs et al., 2002 ; Nuez-Ortin & Yu, 2009; Salim et al., 2010). De acordo com Bremm et al. (2008), o comportamento ingestivo do animal possibilita a definição de estratégias adequadas de manejo alimentar, o que proporciona habilidade para interferir de forma positiva nos resultados de produção. Segundo Dado e Allen (1995), o comportamento ingestivo do animal é constituído pelos tempos de alimentação, ruminação e ócio e eficiência de alimentação e ruminação. O controle da ingestão de alimentos está diretamente relacionado ao comportamento ingestivo (Chase et al., 1976). De acordo com Thiago et al. (1992), citado por Rochesel ( 2012),  a quantidade de alimento ingerido por um ruminante, em determinado período de tempo, depende do número de refeições nesse período e da duração e taxa de alimentação de cada refeição. Cada um desses processos é o resultado da interação do metabolismo do animal e das propriedades físicas e químicas da dieta, estimulando receptores da saciedade.    

Materiais e Métodos

O estudo foi conduzido no Campus Universitário de Pontes e Lacerda no Setor de Metabolismo Animal  e no Laboratório de Análises Alimentos e Nutrição Animal, pertencente à Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT. Foram utilizados quatro ovinos, sem raça definida e com peso corporal (PC) médio de 27,6 kg. Os animais foram alocados em gaiolas metabólicas com comedouros e bebedouros individuais. O delineamento experimental  foi o quadrado latino (4X4) com quatro ovinos, quatro períodos e quatro rações experimentais 0; 8 ; 16 e 24 % de GSDS. Os alimentos concentrados utilizados na composição das rações experimentais foram grão de milho moído, farelo de soja , grão seco de destilaria com solúveis (GSDS). O alimento volumoso utilizado foi a silagem de milho. As rações foram balanceadas para apresentarem  em média 13,5% de proteína bruta e 68,5% de nutrientes digestíveis totais segundo recomendação do NRC (2007). As rações foram fracionadas em duas refeições diárias, às 06h00 e às 18h00. Foi realizada a mensuração da temperatura do ar, temperatura do bulbo seco e úmido do ambiente (baias), durante o período de coleta dos dados do comportamento ingestivo dos ovinos. Para avaliação do tempo (minutos) utilizado para cada atividade do comportamento ingestivo foram realizadas as seguintes medidas: consumo de ração, ruminação, ócio, consumo de água e outras atividades. O comportamento ingestivo de cada ovino foi determinado, visualmente, a intervalos de cinco minutos, durante 24 horas, para determinação do tempo despendido em consumo de ração ou água, ruminação e ócio. Essas observações foram realizadas a cada 14 dias. Os dados de comportamento foram distribuídos em dois períodos, sendo diurno (06h00 às 17h59) e noturno (18h00 às 5h59). As variáveis estudadas foram submetidas à análise de variância por intermédio do software SAEG (UFV, 2007), com 5% se significância. Os dados do comportamento ingestivo foram considerados como da parcela subdivididas (Souza et al., 2016).

Resultados e Discussão

A inclusão do GSDS não alterou (P>0,05) os dados do comportamento ingestivo dos ovinos (Tabela 3). Foi observado que a inclusão do GSDS na alimentação dos ovinos propiciou um valor médio do tempo (minutos) despendido para as atividade de conumo de matéria seca (CMS); ruminação (RUM); ócio, consumo de água (CAG) e outras atividades (OAT) de 266; 536; 577; 17 e 44 minutos, respectivamente. Estes dados das atividades do comportamento ingestivo para o período de 24 horas de ovinos alimentados com GSDS corroboram com os valores observados por Carvalho et al. (2014), os quais relataram que os ovinos utilizam mais tempo na atividade de ócio (825 minutos) em relação a ruminação (270 minutos) quando estes estão em confinamento. Da mesma maneira Carvalho et al. (2008), ao avaliarem a inclusão de alimentos alternativos (farelo de cacau) na ração de ovinos Santa Inês confinados observaram que a inclusão de co-produto na alimentação de ovinos não alterou significativamente o comportamento ingestivo dos ovinos. Porém os dados do comportamento ingestivo apresentaram efeito (P<0,05) em relação ao período diurno e noturno como demonstrado na Tabela 4. Para as atividades de CMS e OAT não foi observado (P>0,05) alteração em relação aos períodos (diurno e noturno) com valores médios de 134 minutos e 22 minutos, respectivamente. Entretanto, para as atividades de RUM foi observado que o período diurno apresentou menor (P<0,05) tempo (minutos) em relação ao período da noturno (Tabela 4). Provavelmente este fato ocorreu devido a temperatura mais amena durante este período de 23,80 oC (Tabela 2). Contudo, foi observado que durante o período noturno a atividade de OCI e CAG foram menores (P<0,05) em relação ao diurno, este fato provavelmente está correlacionado com a manutenção do equilíbrio basal da temperatura corporal e bem estar animal. De maneira geral, a temperatura ambiente mais elevada durante o período diurno provocou um aumento no consumo de água e uma redução na atividade física dos animais. Foi observado que a temperatura do ar durante o período diurno foi de 26,33oC, a qual foi aproximadamente 2 oC superior a temeperatura média noturna de 23,80oC (Tabela 2).

Conclusões

A inclusão de até 24% de grão seco de destilaria com solúveis na alimentação de ovinos não altera o tempo utilizado em minutos para as atividade de consumo de ração e água, ruminação, ócio e outras atividades para o período de 24 horas. Contudo, a ruminação é maior durante o período noturno e o ócio e o consumo de água apresenta maior atividade durante o período diurno.

Gráficos e Tabelas




Referências

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