IMPLICAÇÕES SOBRE O USO DE PROMOTORES DE CRESCIMENTO NA DIETA DE FRANGOS DE CORTE

Rúbia Francielle Moreira Rodrigues1, Jean Kaíque Valentim2, Tatiana Marques Bittencourt3, Cláudio Henrique Vianna Roberto4, Thayssa de Oliveira Littiere5, Guilherme de Almeida Resende6, Gabriel Gobira de Alcântara Araújo7, Hedér José D’Ávila Lima8
1 - Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
2 - Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
3 - Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
4 - Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
5 - Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
6 - Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
7 - Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
8 - Universidade Federal do Mato Grosso

RESUMO -

A avicultura moderna teve um crescimento excepcional nos últimos anos graças às tecnologias específicas desenvolvidas para cada tipo de animal e seu ambiente de criação. O uso de antibióticos em dosagens subterapêuticas visa melhorar o desenvolvimento das aves e melhorar a imunidade das mesmas. No entanto, são condenados pelo mercado consumidor uma vez que seu uso contínuo e progressivo leva o organismo a não responder mais como o desejado e passível de não responder ao tratamento com fármacos no caso de doenças. Tornar as doenças das aves também resistentes em humanos é o fator de impasse entre produtor e consumidor. Um dos pontos amplamente estudados é o uso de promotores de crescimento, neles incluem os probióticos (organismos benéficos vivos) e prebióticos (favorecem o desenvolvimento da microbiota no organismo) que são uma alternativa ao uso de antibióticos nos organismos vivos, não causam dependência e melhoram o desempenho dos animais.

Palavras-chave: Avicultura, antibióticos, nutrição.

IMPLICATIONS ON THE USE OF GROWTH PROMOTERS IN THE CUTTING CHICKENS DIET

ABSTRACT - Modern poultry farming had an exceptional growth in recent years thanks to the specific technologies developed for each type of animal and its breeding environment. The use of antibiotics in subtherapeutic dosages aims to improve the development of birds and improve their immunity. However, they are condemned by the consumer market since its continuous and progressive use causes the organism does not respond more as the desired one, and it may not be able to respond to the treatment with drugs in the case of diseases. Making bird diseases also resistant in humans is the deadlock factor between producer and consumer, so far it is not fully understood. One of the points widely studied is the use of growth promoters, in which are included probiotics (living beneficial organisms) and prebiotics (favor the development of the microbiota in the organism) which are an alternative to the use of antibiotics in living organisms, since they do not cause dependence, and improve animal performance.
Keywords: Poultry farming, antibiotics, nutrition.


Revisão Bibliográfica

O crescimento da avicultura de corte tem sido exponencial nas últimas décadas devido ao melhoramento genético, a nutrição e a sanidade que proporcionam animais de alta produtividade com menor custo de produção, aliando o baixo custo com a produção de alimentos saudáveis e de qualidade para o consumidor. Segundo Medeiros (2009) um dos maiores desafios na área de produção animal tem sido à busca de alternativas para se reduzir o uso de antimicrobianos como promotores de crescimento em rações. Este desafio é consequência das crescentes pressões impostas por legislações de países que importam produtos de origem animal, como os da Comunidade Europeia, um dos maiores importadores de carne de frango, que proíbem a inclusão de antimicrobianos nas dietas de frangos de corte e outras espécies animais. Os produtos de origem microbiana, como prebióticos e probióticos, apresentam-se não como substitutos, mas como alternativa aos antibióticos promotores de crescimento (MACARI & FURLAN, 2005). Buscando a saúde animal e a melhora dos índices zootécnicos, a utilização de aditivos na dieta tornou-se uma ferramenta muito importante. Entende-se aditivo as substâncias, que quando adicionadas às rações são capazes de melhorar o desempenho do animal e a qualidade física dos alimentos (ARAÚJO et al., 2007). Segundo Menten (2002), entre os diversos tipos de aditivos incluem-se os antibióticos (substâncias produzidas por leveduras, fungos ou bactérias benéficas que atuam contra bactérias maléficas) e, os quimioterápicos (substâncias adquiridas por síntese química com ação semelhante à dos antibióticos). Maiorka (2004) também relata outros compostos alternativos como os probióticos, prebióticos e aditivos fitogênicos que atuam como agentes tróficos e como equilibradores da mucosa intestinal, favorecendo o desenvolvimento de bactérias benéficas e reduzindo a colonização das espécies patogênicas. Dentre eles incluem-se as substâncias acidificantes, adsorventes, aglutinantes, anticoccidianos, antifúngicos, antioxidantes, palatabilizantes, enzimas, pigmentantes, probióticos, prebióticos, simbióticos. A segunda categoria inclui os coadjuvantes de elaboração considerados os microingredientes que podem ter efeito sobre as características físicas dos ingredientes ou da ração tais como cor, odor, consistência e conservação. A terceira abrange os profiláticos que se tratam daqueles micronutrientes usados com a finalidade de previr a oxidação e destruição de vitaminas, a ocorrência de enfermidades ou intoxicações causadas por organismos patogênicos (MENTEN, 2002). De forma geral os sistemas intensivos de criação de frangos de corte impõem aos animais permanente desafio. As variações na composição e qualidade da ração, além do estresse imposto às aves, a idade dos animais e algumas doenças, causam alterações no pH e a presença de alguns metabólitos de microrganismos no intestino. Fatores estes que culminam na alteração dos índices morfométricos, interferindo na fisiologia e, portanto, na digestão e absorção de nutrientes (LOPES, 2008). Levando em consideração que a ração representa entre 70 a 80% do custo de produção, a integridade dos mecanismos fisiológicos de digestão e absorção dos nutrientes, isto é, a integridade das células epiteliais da mucosa, assegura o bom desempenho e produção o uso de promotores auxiliam nesta diminuição de custos (FURLAN et al., 2004). Esses aditivos ainda estimulam a imunidade dos animais e, em consequência disso melhoram as condições sanitárias dos lotes (SOUZA et al., 2006), mostrando a necessidade real de sua utilização, frente ao grande desafio sanitário da produção avícola devido sua característica de se ter muitos animais em áreas pequenas, o que torna o risco de contaminação maior. Santos et al. (2005) verificaram que os aditivos influenciaram positivamente o rendimento de carcaça, partes e gordura abdominal, onde machos apresentaram melhores resultados de peso ao abate e rendimento de coxa, em relação às fêmeas. Houve efeito somente dos aditivos sobre a contagem total de bactérias do conteúdo intestinal.  Segundo estes autores as mudanças ocorridas na microbiota intestinal podem ter contribuído para uma sobrevivência estável de microorganismos no ecossistema intestinal, proporcionando benefícios ao animal hospedeiro, sem comprometer o desempenho e características de carcaça, no período de 1 a 42 dias de idade. Há mais de 50 anos os agentes antimicrobianos têm sido empregados na produção de alimentos de origem animal para manter a saúde dos animais e aumentar a produtividade (BISCHOFF et al., 2012). Os aditivos são utilizados na alimentação com o objetivo de aumentar as taxas de crescimento e de sobrevivência, melhorar a saúde do trato gastrointestinal e a eficiência alimentar, poupar energia e reduzir as cargas patogênicas e a produção de dejetos, minimizando o impacto ambiental pela redução da transmissão de patógenos via alimentos (SILVA, 2011). Os aditivos são substâncias não nutritivas utilizadas nas rações para modificar beneficamente as características químicas, físicas e sensoriais das rações com o objetivo de melhoria geral do desempenho dos animais (BETERCHINI, 2012). Classificados em quatro categorias: Promotores de absorção; Substâncias profiláticas; Substâncias auxiliadoras e Enzima exógena. Os riscos, assim como quaisquer substâncias quando mal administradas podem causar resistência aos microorganismos patogênicos e também podem contaminar carcaças, oferecendo perigos tanto para os animais quanto para os seres humanos. A presença de resíduos na carne, ovos ou leite, causando desde reações de hipersensibilidade até propriedades cancerígenas, tornou-se uma das preocupações relacionadas à utilização destes aditivos (MENTEN, 2002). As restrições impostas pela União Européia a respeito da utilização de antibióticos e de proteínas de origem animal na alimentação das aves alteraram de forma significativa o manejo nutricional imposto aos animais (MEDEIROS, 2008). O risco de transferência de material genético resistente a antibióticos do microrganismo animal para o humano não é bem documentado. Ainda apresenta como fator de redução desta possibilidade a baixa efetividade de colonização de bactérias de animais em humanos (CROMWELL, 2012). Macari & Furlan (2005) afirmam que a pura e a simples retirada dos antimicrobianos, como promotores de crescimento, podem causar sérios problemas na produção da proteína animal, em função da queda no desempenho. Por isso a utilização de aditivos promotores de crescimento alternativos é recomendada. Algumas restrições e exigências estão sendo impostas pelo mercado importador com relação a campanhas com proibição do uso indiscriminado de promotores antimicrobianos em rações, para garantir a segurança alimentar (ALBINO et al., 2007). Dentre os substitutos aos antibióticos encontram-se os probióticos, prebióticos, simbióticos e aditivos fitogênicos, favoráveis ao desenvolvimento de microrganismos benéficos do trato gastrointestinal (SANTOS et al., 2005). Probióticos são microrganismos vivos, que geram benefícios ao trato gastrintestinal, competindo com a flora patogênica por nutrientes, locais de adesão no epitélio intestinal e sintetizando metabólitos (ácidos orgânicos) que criam resistência ao crescimento de organismos patogênicos (JUNQUEIRA & DUARTE, 2005). Atuam estimulando e acelerando o processo de mitose que ocorrem na região cripta-vilo, aumentando assim o número de células e o tamanho dos vilos e profundidade das criptas resultando em melhor digestão e absorção de nutrientes, a qualidade dos produtos finais, sem causar riscos ao consumidor (ARAÚJO et al., 2007). Os principais microrganismos bacterianos considerados são os que se enquadram nos gêneros Lactobacillus e Bifidobacterium, além de Escherichia, Enterococcus e Bacillus (MORAIS & JACOB, 2006). Paz et al. (2010) trabalhando com frangos de corte de 1 a 10 dias de idade utilizando uma mistura de probíoticos e prebíoticos mais ácido orgânico, observaram conversão igual ao tratamento com uso de antibióticos, demonstrando total potencial para substituição. Silva et al. (2011) que avaliaram o uso de inulina sendo esta extraída da raiz da chicória (antibiótico; probíotico; prebíotico e simbiótico) concluíram que estes eram aptos a substituir os antibióticos sem acarretar prejuízo ao desempenho de frangos de corte de 1 a 42 dias de idade. Beterchini (2012) esta associação possibilita rápido estabelecimento da microbiota intestinal favorável ao hospedeiro, contudo havendo boas perspectivas com o seu uso ocorre a necessidade de mais pesquisas por ainda falta informação adequada dos níveis de inclusão. Os ácidos orgânicos são substancias naturais constituintes das células animais e vegetais, sendo algumas formadas pelo processo de fermentação microbiana no trato gastrointestinal, usado como suprimento energético do hospedeiro (ALMEIDA, 2012). Os mais utilizados são os ácidos fumárico, cítrico propiônico e láctico, agem reduzindo o pH do estômago e do intestino, aumentando a atividade de enzimas proteolíticas melhorando a digestão e absorção dos nutrientes ( BETERCHINI, 2012). Segundo Santana (2013) a maioria dos extratos vegetais exercem sua ação antimicrobiana via mecanismos de desnaturação e/ ou coagulação de proteínas da estrutura da parede celular bacteriana. Os óleos essenciais são voláteis extraídos de produtos vegetais através da destilação a vapor d´agua ou da atividade enzimática seguida de destilação a vapor d´agua, abrangendo toda uma gama de componentes como terpenóides, alcoóis, aldeídos e ésteres cíclicos, sendo sua ação de inibição ao crescimento de leveduras, fungos e bactérias (TOLEDO et al., 2007). O avanço do uso de aditivos na alimentação de monogástricos tem permitido aos nutricionistas buscar alternativas que permitam melhor aproveitamento dos alimentos e melhor desempenho dos animais, garantindo assim maior lucratividade deste segmento.


Referências

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